Com o título "O Mundo Ocidental e a Tirania da Dívida Pública" (The West and the Tyranny of Public Debt) Jacques Attali, colunista do francês L'Express, publicou um interessantíssimo artigo no número especial da Newsweek "Special Edition - Issues 2011 (December 2010 - February 2011"). Infelizmente, não sei porquê, esse texto não está disponível no site da revista.
Attali diz que a história da dívida pública está intimamente ligada à evolução do próprio estado. Nos impérios antigos -- Babilônia, Egito, China -- os governantes tinham considerado necessário, ainda que ocasionalmente, tomar empréstimos na expectativa de conquistas, colheitas e impostos futuros. Mas é na Grécia que os primeiros empréstimos soberanos conhecidos surgem no século 5 AC. Com impostos e saques insuficientes para financiar suas campanhas militares na Guerra do Peloponesio, as cidades-estados gregas começaram a tomar empréstimos das autoridades religiosas, que vinham estocando secretamente as oferendas dos crentes. O hábito da dívida espalhou-se rapidamente pelas cidades-estados gregas, e não foi pequeno o papel desempenhado pela arrogância e pela autoconfiança geradas por tais empréstimos na erosão do poder grego e na ascensão de Roma.
A História ensina que dívida pública tem que ser manejada cuidadosamente, mesmo que se trate de uma dívida inteligentemente arquitetada e mesmo que ela seja moderada. Attali cita vários exemplos de países que não honraram suas dívidas: França (seis vezes, incluindo a notória Bancarrota dos Dois Terços de 1797, quando o governo renegou 67% da dívida nacional), Veneza em 1490, Gênova em 1555, Espanha em 1650, e Amsterdam em 1770.
O autor lembra que é muito fácil acumular dívidas, mas quando elas crescem em espiral como pode um país escapar do desastre? Segundo Attali há apenas oito saídas: - 1) impostos mais altos; - 2) redução de gastos; - 3) crescer mais; - 4) taxas de juros menos severas; - 5) inflação maior; - 6) guerra; - 7) ajuda externa; - 8) deixar de honrar a dívida. -- Na realidade, acho eu, algumas dessas medidas não evitam o desastre, apenas o adiam. --- Segundo Attali, todas essas oito opções têm sido usadas ao longo do tempo, mas apenas uma delas é ao mesmo tempo plausível e desejável hoje em dia, a do crescimento.
Infelizmente não há aqui espaço para reproduzir o artigo em sua íntegra, e é uma pena que ele não esteja disponível na Internet.
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