No mais puro estilo Ferrari de trapacear, o governo barrou ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado a aprovação do requerimento do senador oposicionista Álvaro Dias (PSDB-PR) para que a ex-ministra Erenice Guerra comparecesse à Casa para esclarecer denúncias de tráfico de influência na Casa Civil. O governo e seus acólitos no Senado continuam aplicando rigidamente a máxima de "aos amigos tudo, aos inimigos a lei" -- neste caso, a lei da maioria na CCJ. Danem-se a opinião pública, a decência e a transparência.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), de mesma estatura milimétrica moral e política que seus comandados, comentou que o objetivo principal da oposição continua sendo político. Ora bolas, até parece que o cargo de Chefe da Casa Civil é eminente e exclusivamente técnico, que seu ocupante necessariamente tenha que ter um brilhante currículo universitário -- José Dirceu e Erenice, dois dos seus ocupantes, estão aí para invalidar qualquer abordagem sob esse foco (Dilma também é um animal político, e o foi integralmente também nesse cargo, mas seu currículo extrapola em muito os desses dois). É escancaradamente evidente que tudo o que se faz na Casa Civil está carregado até às bordas de conteúdo político, independente do lado policialesco como no caso de Erenice Guerra e, quando for o caso como agora, essas duas faces do cargo e dos atos de seus ocupantes têm que examinadas por quem de direito, a Polícia (Federal, no caso) faz a sua parte e o Senado deveria examinar o lado político, mas gato escaldado tem medo de água fria e quem já perdeu um dedo de carne e osso não quer arriscar seus dedos políticos.
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