sábado, 15 de agosto de 2015

Programa espacial brasileiro foi p'ro espaço

Como expus em postagem anterior, o programa espacial brasileiro tem um histórico carregado de problemas, o mais traumático deles a explosão do foguete VLS-1 na plataforma de lançamento em 22 de agosto de 2003, com a morte de 21 técnicos civis. O capítulo mais recente dessa novela fracassada foi a desistência unilateral, pelo Brasil, do acordo espacial com a Ucrânia anunciada no final de julho passado. Essa é a história de mais um projeto nascido, caríssimo (em custos financeiros, em custos de imagem e em atraso tecnológico) mal gerenciado e encerrado dentro de governos petistas.

Assinado com a Ucrânia em 2004 com pompas e circunstâncias pelo NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula), esse projeto foi encerrado depois do país investir R$ 500 milhões no preparo da base e 12 anos na espera do Cyclone 4, um foguete para lançamento de satélites. O governo preferiu embolsar o prejuízo, desistir e tentar retomar as propostas de "alugar" a base para uso de outros países.

O programa do Cyclone-4 era criação do ex-ministro da Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, que representou o Brasil na binacional ACS até 2011. Ele sempre foi criticado pela FAB (Força Aérea Brasileira), tradicional gerente do programa espacial brasileiro. Mais um produto desastroso dos sacos de gatos dos governos petistas.

A decisão pelo término do acordo foi tomada em janeiro deste ano por Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia), a partir de relatório de um grupo interministerial que concluiu que o acordo não era mais economicamente viável. Há três anos, relatório do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) questionava a manutenção do programa. Imaginava-se a possibilidade de lucrar entre US$ 35 milhões e US$ 50 milhões por lançamento de satélite, oferecendo a diferentes países o uso do foguete ucraniano na Base de Alcântara, que tem uma das melhores localizações do mundo para esses lançamentos. A avaliação do MCT era de que não havia mais interesse por esse produto e, para efetivamente se pagar, o acordo teria que ter dado frutos a partir de 2010.

O estranho nessa história -- p'ra variar, nos governos petistas --  é que exatamente há três anos, em julho de 2012, Dilma NPS autorizou o aporte de R$ 135 milhões pela União para aumento de capital da empresa binacional brasileiro-ucraniana Alcântara Cyclone Space (ASC). Se na mesmíssima época havia um relatório do MCT questionando a manutenção desse programa espacial, como e por que a madame ex-guerrilheira decidiu por mais dinheiro nessa empreitada?! Há nos governos de Dilma NPS coincidências que cheiram muito mal: exatamente em 2006 deu-se a catastrófica compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras com o aval da madame, então presidente do Conselho de Administração da estatal. Ou seja, dois erros cavalares e extremamente onerosos para o país foram cometidos pela mesmíssima pessoa, Dilma NPS Rousseff, num mesmíssimo ano! Caramba, que gestora é essa?!! Mais uma boa pergunta para os 53 milhões de masoquistas que reelegeram essa cidadã.

Segundo a Folha de S. Paulo, a diplomacia russa também vinha pressionando discretamente o Brasil a abandonar o acordo com seus rivais ucranianos. Os russos podem inclusive ofertar lançadores.

O NPA assinou no dia 8 de novembro o decreto promulgando o acordo entre Brasil e Ucrânia que prevê que aquele país pode usar a Base Aérea de Alcântara para o lançamento de foguetes. O texto restringe o acesso de brasileiros no que o governo está chamando de "sala limpa", que é o local onde estará o segredo industrial dos ucranianos. Esta cláusula é semelhante à existente no acordo entre Brasil e Estados Unidos, que foi bombardeado pelos petistas, enquanto estavam na oposição, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. 

Tentando amenizar as críticas, o governo federal buscou explicar que a restrição só ocorreria no momento do lançamento, e em áreas específicas, não incluindo as demais dependências da Base Alcântara, que estariam abertas a todos os funcionários brasileiros, durante todo o tempo. De acordo com o item três, do artigo IV do acordo, "o Brasil disponibilizará, no Centro de Lançamento de Alcântara, áreas para o processamento, montagem, conexão e lançamento de veículos de lançamento e espaçonaves pelos licenciados ucranianos e permitirá que pessoas autorizadas pelo governo da Ucrânia controlem o acesso a essas áreas". O texto acrescenta ainda que os limites desta área deverão ser claramente definidos. No artigo sexto, item 2, o acordo é ainda mais explícito em relação ao controle do acesso a determinadas áreas da base pelos ucranianos. "As partes assegurarão que somente participantes ucranianos, cujos procedimentos de segurança tenham sido aprovados pelo governo da Ucrânia, controlarão o acesso a veículos de lançamento, equipamentos da plataforma, espaçonaves" (o destaque é meu).

Ou seja, pelo descrito acima já antes de Dilma NPS o Brasil já havia sido enganado por um governo petista. O governo do NPA criticou fortemente o governo de FHC pelo projeto de acordo com os EUA para o uso da base de Alcântara, acusando-o de negociar nossa soberania, mas fez no acordo com a Ucrânia exatamente o que condenava no acordo do governo FHC com os EUA. 

O governo de Dilma NPS voltou a negociar em 2013 o uso da base pelo governo americano, em termos diferentes do acordo de 2000, que foi rejeitado pelo Congresso porque dava autoridade total aos Estados Unidos quando estivessem operando seus foguetes em Alcântara. As negociações foram suspensas após o escândalo de espionagem e do cancelamento da viagem da presidente aos EUA, naquele ano. No entanto, na visita em junho o ministro da Defesa, Jaques Wagner, levou de novo a proposta ao governo americano. Alguém acredita que ficaremos cientes das condições reais dessas negociações?

Veja os meandros do acordo Brasil-Ucrânia , segundo a Folha de S. Paulo:


Editoria de arte/Folhapress


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