quarta-feira, 5 de março de 2014

Dilma NPS tenta tapar o sol com peneira, mas a situação do setor elétrico é dramática e cresce a chance de racionamento

[Ontem, 4/3, fiz postagem sobre os efeitos já visíveis na nossa balança comercial do aumento da importação de combustível para nossas usinas térmicas. Nessa postagem, fiz referência a uma reportagem também de ontem do jornal Estado de S. Paulo que informava que o peso das termoelétricas cresceu 286% em 2 anos. Transcrevo a seguir o editorial de hoje do Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético sobre esse assunto. Clique nas imagens para ampliá-las.]

Peso de termoelétricas cresceu 286% em 2 anos -- Estado de S. Paulo - 05/3 (na realidade, a data é 04/3)

Comentário: A notícia, além de mostrar o tipo de expansão que foi feita no Brasil, tem, como subproduto, a receita de como esvaziar reservatórios. Os gráficos abaixo mostram os resultados de vários leilões realizados até 2010.

Atenção: Os valores dos gráficos não representam a capacidade instalada! Estão em MWmédios, uma unidade de energia, sendo, portanto, os valores CONTRATADOS e contabilizados na oferta.



Portanto, qual é a surpresa quando os nossos reservatórios estão baixos e sem preparação para enfrentar a seca de 2014, que parece severa? Ora, se 60% de térmicas contratadas significam uma oferta de energia de mais de 10 GW médios, a pergunta que se deve fazer é: Elas geraram essa energia? Não? Quem gerou no lugar delas?

A resposta está no gráfico abaixo.


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DANIELA AMORIM, WELLINGTON BAHNEMANN / RIO - O Estado de S.Paulo

A participação das termoelétricas a diesel e a óleo combustível, as mais caras do sistema, na produção de energia elétrica no País tem crescido ano a ano. O peso dessas térmicas na geração aumentou praticamente 286% em apenas dois anos, segundo dados divulgados recentemente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre o setor elétrico brasileiro.

Em 2011, a fatia das térmicas a óleo combustível e diesel na geração de energia foi de 0,7%. No ano seguinte, o percentual subiu para 1,3%.
Em 2013, essas duas fontes alcançaram 2,7% da geração, praticamente quatro vezes a participação verificada há dois anos.
A maior participação das usinas a diesel e a óleo combustível mostra que essas usinas estão operando mais tempo do que o previsto quando foram contratadas nos leilões de expansão do governo. O presidente da Associação Brasileira de Geração Flexível (Abragef), Marco Antônio Veloso, afirmou que esses projetos foram concebidos para operar durante 15% do tempo ao longo do ano. "Mas essas termoelétricas estão operando cerca de 60% a 70% do tempo", comentou o executivo.
Risco. A operação por um prazo mais longo do que o previsto aumenta o risco de falha dos equipamentos, o que pode fazer com que se tornem indisponíveis no momento em que o sistema elétrico mais precisa, como agora, em que o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas aumenta o risco de racionamento.
"Tem usina que já precisa passar por uma manutenção preventiva, mas não querem que as térmicas sejam desligadas", relatou Veloso. De maneira geral, os motores das usinas passam por uma grande manutenção preventiva após 12,5 mil horas de uso.
Mas essa não é a única preocupação dos geradores térmicos. O aumento do preço do óleo combustível nos últimos anos tem dado dor de cabeça aos investidores, que trabalham para evitar que a operação das usinas dê prejuízos. Em janeiro deste ano, a Petrobrás, principal fornecedora do insumo, elevou em 15% o preço do óleo combustível, pressionando ainda mais as margens das companhias.
Diante desse cenário, Veloso revelou que já há comentários no setor de que geradores estariam buscando a importação de óleo combustível, cujo preço no exterior estaria mais barato do que o praticado pela Petrobrás. Porém, isso ainda não se refletiu na balança comercial do País. Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que não houve importação do insumo em janeiro.
O crescimento do peso das térmicas a óleo acompanha o movimento de expansão da geração termoelétrica no Brasil, em razão das fracas chuvas que vêm caracterizando os períodos úmidos desde o quarto trimestre de 2012. Enquanto a participação das hidrelétricas na geração de energia do País recuou de 91,2% em 2011 para 79,2% em 2013, a fatia da produção das térmicas cresceu de 8,4% para 19,8% no período, com destaque para a alta da geração a gás natural (de 2,7% para 11,2%). 




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