segunda-feira, 17 de março de 2014

Risco de racionamento de energia no país sobe para 24%, calcula consultoria

[A reportagem abaixo é de Claudia Schüffner e foi publicada no jornal Valor Econômico de 14/3. É mais uma prova contundente da gestão catastrófica do setor elétrico pelo governo Dilma NPS  (Nosso Pinóquio de Saias). Ver postagem anterior.]

Maior consultoria de energia do país, a PSR, comandada pelo engenheiro Mario Veiga, calcula que o risco de racionamento de energia no Brasil já chegou a 24%, ante os 18,5% previstos anteriormente. Os dados estão no mais recente "Energy Report", relatório mensal produzido pela consultoria. O relatório sugere que o governo pode estar subestimando a probabilidade de ser necessário decretar um racionamento de energia no país.
Mario Veiga, da PSR, contesta projeções do governo sobre risco de racionamento e sobra de capacidade estrutural - (Foto: Valor Econômico).
Os técnicos do governo que participam do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) estão divulgando cálculos com probabilidade de déficit baseados em simulações que não obedecem aos critérios estabelecidos pelo próprio governo. Exemplo disso são as projeções sobre a quantidade de energia armazenada nos reservatórios nos próximos meses, baseadas em 81 séries históricas.
O governo afirmou que não há qualquer risco de racionamento, enquanto as simulações da PSR identificam probabilidade de déficit em 21 das 81 séries históricas, usando a mesma base de dados. Segundo a PSR, o governo só não vê esse risco quando simula o modelo baseado no que o consultor chama de "operação kamikaze" do sistema, que seria produzir energia nas hidrelétricas até os reservatórios se reduzirem a ponto de a operação se tornar incontrolável.
No limite, isso poderia resultar em um blecaute com duração de meses. Uma pista para essa diferença de resultados, segundo a PSR, foi dada em nota técnica do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no Programa Mensal de Operação (PMO) para março. A PSR afirma que o governo adotou nas simulações "procedimento operativo heterodoxo", que consiste em atender a qualquer custo a demanda mensal, sem redução preventiva da demanda. Mas isso não seria possível porque, se os reservatórios estiverem com armazenamento abaixo de 10%, não será possível produzir a energia determinada pelo ONS. "Como consequência, poderia ocorrer um colapso de suprimento, como se fosse um blecaute geral que persistiria por várias horas e talvez até dias", diz a PSR.
Ao Valor, Veiga explicou que nenhum operador faria isso porque, se os reservatórios ficarem abaixo de 10%, há o risco de perder a "controlabilidade" e o país poderia ter o que ele chama de "mega blecaute".
Sobre a afirmativa do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, de que não haverá racionamento "mesmo se não cair uma gota de chuva", Veiga considera um "arroubo retórico", já que as hidrelétricas são responsáveis por 60% do suprimento do país. Ou seja, se de fato parasse a vazão, em dois meses os reservatórios ficariam praticamente vazios e a energia proveniente de térmicas, eólicas e biomassa só atenderia 40% do consumo. Nessa situação hipotética e extrema (é impossível não chover pelo menos um pouco a cada mês), a PSR afirma que o país teria que fazer um "racionamento severo" já em maio.
Outra crítica à administração da crise diz respeito ao cálculo do excesso de capacidade estrutural do sistema. O CMSE calcula uma folga de 6,2 mil megawatts médios em 2014, enquanto a PSR não vê folga. Veiga chama a atenção para o fato de essa energia ser equivalente à capacidade de geração de duas gigantes que estão em construção: a hidrelétrica de Belo Monte e a usina nuclear Angra 3, juntas. "Que planejador deixaria no banco de reservas essas usinas? Seria um erro de planejamento brutal", afirma.














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