A primeira observação que se tira das recentes negociações entre os EUA e outras potências mundiais com o Irã para enquadramento do seu programa nuclear é o absoluto isolamento internacional de Israel em relação a um assunto que lhe é de vital importância. A segunda conclusão -- que acaba sendo origem da primeira -- é que tal isolamento se deu, e se dá, por culpa exclusiva dos israelenses, que têm mostrado preferência por ações militares a negociações diplomáticas, apostando alto em seu poderio militar e no tradicional apoio americano. Desta vez, porém, a coisa não funcionou como Israel queria e esperava.
Ainda há muito ceticismo pairando no ar em relação ao acordo a que se chegou com os iranianos, haverá ainda um tempo probatório em relação a isso. Mas, a posição de Israel nesse contexto é a pior de que se tem notícia ultimamente no cenário do Oriente Médio. Para possibilitar uma ideia de como isso tudo repercutiu no país e em seu governo, listo abaixo os títulos das principais matérias recentes apresentadas sobre o assunto pelos dois jornais de destaque da imprensa de Israel, o Haaretz (O País), de tendência esquerdista, e o The Jerusalem Post, mais ligado às posições do governo.
Haaretz
Avanço em Genebra -- Irã e potências mundiais fecham acordo provisório sobre programa nuclear (Anschel Pfeffer).
Com acordo do Irã selado, não espere que Israel mande sua força aérea. Isso seria suicídio político. Ainda assim, o acordo apenas mantém o Irã estacionado onde está -- ele ainda está bem posicionado para, repentinamente, mover-se na direção de uma bomba (Amos Harel).
Agora que o acordo está feito, lutar por novas sanções prejudicaria mais Israel que o Irã (Chemi Shalev).
Acordo fechado em Genebra. Netanyahu: acordo nuclear com Irã coloca Israel em perigo, nos defenderemos (Barak Ravid).
Um bom acordo: o pacto de Genebra distancia o Irã da bomba nuclear. Apesar da crítica rude de Netanyahu, o acordo de Genebra impõe sérias restrições ao Irã e permite ao Ocidente acesso a informações valiosas sobre seu programa nuclear (Barak Ravid).
Revelado: EUA e Irã mantiveram conversações nucleares durante meses, antes que acordo fosse alcançado. O canal secreto se estabeleceu já em março de 2013, de acordo com a AP (Associated Press) -- Obama informou Netanyahu apenas dois meses atrás e depois colocou as potências mundiais a par (Barak Ravid).
Perfil. Ativista transformada em diplomata, no centro das conversações nucleares. Catherine Ashton nunca disputou uma eleição e não tem experiência diplomática, mesmo assim representou o mundo nas negociações com o Irã (Anshel Pfeffer).
Casa Branca apresenta os termos do acordo com o Irã. Documento completo: "Entendimentos iniciais relativos ao Programa Nuclear da República Islâmica do Irã".
The Jerusalem Post
Netanyahu diz que acordo nuclear com o Irã é "erro histórico". Jerusalém continuará seus esforços para garantir que Teerã não produza armas nucleares (Herb Keinon).
Acordo com Irã é mais arriscado do que parece. Acordo nuclear acertado em Genebra assume riscos altos e desnecessários, e se apoia em fundamentos precários que podem levar ao colapso do regime de sanções. Pode-se esperar que o Irã passará os próximos seis meses tentando dividir as potências internacionais (Yaakov Lappin).
EUA saúdam entendimento com Irã como um "bom acordo". Kerry diz que acordo trará mais segurança para Israel, porque estabelece um mecanismo para monitorar as atividades nucleares de Teerã. Presidente da Comissão de Assuntos Externos do Congresso diz que a nova legislação de sanções do Congresso respeitaria a moratória de 6 meses (Michael Wilner).
Belíssimas páginas e muito educativas. Gostaria de receber essas notícias via e-mail. efandrade@terra.com.br. e repassar para outras pessoas. Agradeço antecipadamente.
ResponderExcluirEdvaldo Andrade - economista - Salvador, Bahia.