Pilantramente, estão colocando uma lupa de enorme poder de ampliação em tudo que se refere a essas prisões. Do jeito que as coisas andam, José Genoíno vai acabar canonizado.
Para começo de conversa, é indispensável não esquecer que não há nenhum Zé Mané ou deficiente mental nessa curriola de mensaleiros. Tampouco nenhum inocente. Até ontem, essa gente toda deitava e rolava em berço esplêndido de malfeitos, sorridente, lépida e fagueira. Antes da sentença e de sua execução muito pouco ou nada se ouviu, muito menos com essa zoada toda, de cardiopatias graves e de outras mazelas físicas. Não é preciso ser médico, nem analista, para saber do fenômeno da somatização quando se passa por algo inesperado -- e jamais passou pela cabeça dessa patota de pilantras que pudessem ser presos e condenados. Vale a velha recomendação: quem não tem saúde e preparo físico não deve se meter em atividade de risco. Entrou na chuva, é p'ra se molhar.
Nenhuma das falhas apontadas quanto às prisões é irremediável. Nosso judiciário tem mecanismos de autocorreção, e bons cardiologistas felizmente abundam no país -- inclusive em hospitais públicos. Mas, faria bem à vergonha do país acabar-se com essa hipocrisia e essa palhaçada de fazer parecer que tais falhas são novidades e só ocorreram porque os anjinhos do mensalão foram marcados como bodes expiatórios. Putz!!
A coluna de ontem de Merval Pereira no Globo ("Dura realidade") faz uma análise perfeita dessa pantomima armada em torno das primeiras prisões de mensaleiros condenados. Pontos-chave do texto:
- Nada mais peculiar às elites privilegiadas do que esse escândalo que parentes e apoiadores petistas de Genoíno, Dirceu e Delúbio fazem diante da dura realidade de suas prisões.
- Fingir-se de preso político é uma maneira de escamotear a verdade.
- É patético ver a ação de petistas que um dia em 2005 subiram à tribuna da Câmara chorando de vergonha e, hoje, voltam à mesma tribuna para tentar negar a ocorrência de crime no episódio do mensalão.
De acordo com o livro "Impacto da assistência jurídica a presos provisórios", de Julita Lemgruber e Marcia Fernandes (2011), em dezembro de 2010 o Brasil tinha 496.251 pessoas presas, das quais 44% eram presos provisórios, vale dizer, ainda não condenados e aguardando julgamento. Grande parte desses presos provisórios do país encontra-se em xadrezes de delegacias policiais ou em cadeias públicas, nas quais são regra a superlotação, a insalubridade
e a falta de condições mínimas de higiene, onde esses presos provisórios ficam mofando por semanas ou meses para, no final, serem absolvidos ou condenados a penas que não os levariam à prisão. Na coluna de Ancelmo Gois de hoje no Globo, a mesma Julita Lemgruber que é coautora do livro citado acima relata que em 2012 havia 42% de presos provisórios no Rio. Entre esses presos provisórios no país e no Rio certamente há cardiopatas, gente com doenças crônicas, o diabo. Alguém por caso viu algum deputado petista, isoladamente ou em curriola, fazer algum movimento ou auê ostensivo em defesa dos direitos dessa gente?! E advogado famoso, alguém viu algum dando entrevista em defesa dessa gente?!
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