O estudo realizado compõe o Banco de Dados da Curva de Aprendizado, criado pela Unidade de Inteligência da (The) Economist (EIU, em inglês) como parte do Programa Curva de Aprendizado (mais abrangente), é um esforço para fazer avançar os estudos sobre a correlação entre crescimento econômico e certos produtos da educação envolvendo o espectro da população, como é o caso das capacidades cognitivas (cognitive skills).Trata-se de uma expressiva coleta de dados para um fim específico, que inclui mais de 60 indicadores comparativos obtidos de mais de 50 países. A figura abaixo ilustra resumidamente a metodologia do estudo.
Estrutura dos Componentes Quantitativos - Entradas: Qualitativas (autonomia escolar, escolha da escola) - Quantitativas [gastos, idade inicial, relações alunos-professores, tempo na escola (em anos)] -- Saídas/Resultados: Capacidades cognitivas [PIRLS (*), TIMSS (**), PISA] -- Resultados educacionais (índices de graduação, alfabetização, emprego). Entre todas as etapas é feita a Análise das conexões e correlações. O arcabouço tem como referência o ambiente socioeconomico (PIB per capita, distribuição de renda, inovação, produtividade de mão de obra, índices de criminalidade, produto de pesquisas). [(*) PIRLS = sigla inglesa para Estudo Internacional sobre o Progresso em Alfabetização para Leitura, em tradução livre. -- (**) TIMSS = sigla inglesa para Tendências no Estudo Internacional de Matemática e Ciência (em tradução livre).]
Note: The overall PISA score is an aggregate of the test scores
in reading, mathematics and science literacy. It is calculated by the
EIU, utilising OECD data.
Sources: Economist Intelligence Unit and OECD.
A tabela acima (clique na imagem para ampliá-la) correlaciona as notas dos países no PISA e o crescimento médio do PIB per capita, em percentual, entre 2007 e 2011. A nota global apresentada para o PISA é um agregado das notas de testes de leitura, matemática e ciência. PISA é a sigla inglesa para Programa para Avaliação Estudantil Internacional, um estudo internacional lançado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para, a cada três anos, aquilatar sistemas de educação em escala mundial por meio da avaliação do desempenho de estudantes de 15 anos em matérias chaves: leitura, matemática e ciência. Até o momento, 70 países participaram desse estudo.
A tabela acima permite algumas observações de interesse: - i) a correlação entre o PIB per capita e as notas do PISA está longe de ser linear. Observa-se, no caso do Brasil por exemplo, que o crescimento médio do PIB per capita de Hong Kong e do Brasil foi praticamente o mesmo, no entanto o PISA de Hong Kong foi 36% melhor que o nosso e os dois países ocupam os extremos da tabela (ver quadro seguinte): Hong Kong no primeiro lugar e nós no último. Isso significa, entre outras coisas, que a educação naquele país asiático é muito mais valorizada que no Brasil -- o descaso com a educação não é novidade para nós, principalmente na última década. - ii) apesar de apresentar um crescimento médio de PIB per capita 84% maior que o do Brasil, a Argentina teve (ver tabela acima) um PISA pior que o nosso -- outra comprovação da não linearidade entre PISA e PIB per capita (e vice-versa) -- mas, na classificação final, ficou quatro posições acima do Brasil (ver quadro abaixo) por estar mais próxima da média do grupo.
A tabela acima (clique na imagem para ampliá-la) apresenta a classificação final dos países, dividos estes em 5 grupos:
Grupo 1 - Pelo menos um desvio padrão ACIMA da média [o "z-score" ou "nota z", é a obtida da distribuição normal ou distribuição gaussiana utilizada no estudo]
Grupo 2 - Entre meio e um desvio padrão ACIMA da média
Grupo 3 - Dentro de meio desvio padrão ACIMA ou ABAIXO da média
Grupo 4 - Dentro de meio a um desvio padrão ABAIXO da média
Grupo 5 - Pelo menos um desvio padrão ABAIXO da média
A tabela acima evidencia quantitativamente o péssimo desempenho do Brasil na educação. É preciso lembrar sempre que, em um de seus primeiros atos de governo, nossa sempre sorridente e bem-humorada ex-guerrilheira cortou R$ 3,1 bilhões do Ministério da Educação, mostrando seu baixo apreço por essa atividade de transcendental importância para o país.
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