Essas camadas irregulares seriam um sinal de vida - (Foto: Allen Nutman/Nature)
Dois montículos de minerais de alguns centímetros, preservados no solo da Groenlândia e revelados pelo derretimento do gelo: essa foi a descoberta feita por uma equipe de pesquisadores que reivindica o título de prova mais antiga de traços de vida em nosso planeta. A equipe, reunida pelo professor Allen Nutman, da Universidade de Wollogong (Austrália), publicou em 1 de setembro corrente na revista Nature os resultados de suas pesquisas.
Bactérias que criaram agitação
Rochas datadas de 3,7 bilhões de anos preservaram umas espécies de miniondas, deixadas na camada de sedimentos que repousavam antigamente no fundo do mar, são o único traço que teria sido deixado pela atividade de grupos de bactérias. A análise da composição química e da forma desses "montículos", que os especialistas chamam de estromatólitos [estromatólito pode ser definido como uma rocha fóssil formada por atividades de microrganismos em ambientes aquáticos que, quando acumulados no fundo de mares rasos, formam uma espécie de recife], permite compará-los a estruturas similares formadas hoje por certas bactérias marinhas.
Pois seguramente, não há "esqueletos" nem "conchas" de micróbios, nem traços de "folhas de bactérias": os organismos vivos multicelulares capazes de deixar traços identificáveis no solo chegaram muito mais tarde. Para encontrar provas de existências de vida apenas algumas centenas de milhões de anos após a formação da Terra, é portanto necessário analisar estruturas como os estromatólitos.
Resta saber se a descoberta feita pela equipe do professor Nutman é de fato uma prova irrefutável da presença de micróbios. Alguns de seus colegas põem isso em dúvida, como é o caso da paleontóloga Kathleen Gray que considera que "infelizmente não há prova convincente para uma reivindicação dessa importância". Da mesma forma, Tanja Bosak, geobiologista do Instituto Massachusetts de Tecnologia (MIT, na sigla inglesa), antes de se pronunciar gostaria de saber se os estromatólitos estudados têm pequenas quantidades de matérias orgânicas.
A vida teria mais de quatro bilhões de anos
Segundo o professor Nutman, esses fósseis têm 200 milhões de anos a mais que os estromatólitos mais antigos conhecidos, descobertos no oeste da Austrália, o que faria reviver as provas de existência de vida em um período muito antigo da história da Terra. "A importância dos estromatólitos é que não apenas nos fornecem uma prova evidente de vida antiga visível a olho nu, mas são também ecossistemas complexos", explica o cientista.
"Isso mostra também que num período tão longínquo quanto há 3,7 bilhões de anos, a vida microbiana já era variada. Essa diversidade mostra que a vida emergiu nas primeiras centenas de milhões de anos de vida da Terra, o que é coerente com os cálculos dos biólogos que mostram a grande ancianidade do código genético da vida".
LUCA [Last Universal Common Ancestor], o último ancestral comum universal dos seres hoje viventes na Terra, remontaria a 3,8 bilhões de anos, mas a vida pôde emergir antes disso. Um estudo publicado em outubro passado, ainda em discussão, destaca a descoberta de microorganismos em zircões [zircão: mineral de coloração variada, principal fonte de zircônio, usado como refratário e, quando incolor, como gema] de 4,1 bilhões de anos, o que complica ainda mais o calendário ...
O início cataclísmico da Terra
Para compreender melhor o problema de se datar as origens da vida, é preciso remontar ao nascimento da Terra. Isto se efetuou quando do início do sistema solar (4,6 bilhões de anos), pela agregação, pouco a pouco, de grandes asteroides até formar-se uma grande bola esférica de rochas e gás (sua atmosfera primitiva). Mas inúmeros cataclismas marcaram sua história: ela teria sido atingida por um planeta do tamanho de Marte, o que teria formado a dupla Terra-Lua. [Se antes Terra e Lua eram um corpo só, por que e como depois da separação apenas a Terra ficou habitável?]
Posteriormente, eis que por volta de 4 bilhões de anos, veio o que foi denominado o "grande bombardeio tardio" [também chamado de "intenso bombardeio tardio"]. Vê-se a prova disso levantando os olhos para a Lua: inúmeras de suas crateras se formaram nesse período, quando os asteroides caiam abundantemente sobre ela.
Com relação à origem da vida, há pois um limite inferior frequentemente colocado: ela teria surgido após o intenso bombardeio tardio, e os asteroides (e cometas) teriam trazido certos elementos necessários à sua aparição. As condições cataclísmicas causadas pelas quedas frequentes de grandes asteroides teriam impedido qualquer tipo de vida antes disso. Vê-se que a descoberta feita pela equipe do professor Nutman se situa bem em tal calendário.
A importância para a vida ... em Marte e alhures
O interesse do estudo publicado na revista Nature não reside forçosamente na pedra com que ela contribuiu para a história da vida sobre a Terra. Os astrobiologisas, especialistas em estudo da vida possível em outros planetas, olham-no com muita atenção. Porque, se a vida pôde surgir muito rapidamente após a formação da Terra, isso significa que ela igualmente tenha podido aparecer muito rapidamente em outros planetas hoje inóspitos.
Esse é bem o caso de Marte. "Essa descoberta representa uma nova referência para as provas preservadas mais antigas da vida na Terra", explica o professor Martin Van Kranendonk, diretor do centro australiano de astrobiologia e coautor do estudo. "Ela mostra uma rápida emergência da vida sobre a Terra, e dá suporte à pesquisa da vida das rochas de ancianidade semelhante em Marte". Porque o planeta vermelho teria tido um oceano e uma atmosfera mais espessa há cerca de 4 bilhões de anos. Condições semelhantes às da Terra de então -- se a vida pôde aparecer tão depressa em nosso planeta, por que não em Marte? Àluz de teorias recentes, poder-se-ia colocar a mesma pergunta com relação a Vênus, que poderia também ter tido um oceano em passado longínquo.
Com respeito a Marte, a esquisa de estromatólitos poderia até mesmo ser facilitada: não há tectonismo de placas em Marte, e portanto as camadas sedimentares devem estar mais bem preservadas que na Terra.
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As belezas da Groenlândia ameaçada pelo derretimento do gelo
A vida teria mais de quatro bilhões de anos
Segundo o professor Nutman, esses fósseis têm 200 milhões de anos a mais que os estromatólitos mais antigos conhecidos, descobertos no oeste da Austrália, o que faria reviver as provas de existência de vida em um período muito antigo da história da Terra. "A importância dos estromatólitos é que não apenas nos fornecem uma prova evidente de vida antiga visível a olho nu, mas são também ecossistemas complexos", explica o cientista.
"Isso mostra também que num período tão longínquo quanto há 3,7 bilhões de anos, a vida microbiana já era variada. Essa diversidade mostra que a vida emergiu nas primeiras centenas de milhões de anos de vida da Terra, o que é coerente com os cálculos dos biólogos que mostram a grande ancianidade do código genético da vida".
LUCA [Last Universal Common Ancestor], o último ancestral comum universal dos seres hoje viventes na Terra, remontaria a 3,8 bilhões de anos, mas a vida pôde emergir antes disso. Um estudo publicado em outubro passado, ainda em discussão, destaca a descoberta de microorganismos em zircões [zircão: mineral de coloração variada, principal fonte de zircônio, usado como refratário e, quando incolor, como gema] de 4,1 bilhões de anos, o que complica ainda mais o calendário ...
O início cataclísmico da Terra
Para compreender melhor o problema de se datar as origens da vida, é preciso remontar ao nascimento da Terra. Isto se efetuou quando do início do sistema solar (4,6 bilhões de anos), pela agregação, pouco a pouco, de grandes asteroides até formar-se uma grande bola esférica de rochas e gás (sua atmosfera primitiva). Mas inúmeros cataclismas marcaram sua história: ela teria sido atingida por um planeta do tamanho de Marte, o que teria formado a dupla Terra-Lua. [Se antes Terra e Lua eram um corpo só, por que e como depois da separação apenas a Terra ficou habitável?]
Posteriormente, eis que por volta de 4 bilhões de anos, veio o que foi denominado o "grande bombardeio tardio" [também chamado de "intenso bombardeio tardio"]. Vê-se a prova disso levantando os olhos para a Lua: inúmeras de suas crateras se formaram nesse período, quando os asteroides caiam abundantemente sobre ela.
Com relação à origem da vida, há pois um limite inferior frequentemente colocado: ela teria surgido após o intenso bombardeio tardio, e os asteroides (e cometas) teriam trazido certos elementos necessários à sua aparição. As condições cataclísmicas causadas pelas quedas frequentes de grandes asteroides teriam impedido qualquer tipo de vida antes disso. Vê-se que a descoberta feita pela equipe do professor Nutman se situa bem em tal calendário.
A importância para a vida ... em Marte e alhures
O interesse do estudo publicado na revista Nature não reside forçosamente na pedra com que ela contribuiu para a história da vida sobre a Terra. Os astrobiologisas, especialistas em estudo da vida possível em outros planetas, olham-no com muita atenção. Porque, se a vida pôde surgir muito rapidamente após a formação da Terra, isso significa que ela igualmente tenha podido aparecer muito rapidamente em outros planetas hoje inóspitos.
Esse é bem o caso de Marte. "Essa descoberta representa uma nova referência para as provas preservadas mais antigas da vida na Terra", explica o professor Martin Van Kranendonk, diretor do centro australiano de astrobiologia e coautor do estudo. "Ela mostra uma rápida emergência da vida sobre a Terra, e dá suporte à pesquisa da vida das rochas de ancianidade semelhante em Marte". Porque o planeta vermelho teria tido um oceano e uma atmosfera mais espessa há cerca de 4 bilhões de anos. Condições semelhantes às da Terra de então -- se a vida pôde aparecer tão depressa em nosso planeta, por que não em Marte? Àluz de teorias recentes, poder-se-ia colocar a mesma pergunta com relação a Vênus, que poderia também ter tido um oceano em passado longínquo.
Com respeito a Marte, a esquisa de estromatólitos poderia até mesmo ser facilitada: não há tectonismo de placas em Marte, e portanto as camadas sedimentares devem estar mais bem preservadas que na Terra.
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As belezas da Groenlândia ameaçada pelo derretimento do gelo
"A Groenlândia está em processo de derretimento", alerta o The New York Times (NYT) em um excelente artigo interativo em inglês, publicado em 27 de outubro passado - (Foto: AP Photo/Extreme Ice Survey, James Balog)
Como explica o NYT, os aumentos de temperaturas acarretam a formação de lagos sobre a superfície do gelo. A água circula em seguida nos rios, depois em cavidades profundas chamadas "moinhos", que a drenam para o oceano. "A calota glacial é porosa, como um queijo", afirma um pesquisador citado pelo jornal americano - (Foto: AP Photo/John McConnico)
Este glaciar, visto no sudoeste da Groenlândia, perdeu três quilômetros de gelo em relação a 1935, afirma a equipe dinamarquesa que fez esta foto aérea para compará-la com uma imagem da época - (Foto: SIPANY/SIPA)
Imagem do mesmo local da foto anterior, tirada em 1935 - (Foto: de arquivo)
Fissuras ou gretas importantes na baía de Melville, no sudoeste da Groenlândia. Elas resultam da aceleração do movimento dos glaciares, que deslizam rumo ao oceano em consequência do aquecimento - (Foto: NASA/Op. IceBri/REX Shu/SIPA)
Foto feita por Marketa Kalvachova, uma fotógrafa tcheca que corre o mundo em busca de glaciares. Assim como mostra o site Le Temps, os icebergs se tornam ao mesmo tempo mais numerosos e menores ao longo dos anos, devido ao escoamento mais rápido dos glaciares - (Foto: Marketa Kalvachova/Cater News Agency/SIPA)
Uma outra foto feita por Marketa Kalvachova, mais perto do gelo - (Foto: Marketa Kalvachova/Cater News Agency/SIPA)
Como mostrado em nossa apresentação de slides sobre o derretimento dos glaciares, a Groenlândia perde a metade de sua superfície glacial no verão. Entretanto, em 2012, essa diminuição chegou a 97%, uma amplitude raríssima - (Foto: AP Photo/Extreme Ice Survey, James Balog)
Um iceberg em processo de derretimento na costa de Ammasalik, uma ilha no sudoeste da Groenlândia. Se todo o gelo da Groenlândia derretesse, o nível do mar subiria 6 metros, informa o NYT - (Foto: John McConnico/AP/SIPA)
Esta foto, feita em 2011, mostra um cientista durante a instalação de um GPS que permitiria estudar os movimentos do glaciar Jakovshav, perto de Ilulissat [terceira maior povoação da Groenlândia, com 4.546 habitantes] - (Foto: AP Photo/Brennan Linsley)
Uma vista da cidadezinha de Ilulissat, declarada patrimônio mundial pela Unesco por seu fiorde com imponentes icebergs - (Foto: Ellen Creager/Detroit Free Press/MCT/Sipa USA)
A base científica Summit Station está situada no coração da Groenlândia, longe de tudo, a mais de 3.000m de altitude. Em seu artigo, o NYT informa que o governo americano gasta cerca de 1 bilhão de dólares por ano paa financiar a pesquisa científica no Ártico e na Antárdida - (Foto: AP Photo/Brennan Linsley)
Entretanto, o orçamento americano dedicado à pesquisa está na mira de alguns céticos climáticos pertencentes ao Partido Republicano, segundo os quais as mudanças climáticas não estão ligadas à atividade humana, relata o NYT. Na foto, pesquisadores no interior da Summit Station - (Foto: AP Photo/Brennan Linsley)
O mundo branco: um avião se prepara para o reabastecimento, próximo à Summit Station - (Foto: AP)
Um pescador inuíte [povo esquimó que habita o Alasca e a Groenlândia] em Iluissat, em julho de 2011 - (Foto: AP Photo/Brennan Linsley)
Ainda que isolada, a Groenlândia recebe visitantes de tempos em tempo, como esse navio do Greenpeace, o Arctic Sunrise, visto aqui sobre blocos de gelo no nordeste da Groenlândia - (Foto: Christian Aslund/ CATERS NEWS / SIPA)
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também se deslocou para aGroenlândia em março de 2014, sob a perspectiva da reunião de cúpula sobre o clima que se realizaria em Nova Iorque alguns meses mais tarde. Estava acompanhado pela primeira-ministra groenlandesa Aleqa Hammond (segunda à esquerda) e pela primeira-ministra dinamarquesa Hell Thorning-Schmidt. A Groenlândia pertence ao Reino da Dinamarca como país integrante, junto com a própria Dinamarca e as Ilhas Féroé - (Foto: AP Photo/POLFOTO, Leiff Josefsen)
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Como mostrado em nossa apresentação de slides sobre o derretimento dos glaciares, a Groenlândia perde a metade de sua superfície glacial no verão. Entretanto, em 2012, essa diminuição chegou a 97%, uma amplitude raríssima - (Foto: AP Photo/Extreme Ice Survey, James Balog)
Um iceberg em processo de derretimento na costa de Ammasalik, uma ilha no sudoeste da Groenlândia. Se todo o gelo da Groenlândia derretesse, o nível do mar subiria 6 metros, informa o NYT - (Foto: John McConnico/AP/SIPA)
Esta foto, feita em 2011, mostra um cientista durante a instalação de um GPS que permitiria estudar os movimentos do glaciar Jakovshav, perto de Ilulissat [terceira maior povoação da Groenlândia, com 4.546 habitantes] - (Foto: AP Photo/Brennan Linsley)
Uma vista da cidadezinha de Ilulissat, declarada patrimônio mundial pela Unesco por seu fiorde com imponentes icebergs - (Foto: Ellen Creager/Detroit Free Press/MCT/Sipa USA)
A base científica Summit Station está situada no coração da Groenlândia, longe de tudo, a mais de 3.000m de altitude. Em seu artigo, o NYT informa que o governo americano gasta cerca de 1 bilhão de dólares por ano paa financiar a pesquisa científica no Ártico e na Antárdida - (Foto: AP Photo/Brennan Linsley)
Entretanto, o orçamento americano dedicado à pesquisa está na mira de alguns céticos climáticos pertencentes ao Partido Republicano, segundo os quais as mudanças climáticas não estão ligadas à atividade humana, relata o NYT. Na foto, pesquisadores no interior da Summit Station - (Foto: AP Photo/Brennan Linsley)
O mundo branco: um avião se prepara para o reabastecimento, próximo à Summit Station - (Foto: AP)
Um pescador inuíte [povo esquimó que habita o Alasca e a Groenlândia] em Iluissat, em julho de 2011 - (Foto: AP Photo/Brennan Linsley)
Ainda que isolada, a Groenlândia recebe visitantes de tempos em tempo, como esse navio do Greenpeace, o Arctic Sunrise, visto aqui sobre blocos de gelo no nordeste da Groenlândia - (Foto: Christian Aslund/ CATERS NEWS / SIPA)
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também se deslocou para aGroenlândia em março de 2014, sob a perspectiva da reunião de cúpula sobre o clima que se realizaria em Nova Iorque alguns meses mais tarde. Estava acompanhado pela primeira-ministra groenlandesa Aleqa Hammond (segunda à esquerda) e pela primeira-ministra dinamarquesa Hell Thorning-Schmidt. A Groenlândia pertence ao Reino da Dinamarca como país integrante, junto com a própria Dinamarca e as Ilhas Féroé - (Foto: AP Photo/POLFOTO, Leiff Josefsen)
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Sobre a falácia do aquecimento: Aquecimento Global é um engodo psicopata:
ResponderExcluirProjeto HAARP, o controle climático e de alteração de DNA!
http://bit.ly/aquecendo