Após denúncias de trabalhadores que atuam na construção do estaleiro da
OSX, empresa do grupo EBX do empresário Eike Batista, no Porto de Açu,
na região Norte do Rio, fiscais do Ministério do Trabalho constataram na
quarta-feira (28) que cerca de 200 empregados viviam em condições subumanas em um alojamento oferecido pela empresa na praia de Grussaí.
As informações são do "RJ TV 2ª edição", da Rede Globo.
Os fiscais ainda não definiram a multa que será aplicada à empresa, mas o
valor pode chegar a R$ 23 mil. Chamado de "Carandiru" pelos
trabalhadores devido às condições, os principais problemas encontrados
foram superlotação, água imprópria para consumo, fiação elétrica
exposta, entre outros.
Tanto o estaleiro quanto o Porto de Açu estão sendo construídos por
empresas do grupo EBX. A assessoria do grupo, no entanto, disse que a
responsabilidade pela situação é da empresa espanhola Acciona,
subcontratada por eles e responsável pelos contratos com os
trabalhadores. O alojamento para quase 200 trabalhadores fica em uma pousada, em Grussaí. No local, muita sujeira. Os operários dizem não ter água própria para
beber. Os trabalhadores fizeram uma paralisão de dois dias para
reivindicar melhorias. O dono da empresa terceirizada que alugou a
pousada informou que não sabia da situação dos funcionários. A empresa vai pagar as passagens dos funcionários que decidirem ir
embora. Os que ficarem serão transferidos para um novo alojamento no
distrito do Açu até quinta-feira (29). O Ministério do Trabalho ainda
não concluiu o levantamento sobre as multas que serão aplicadas à
empresa, mas informou que o valor pode chegar a R$ 30 mil. [Vejam só: numa obra de bilhões de reais, uma empresa maltrata 200 trabalhadores e o nosso fabuloso Ministério do Trabalho (MT) diz que a empresa poderá ser multada em "até" R$ 30 mil. Pelo visto, cidadão brasileiro na visão do MT vale uma merreca. P'ra completar o acinte, a empresa é espanhola -- os espanhóis nos ofendem em seus aeroportos, e agora também em nosso próprio país. Como é que pode?!]
Procurada pela Folha, a Acciona assumiu os problemas verificados pelo Ministério do Trabalho e disse que está tomando medidas para sanar a questão.
"Reconhecemos que existe um problema no alojamento e vamos com todos os
meios resolver de maneira concertada e eficaz. Vamos colocar os recursos
necessários para fazer uma gestão e fiscalização direta da
administração da pousada e vamos colocar todos os meios e recursos
necessários para isso", informou Olivier Ricard, responsável pela área
de comunicação da empresa.
Ricard disse que ainda na quarta-feira foi disponibilizada água potável e
equipes profissionais para cuidar do alojamento. De acordo com ele, na
próxima semana os funcionários devem ir para um alojamento próprio da
empresa.
[Eis aí mais um exemplo do péssimo nível de fiscalização de obras no Brasil. E não se trata de obrazinha de fundo de quintal, trata-se de um superporto que só do Fundo de Marinha Mercante recebeu financiamento total de R$ 4,2 bilhões. No mínimo dois órgãos têm que fiscalizar esse empreendimento, o MT e o CREA, sem falar na contratante EBX do Sr. Eike Batista. Esta última se comportou irresponsavelmente, através de sua assessoria, dizendo que a responsabilidade é da empresa contratada -- apenas dela?! Então a EBX contrata uma empresa para lidar com mão de obra e não a fiscaliza?! E essa contratada, a espanhola Acciona, alega não saber das condições do local em que enfiou 200 pessoas?! Onde é que estamos?! E o MT vem afirmar que poderá penalizar essa Acciona em "até" R$ 30 mil?... É o fim da picada!!]
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirComentário recebido por email:
ResponderExcluirVasco,
Estive com um colega que trabalha para o consórcio construtor da ponte de acesso do porto de Açu. Falou-me ele essa semana que o projeto é um desastre total, que a empresa chinesa que cancelou o investimento da siderurgica em sociedade com o Eike o fez diante das incertezas do complexo do Açu: não tem energia porque o governo não autoriza construção de térmica, não tem água, não tem esgoto, não tem comunicação, não tem porto. Quanto à ponte de acesso, falta o quebra-mar de proteção que não tem ainda solução de engenharia. O mar bate forte na região e a ponte está sofrendo danos estruturais por falta do quebra-mar.
Agenor