segunda-feira, 19 de maio de 2014

Coberta de razão, imprensa internacional já nocauteia o Brasil antes dele entrar em campo na Copa


Capa da revista francesa "France Football" de janeiro de 2014. Tradução livre do título: "Medo do Mundial".


Capa da revista alemã Der Spiegel (O Espelho) de maio de 2014. Tradução livre do título da capa: "Morte e jogos - O Brasil antes da Copa do Mundo de futebol".

As capas dessas duas prestigiosas revistas europeias, a francesa especializada em futebol e a alemã de espectro amplo, mostram como a imagem do Brasil anda péssima entre os europeus. E ninguém com a cabeça no lugar pode tachá-las de preconceituosas. A violência que anda solta em nosso país, dentro e fora dos estádios, só não incomoda quem mora no Afeganistão, no Iraque, na Síria, no leste da Ucrânia ... e, pelo visto, os nossos governos e nós mesmos. 

No subtítulo da capa, a France Footbal diz: "corroído por uma crise econômica e social, o Brasil está longe do lugar sonhado pela Fifa para organizar uma Copa do Mundo e se torna, a menos de cinco meses de seu evento, uma fonte terrível de angústia". Além de uma entrevista na qual o presidente da Fifa, Joseph Blatter, lamentou os atrasos nas obras dos estádios, a revista francesa fez duras críticas e afirmou que o país não está pronto para receber o MundialA reportagem justifica sua tese apontando que o Brasil está assolado uma crise social e econômica. Além disso, a “France Football” afirma que o país tem problemas em todas as áreas, como segurança, transporte, hospedagem, telecomunicações, entre outras coisas. A revista ainda lembra os impostos brasileiros, cita as manifestações populares contra a Copa do Mundo e critica os preços abusivos de quase tudo no país.

A revista alemã diz no preâmbulo de sua reportagem: "Gol contra do Brasil - Exatamente na terra do futebol, a Copa do Mundo pode se tornar um fiasco: demonstrações, greves e tiroteios em vez de festa e celebração. Os cidadãos estão revoltados com os estádios caros e os políticos corruptos -- e sofrem com a economia estagnada". O texto completo da reportagem só está disponível para assinantes. Os alemães são interessantes: em julho de 2013, o prestigioso jornal alemão Die Zeit (O Tempo) nos agradeceu pelos protestos contra a Fifa, porque eles próprios, os alemães, e os sul-africanos não ousaram fazê-lo ...

Em dezembro de 2013, fiz postagem sobre a péssima repercussão no exterior da violência estúpida entre as torcidas do Vasco e do Atlético Paranaense em um jogo do campeonato brasileiro. Terminamos 2013 e começamos 2014 sob o signo da violência dentro dos estádios. No dia 02 de maio corrente, um torcedor foi morto na saída do estádio do Arruda, em Recife (PE) com um vaso sanitário atirado da arquibancada -- é difícil arranjar um adjetivo contundente o suficiente para classificar devidamente essa barbárie. Se mesmo num país violento como o nosso -- e cada vez mais boçal em suas reações -- esse fato foi chocante, imaginem lá fora. Ver notícia aqui.

Na quarta-feira 14/5 o jornal Extra divulgou um vídeo no qual traficantes da Vila Aliança atiram mais de 150 vezes para o alto, em comemoração pela conquista da 1ª Copa de Futebol de Vila Aliança. Os criminosos fizeram disparos de fuzil, após um jogador do time fazer um gol de pênalti. O cartola da equipe é o chefe do tráfico na favela homônima, Rafael Alves, o Peixe, de 31 anos. Assim como Batgol, o criminoso é apaixonado por futebol, e também pelo seu time, cujos jogadores escolhe a dedo. O vídeo já está no You Tube e teria sido divulgado até pela rede Al Jazeera. Ver a notícia e o vídeo aqui, por exemplo. 




Se a coisa anda insegura dentro e nas imediações de estádios, em outras áreas urbanas a situação é também altamente inquietante. No dia 16/5 uma manifestação que reivindicava pavimentação e melhorias de sinalização de trânsito terminou em confronto com a polícia, saques a lojas e mercados. Além disso, cinco carros foram incendiados no Jardim Marilena, em Guarulhos, Região Metropolitana de São Paulo - próximo do Aeroporto de Cumbica. É fácil imaginar, depois disso, o que passa na cabeça de quem vem para a Copa no Brasil, principalmente para as delegações que ficarão e jogarão em São Paulo e desembarcarão em Guarulhos.

Temos todos enorme parcela de culpa pelo agravamento de nossos problemas com a realização da Copa no Brasil. Há 7 anos atrás a sociedade brasileira, por ação e omissão, aplaudiu e apoiou a escolha do Brasil para sediar o evento. Ninguém se deu conta de que essa babaquice era capitaneada por um pilantraço, o NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) que, tipicamente, lançou uma granada que só explodiria no governo seguinte. Agora é tarde, Inês é morta, não adianta espernear. Ver postagens anteriores, uma de março de 2014 e a outra de janeiro de 2014.



Ricardo Teixeira, NPA e Joseph Blatter festejam a escolha do Brasil para sede da Copa do Mundo de 2014. Nada que tenha a bênção dessa troika pode fazer bem à saúde física e moral de um país. - (Foto: Google).


Nos 7 anos que teve para organizar a Copa, o Brasil nada fez. Não há rigorosamente nada que seja de nossa responsabilidade para esse evento que esteja 100% concluído, 100% testado e 100% aprovado. O desgraçadamente famoso "jeitinho brasileiro" é a marca registrada dessa Copa -- é um show deprimente de puxadinhos, gambiarras e mutretas. O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, fez em 15/5 severas críticas à organização da Copa do Mundo no Brasil. Segundo ele, muitas cidades vão passar vergonha porque o evento será realizado em meio a obras de infraestrutura inacabadas ou que não saíram do papel. Para Nardes, o Brasil precisa abandonar a cultura do improviso e do "jeitinho" e episódios como esses servem de exemplo para que o problema não se repita nos preparativos dos Jogos Olímpicos de 2016 - cujos atrasos no cronograma já receberam críticas de membros do Comitê Olímpico Internacional (COI).  Nos mostramos ao mundo como incompetentes e irresponsáveis (digo eu e não o presidente do TCU).

A coisa chegou a tal ponto, que recebemos lição de moral até do presidente da Fifa, Joseph Blatter, um pilantra arcado sob o peso de denúncias de corrupção. Ele disse que nossa sociedade precisa ter "vontade de trabalhar" para mudar o país -- e o pior é que ele está absolutamente certo.

Para arrematar esta postagem, termino com o desabafo de Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saias" em jantar com jornalistas desportivos em 15/5. A madame, com aquele seu jeitinho cativante e carinhoso de ser, disse que os dois principais dirigentes da Fifa (Blatter e Valcke) são um peso e pediu que os tirassem de suas costas. P'ra variar, a madame quiz valorizar seu ego esculhambando o dos outros. Logo ela, um peso desgraçado de pesado nas costas dos brasileiros.

É bom ficar de olho bem aberto, pois nossos pesadelos estão longe do fim: vem aí o vexame das Olimpíadas de 2016.




Um comentário:

  1. Permitam-me uma informação adicional:
    Iraque: 8 assassinatos/100 mil habitantes
    Brasil: 25 assassinatos /100 mil habitantes
    Com a palavra, os eleitores.

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