O surto de sarampo que ocorre agora nos EUA atingiu um recorde para qualquer ano desde que essa doença foi erradicada do país há 14 anos atrás, com o registro de 288 casos dessa infecção potencialmente mortal em 18 estados, segundo informação do Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês) nesta quinta-feira.
Os maiores focos da doença estão em Ohio (138 casos confirmados), Califórnia (60) e Nova Iorque (26), de acordo com o CDC. Quase todos (97%) foram trazidos ao país por viajantes, principalmente americanos, que contraíram a doença no exterior. Cerca de metade deles refere-se a pessoas que se contaminaram nas Filipinas, onde um grande surto de sarampo atingiu mais de 32.000 pessoas, causando 41 mortes apenas desde janeiro, disse Anne Schuchat, diretora do Centro Nacional para Imunização e Doenças Respiratórias do CDC. "Isso é um alerta para que pais e viajantes se assegurem de que sua vacinação esteja em dia", disse ela. "A vacina contra sarampo é muito segura e eficaz, e a doença pode ser séria", acrecentou. "O sarampo é muito contagioso". Quarenta e três das pessoas atingidas nos EUA com a doença necessitaram ser hospitalizadas, na maioria dos casos com pneumonia, disse Schuchat. Não há registro de casos fatais no país.
Nos EUA, o maior surto está localizado na comunidade Amish em Ohio, londe muitos dos residentes não são vacinados, informou o CDC. Na Virgínia, dois casos foram confirmados no início do mês.
O sarampo é uma doença respiratória altamente contagiosa que afeta geralmente crianças novas, provocando febre, rinorreia [corrimento excessivo de muco nasal], tosse e uma erupção característica por todo o corpo. Este ano, entretanto, mais da metade das pessoas afetadas tem 20 anos ou mais, segundo dados do CDC.
Cerca de 1 em 10 crianças adquire também uma infecção no ouvido, e 1 em 20 tem pneumonia. Uma pessoa com sarampo pode transmitir a doença até quatro dias antes que surjam seus sintomas. Pais e mesmo médicos que não vêem essa doença há anos podem não perceber seus primeiros sinais.
O maior número de casos confirmados de sarampo depois que ele foi erradicado nos EUA em 2000 ocorreu em 2011, quando foram registrados 220 casos. O país não tem visto tantos casos como agora tão cedo no ano desde 1994, quando 764 foram infectadas nessa época do ano, disse Schuchat. Nos últimos 20 anos, uma campanha coordenada de saúde pública, especialmente entre as famílias de baixa renda, tornou raros os surtos de sarampo nos EUA. Mas, há um número estimado de 20 milhões de pessoas infectadas por ano na Europa, Ásia e África e alhures, e delas 122.000 morrem.
Nos EUA, o número de pessoas que optam por não se imunizar por razões religiosas, filosóficas ou pessoais começou a se tornar um problema de saúde pública, disse Schuchat. Outras pessoas não estão cientes de vacinações ou não têm como recebê-las antes que cheguem aos EUA. Um pequeno número de adultos pode perder sua imunidade ao longo do tempo e pode ter que ser revacinado.
As autoridades não sabem como a comunidade Amish contraiu a doença, mas segundo Schuchat elas acreditam que pode haver o envolvimento de pessoas viajando ao exterior para fazer trabalho religioso. De acordo com o CDC, 40 dos casos "importados" da doença referem-se a americanos não vacinados retornado do exterior. Steven Nolt, um professor de história no Golshen College, em Indiana, que escreveu sobre os Amish diz que alguns grupos deles viajam realmente para lugares como Quênia, Ucrânia ou América Central para realizar trabalho missionário ou de ajuda. Ele disse que muitos Amish realmente se vacinam e vacinam seus filhos, mas outros se recusam a fazê-lo.
Schuchat instou para que qualquer pessoa que não esteja segura se sua imunização está válida que receba outra dose da vacina, especialmente se for viajar a lugares como as Filipinas ou se estiver envolvida em trabalhos de cuidados médicos. Embora a vacina geralmente não seja aplicada em crianças com menos de um ano de idade, crianças que estejam viajando para o exterior podem ser vacinadas com uma dose até com seis meses de idade, disse Schuchat. A vacina geralmente é ministrada em duas doses com alguns anos de intervalo. Pessoas que perderam seu sistema imunológico e mulheres grávidas não devem receber a vacina, disse ela.
Adultos nascidos antes de 1957 provavelmente tiveram sarampo e devem estar imunes, acrescentou Schuchat. A vacina contra o sarampo tornou-se disponível em 1963.
Como reconhecer o sarampo
Ilustração feita por Bonne Berkowitz e Alberto Cuadra, do The Washington Post - Fonte: Centros para o Controle e Prevenção de Doenças.
Tradução das legendas da figura:
O programa de vacinação contra o sarampo nos EUA reduziu os casos da doença de milhões nos anos 1950 e 1960 para 37 em 2004. A doença, entretanto, está ensaiando um retorno, e pais e até mesmo médicos nem sempre reconhecem os sintomas.
COMPLICAÇÕES -- Encefalite, uma infecção do cérebro que pode deixar uma criança surda ou com danos mentais. Para cada mil crianças que contraem a doença nos EUA, uma ou duas morrem por causa disso.
Measles virus = vírus do sarampo; - Skin rash = erupção na pele; Ear infection = infecção no ouvido.
INFECÇÃO -- O sarampo, também chamado de rubéola, invade células que se alinham por trás da garganta e dos pulmões. É altamente contagioso e se espalha pelo ar, sendo particularmente perigoso para bebês e crianças de baixa idade.
SINTOMAS -- O primeiro sintoma é febre alta. Em seguida vem rinorreia, tosse e olhos vermelhos. Por fim, uma erupção de pequenos pontos vermelhos começa na cabeça e vai descendo pelo corpo, mas a doença é contagiosa bem antes da erupção começar.
O gráfico tem como título "Número de casos de sarampo nos EUA por ano".
[Como Califórnia e Nova Iorque são destinos de muitos turistas brasileiros, é bom ficar atento a esse surto de sarampo por lá. O sarampo e a meningite podem aumentar no Brasil durante a Copa, como informou ontem o Estadão. Diz o jornal: "Com incidência estável na maior parte do Brasil, o sarampo e a meningite podem ter o número de casos aumentados no País com a chegada dos cerca de 600 mil turistas que são esperados para a Copa do Mundo. Essas são as duas doenças que têm os maiores riscos de alta durante o evento, segundo o presidente da Associação Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri. "Não temos tanto sarampo no Brasil, mas a Europa ainda vive surtos. O risco é maior para crianças menores de um ano, que, nessa faixa etária, ainda não foram vacinadas, e em regiões com baixa cobertura da vacina", disse Kfouri nesta terça-feira, 27, em almoço com jornalistas".
O sarampo se soma assim ao elenco de doenças que podem ocorrer na Copa, mencionadas em postagem anterior.]
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