Exatamente no dia seguinte do ainda controvertido acordo brasileiro-turco-iraniano sobre o enriquecimento, no exterior, de parte do urânio do Irã, a secretária Hillary Clinton anuncia num comitê do Senado americano que EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia e China (os cinco países com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU) e mais a Alemanha chegaram a um acordo para impor novas e fortes sanções ao Irã, em um incisivo repúdio ao acordo acima referido.
A secretária norte-americana reconheceu os esforços de Brasil e Turquia nas negociações com os iranianos, mas afirmou que as seis potências se juntaram para pressionar o Irã para que este desista de seu programa de enriquecimento de urânio.
Se a carruagem continua nesse caminhar, Brasil e Turquia podem ter conseguido uma vitória de Pirro em seu acordo de segunda-feira com o Irã. No contexto internacional extra-América do Sul os danos para o Brasil são menores que os da Turquia, mas não são desprezíveis -- podemos, entre outros aspectos, ter queimado nosso filme na estratégia de alcançar um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, sob a ótica de certa afoiteza de aprendiz de feiticeiro e bastante (ou demasiada?) naïveté nessa briga de cachorro grande. Dentro das fronteiras sul-americanas nossos problemáticos vizinhos, em especial Argentina e Venezuela, certamente irão curtir um eventual fracasso nosso nessa empreitada e tirarão partido disso.
A Turquia, sem dúvida, sairá muito mais chamuscada dessa história. Tem (ou deveria ter) muito mais vivência no xadrez internacional das grandes negociações estratégicas, é membro da OTAN e vem buscando com muito esforço ingressar na União Européia. Ser pública e ostensivamente desautorizada ou menosprezada por aquelas seis potências não fará nenhum bem a esse seu projeto e ao seu status internacional.
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