Oculus domini saginat equum -- "O olho do dono engorda o cavalo". Provérbio. Também se usa: "O olho do dono engorda o porco". [Dizemos mais comumente "O olho do dono engorda o boi (ou o gado)".]
Oderint, dum metuant -- "Odeiem-me, contanto que me temam". Frase de Ácio no drama Atreu, citada por Cícero (Dos Deveres, Livro I, 28, 97). Segundo Suetônio, era o lema do imperador Calígula.
Omnis ars imitatio est naturæ -- "Toda arte é imitação da natureza" (Sêneca, Epístola LXV, 3).
Onus probandi -- "O ônus da prova", "A obrigação de provar". Essa obrigação, em Direito, cabe ao acusador e não ao acusado.
Opere citato -- "Na obra citada". Emprega-se para citar obra já citada antes. Abreviatura: o.c.
Opus -- "Obra". Usa-se em relação à obra musical que foi classificada e numerada. Abreviatura: op.
Opus Dei -- "Obra de Deus". Associação internacional de católicos, leigos e padres, fundada em Madri em 1928, cujos membros se dedicam a procurar a perfeição cristã dentro de seu estado de vida e no exercício de sua profissão. [Na realidade, a Prelazia da Santa Cruz e Opus Dei (em latim: Praelatura Sanctae Crucis et Opus Dei) é uma instituição hierárquica da Igreja Católica, uma Prelazia Pessoal, composta por leigos, casados, solteiros e sacerdotes. Tem como finalidade participar da missão evangelizadora da Igreja, e procura difundir a vida cristã no mundo, no trabalho e na família, a chamada universal à santidade e o valor santificador do trabalho quotidiano. Foi fundada no dia 2 de outubro de 1928 por São Josemaría Escrivá de Balaguer, sacerdote espanhol canonizado em 2002. No dia 28 de novembro de 1982 o papa João Paulo II através da Constituição Apostólica Ut Sit constituiu a Opus Dei como Prelazia Pessoal. A Opus Dei tem sido frequentemente acusada de ser um instrumento político da Igreja Católica, e de ser usuária de práticas abusivas diversas contra seus membros (ver: "Dentro do Opus Dei"; "A vida íntima do Opus Dei"). A instituição tem sido criticada por seu caráter sigiloso, por seus métodos controvertidos de recrutamento, as regras severas de controle de seus membros, elitismo, misoginia, e apoio a, ou participação em, governos autoritários ou de extrema-direita, especialmente no caso do governo franquista da Espanha até 1978. A mortificação por flagelação do corpo, praticada por alguns de seus membros, também é criticada. Dentro da Igreja Católica também é criticada, por alegadamente buscar independência e mais influência.]
Ora pro nobis -- "Ora por nós".
Oratio vultus animi est -- "O discurso é o rosto da alma" (Sêneca, Epístola CXV, 2). Variante: Oratio cultus animi est, "O discurso é o ornato da alma". Primeira formulação da sentença de Buffon, Le style c'est l'homme. [Georges-Louis Leclerc, conde de Buffon (Montbard, 7 de Setembro de 1707 - Paris, 16 de Abril de 1788) foi um naturalista, matemático e escritor francês. As suas teorias influenciaram duas gerações de naturalistas, entre os quais se contam Jean-Baptiste de Lamarck e Charles Darwin. A localidade de Buffon, na Côte-d'Or, foi o senhorio da família Leclerc. A célebre sentença citada faz parte do discurso de Buffon -- conhecido como "Discurso sobre o estilo"-- ao tomar posse na Academia Francesa em 25/8/1753.]
O tempora, o mores! -- "Ó tempos, ó costumes". Exclamação de Cícero na Iª Catilinária contra a corrupção de seus contemporâneos.
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Pacem in terris -- "Paz sobre a Terra". Primeiras palavras de uma encíclica do Papa João XXIII, datada de 11 de abril de 1963, sobre "a paz para todos os povos na verdade, na justiça, na caridade e na liberdade", e que assim começa: Pacem in terris quam homines universi cupidissime quovis tempore appetiverunt condi confirmarique non posse constat nisi in ordine quem Deus constituit sancte servato, "A paz sobre a Terra, que os homens de todos os tempos sempre cobiçaram, só pode fundamentar-se e fortalecer-se na (observância da) ordem estabelecida por Deus".
Panem et circenses -- "Pão e circo". Eram, segundo Juvenal (Sátira X, 81), as duas únicas coisas que interessavam ao povo romano de sua época (sécs. I e II d.C.). [Décimo Júnio Juvenal (em latim Decimus Iunius Iuvenalis; Aquino, entre 55 e 60 – Roma, depois de 127), foi um poeta e retórico romano, autor das Sátiras. Os detalhes da vida do autor são obscuros, embora referências aos seus textos feitas no final do século I e começo do século II fixem as datas mais remotas de seus textos. De acordo com o poeta Lucílio - o criador do gênero satírico romano - e também de tradições poéticas que incluem Horácio e Pérsio, Juvenal escreveu pelo menos 16 poemas em hexâmetro dactílico cobrindo de forma enciclopédica os fatos do mundo romano. Apesar de as Sátiras serem uma fonte vital para o estudo da Roma Antiga a partir de um vasto conjunto de perspectivas, as suas hipérboles e a sua maneira sarcástica de se expressar fazem com que a utilização de suas declarações seja um fato problemático, para dizer o mínimo. À primeira vista, a obra poderia ser entendida como uma crítica ao paganismo de Roma, talvez tentando garantir sua sobrevivência dentro da monástica cristã - um estrangulamento na preservação dos textos antigos, onde a maioria dos textos antigos foi perdida.]
Pari passu -- "A passo igual"; "acompanhando lado a lado"; a par; a par e par; par e par.
Parturient montes, nascetur ridiculus mus -- "As montanhas estarão com as dores do parto, (mas) nascerá (apenas) um ridículo camundongo". Verso de Horácio [Quinto Horácio Flaco] (Arte Poética, 139), em que ele aconselha aos poetas não fazerem ao público grandiosas promessas que depois não poderão cumprir. Usa-se, em geral, por alusão a uma grande expectativa não justificada pelo acontecimento. "Tal a certeza que tem da perfeição e da integridade da sua obra. São os rumores da montanha de Horácio. Vejamos quid nascetur". Labieno, Vindiciæ.
Pater familias -- "Pai de família, chefe da casa".
Patria potestas -- "O pátrio poder".
Pauca, sed bona -- "Poucas coisas, mas boas". Expressão usada para elogiar a qualidade por oposição à quantidade.
Pax romana -- "A paz romana", isto é, aquela que os antigos romanos impunham pelas armas aos povos vencidos.
Pax tecum -- "A paz (seja) contigo".
Pax vobis / Pax vobiscum -- "A paz seja convosco". Saudação cristã, originária da tradução latina do Gênese (43, 23).
Pedibus timor additit alas -- "O medo acrescentou asas aos pés"(Virgílio, Eneida, Livro VIII, 224). [Públio Virgílio Maro ou Marão (em latim: Publius Vergilius Maro; Andes, 15 de outubro de 70 a.C. — Brundísio, 21 de setembro de 19 a.C.) foi um poeta romano clássico, autor de três grandes obras da literatura latina, as Éclogas (ou Bucólicas), as Geórgicas, e a Eneida. Uma série de poemas menores, contidos na Appendix vergiliana, são por vezes atribuídos a ele.]
Per ardua ad astra -- "Por (caminhos) árduos aos astros". Lema da R. A. F. (Royal Air Force) da Inglaterra.
Per ardua surgo -- "Ergo-me entre dificuldades". Divisa do Estado da Bahia.
Per capita -- "Por cabeça", isto é, "por pessoa".
Perfidia quam Punica -- "Perfídia mais que púnica". Frequentemente os romanos acusavam de deslealdade e perjúrio os penos ou cartagineses, seus piores inimigos e rivais. Ver Punica fides.
Peric(u)la timidus etiam quæ non sunt videt -- "O tímido vê até perigos que não existem"(das Sentenças de Publílio Siro).
Periculum in mora -- "O perigo (está) na demora", isto é, "A demora é perigosa" (Lívio, História Romana, XXXVIII, 95, 13). [Tito Lívio (em latim: Titus Livius; Pádua, c. 59 a.C. — Pádua, 17), conhecido simplesmente como Lívio, é o autor da obra histórica intitulada Ab urbe condita ("Desde a fundação da cidade"), onde tenta relatar a história de Roma desde o momento tradicional da sua fundação 753 a.C. até ao início do século I da Era Cristã, mencionando desde os reis de Roma, tanto os primeiros como os Tarquínios. De origem humilde, a base de sua educação foi o estudo de filosofia. Graças à sua competência profissional como escritor, adquiriu uma situação econômica confortável. Cresceu em meio às guerras civis que assolaram a Itália antes e depois da morte de Júlio César, e que se encerraram com a vitória de Otávio, futuro imperador Augusto, na Batalha de Áccio (31 a.C.). Talvez esse tenha sido o motivo de Tito Lívio não ter estudado na Grécia, como era comum entre os romanos cultos. Estabeleceu-se em Roma no ano de 30 a.C. e, nesse lugar, adquiriu grande prestígio junto a Augusto, sendo nomeado preceptor do jovem Cláudio, futuro imperador. Apesar disso, manteve-se isolado da política e do círculo de literatos que rodeava o imperador e que incluía Virgílio, Horácio e Ovídio, e, graças a essa independência, pôde expressar suas próprias idéias. Faleceu em Pádua no ano de 17 d.C. Nos últimos quarenta anos de sua vida dedicou-se à narrativa da História de Roma, desde a sua fundação até o ano de 9 d.C. Essa obra, denominada Ab Urbe condita libri (Desde a fundação da cidade.), é composta por 142 livros, dos quais apenas 35 chegaram até nós. Foi uma realização impressionante em tamanho e abrangência, tornando-se posteriormente um clássico e influenciando a historiografia produzida até o século XVIII — grandes influências foram sentidas em Nicolau Maquiavel, Alexis de Tocqueville e Montesquieu. Para escrever sua obra, Tito Lívio recorreu a diversos textos escritos por historiadores anteriores, dos quais a maioria dos textos sobreviveu apenas em pequenos fragmentos. Contudo, em boa parte da quarta e quinta década de Tito Lívio (ou, seja, dos livros 30 até 45) podemos ver a utilização direta da obra do grego Políbio como fonte, o que nos permite fazer hoje comparações metodológicas importantes a respeito da forma de se escrever história no mundo antigo.]
Per incuriam -- "Por falta de cuidado". Expressão forense.
Perinde ac cadaver -- "Tal qual um cadáver". Maneira por que os jesuítas, segundo as Constituições de Santo Inácio de Loiola, devem obedecer a seus superiores.
Per omnia sæcula sæculorum -- "Até o fim dos séculos", equivalente enfática de "Para sempre". Tradução latina de uma locução hebraica da Bíblia.
Perpetuum mobile -- "O movimento perpétuo".
Per se -- "Por si"; "naturalmente". "Por mais que Gregory insista em negar ao clima tropical a tendência para produzir per se sobre o europeu do Norte efeitos de degeneração ... grande é a massa de evidências que parecem favorecer o ponto de vista contrário". Gilberto Freyre, Casa-Grande e Senzala, cap. I).
Persona grata -- "Pessoa grata". Diz-se, em linguagem diplomática, de pessoa bem acolhida pelo governo junto ao qual é acreditada.
Persona non grata -- "Pessoa não grata", o oposto de persona grata. "Lon Nol afirmou que o Príncipe Norodon Sihanouk encontra-se desaparecido após ser declarado persona non grata pelo novo governo". O Globo, 12 de setembro de 1977.
Pessima respublica plurimæ leges -- "O pior Estado (é o que tem) mais leis". Ditado.
Pessimum inimicorum genus laudantes -- "Os aduladores, a pior espécie de inimigos" (Tácito, Vida de Agrícola, XI, 1). [Públio (Caio) Cornélio Tácito (em latim Publius (Gaius) Cornelius Tacitus) ou simplesmente Tácito, (55 — 120) foi um historiador, orador e político romano. Ocupou os cargos de questor, pretor (88), cônsul (97) e procônsul da Ásia (aproximadamente 110-113). É considerado um dos maiores historiadores da Antiguidade. Escreveu por volta do ano 102 um Diálogo dos oradores e depois, Sobre a vida e o caráter de Júlio Agrícola, um elogio ao seu sogro, que havia sido um eminente homem público durante o reinado de Domiciano e que havia completado, como general, a conquista da Britânia, além de ter feito uma expedição à Escócia. Suas obras principais foram os Annales ("Anais") e as Historiae ("Histórias"), que tinham por tema, respectivamente, a história do Império Romano no primeiro século, desde a morte de Augusto e a chegada ao poder do imperador Tibério até à morte de Nero (Annales), e da morte de Nero à de Domiciano (Historiae).]
Pia fraus -- "Fraude piedosa" (Ovídio, Metamorfoses, Livro IX, 711). Diz-se em relação a um logro perpetrado com boa intenção.
Piscem natare doces -- "Ensinas o peixe a nadar", expressão proverbial que corresponde ao nosso "Ensinar o padre-nosso ao vigário".
Placebo -- "Agradarei". Medicamento inerte ministrado com fins sugestivos ou morais. Aportuguesado.
Plus ultra -- "Mais além". Lema de Carlos V, derivado da expressão Nec plus ultra, para lembrar que os navios da Espanha transpuseram os limites do mundo conhecido dos antigos.
P.M. -- Abreviatura de Post meridiem.
Pollice verso -- "Com o polegar virado (para o peito)". Virar o polegar [para o peito] era o sinal com que os espectadores dos jogos de circo pediam a morte dos gladiadores vencidos.
Pontifex maximus -- "Sumo Pontífice". Título dado ao principal sacerdote na Roma pagã (onde cabia aos sacerdotes construir pontes; daí o nome de pontifex, "construtor de ponte"). Modernamente, em sentido figurativo, o Papa.
Populorum progressio -- "O desenvolvimento dos povos". Primeiras palavras de uma encíclica do Papa Paulo VI, datada de 26 de março de 1967, sobre a promoção do desenvolvimento, e que assim começa: Populorum progressio, qui maxime ab injuria famis, egestatis, morborum domesticorum, ignoratione rerum abesse nituntur; qui largiorem honorum societatem ab humanitate vitæ profectorum expetunt, atque humanas suas proprietates postulant in opere ipso pluris æstimari; qui denique ad majora incrementa constanter mentes intendunt: horum videlicet populorum progressio a catholica Ecclesia alacri et erecto animo spectatur, "O desenvolvimento dos povos, particularmente daqueles que labutam para libertar-se da fome, da penúria, das doenças endêmicas, da ignorância; daqueles que reclamam uma participação maior nos frutos da civilização, uma valorização mais ampla de suas qualidades humanas; daqueles que decididamente visam uma realização mais plena -- o desenvolvimento desses povos constitui objeto de pressurosa atenção por parte da Igreja Católica".
Post Christum (natum) -- "Depois (do nascimento) de Cristo".
Post meridiem -- "Depois do meio-dia". Expressão com que se designam as horas entre meio-dia e meia-noite. Usa-se também abreviado em p.m. Antônimo: Ante meridiem.
Post mortem -- "Depois da morte".
Post mortem nihil est ipsaque mors nihil -- "Depois da morte não há nada, e a própria morte nada é" (Sêneca, As Mulheres de Tróia, Ato II, 2, 397).
Post scriptum -- "Pós-escrito". Abrevia-se P.S.
Præmonitus, præmunitus -- "Avisado, precavido", isto é, "um homem prevenido vale por dois". Provérbio.
Primo -- "Em primeiro lugar".
Primus inter pares -- "Primeiro entre iguais". Título de um poema de José Bonifácio, o Moço, dedicado a Artur Silveira da Mota, Barão de Jaceguai.
Pro aris et focis -- "Pelos (nossos) altares e (nossos) lares". Expressão com que Cícero (Da Natureza dos Deuses, Livro III, 40, 49) se refere à luta pela defesa da pátria.
Probatum est -- "Está provado". Fórmula usada nos antigos receituários.
Procastinare Lusitanum est -- "Procrastinar é português". Citado por Eça de Queiroz em A Ilustre Casa de Ramires, cap. I.
Procul a Jove, procul a fulmine -- "Longe de Júpiter, longe do raio". Provérbio. Quanto mais se vive longe dos poderosos, mais se tem uma vida tranquila. Também se usa: Procul a Jove, procul a fulgure.
Pro forma -- "Por (mera) formalidade"; "formalmente".
Pro labore -- "Pelo trabalho". Usado substantivamente para indicar remuneração paga pela execução de determinada tarefa.
Pro lege, rege, grege -- "Pela lei, pelo rei, pelo povo". Lema de Guilherme de Orange.
Pro memoria -- "Para memória". Usado como substantivo no sentido de "lembrete", "memorando".
Proprio motu -- -- Ver Motu proprio.
Proprium humani ingenii est odisse quem leaseris -- "É próprio da alma humana odiar a quem ofendeu" (Tácito, Vida de Agrícola, 42).
Pro rata -- "Em proporção".
Prosit -- "Faça-lhe proveito", isto é, "À sua saúde". Brinde usado sobretudo por alemães.
Proximus sum egomet mihi -- "O mais próximo de mim sou eu" (Terêncio, A Moça de Andros, Ato IV, 635). [Públio Terêncio Afro, em latim Publius Terentius Afer (Cartago, ca. 195 a.C.-185 a.C. — Lago Estínfalo, ca. 159 a.C.), foi um dramaturgo e poeta romano, autor de pelo menos seis comédias: Andria (A moça de Andros), Hecyra (A Sogra), Heaautontimorumenos (O Punidor de Si Mesmo), Eunuchus (O Eunuco), Phormio (Formião) e Adelphoe (Os Dois Irmãos).]
Pulvis es et in pulverem reverteris -- -- Ver Memento, homo quia pulvis ...
Punica fides -- "Fé púnica", isto é, "má-fé", "perfídia". Os romanos acusavam os penos ou cartagineses, seus concorrentes e inimigos, de não cumprirem acordos.
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