sábado, 6 de novembro de 2010

Produção de chip nacional não decola

Em 2009 as exportações brasileiras de semicondutores somaram R$ 57 milhões, enquanto as importações atingiram US$ 3,2 bilhões -- esse é o tamanho financeiro do nosso atraso tecnológico nessa área. Criado em 2008 para projetar, fabricar e comercializar chips no Brasil, o CEITEC SA - Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada já recebeu R$ 500 milhões do BNDES e não saiu ainda do papel. Há um jogo de empurra nessa novela: o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, atribui à gestão do presidente anterior do Ceitec, Eduard Weichselbaumer (que se demitiu em junho p.p.), a culpa pelo atraso do lançamento dessa estatal. Weichselbaumer, por sua vez, se afastou acusando a burocracia estatal de dificultar o avanço da companhia.

O Ceitec é vinculado ao MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável pelos aportes financeiros do Centro, e integra o conjunto de políticas desse Ministério para formar uma cadeia produtiva de semicondutores no país e reduzir nosso déficit nesse setor. Leia mais.

5 comentários:

  1. Amigo VASCO:
    Essa tentativa de produzir chips no Brasil não é nova. As primeiras que tomei conhecimento foi com um grupo da USP, liderado pelo Prof. KLEBER, lá pelos meados dos anos 70.
    Também houve a tentativa de se criar uma fábrica em Montes Claros-MG (olha onde!!!), chamada TRANSIT, para também desenvolver semicondutores em nosso país.
    O problema não é de conhecimento, técnica, incestimento, etc.
    É de ESCALA. Jamais conseguiremos escala para produzir qualquer chip a preços competitivos com as poucas (sim, poucas) fábricas que os produzem no Mundo.
    No atual estágio tecnológico, qualquer investimento nesse sentido é jogar dinheiro fora, ou alimentar caixa DOIS de partidos políticos, além de dar empregos à pesquisadores (aqueles que exerciam suas funcões nos institutos de pesquisa de opinião(?).

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  2. Amigo Anônimo,

    Discordo da parte final de seu comentário, mesmo não tendo a familiaridade que sei que você tem com o tema. O que gastamos na importação de chips é tão absurdo, que a meu ver só pelo lado da substituição de importações a fabricação aqui já se justifica. Por outro lado, a independência tecnológica em área tão estratégica me parece sempre necessária, conveniente e defensável, principalmente tendo em conta o nível tecnológico de nossa indústria e de nossas atividades de P&D, e os desafios crescentes que tais setores terão pela frente.

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  3. Não concordo com a teses de que os custos dos chips sejam elevados. Os preços à nível mundial vêm caindo vertiginosamente.
    O que os encarece em nosso país são os impostos e o custo da mão-de-obra na produção das placas e aparelhos.
    A tentativa de substituição de importações já foi feita, ainda na época dos governos militares, sem nenhum resultado.
    Na época, o contrôle das impostações era feito pela SEI - Secretaria Especial de Informática, o que travou sensivelmente o desenvolvimento tecnológico no Brasil.
    Dominio da tecnologia nós temos, o que não temos é ESCALA DE PRODUÇÃO.

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  4. Você tocou num ponto fundamental, que é a questão da tributação, algo absurdo no Brasil. Lembro-me de uma história que li anos atrás, mas nunca vi confirmada de fato, de que o Brasil teria perdido uma fábrica de chips para a Costa Rica por falta de incentivos fiscais e pela alta carga tributária.

    Ainda questiono a falta de escala de produção, porque US$ 3,2 bilhões deve representar uma bela quantidade de chips, mesmo levando em conta o custo de roialties aí embutidos. Sem falar na demanda reprimida de chips, que certamente deve existir não só pelo custo de importação, como pela falta de fabricação nacional.

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  5. Amigo VASCO:

    Esse é um tema que me interessa pois participei durante anos das politicas para desenvolver uma VERDADEIRA INDUSTRIA ELETRÔNICA em nosso país.
    Os desafios eram, e continuam sendo, ENORMES.
    Algumas conclusões:
    - como já afirmei, não temos escala para a produçÃO industrial de chips no Brasil; o consumo desses insumos importados, embora pareçam vultosos, são ínfimos quando comparados com os de outros países;
    - pouco se produz no Brasil que incorpore tecnologia de ponta na área da aplicação dos chips;
    - a própria noção de CHIP é distorcida; em princípio, todo componente eletrônico que incorpore funções PROGRAMADAS é3 considerado um CHIP, e aí a FAMÍLIA se expande para além dos conceitos trazidos ao público de que são só componentes eletrônicos, que QUALQUER UM pode produzir; nada mais enganoso;
    - o número de chips hoje existentes à disposição dos projetistas de máquinas, computadores, etc., deve estar na ordem de UM MILHÃO de modelos/funções diferentes;
    - tais chips são produzidos na escala do BILHÃO de unidades, e só ganha mercado quem produz esses dispositivos em escala que concorra com outras empresas produtoras, oferecendo preços mais atrativos, qualidade no produto e garantia de fornecimento por longo período.
    Só para exemplificar:
    - o coração dos computadores modernos é a CPU (Central Processor Unit)(nada a ver com o gabinete, grande confusão dos usuários de computador). O que comanda TODAS AS OPERAÇÕES em um computador é um chip chamado CPU;
    - no mundo, só DUAS empresas produzem esses chips, a INTEL e a AMD; outras existiram, nos anso 70 e 80, como a ZILOG e a MOTOROLA, que também criaram CPU's para seus produtos;
    - as duas empresas citadas acima fazem parte do chamado SILICO VALLEY, sem nenhuma contrapartida mundial; o próprio Japão NUNCA teve uma empresa produtora de CPU's;
    - a França tentou no final dos anos 70, início dos anos 80, se isolar do mundo para produzir seus próprios insumos para seus produtos de informática, aqui envolvidos todos os mercados que hoje dependem de um simples controlador programável para executar suas funções, tais como lavadoras de roupa, fornos de microondas, telefones celulares, etc.;
    - acho que pelo histórico bastante simplificado dá para entender que NÃO É UMA DECISÂO POLÍTICA que leva a tentar implantar uma fábrica de chips no nosso país;
    - os 500 milhões gastos na tentativa de implantação de uma fábrica produtora de chips no Brasil, não servem nem para o começo. Foi literalmente DINHEIRO JOGADO FORA, mas que, com certeza, foi parar no bolso de alguém/algum partido;

    Tenho mais dados técnicos para avançar nessa discussão, se necessário.
    EU VIVÍ ESSA ÉPOCA, E DELA TENHO LEMBRANÇA.

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