Para qualquer brasileiro é praticamente impossível ficar indiferente ao que se passa hoje no Rio, não só por suas dimensões e seu ineditismo, como também pelo fato de que a estratégia de segurança pública hoje em andamento na cidade e no município marca uma reviravolta fundamental no que aí se fazia até o atual governo, e pode servir de referência e paradigma para o resto do país. Para os que, como eu, moram em Niterói, há adicionalmente a enorme preocupação de que a cidade se torne o destino de traficantes acuados no Rio.
José Mariano Beltrame é, disparado, o melhor Secretário de Segurança Pública de que se tem notícia no Estado do Rio, com a vantagem ainda de contar com o apoio incondicional do governador. O impressionante poder alcançado por traficantes e outros marginais no Rio é fruto inconteste de uma longa sequência de políticas equivocadas de segurança pública e de conceituação de direitos humanos em relação a toda essa marginália. Nesse triste roteiro desponta impoluto o ex-governador Leonel Brizola, um dos maiores expoentes da demagogia no país, que em seu governo inventou uma política de direitos humanos sui generis, proibindo a polícia de subir os morros, vetando a fotografia de marginais presos em flagrante, distribuindo terrenos e direito de posse a torto e a direito nas favelas, e outras baboseiras do gênero.
Depois do que tem acontecido no Rio não é possível que não se faça uma séria e profunda revisão de todo o arcabouço legal que cerca a prisão e a vida carcerária de traficantes. Não é admissível que permaneça imutável a atual legislação que garante a aplicação do mesmíssimo conceito de direitos humanos a um ladrão de galinhas e a um marginal que chefia centenas de homens, que exerce poder ditatorial sobre a comunidade onde atua e lhe veda todos os direitos que a Constituição em tese lhe garante, que mata impiedosa e indiscriminadamente quem dificulta ou impede sua atuação, que perverte e corrompe crianças e jovens usando-os em suas atividades ilícitas, que infernizam toda uma cidade impedindo o livre trânsito das pessoas e as atividades do comércio, e destruindo patrimônios público e privado. Como disse há pouco, nessa linha de raciocínio, um ex-oficial do Bope no Globo News, "as visitas íntimas (a traficantes) estão matando pessoas no Rio" -- concordo inteiramente com ele.
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