De ontem para hoje surgiram novas manifestações sobre o acordo, inclusive a dos EUA de insistir na aplicação das sanções ao Irã, sob a alegação de que o pacto assinado ainda permite o enriquecimento de urânio em solo iraniano (esta postura americana seria apoiada pelo Reino Unido, a França e a Alemanha, mas a China, que tem poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, mantém-se calada). Acho que isto não invalida a pesquisa que fiz ontem, cujos resultados continuam abaixo.
O jornal espanhol El País apresenta a notícia do pacto em sua primeira página, destaca a intervenção de Lula para conseguí-lo e comenta que o Irã mobilizou todo o seu arsenal diplomático para, com o apoio do Brasil e da Turquia, anular ou adiar as sanções que os EUA querem lhe aplicar.
A CNN tipicamente ignora o Brasil na manchete de sua matéria, dizendo que "o Irã retomará o enriquecimento apesar do acordo da Turquia", e menciona que EUA e Reino Unido não estão satisfeitos com as garantias oferecidas e mantêm sua posição de impor sanções ao Irã.
Em seu site em inglês a BBC diz que o Irã concordou em enviar urânio para enriquecimento fora do país, após a mediação de Brasil e Turquia, mas que o Ocidente mantém-se cético.
O New York Times, estranhamente, manteve em seu site hoje o título original da sua matéria de ontem ("Uranium Offer by Iran May Hinder Sanctions"), mas quando se clica nele aparece matéria com outro título ("U.S. is Skeptical on Iran Deal for Nuclear Fuel"). A tônica, no entanto, é a mesma: EUA, Europa e Rússia teriam mostrado "extremo" ceticismo quando ao acordo e continuarão pressionando para que se apliquem sanções ao Irã.
O Financial Times apresenta também matéria sobre o assunto. O Washington Post (WP) mantém o alinhamento da imprensa americana com o governo e diz que o Irã cria "ilusão" de progresso nas negociações nucleares. Em um segundo artigo no mesmo dia (ontem) sobre o assunto, o WP, a exemplo da CNN, também esnoba o Brasil e informa que o Irã chegou a um inesperado acordo com a Turquia sobre urânio enriquecido, e comenta que isso solapa e prejudica não só os esforços de Obama para punir o Irã como também, mais globalmente, a estratégia diplomática dos EUA em relação a esse país e à região.
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