Meirelles alega que lucro do Friboi e inferior a 1% da receita líquida - (Foto: Tribuna da Internet)
Na semana passada, mostramos aqui na Tribuna da Internet a ponta do iceberg do chamado caso Friboi (do grupo JBS), que há mais de um ano vem mantendo uma bilionária campanha publicitária, com divulgação diária na mídia impressa e televisionada, inserindo anúncios em espaços e horários nobres e pagando cachês altíssimos a artistas consagrados como Tony Ramos, Fátima Bernardes e Roberto Carlos, que depois suspendeu as aparições porque há décadas é vegetariano.
Causa enorme estranheza a divulgação massiva de uma marca que jamais fez publicidade e cresceu nos bastidores do poder, movida pelo apoio direto do BNDES. A empresa foi criada pelo fazendeiro goiano José Batista, que em 1953 abriu em Anápolis um pequeno açougue, a Casa de Carnes Mineira, especializada em vender carne de sol.
Com a morte do fazendeiro, seus três filhos assumiram os negócios, que tiveram crescimento espantoso a partir do governo Lula e já conseguiu se tornar o maior exportador de proteína animal do mundo, com abate de carne bovina, ovina, suína, caprina e avícola, passando a atuar também em outras áreas do setor alimentício, ostentando hoje as marcas Swift, Doriana, MassaLeve, Lebon, Pilgrim’s, Seara, Vigor, Rigamonti, Fiesta, Flora, Rezende, Excelsior, Texas Burger, Pena Branca, Wilson, Frangosul e Agrovêneto.
Evidentemente, o objetivo dessa megapublicidade não tem cunho comercial. Se o grupo familiar Friboi, sem fazer propaganda de espécie alguma, em poucos anos conseguiu operar na casa das dezenas de bilhões de reais e já ultrapassou o patamar dos 100 bilhões de faturamento/ano, o que justificaria esse esbanjamento de recursos numa massiva campanha publicitária diária e verdadeiramente espantosa?
Comprando a mídia
No artigo anterior, já explicamos aqui na Tribuna da Internet que desde o início de 2012 o grupo dos irmãos Batista (José Júnior, Joesley e Wesley) vem sendo comandado por Henrique Meirelles, ex-presidente do BankBoston e do Banco Central e que já se tornou acionista do Itaú. Esse “investimento” em propaganda foi autorizado diretamente por Meirelles e o objetivo é amansar a grande mídia, para desestimular reportagens investigativas que possam revelar a verdadeira estória desse surpreendente sucesso empresarial.
Coincidentemente, a espalhafatosa campanha publicitária foi iniciada quando começaram a surgir as primeiras notas e reportagens denunciando a generosidade do BNDES, que não somente financiou o grupo Friboi, mas também fez questão de se acionar [sic] diretamente a ele, por meio de compra de ações em massa. Na gestão petista, o BNDES já emprestou à JBS R$ 2,5 bilhões (diretamente ou com intermediação de outros bancos) e comprou R$ 6,17 bilhões em ações do grupo, que equivalem a 28,69% do capital.
Comprando políticos
Outra coincidência: Além de atuar no controle da mídia, Meirelles também transformou a holding J&F na maior patrocinadora da política nacional, doando R$ 366,8 milhões aos candidatos em 2014, seguida da empreiteira Odebrecht , que doou R$ 111 milhões, e do Bradesco, com cerca de R$ 100 milhões.
Segundo reportagem de Leandro Prazeres, no site UOL, o generoso grupo já doou a candidatos e partidos cerca de 18,5% de tudo o que recebeu do BNDES em financiamentos e venda de ações entre 2005 e 2014, com PT, PMDB e PSDB aparecendo como os mais beneficiados.
O repórter Leandro Prazeres mostrou que o comprometimento com doações a políticos é tão grande que, somente para a eleição de 2014, a empresa doou 39,56% de todo o seu lucro líquido registrado em 2013, que foi de R$ 926,9 milhões. É como se, a cada R$ 100 de lucro, a JBS doasse R$ 39,56 para os caixas de campanhas de partidos e candidatos.
Sonegando à vontade
Referentes a 2013, são surpreendentes os números do último balanço do grupo Friboi, que se orgulha de ter subsidiárias na Argentina, nos Estados Unidos e na Austrália. A receita líquida consolidada atingiu R$ 92,902 bilhões, já suprimidos devoluções de vendas, descontos comerciais e impostos incidentes sobre vendas, conforme as regras da Receita Federal. Mas o lucro líquido declarado foi de apenas R$ 926,9 milhões, ou seja, lucrou menos 1% da receita líquida, índice bastante inferior ao faturamento bruto (que o site do Friboi estrategicamente não revela, ao exibir os números do último balanço anual).
Esse lucro bem inferior a 1% significa que ou o grupo Friboi está em má situação financeira ou sonega impostos à vontade. Não é admissível e aceitável que o maior exportador mundial de proteína animal, que já ultrapassou faturamento de R$ 100 bilhões nos últimos 12 meses, esteja obtendo apenas essa ridícula margem de lucro, mas se dê ao desplante de subtrair dividendos dos acionistas (em especial, o BNDES), para generosamente doar à classe política cerca de 40% desse lucro ínfimo. E, ainda não satisfeito, o grupo gasta outra expressiva parcela do lucro numa campanha publicitária inútil, pois destinada ao consumidor final, que nem sabe onde comprar carne do Friboi.
Detalhe: em Goiás, o JBS responde a 49 autos de infração aplicados pela Secretaria da Fazenda nos últimos 9 anos, no total de R$ 1,3 bilhão, a maioria por sonegação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na exportação de carne bovina.
Ao comandar esta grotesca fraude, o cidadão Henrique Meirelles demonstra que jamais poderia ter exercido cargo público no Brasil. Decididamente, não tem o menor interesse pelo país e por seu povo, pois é movido exclusivamente pela ganância. Mas é certo que logo, logo ele estará desmascarado e a mídia então vai descobrir o verdadeiro motivo do engavetamento (ou arquivamento) dos processos contra ele movidos pelo Tribunal de Contas da União, antes de ser presidente do Banco Central.
[A revista Piauí n° 101, que está nas bancas, publica uma enorme (9 páginas) e detalhada reportagem sobre o JBS ("O estouro da boiada", de Consuelo Dieguez), sua história e seus bastidores com o governo federal. A intimidade desse grupo com os governos petistas, o do NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) e Dilma NPS, é ao que tudo indica muito mais profunda do que muito relacionamento amoroso intenso que se vê por aí. O texto integral da reportagem só está disponível para assinantes da revista.
Entre outros inúmeros dados e informações, a Piauí revela que entre 2007 e 2009 o BNDES injetou R$ 8,3 bilhões na JBS através da compra de ações, sem contar outros R$ 2 bi de empréstimo à empresa. Todo essa dinheirama é inédita na história do banco, nunca outro grupo privado havia recebido algo sequer próximo desse valor. A participação acionária do BNDES no JBS chegou a ser de 31%, o que deixou o banco tão exposto que o governo Dilma NPS decidiu transferir parte das operações suas com o JBS para a Caixa Econômica Federal. Segundo a Piauí, a participação do BNDES hoje no JBS seria de 24,59% (contra os 28,69% citados acima na reportagem da Tribuna da Internet). Além de carne in natura, o JBS opera com carne processada, tem uma empresa de papel e celulose (a Eldorado) que recebeu um empréstimo de R$ 4 bi do BNDES e apoio financeiro de fundos estatais, como o Petro, da Petrobras, e não vai bem das pernas, e o Banco Original que está se expandindo e para o qual Henrique Meirelles têm planos ambiciosos.
O que levou e leva a ex-guerrilheira a fazer com que um banco estatal fique financeiramente tão amarrado a um poderoso grupo privado? O que justifica que o banco nacional de fomento se torne um forte acionista de um grupo privado, como o JBS? Em postagem de 25/2/2014 -- "Que tipo de instrumento virou o BNDES nas mãos dos petistas, especialmente no governo Dilma NPS?" -- já denunciava o uso abusivo e descontrolado do banco pelo governo da madame no apoio dos tais "campeões nacionais", escolhidos de araque pela nossa Dama de Ferrugem. Ali estão, entre outros, o JBS, o grupo Bertin e o grupo "X" de Eike Batista, todos com problemas já explicitados (Bertin e Eike) e/ou potenciais (JBS).
Só em publicidade, o JBS gasta cerca de R$ 800 milhões por ano segundo a Piauí.
Na reportagem, em entrevista com a jornalista, indagado sobre os R$ 366,8 milhões doados a políticos/partidos em 2014 Joesley Batista disse que a empresa não pode se recusar a fazer essa contribuição, não pode deixar de ajudar os políticos das comunidades onde ela tem interesses. Joesley considerou normal o valor da dação, embora ela represente mais de 30% do lucro da empresa no último trimestre do ano.
Entre outros inúmeros dados e informações, a Piauí revela que entre 2007 e 2009 o BNDES injetou R$ 8,3 bilhões na JBS através da compra de ações, sem contar outros R$ 2 bi de empréstimo à empresa. Todo essa dinheirama é inédita na história do banco, nunca outro grupo privado havia recebido algo sequer próximo desse valor. A participação acionária do BNDES no JBS chegou a ser de 31%, o que deixou o banco tão exposto que o governo Dilma NPS decidiu transferir parte das operações suas com o JBS para a Caixa Econômica Federal. Segundo a Piauí, a participação do BNDES hoje no JBS seria de 24,59% (contra os 28,69% citados acima na reportagem da Tribuna da Internet). Além de carne in natura, o JBS opera com carne processada, tem uma empresa de papel e celulose (a Eldorado) que recebeu um empréstimo de R$ 4 bi do BNDES e apoio financeiro de fundos estatais, como o Petro, da Petrobras, e não vai bem das pernas, e o Banco Original que está se expandindo e para o qual Henrique Meirelles têm planos ambiciosos.
O que levou e leva a ex-guerrilheira a fazer com que um banco estatal fique financeiramente tão amarrado a um poderoso grupo privado? O que justifica que o banco nacional de fomento se torne um forte acionista de um grupo privado, como o JBS? Em postagem de 25/2/2014 -- "Que tipo de instrumento virou o BNDES nas mãos dos petistas, especialmente no governo Dilma NPS?" -- já denunciava o uso abusivo e descontrolado do banco pelo governo da madame no apoio dos tais "campeões nacionais", escolhidos de araque pela nossa Dama de Ferrugem. Ali estão, entre outros, o JBS, o grupo Bertin e o grupo "X" de Eike Batista, todos com problemas já explicitados (Bertin e Eike) e/ou potenciais (JBS).
Só em publicidade, o JBS gasta cerca de R$ 800 milhões por ano segundo a Piauí.
Na reportagem, em entrevista com a jornalista, indagado sobre os R$ 366,8 milhões doados a políticos/partidos em 2014 Joesley Batista disse que a empresa não pode se recusar a fazer essa contribuição, não pode deixar de ajudar os políticos das comunidades onde ela tem interesses. Joesley considerou normal o valor da dação, embora ela represente mais de 30% do lucro da empresa no último trimestre do ano.
Wesley e Joesley Batista, os controladores do JBS - (Foto: Ella Dürst/2015 - Fonte: Piauí)]
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