Reproduzo a seguir as manchetes a respeito, de alguns dos principais jornais e noticiários do mundo. A cerimônia em geral surpreendeu os estrangeiros, mas em muitos dos comentários surgiu aquela má vontade clássica com o Brasil e um certo "inconformismo" com o fato de termos feito uma cerimônia tão bela e convincente.
☛ O que mostrou e não mostrou do Brasil a cerimônia inaugural das Olimpíadas Rio 2016 -- BBC Mundo (em espanhol) -- "Realizado no estádio do Maracanã, o ato derramou criatividade e inovação para conseguir um espetáculo internacional de primeiro nível, com menos recursos que em em Londres 2012 e Pequim 2008. Mas não mostrou o ceticismo que há no país anfitrião com esses Jogos: quase dois terços dos brasileiros (63%) crêem que eles trarão mais prejuízos que benefícios, segundo uma pesquisa recente do Datafolha. Tampouco mostrou que a recessão por que passa o Brasil está provocando crises, ajustes ou greves em centros de educação e cultura do país, berços reais de criatividade e inovação". [Como sempre e infalivelmente, o chamado primeiro mundo fica muito desconfortável quando um país desacreditado do "terceiro" mundo realiza algo grandioso e imediatamente faz comentários desairosos ou restritivos sobre o que viu. Um ato ridículo de mesquinharia.]
☛ Jogos Olímpicos do Rio são abertos com um elaborado e espetacular show cultural -- Financial Times (Reino Unido) -- [O famoso jornal faz também seus comentários saxônicos, afirmando que a cerimônia nos permitiu esquecer os bastidores de corrupção e de crise política que vivemos, que o show foi feito com menos recursos que o de Londres e que, por conta disso, os artistas participantes não cobraram cachê.]
☛ Os jogos do Rio foram abertos com um exuberante espetáculo estrelado pela supermodelo Gisele Bündchen, quando uma Olimpíada fadada ao desastre deu lugar a uma energética atmosfera de festa no lendário estádio do Maracanã -- The Telegraph (Reino Unido)
☛ Cerimônia de abertura da Rio 2016, um misto de patriotismo reduzido e preocupação com o clima -- The Guardian (Reino Unido)
☛ Fogos de artifício cintilantes para as Olimpíadas -- Die Zeit ("O Tempo" - Alemanha) -- Um dos principais jornais alemães, o Die Zeit disse: "Fogos de artifício e brilho, intervalos de dança inteiramente coreografados, atletas radiantes, e menos convidados oficiais: na abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro todos os participantes se esforçaram para substituir as críticas aos Jogos por euforia. Na verdade, não importa se tudo não deu certo, mesmo assim no final pôde-se sentir um pouco de otimismo olímpico".
☛ Rapidamente, todos os problemas foram esquecidos -- Die Welt ("O Mundo" - Alemanha). Este outro importante jornal alemão escreveu: "Grande festa, pouca ostentação, muitas contradições: no Rio de Janeiro, a 31ª Olimpíada de Verão começou com um show relativamente modesto e dissonâncias. Sob o efeito do escândalo em torno da participação dos atletas russos e agora também com acusações contra os anfitriões, o duvidoso presidente interino Michel Temer declarou abertos os Jogos -- e recebeu um concerto de vaias. Antes da abertura, cerca de 3.000 cidadãos enfurecidos protestaram em Copacabana contra o custo das Olimpíadas. No cenário internacional a festa de quatro horas foi em grande parte recebida com entusiasmo. Sempre há também avaliações críticas da imprensa". O jornal apresenta então uma visão panorâmica das manifestações de vários jornais internacionais, que traduzo a seguir.
☛ "Uma sensação de enjôo no estômago" (referindo-se ao jogo de empurra quanto à participação russa nos jogos) - Sport-Express (Rússia)
☛ Uma notória festa modesta -- Agência Tass (Rússia)
☛ Cerimônia sem ideias -- Komsomolskaja Prawda (Rússia)
☛ Bonita, leve e um sopro de otimismo -- Gazzetta dello Sport (Itália)
☛ Rapidamente, todos os problemas foram esquecidos -- Ekstrabladet (Dinamarca)
☛ Surpreendente acolhida calorosa para os atletas russos -- Politiken (Dinamarca)
☛ Minimalista e ao mesmo tempo impressionante -- VG (Noruega)
☛ Muita alegria e esperança -- Dagens Nyheter (Suécia)
☛ Uma festa tão conflitante quanto o país -- Kurier (Áustria)
☛ Um espetáculo colorido -- Kronen Zeitung (Áustria)
☛ Um show colorido e cheio de vida -- Tagesanzeiger (Suíça)
☛ Uma festa com fogos de artifício e dissonâncias -- Neue Zürcher Zeitung (Suíça)
☛ Rio dá um exemplo para o futuro -- Lidove noviny (Chechênia)
☛ Uma mensagem tocante -- Gazeta Sporturilor (Romênia)
☛ Música em foco -- El Mundo (Espanha)
☛ Capacidade de improvisação -- La Vanguardia (Espanha)
☛ Uma festa esplêndida, mas pouco original -- Mundo Deportivo (Espanha)
☛ "A cerimônia de abertura me encantou, gostei muito. E fiquei contente pelo Brasil, porque o castigaram injustamente por ser sul-americano. Porque em Londres houve também problemas com os preparativos e nada se disse a respeito". Mauricio Macri, presidente da Argentina -- La Nación (Argentina)
☛ "O presidente Mauricio Macri classificou de 'impressionante' a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, ao mesmo tempo em que definiu como "um orgulho para os sul-americanos" o trabalho dos organizadores brasileiros" -- Clarín (Argentina)
☛ O Brasil celebrou seus recursos naturais exuberantes e a energia criativa de seu povo em ritmo de samba, bossa-nova e funk na cerimônia de abertura na cerimônia de abertura com a qual deu ao mundo as boas-vindas aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro -- El País (Uruguai)
☛ Sinto muito, Rio, mas Londres e Pequim acabaram com as cerimônias de abertura para todo mundo -- The Washington Post (EUA) -- [A análise deste jornal foi extremamente negativa, uma merda!]
☛ New York Times -- A manchete do principal jornal norte-americano tem, a meu ver propositadamente, um duplo sentido: "A gilded Olympics begin with the opening ceremony in gritty Rio". A palavra "gilded" tanto pode ser "dourada", como "enganosamente boa; com falsa aparência de boa". A palavra "gritty" tanto pode significar "bravo, resoluto" como "caracterizado por uma representação detalhada e realista de um tema em seus aspectos negativos ou desagradáveis". Em um trecho do texto sobre a cerimônia de ontem, sexta-feira, o jornal -- depois de dizer que o Brasil cambaleia em meio a uma surpreendente combinação de reviravolta política e crise econômica -- afirma que "a cerimônia de abertura funcionou como um bálsamo, disfarçando as feridas por algumas horas e permitindo que os brasileiros celebrassem tudo, da onda de imigrantes até ainda marcando posição sobre Alberto Santos Dumont, o bon vivant aristocrata a quem os brasileiros atribuem a invenção do avião". A reportagem do The New York Times está longe de ser o texto altamente elogioso pintado pelo Globo e o canal Globo News.
Nenhum comentário:
Postar um comentário