A foto de um garotinho sírio de 3 anos morto por afogamento na praia de Bodrum, na Turquia, é a violência mais chocante que já vi na minha vida. A foto correu o mundo e motivou uma série de ilustrações em sua homenagem.
O menino Aylan Kurdi morreu em um naufrágio, quando tentava cruzar o Mar Egeu com o pai, a mãe e o irmão mais velho. Galip Kurdi. Só o pai sobreviveu à tragédia. A família tentou seguir para a Europa depois que o Canadá rejeitou seu pedido de asilo, disse um advogado canadense.
Aqui surge uma prova imediata e inequívoca de insanidade e hipocrisia: o Canadá tem sido protagonista assíduo e recorrente de intervenções militares no Oriente Médio (como na Líbia, por exemplo), como membro da OTAN e alinhado submisso e passivo dos EUA. O Canadá tem sido um dos responsáveis diretos por uma onda de refugiados na região, escorraçados de seus países por guerras geradas e/ou estimuladas por ações militares de países alheios à região, sob a égide da OTAN. Para o Canadá, assim como para os EUA, essas intervenções são cômodas e de feedback praticamente zero, pois os problemas resultantes raramente chegam até eles -- os maiores punidos são os europeus e os países diretamente afetados por essas intervenções. Quando uma família de refugiados, como a de Aylan, tenta viver no Canadá para retomar sua vida, os canadenses negam-lhe o visto!
Aylan Kurdi virou símbolo da crise migratória. Ele e a família fugiam de Kobanê, cidade curda-síria na fronteira com a Turquia, que foi palco de intensos conflitos entre extremistas muçulmanos e forças curdas no início do ano.
A extrema ironia dessa tragédia é que a praia de Bodrum, onde Aylan morreu e foi fotografado, é sinônimo de luxo e badalação. A cidade debruçada sobre o Mar Egeu virou há alguns anos um dos principais destinos turísticos do país, balneário de verão das classes mais altas de Istambul.
Participando da dor pela morte absurda de Aylan Kurdi, reproduzo a seguir algumas das ilustrações feitas em homenagem póstuma a esse inocente, vítima da barbárie que campeia no mundo. Todas as fotos são do jornal O Estado de S. Paulo.
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