O tratamento dispensado por um país à sua população idosa é um dos parâmetros sérios e confiáveis da qualidade da política social de seu governo. Por mais que o PT e Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) mintam, os idosos e aposentados são maltratados no governo da madame. Em postagem recente, denunciei que em 2014 os aposentados tiveram um reajuste de 5,7% em suas aposentadorias, enquanto o Bolsa Família no mesmo período foi reajustado em 10%. Só isso já desmascara o governo da ex-guerrilheira.
Há pouco, surgiu um documento ainda mais contundente sobre a maneira medíocre e injusta com que os idosos são tratados em nosso país. A Natixis Global Asset Management publicou seu 2014 Global Retirement Index, no qual oferece uma ferramenta comparativa internacional com o objetivo de prover uma referência global para aposentados e futuros aposentados avaliarem e compararem a adequação de países em termos globais em satisfazer as expectativas, necessidades e ambições da aposentadoria.
O bem-estar na aposentadoria, afirma a Natixis, é um tema crescentemente relevante nas sociedades modernas à medida que as composições demográficas continuam a se deslocar, com as idades médias crescendo incansavelmente e aumenta o número de pessoas que encerram seus trabalhos. Nesse contexto as instituições, sejam elas públicas ou privadas, estão tendo que adaptar os produtos e serviços que suprem para satisfazer não apenas um número crescente de aposentados, mas para satisfazer também suas demandas e necessidades muito variadas.
No Sumário Executivo de seu relatório, a Natixis assinala que a responsabilidade pela segurança financeira na aposentadoria recai cada vez mais pesadamente, como nunca antes, sobre os ombros dos próprios aposentados e essa tendência tende a se manter com os recursos governamentais de países ao redor do mundo tornando-se mais escassos. Fica cada vez mais evidente que para assegurar segurança financeira na aposentadoria os cidadãos têm que assumir o controle pessoal de seus destinos, e visualizar o planejamento e a poupança para a aposentadoria como objetivos sérios, conscientes e estratégicos.
As populações mundiais que envelhecem, continua o sumário, encontrarão a maior segurança financeira para aposentados nos países europeus, que compreendem 8 dos 10 principais países entre as 150 nações analisadas no segundo Índice Global de Aposentadoria. Entretanto, a segurança financeira para aposentados apresenta sinais de erosão em muitos países desenvolvidos, inclusive na Europa, nos quais os governos estão enfrentando altos níveis de endividamento e pressões financeiras correntes. Nos países em desenvolvimento, a provisão de serviços pelos governo não tem acompanhado o crescimento econômico e a desigualdade na distribuição de renda está evitando uma segurança financeira mais ampla em termos de beneficiados.
O sumário assinala ainda que, obviamente, não existe uma única solução para todos os problemas envolvidos nessa questão. O sistema de pensão ótimo para qualquer país tem que levar em conta fatores domésticos tais como suas tradições econômicas, sociais, culturais e políticas. Entretanto, as políticas e práticas adotadas em algumas regiões que são altamente avaliadas e qualificadas podem conter lições valiosas para outras nações que estejam tentando reforçar/melhorar seus sistemas de aposentadoria. Muitos dos principais países do relatório deste ano, por exemplo, têm demonstrado um comprometimento com a inovação e enfatizaram a simplicidade no desenho e na estrutura gerais de seus sistemas de aposentadoria. Muitos deles têm também governos proativos desejosos de convergir na adoção de posturas políticas audaciosas, às vezes impopulares, em seus esforços correntes para estabilizar o sistema de aposentadoria para seus cidadãos.
O mais importante: empregadores, governos e cidadãos -- o tripé do esquema de poupança de aposentadoria -- têm individualmente um papel a desempenhar para aprimorar o estado das poupanças ao redor do mundo. Os empregadores precisam ser mais flexíveis e abertos para considerar programas que possam ampliar a cobertura; os governos precisam trabalhar em conjunto para instituir reformas que sejam significativas e façam diferença; e os cidadãos precisam perceber que não podem mais depender das duas outras pernas do tripé e, em vez disso, devem se concentrar em fatores que eles mesmos possam controlar, tais como estabelecer um plano, fixar metas e se tornarem mais engajados.
Alguns destaques do relatório de 2014 da Natixis -- Líderes e lesmas
● Oito dos 10 países mais bem classificados são europeus: Suíça, Noruega, Áustria, Suécia, Dinamarca, Alemanha, Finlândia e Luxemburgo.
● A Suíça assumiu a liderança do ranking mundial de segurança financeira de aposentadoria, deslocando a Noruega que fora a primeira colocada no ano passado.
● Pelo segundo ano consecutivo os EUA ficam no 19º lugar entre os 150 países, sendo superados por países como Reino Unido, Coreia e República Tcheca.
● Nova Zelândia, Islândia e Coreia estiveram entre os países que mais progrediram, cada um deles se posicionando entre os 20 primeiros do ranking. A Nova Zelândia subiu de 22º para 9º, a Islândia de 23º para 11º e a Coreia de 27º para 17º.
● Em sentido contrário, Japão e Israel caíram ambos na classificação e deixaram o grupo dos 20 melhores. O Brasil caiu 21 postos, indo para o 61º lugar -- foi de 40º (2013) para 61º, ficando atrás de países como Ucrânia, Belarus e Bahrein . No caso do Brasil, diz a Natixis, o crescimento econômico de anos recentes não se traduziu em melhoria para o sistema de aposentadoria do país e, com o lento e fraco crescimento do PIB e a inflação crescente, o clima atual não é favorável aos aposentados (o grifo é meu).
O relatório da Natixis tem um capítulo especificamente dedicado aos países emergentes ("Economias Emergentes: a situação está melhorando para os aposentados?"). Diz o texto que não se pode falar em tendências futuras para o bem-estar de aposentados sem dedicar uma atenção especial às potências emergentes mundiais. Esses países não apenas são responsáveis por uma parcela crescente do PIB mundial, devido a um crescimento econômico acima da média [diz estranhamente a Natixis -- esse não é o caso do Brasil ao longo do governo Dilma NPS], mas porque abrigarão uma proporção crescente da população mundial de aposentados nos próximos 50 anos.
As nações que compõem os chamados BRICs -- Brasil, Rússia, China e Índia [o texto omitiu a África do Sul] -- têm sido incensadas como as potências emergentes mundiais do futuro, com suas economias estimadas a se tornarem responsáveis por mais da metade (52,36%) da produção mundial em termos de Paridade de Poder de Compra [PCC - também chamada de Paridade de Poder Aquisitivo, PPA] por volta de 2060, segundo Johansson e outros (Johansson, Å., et al. (2012), "Looking to 2060: Long-Term Global Growth Prospects: A Going for Growth Report", OECD Economic Policy Papers, No. 3, OECD Publishing), comparativamente com os 29,55% de 2010.
Embora o tema aposentadoria possa não parecer um fator de pressão para os BRICs, pelo fato de possuírem populações jovens em comparação com os países desenvolvidos que são suas contrapartes, a chance é que isso se altere rapidamente tendo em vista as taxas de fertilidade decrescentes e expectativa de vida mais elevada, o que resultará em um ponto de inflexão demográfico e populações que envelhecem rapidamente.
De fato, as chamadas taxas de dependência de idosos (número de idosos para cada pessoa em idade para trabalhar) são estimadas como crescendo dramaticamente para quatro países dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) nos próximos 50 anos. Por volta de 2060 estima-se que a China terá 49 aposentados para cada pessoa em idade de trabalho, em comparação com apenas 13,1 em 2015. Para a Índia, essa relação é esperada triplicar no mesmo período, passando de 8,3 para 23,6, enquanto o Brasil é esperado dar um salto de 11,6 para 44,3 aposentados por pessoa em idade de trabalho.
O quadro de índices relativos ao Brasil está apresentado na página 56 do relatório da Natixis (em formato pdf). As perspectivas sombrias da nossa economia, especialmente em termos de PIB e inflação, já evidenciam hoje um ambiente desfavorável para os aposentados. Com o crescimento da população de idosos em relação à força de trabalho apontado acima, e o sistema previdenciário arcaico e historicamente deficiente vigente no país fica ainda mais preocupante nosso futuro nesse quesito.
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