terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Afinal, o que explica o carinho do governo Dilma NPS com o grupo JBS (Friboi), às nossas custas?

[Não é só por causa da propaganda maciça e incansável da carne Friboi que o grupo JBS permanece -- literalmente -- na boca de todo mundo. Há também outras histórias não tão palatáveis sobre essa empresa que circulam em altas esferas da República, inclusive (ou principalmente) na Receita Federal, que evidenciam uma estranha e, "aparentemente",  inexplicável paixonite do governo Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) por esse forte grupo empresarial. Se nos lembrarmos de que o JBS contribuiu com a bagatela de R$ 366,8 milhões para os candidatos das eleições de 2014, a pergunta-título desta postagem soa idiota -- e ela o é, propositadamente. Reproduzo a seguir uma reportagem reveladora (de Carlos Newton) do site Tribuna da Internet  em 02/02/2015 sobre as relações do JBS com o Executivo, o Legislativo e a mídia. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]



Meirelles alega que lucro do Friboi e inferior a 1% da receita líquida - (Foto: Tribuna da Internet)

Na semana passada, mostramos aqui na Tribuna da Internet a ponta do iceberg do chamado caso Friboi (do grupo JBS), que há mais de um ano vem mantendo uma bilionária campanha publicitária, com divulgação diária na mídia impressa e televisionada, inserindo anúncios em espaços e horários nobres e pagando cachês altíssimos a artistas consagrados como Tony Ramos, Fátima Bernardes e Roberto Carlos, que depois suspendeu as aparições porque há décadas é vegetariano.

Causa enorme estranheza a divulgação massiva de uma marca que jamais fez publicidade e cresceu nos bastidores do poder, movida pelo apoio direto do BNDES. A empresa foi criada pelo fazendeiro goiano José Batista, que em 1953 abriu em Anápolis um pequeno açougue, a Casa de Carnes Mineira, especializada em vender carne de sol.

Com a morte do fazendeiro, seus três filhos assumiram os negócios, que tiveram crescimento espantoso a partir do governo Lula e já conseguiu se tornar o maior exportador de proteína animal do mundo, com abate de carne bovina, ovina, suína, caprina e avícola, passando a atuar também em outras áreas do setor alimentício, ostentando hoje as marcas Swift, Doriana, MassaLeve, Lebon, Pilgrim’s, Seara, Vigor, Rigamonti, Fiesta, Flora, Rezende, Excelsior, Texas Burger, Pena Branca, Wilson, Frangosul e Agrovêneto.
Evidentemente, o objetivo dessa megapublicidade não tem cunho comercial. Se o grupo familiar Friboi, sem fazer propaganda de espécie alguma, em poucos anos conseguiu operar na casa das dezenas de bilhões de reais e já ultrapassou o patamar dos 100 bilhões de faturamento/ano, o que justificaria esse esbanjamento de recursos numa massiva campanha publicitária diária e verdadeiramente espantosa?
Comprando a mídia
No artigo anterior, já explicamos aqui na Tribuna da Internet que desde o início de 2012 o grupo dos irmãos Batista (José Júnior, Joesley e Wesley) vem sendo comandado por Henrique Meirelles, ex-presidente do BankBoston e do Banco Central e que já se tornou acionista do Itaú. Esse “investimento” em propaganda foi autorizado diretamente por Meirelles e o objetivo é amansar a grande mídia, para desestimular reportagens investigativas que possam revelar a verdadeira estória desse surpreendente sucesso empresarial.
Coincidentemente, a espalhafatosa campanha publicitária foi iniciada quando começaram a surgir as primeiras notas e reportagens denunciando a generosidade do BNDES, que não somente financiou o grupo Friboi, mas também fez questão de se acionar [sic] diretamente a ele, por meio de compra de ações em massa. Na gestão petista, o BNDES já emprestou à JBS R$ 2,5 bilhões (diretamente ou com intermediação de outros bancos) e comprou R$ 6,17 bilhões em ações do grupo, que equivalem a 28,69% do capital.
Comprando políticos
Outra coincidência: Além de atuar no controle da mídia, Meirelles também transformou a holding J&F na maior patrocinadora da política nacional, doando R$ 366,8 milhões aos candidatos em 2014, seguida da empreiteira Odebrecht , que doou R$ 111 milhões, e do Bradesco, com cerca de R$ 100 milhões.
Segundo reportagem de Leandro Prazeres, no site UOL, o generoso grupo já doou a candidatos e partidos cerca de 18,5% de tudo o que recebeu do BNDES em financiamentos e venda de ações entre 2005 e 2014, com PT, PMDB e PSDB aparecendo como os mais beneficiados.
O repórter Leandro Prazeres mostrou que o comprometimento com doações a políticos é tão grande que, somente para a eleição de 2014, a empresa doou 39,56% de todo o seu lucro líquido registrado em 2013, que foi de R$ 926,9 milhões. É como se, a cada R$ 100 de lucro, a JBS doasse R$ 39,56 para os caixas de campanhas de partidos e candidatos.
Sonegando à vontade
Referentes a 2013, são surpreendentes os números do último balanço do grupo Friboi, que se orgulha de ter subsidiárias na Argentina, nos Estados Unidos e na Austrália. A receita líquida consolidada atingiu R$ 92,902 bilhões, já suprimidos devoluções de vendas, descontos comerciais e impostos incidentes sobre vendas, conforme as regras da Receita Federal. Mas o lucro líquido declarado foi de apenas R$ 926,9 milhões, ou seja, lucrou menos 1% da receita líquida, índice bastante inferior ao faturamento bruto (que o site do Friboi estrategicamente não revela, ao exibir os números do último balanço anual).
Esse lucro bem inferior a 1% significa que ou o grupo Friboi está em má situação financeira ou sonega impostos à vontade. Não é admissível e aceitável que o maior exportador mundial de proteína animal, que já ultrapassou faturamento de R$ 100 bilhões nos últimos 12 meses, esteja obtendo apenas essa ridícula margem de lucro, mas se dê ao desplante de subtrair dividendos dos acionistas (em especial, o BNDES), para generosamente doar à classe política cerca de 40% desse lucro ínfimo. E, ainda não satisfeito, o grupo gasta outra expressiva parcela do lucro numa campanha publicitária inútil, pois destinada ao consumidor final, que nem sabe onde comprar carne do Friboi.
Detalhe: em Goiás, o JBS responde a 49 autos de infração aplicados pela Secretaria da Fazenda nos últimos 9 anos, no total de R$ 1,3 bilhão, a maioria por sonegação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na exportação de carne bovina.
Ao comandar esta grotesca fraude, o cidadão Henrique Meirelles demonstra que jamais poderia ter exercido cargo público no Brasil. Decididamente, não tem o menor interesse pelo país e por seu povo, pois é movido exclusivamente pela ganância. Mas é certo que logo, logo ele estará desmascarado e a mídia então vai descobrir o verdadeiro motivo do engavetamento (ou arquivamento) dos processos contra ele movidos pelo Tribunal de Contas da União, antes de ser presidente do Banco Central.
[A revista Piauí n° 101, que está nas bancas, publica uma enorme (9 páginas) e detalhada reportagem  sobre o JBS ("O estouro da boiada", de Consuelo Dieguez), sua história e seus bastidores com o governo federal. A intimidade desse grupo com os governos petistas, o do NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) e Dilma NPS, é ao que tudo indica muito mais profunda do que muito relacionamento amoroso intenso que se vê por aí. O texto integral da reportagem só está disponível para assinantes da revista. 

Entre outros inúmeros dados e informações, a Piauí revela que entre 2007 e 2009 o BNDES injetou R$ 8,3 bilhões na JBS através da compra de ações, sem contar outros R$ 2 bi de empréstimo à empresa. Todo essa dinheirama é inédita na história do banco, nunca outro grupo privado havia recebido algo sequer próximo desse valor. A participação acionária do BNDES no JBS chegou a ser de 31%, o que deixou o banco tão exposto que o governo Dilma NPS decidiu transferir parte das operações suas com o JBS para a Caixa Econômica Federal. Segundo a Piauí, a participação do BNDES hoje no JBS seria de 24,59% (contra os 28,69% citados acima na reportagem da Tribuna da Internet). Além de carne in natura, o JBS opera com carne processada, tem uma empresa de papel e celulose (a Eldorado) que recebeu um empréstimo de R$ 4 bi do BNDES e apoio financeiro de fundos estatais, como o Petro, da Petrobras, e não vai bem das pernas, e o Banco Original que está se expandindo e para o qual Henrique Meirelles têm planos ambiciosos. 

O que levou e leva a ex-guerrilheira a fazer com que um banco estatal fique financeiramente tão amarrado a um poderoso grupo privado? O que justifica que o banco nacional de fomento se torne um forte acionista de um grupo privado, como o JBS? Em postagem de 25/2/2014 -- "Que tipo de instrumento virou o BNDES nas mãos dos petistas, especialmente no governo Dilma NPS?" -- já denunciava o uso abusivo e descontrolado do banco pelo governo da madame no apoio dos tais "campeões nacionais", escolhidos de araque pela nossa Dama de Ferrugem. Ali estão, entre outros, o JBS, o grupo Bertin e o grupo "X" de Eike Batista, todos com problemas já explicitados (Bertin e Eike) e/ou potenciais (JBS).

Só em publicidade, o JBS gasta cerca de R$ 800 milhões por ano segundo a Piauí.

Na reportagem, em entrevista com a jornalista, indagado sobre os R$ 366,8 milhões doados a políticos/partidos em 2014 Joesley Batista disse que a empresa não pode se recusar a fazer essa contribuição, não pode deixar de ajudar os políticos das comunidades onde ela tem interesses. Joesley considerou normal o valor da dação, embora ela represente mais de 30% do lucro da empresa no último trimestre do ano.



Wesley e Joesley Batista, os controladores do JBS - (Foto: Ella Dürst/2015 - Fonte: Piauí)]





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