A troca de bombardeios entre militantes do Hamas e militantes palestinos ameaça a maior região metropolitana de Israel. Segundo o jornal local
“Haaretz”, um foguete palestino atingiu nesta quinta-feira a cidade de
Holon, que fica na região sul do Distrito de Tel Aviv. Apesar de relatos
de diversos moradores sobre uma explosão, o Exército israelense negou a
informação e disse que o míssil teria caído no mar, em um local próximo
à cidade. Sirenes tocaram pela primeira vez na região desde a Guerra do
Golfo, em 1991, e funcionários da sede do Ministério da Defesa foram
retirados por alguns momentos ou levados para áreas de segurança.
Segundo o diário "Yedioth", o primeiro-ministro israelense Benjamin
Netanyahu estava no prédio no momento e teve que se esconder em um
bunker. Até o momento, não houve registro de danos ou feridos. Mais
cedo, outros dois foguetes atingiram um campo aberto na cidade Rishon
leTzion, a 12 quilômetros do sul de Tel Aviv. O grupo Jihad Islâmica
reivindicou os ataques, de acordo com o “Haaretz”.
É o segundo dia da intensa ofensiva militar israelense contra alvos do
Hamas e da Jihad Islâmica na Faixa de Gaza, enquanto militantes
responderam com mais de 200 bombardeios desde quarta-feira. No sul de
Israel, três pessoas foram mortas após um edifício de quatro andares ser
atingido por um foguete na cidade de Kiryat Malachi, a 25 quilômetros
ao norte de Gaza. Do lado palestino, foram registradas 15 mortes,
incluindo a de um bebê filho de um cinegrafista da BBC e a do chefe do
braço militar do Hamas, Ahmed Jabari. O Exército israelense também
divulgou imagens no YouTube com ataques desta quinta e anunciou a convocação de pelo menos 30 mil reservistas.
Em meio à escalada de tensões, o corpo de Jabari foi velado em seu
funeral. Dezenas de pessoas compareceram à cerimônia, que foi protegida
por homens fortemente armados. O comandante estava enrolado em um lençol
branco - manchado de sangue - e uma bandeira palestina enquanto era
levado pela multidão. O som de bombardeios israelenses nas proximidades
chegou a assustar algumas pessoas, que continuaram a marcha.
O Exército de Israel atacou mais de 100 alvos palestinos desde a tarde
de quarta-feira, quando a morte de Jabari, o poderoso chefe da ala
militar do Hamas, foi anunciada junto ao início da operação "Cortina de
Fumaça". O grupo islâmico declarou estado de emergência na Faixa de
Gaza. O mesmo fez o governo israelense em relação ao sul do país:
autoridades continuam a exortar a população para que todos sigam as
orientações dos militares e não se envolvam no conflito.
No sul de Israel, onde vivem mais de 1 milhão de pessoas, o clima também
é de tensão. O governo declarou estado de emergência e pediu que
moradores permanecessem em casa, enquanto aulas de escolas da região
foram canceladas. A maior parte do comércio está fechada e patrulhas da
polícia israelense rondam as cidades.
A correspondente do jornal britânico “Guardian” na região disse em seu
perfil no Twitter (@Harriet Sherwood) que há rumores preocupantes de
militantes do Hamas não estão permitindo a saída de estrangeiros da
Faixa de Gaza. Ela especula se os militantes poderiam estar planejando
usar os visitantes para se protegerem de possíveis ataques mais severos
de Israel.
Egito e Qatar condenam Israel; EUA e Reino Unido criticam Hamas
No segundo dia de troca de ataques entre Israel e o Hamas, o presidente
egípcio Mohamed Mursi, disse que os bombardeios israelenses são
inaceitáveis e podem prejudicar a estabilidade da região. Em entrevista a
uma TV egípcia, o líder - que pertence a coalizão Irmandade Muçulmana -
acrescentou está em contato com os palestinos e que não vai deixar de
apoiá-los. "Nós estamos em contato com a população em Gaza e com os palestinos e nós
vamos continuar dando-lhes nosso apoio até que essas agressões acabem. Nós não
aceitamos, sob qualquer circunstância, a continuidade desses ataques na
Faixa de Gaza".
Mursi também disse que falou com o presidente americano Barack Obama
pelo telefone nesta quinta-feira. Segundo ele, os dois discutiram meios
de alcançar “um fim pacífico para as agressões”. Na quarta-feira, o
porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Mark Toner, acusou os
palestinos de lançarem foguetes em território israelense e defendeu o
direito do aliado de se defender. Na mesma linha, o ministro do Exterior do Reino Unido, William Hague,
emitiu nesta quinta-feira uma nota pedindo que o Hamas pare
imediatamente com os ataques a Israel e acusando os militantes criar uma
“situação insuportável” para os moradores do sul-israelense e para os
próprios civis palestinos. "Hamas e outros grupos armados devem parar imediatamente com os ataques.
Eu peço que aqueles que exerçam influência na região para que usem seu
poder e deem fim aos ataques", disse.
Já o Qatar condenou veementemente os ataques israelenses e disse que o
país não pode sair impune dos atentados contra os palestinos. Segundo o
primeiro-ministro Hamad bin Jassem al-Thani, o Conselho de Segurança da
ONU deveria “assumir a responsabilidade de proteger o mundo” e tomar
alguma atitude. "Os ataques não podem passar sem serem punidos. O Conselho de Segurança
da ONU deve assumir a responsabilidade de assegurar a paz no mundo. Nós
rejeitamos o extremismo e o terrorismo, mas ataques tão irresponsáveis e
sem justificativa deveriam ser condenados pelo mundo", defendeu. Com a declaração, o Qatar se une ao grupo de Egito, Iran, Jordânia e
Síria que condenou as investidas israelenses na quarta-feira.
Sistema de defesa israelense é acionado para interceptar míssil palestino - (Foto: Tsafrir Abayov/AP).
Foguetes do sistema de defesa de Israel lançados sobre a Faixa de Gaza a partir da cidade de Be'er Sheva, no sul de Israel - (Foto: AFP).
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