quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Os 20 venenos escondidos em nossos alimentos

[Para um país como o Brasil, que é o maior usuário de pesticidas na agricultura do mundo, seria de se supor que o Ministério da Saúde expusesse rotineiramente ao público toda e qualquer pesquisa feita aqui ou alhures sobre os efeitos disso na população brasileira e sobre os cuidados que eventualmente são tomados por nossos órgãos "competentes" na área para nos proteger. Mas não é isso, infelizmente, o que se vê. As nossas sopas de letras, como ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), etc, são órgãos platônicos que nunca agem proativamente e sim reativamente, e assim mesmo com base em experiências e pesquisas externas (quando o fazem).

Por causa disso, traduzo a seguir reportagem importante publicada no site francês L'Internaute. com sobre os 20 venenos escondidos em nossos alimentos. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade. Com o cuidado normal  que se deve ter na leitura, assimilação e eventual precaução a partir desse tipo de informação, é preciso lembrar que ela vem de um país e de uma comunidade (a europeia) muitíssimo mais preocupados e responsáveis com a saúde e a proteção da saúde de seus cidadãos que o Brasil.]


Estes produtos podem representar um perigo para a saúde ou para o meio ambiente - (Foto: Fotolia- L'Internaute.com)

Substâncias cancerígenas, compostos tóxicos, produtos alergênicos, antibióticos, pesticidas, alimentos compostos de farinhas animais e até mesmo de refugos, cultura nociva para o meio ambiente. Além da simples má alimentação, prejudicial à saúde, e às vezes à sombra de escândalos ultramidiatizados, eis aqui a lista de alimentos e bebidas disponíveis cuja cultura ou consumo é desaconselhável e que, apesar de tudo, estão disponíveis no comércio.


Fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1) no leite cru

Se as autoridades recomendarem o consumo de laticínios 3 vezes ao dia, esse consumo poderá ter efeitos nefastos - (Foto: Hyrma - Fotolia.com)

O fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 [IGF-1 - Insulin-like Growth Factor -1, também conhecido como somatomedina C] é um hormônio [proteína] produzido pelo nosso fígado. Este fator de crescimento é naturalmente presente no leite de vaca. Ora, está demonstrado que uma taxa elevada de  IGF-1 no sangue está relacionada ao aparecimento de diferentes tipos de câncer (de mama, da próstata, do colo ...). Segundo um relatório da Anses (Agência Nacional de Segurança Sanitária) [francesa] o risco de desenvolver uma enfermidade ligada ao consumo de leite "é baixo, se existir". Mas, a presença de produtos laticínios -- três vezes ao dia, segundo as recomendações oficiais -- na nossa alimentação poderia modificar nossa taxa "natural" de IGF-1 e, portanto, potencialmente tornar a ocorrência de um câncer mais provável. 

Os estranhos conservadores usados nos chicletes


Inúmeros tipos de chicletes consumidos na França contêm o hidroxitolueno butilado (BHT ou E321) - (Foto: Popova Olga - Fotolia)

Graças a essas duas substâncias, os chicletes não se deterioram após algumas horas. O hidroxitolueno butilado (BHT ou E321) e o hidroxianisol butilado (BHA ou E320) são dois aditivos alimentares, criados em laboratório, frequentemente utilizados por exemplo nos chicletes. Sua função é ajudar a conservar os alimentos. O problema é que essas duas substâncias são potencialmente cancerígenas, segundo o Centro Internacional de Pesquisa sobre o Câncer. Ratos de laboratório desenvolveram tumores depois de expostos a elas. Por outro lado, ao contrário, outros pesquisadores afirmam que ao impedir a oxidação dos alimentos o BHT e o BHA seriam substâncias anticancerígenas. 

O Sindicato Francês dos Cereais prontos para consumo ou preparo nos assinalou que esses dois aditivos não estão mais presentes nos cereais de café da manhã na França, como anteriormente assinalado nesta reportagem. 

[Há casos de dificuldade de metabolização do BHT, e dúvidas a respeito de ser ou não cancerígeno. Foi banido seu uso alimentício no Japão em 1958, Romênia, Suécia e Austrália, nos EUA é proibido para alimentos infantis e o McDonald's deixou de usá-lo em 1986.] 

Pesticidas (e muitos outros produtos) no salmão


O salmão de criação é tratado com pesticidas - (Foto: HPLPhoto - Fotolia)

Outrora um produto de luxo, o salmão se democratizou. Mas, o peixe produzido em criadouros, que aumenta mais frequentemente nas costas da Noruega, está sob acusação. Pesticidas como o diflubenzuron são usados regularmente através de pulverização maciça nas bacias para combater o "parasita do mar" (pou de mer), que se alimenta com o sangue do peixe. Teriam sido encontrados traços deles em pratos contendo salmão. PCB [bifenilos policlorados], dioxinas, e outras farinhas de origem animal comporiam também o coquetel tóxico denunciado recentemente pelo canal France 2. A Noruega, para a qual a produção de salmão é a segunda fonte econômica mais importante depois do petróleo, reconheceu que o consumo desse peixe deve ser limitado, principalmente por mulheres grávidas e crianças.

O arsênico no arroz 

O arroz é contaminado por doses fracas de arsênico - (Foto: sommai - Fotolia.com)

Em maio de 2013, as autoridades dinamarquesas na área da alimentação pediram aos pais que moderassem o consumo de arroz de seus filhos. Por que? Porque o arroz (incluindo o arroz sob a forma de alimentos "suflês", bolos de arroz, bebidas de arroz) contém naturalmente arsênico. Este elemento químico estaria presente nos solos e nas águas dos países onde esse cereal é cultivado. Ainda que as repercussões exatas da presença desse metaloide no arroz permaneçam desconhecidas, o consumo de arsênico está ligado normalmente ao câncer de pele, dos pulmões e da bexiga.

Perturbadores endócrinos nos morangos


Os morangos são particularmente nocivos para o meio ambiente - (Foto: Pictures news - Fotolia.com)

Segundo a ONG "Gerações futuras", quase a totalidade dos morangos vendidos comercialmente contêm pesticidas (endosulfan, flonicamida, carbossulfan, ...). Entre eles estão perturbadores endócrinos, que teriam como efeito desregular nossos hormônios, nosso metabolismo e nossa capacidade de reprodução.  Além disso, cultivar morangos o ano todo (caso da Espanha) exige uma quantidade astronômica de água, a manutenção de estufas de plástico pouco econômicas em termos de consumo de energia e o emprego de mão-de-obra subremunerada.

A solanina presente nas batatas

Convém verificar a cor das batatas - (Foto: RRF - Fotolia.com)

Antes de mais nada, não comer uma batata que apresente uma cor estranha ... Ainda que esse tubérculo seja na maioria das vezes inofensivo, ele se torna tóxico se ingerido cru, mal conservado ou "bichado". Ele na realidade produz a solanina, uma molécula que produz um gosto amargo e provoca sérios problemas digestivos [a solanina é um glicoalcaloide, tóxico de sabor amargo;  é encontrado de modo natural em folhasfrutos e tubérculos de algumas plantas (por exemplo, a batata e o tomate) -- acredita-se que as plantas a sintetizam para se protegerem dos predadores. intoxicação por solanina se caracteriza por alterações gastrointestinais (diarréiavômito e dor abdominal) e neurológicas (alucinações, dor de cabeça, etc.). A dose tóxica é de 2-5 mg por quilograma de peso corporal. Os sintomas se manifestam de 8 a 12 horas após a ingestão]. Para verificar se há esse risco, convém observar a cor da batata. Se ela estiver esverdeada ou apresentar vermes, é melhor não consumí-la. 

As farinhas de origem animal nos peixes de criadouros

Os peixes de criadouros serão alimentados com farinhas de origem animal a partir de agora - (Foto: sablin - Fotolia.com)


As farinhas de origem animal estão de volta. 15 anos depois de sua proibição, esses produtos que estiveram no centro do escândalo da vaca louca retornam aos nossos pratos. Em 2013, a Comissão Europeia decidiu reintroduzir a alimentação de peixes de criadouros com farinhas compostas por resíduos não consumíveis de porcos e aves. A França, pela voz da antiga ministra da Ecologia Delphine Batho ou da Anses, se mostrou muito crítica em relação a essa decisão. Para limitar os riscos, os bovinos e os peixes (para evitar o canibalismo) estão excluídos das espécies que podem ser usadas na elaboração desses produtos. 

Frutose e xarope/melaço de milho nas sobremesas
O xarope/melaço de milho contém frutose em grande quantidade - (Foto: Nichael Gray - Fotolia)

Nos EUA, ela é um dos ingredientes mais usados em bolos sob a forma de xarope/melaço de milho. Mas é encontrada também entre nós, no xarope/melaço de bordo [árvore], no vinho doce ou nas frutas secas. Por muito tempo recomendada pelos médicos, a frutose é hoje suspeita em caso de consumo exagerado: obesidade ou doenças cardiovasculares poderiam ser provocadas pelos FHCs [hidrofluorcarbonetos] ou seja, pelos concentrados do xarope/melaço de milho. Um consumo elevado (mais de duas garrafas de soda ou de suco de maçã por dia) teria os mesmos efeitos. 

Os aspartames nas sodas

Isto não é novidade: o aspartame é regularmente colocado sob suspeita - (Foto: Alex Lukin - Fotolia)

Ele nos impede de engordar, mas a que preço? O aspartame, adoçante artificial descoberto por acaso nos anos 1960, é usado principalmente para substituir o açúcar nos produtos light (sodas, chicletes, ...). Seus efeitos sobre a saúde permanecem sob controvérsia. Ainda que a autoridade europeia de segurança alimentar não recomende nenhuma precaução particular, pesquisadores dinamarqueses estabeleceram um vínculo entre o aspartame e partos prematuros, enquanto outros estudos se referem a diabetes e câncer no cérebro. É difícil decidir por ora. Na expectativa é melhor limitar seu consumo, que não é necessariamente útil.

O bisfenol A nas garrafas e garrafões de água


Os garrafões de água contêm ainda frequentemente o bisfenol A - (Foto: jean claude braun - Fotolia.com)

Ele ainda não está totalmente proibido. O bisfenol A é um composto orgânico criado a partir do petróleo. É utilizado na fabricação de garrafas, de garrafões de água como os que se vê em bebedouros de escritórios e ... na fabricação de recibos de caixa [em lojas, etc]. Já há alguns anos sabe-se que ele é potencialmente nocivo para o cérebro de bebês e fetos. Esta constatação levou à sua proibição nas mamadeiras em 2010. Desde 2014, a autoridade europeia para segurança alimentar chamou a atenção sobre seus efeitos potenciais para o fígado, os rins e as glândulas mamárias. Felizmente, o bisfenol A está totalmente proibido na confecção de produtos alimentícios desde 01 de janeiro de 2015. 

Um alergênico nas balas


Os colorantes usados nas balas podem representar um perigo - (Foto: Viktor - Fotolia)

Poucos alimentos são azuis. Mas, aqueles que têm essa cor (como as balas ...) a devem frequentemente à indigotina (E132), um colorante químico. Em casos muito raros, ele pode deflagrar reações alérgicas como, por exemplo, a urticária. O risco seria contudo muito moderado para a maioria das pessoas que não têm antecedentes dessa natureza.

Os hormônios e resíduos no peixe panga (Ásia)

O peixe panga é pescado principalmente no rio Mekong, na Ásia - (Foto: stifos - Fotolia.com)

Inúmeras campanhas na internet fizeram do panga o peixe mais tóxico do planeta. Na realidade, ele é sobretudo o símbolo dos desvios da criação em cativeiro. O panga, um peixe-gato de um pouco mais de 1 m de comprimento vive naturalmente no Mekong, um rio grande e importante do sudeste asiático. Há alguns anos, é maciçamente explorado pelos pescadores locais. À semelhança  de vários peixes criados em cativeiro, é alimentado com farinhas/farelos de origem animal e, mesmo que assim não seja, por resíduos/dejetos de outros peixes. É tratado também com antibióticos, de uma maneira não muito transparente, enquanto que as fêmeas são tratadas com hormônios hCG, destinados a acelerar sua maturação [hCG - gonadotrofina coriônica humanaNo início da gravidez, as concentrações de hCG no soro e na urina da mulher aumentam rapidamente, sendo um bom marcador para testes de gravidez. Sete a dez dias após a concepção, a concentração de hCG alcança 25 mUI/mL e aumenta ao pico de 37 000-50 000 mUI/mL entre oito e onze semanas. É o único hormônio exclusivo da gravidez, fazendo com que o teste de gravidez pela análise de hCG tenha acerto de quase 100%. É o único exame que comprova exatamente a gravidezÉ um hormônio que pode ser doado a outras mulheres que estejam em tratamento para ter filhos, pois é essencial na fecundação. Alguns tipos de câncer, como coriocarcinoma, excretam hCG. No homem, altos níveis de hCG podem indicar câncer de testículo]. Desconhece-se o efeito desses  tratamentos para os consumidores a longo prazo.

Músculos e gordura nos nuggets


Os nuggets contêm pouca carne -(Foto: primopiano - Fotolia.com)

Não se duvidava que não fossem muito apetecedores, mas inegavelmente não  a esse ponto. Em 2013, cientistas americanos analisaram nuggets de frango comprados aleatoriamente em cadeias de fast food. A maioria continha 50% de músculo (a "verdadeira" carne), o resto era composto de gordura, vasos sanguíneos, nervos ...

O corante E150 nas bebidas "cola"


Os consumidores americanos conseguiram dobrar as grandes marcas de cola - (Foto: Denis Semenchenko - Fotolia.com)

A Coca-Cola foi obrigada a modificar sua receita ... Segundo uma associação de consumidores americanos, o corante caramelo E150d poderia ser cancerígeno. Variando da cor amarela à cor parda/castanho-escuro, essa substância solúvel é utilizada nas bebidas do tipo"cola". Ela apresenta taxas elevadas de 4-Metimilidazol, um composto químico que provoca convulsões em coelhos e é também potencialmente cancerígeno se consumido em altas doses (os estudos permanecem conflitantes quanto a isto). O Estado da Califórnia deu razão aos consumidores, reconhecendo o perigo potencial da substância. A Coca-Cola decidiu então, em 2013, reduzir as taxas de 4-Metimilidazol em sua linha de produção. Outros fabricantes de cola poderiam entretanto continuar a utilizar esse corante [pergunta: qual é a posição do nosso Ministério da Saúde e de suas sopas de letras quanto a isso?!].

O óleo de palma nas pastas cremosas

O óleo de palma é perigoso tanto para a saúde como para o meio ambiente - (Foto: mawardibahar - Fotolia)

Ele é encontrado na pasta cremosa [de passar no pão, por exemplo], assim como em certas manteigas, em chips [vegetais fritos, como a bata por exemplo], no chocolate e nas sopas em saquinhos. O óleo de palma tem sido um dos compostos alimentares mais criticados. Em primeiro lugar, por sua forte proporção de ácidos graxos saturados (cerca de 50%), que são a origem de problemas cardiovasculares (excesso de colesterol, artérias entupidas, ...) ou obesidade. Mas, seu consumo é igualmente desastroso para o meio ambiente: os palmeirais substituem as florestas naturais em vários países tropicais, prejudicando a biodiversidade e asculturas tradicionais [no Brasil, o óleo de palma mais utilizado é o óleo de dendê].

Corantes azoicos alergênicos

Certos aperitivos são ricos em corantes - (Foto: Sergey - Fotolia.com)

Eles são encontrados em coquetéis de cores vivas (ponche, aperitivos, vermute) ou nas balas ácidas. os corantes azoicos são suspeitos de ter efeitos alergênicos e até mesmo de estimular a hiperatividade em crianças. Em 2010, a autoridade europeia de segurança alimentar reduziu a dose diária aceitável, pressionando certos fabricantes a retornar ao uso de pigmentos naturais.

A gelatina de porco nas balas

As balas e guloseimas não têm a origem que se pensa - (Foto: stockphoto-graf - Fotolia.com)

E um espessador que atende pelo nome E441. É encontrado em balas, pizzas, flãs, musses de chocolate, ou iogurtes diet. A gelatina de porco é extraída do colágeno (pele, osso) de animais mortos em matadouros, retirados de cubas com ácido. Ainda que não seja a priori diretamente perigosa para seus consumidores, essa prática apresenta principalmente problemas religiosos: a presença de porco nesses produtos nem sempre é do conhecimento dos consumidores.

O sulfito de sódio no vinho


Os sulfitos estão presentes no vinho branco - (Foto: He2 - Fotolia)

Eles serão inofensivos para a maioria dos consumidores. Mas os sulfitos que são usados como conservantes no vinho (particularmente nos vinhos brancos mais frutados),nas frutas secas ou nas batatas  deflagram reações alérgicas em certas pessoas. Espirros, alergias, coceira se produzem na meia-hora seguinte à sua ingestão. Desde 2005, as garrafas de vinho são obrigadas a mencionar no rótulo a sua presença na bebida.

Camarões alimentados com refugos e por tratadores em regime de escravidão

Os camarões da Ásia são pescados em condições frequentemente muito difíceis - (Foto: Tim UR - Fotolia)

Estes frutos do mar são a delícia de uns e a desgraça de outros. O jornal britânico The Guardian revelou recentemente o tratamento reservado aos pescadores de crustáceos na Tailândia: os imigrantes cambojanos e vietnamitas ficam presos nos navios, são alimentados com uma tigela de arroz por dia e são regularmente espancados. Casos de suicídio ou de execuções sumárias foram descritos por dezenas de testemunhas, com os corpos às vezes jogados ao mar. Os camarões da marca CP Foods, sob acusação, seriam alimentados também com enormes quantidades de "peixes de refugo" e de camarões recém-nascidos ou não comestíveis. Eles figuravam nas gôndolas de peixes dos mercados Carrefour antes do escândalo. 

A perca (peixe) do Nilo e a destruição do lago Vitória

A superexploração do peixe é perigosa para o meio ambiente - (Foto: saiko3p - Fotolia.com)

Este peixe ficou  com má fama após a exibição do filme "O pesadelo de Darwin" em 2004. Introduzido nos anos 1950 nas águas do lago Vitória (nos confins do Quênia, da Tanzânia e de Uganda), esse predador feroz quase fez desaparecer as espécies locais. Sua carne branca, muito procurada, provocou sua superexploração, reduzindo à pobreza inúmeros pescadores das redondezas.










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