sábado, 24 de novembro de 2012

França tenta atrair empresários brasileiros com pacote de benefícios

Com cerca de 5 mil empresas operando em solo brasileiro, a França está interessada em equilibrar um pouco essa relação e colocou o Brasil em um grupo seleto de países que possuem companhias com potencial para iniciar operações por lá. A Agência Francesa de Investimentos Internacionais está em campanha no Brasil -- no eixo S. Paulo - Campinas --, procurando empresários e projetos de produção na segunda maior economia do euro. [Ver postagem anterior sobre a França.]

O movimento é parte de uma estratégia mundial do país para a atração de investimentos, chamada "Diga Oui à França. Diga Oui à Inovação", em busca de investidores internacionais. Atualmente, apenas 40 empresas brasileiras possuem operações em território francês. Essas companhias estão espalhadas em setores diversos como agronegócio, alimentos processados, mineração, aeroespacial e companhias de aviação [setores de alto valor agregado, o que é uma surpresa]. Quatro países além do Brasil foram escolhidos para alvo para a busca desses investimentos: Estados Unidos, Canadá, Índia e China.

Para atrair o capital produtivo externo, o país anuncia impostos mais baixos para quem se instalar em solo francês, renúncia fiscal de 20 bilhões de euros e uma reforma trabalhista para diminuir os custos de mão de obra. A agência diz ter mapeado entre 40 e 50 projetos brasileiros com potencial, e tem conversado com cerca de 100 empresas nesta visita. David Appia, presidente da agência governamental, quer atrair os brasileiros pelo ambiente francês para pesquisa e desenvolvimento (P&D).  "Conversei com uma empresa com interesse em entrar em uma região com arranjo produtivo local para tecnologia. Temos 71 "clusters" desse tipo no país, com tratados de cooperação com outros ao redor do mundo. Esses arranjos cobrem diversas atividades da economia", afirma.

Atualmente, 640 empresas estrangeiras participam desses arranjos. No ano passado, quatro empresas brasileiras foram para a França, interrompendo dois anos de congelamento desse movimento. "Olha a importância do Investimento Estrangeiro Direito  (IED) no nosso país: são cerca de 20.000 empresas estrangeiras instaladas, que empregam 2 milhões de pessoas, são responsáveis por 30% de todas as exportações e são muito ativas em P&D. As estrangeiras representam 20% de todo o P&D francês. É por isso que mantemos nossas portas abertas a elas", diz Appia.

Para mudar o quadro de assimetria nas relações bilaterais, entretanto, os franceses terão de lidar com um cenário adverso. Neste ano, segundo o Banco Central, o investimento direto brasileiro no exterior até setembro estava em US$ 10 bilhões. Ano passado, o montante foi de US$ 19 bilhões. O ambiente favorável à pesquisa, combinado com as reformas que começam a ser adotadas pelo governo de François Hollande, são os trunfos francesers na visão de Appia.

Ele diz que a Europa atrai 14% de todo o investimento dos Brics, enquanto os EUA, em comparação, são o destino de 5%. Além disso, ressalta que a França é o terceiro país europeu que atrais mais IED e o primeiro em investimento ligado à indústria. "Isso mostra a força da nossa economia em diferentes setores, como aeroespacial, energia nuclear, fármacos, tecnologia da informação, químico e agroindustrial. Esse é o motivo de as empresas tenderem a investirem na França se quiserem entrar na Europa, com seu mercado de meio bilhão de consumidores".

O foco é justamente mostrar que o país está trabalhando para se tornar mais competitivo, mesmo em um cenário de baixo crescimento e de crise na zona do euro, principal mercado francês.

Duas semanas atrás, Hollande lançou um pacote com 35 medidas para fomentar a atividade. Uma delas é o sistema de crédito fiscal para os gastos das empresas em pesquisas. No novo sistema de tributação, 17 mil companhias -- 2 mil estrangeiras -- se enquadram nas faixas que têm direito aos créditos. Segundo Appia, houve 30% de redução no custo de P&D dessas empresas.  "Isso será mantido por pelo menos cinco anos", afirma.

A reforma trabalhista, em discussão entre governo e sindicatos, a redução do déficit e o pacote de isenções ficas são a aposta de Hollande para melhorar o ambiente de negócios, segundo Appia. Apesar de dizer que o Brasil tem empresas fortes em diversos setores, ele destaca que há interesse maior nas áreas aeroespacial, de cosméticos e de minérios.  "Estava vendo a Weg, que faz motores. Eles estão muito bem no mercado de vocês"...".


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