domingo, 13 de setembro de 2015

Sessão de cinema hoje não tem o charme de antigamente

Antigamente, ir ao cinema era um momento especial. Era a oportunidade de se sentir quase num útero e participar de perto de momentos fantásticos, os mais diversos. De assistir o Canal 100, com jogos de futebol filmados como não se vê mais hoje nos cinemas e raramente repetidos hoje com a mesma categoria. Para namorar no escurinho ...

Fosse um um bangue-bangue, uma comédia ou um drama, o silêncio era completo -- se fosse um seriado então!...

De uns tempos para cá, assistir um filme no cinema virou um exercício de enorme paciência e, não raro, fonte de aborrecimentos. A falta de educação impera. Há pessoas que vão ao cinema para conversar ou comentar o filme, o tempo todo. Ou então para fazer piadinhas idiotas sobre o que acontece no telão. Ou então tem-se que ver mal-educados que se sentam como se estivessem em suas casas, com os pés sobre a poltrona da frente. Celulares tocando e sendo atendidos, pra todo mundo ouvir. 

Para piorar ainda mais, veio a macaquice idiota importada dos americanos de transformar a sala de cinema em refeitório, com copões de pipoca, sucos e o escambau. Quando acaba a sessão, a sala parece um chiqueiro. Definitivamente, é dose!!

O grande escritor Ignácio de Loyola Brandão escreveu recentemente em uma crônica no jornal Estadão ("Quem vai filmar o caos nojento da política?"): 

"Não há nada como cinema numa telona, ela te puxa, você fica mergulhado. Cinema na sala escura, como era costume, sem celulares, sem pipocas, sem papéis de balas amassados, chocolates abertos, conversas. Cinema é ritual religioso. A sessão foi numa manhã, às 10h30, no Espaço Itaú de Cinema, num momento em que outros estavam trabalhando, vivendo o cotidiano e eu dentro de Roma, atravessando a Via Veneto."

Brandão se referia a uma sessão especial a que fora convidado para assistir "A Doce Vida", de Fellini. 

Para os saudosistas como eu, reproduzo abaixo um Canal 100 de 1969 histórico porque apresenta ao vivo (mas sem cores) a autêntica garota de Ipanema. Vê-se que Tom e Vinicius tinham razão ... Depois, vem a a música "Flagra", cantada por Rita Lee, que fala do "escurinho do cinema".





Nenhum comentário:

Postar um comentário