domingo, 28 de agosto de 2016

A arte de Eliseu Visconti

Para esta postagem me apoiei no livro Eliseu Visconti, da Coleção Folha - Grandes Pintores Brasileiros, 2013, na Wikipédia e no Google. Já apresentei no blogue os seguintes pintores brasileiros, por ordem alfabética:

Aldemir Martins
Alfredo Volpi
Almeida Júnior
Cândido Portinari
Di Cavalcanti
Manabu Mabe
Victor Meirelles

Eliseo d'Angelo Visconti (Giffoni Valle Piana30 de julho de 1866 — Rio de Janeiro15 de outubro de 1944) foi um pintordesenhista e designer ítalo-brasileiro ativo entre os séculos XIX e XX. É considerado um dos mais importantes artistas brasileiros do período e o mais expressivo representante da pintura impressionista no Brasil.

Nascido na comuna de Giffoni Valle Pianaprovíncia de Salerno, na região italiana da Campânia, imigra por volta de 1873 com sua irmã Marianella para o Brasil, indo diretamente para a fazenda de propriedade de Luís de Sousa Breves, o barão de Guararema, em Além Paraíba. A profunda afeição da Baronesa pelo pequeno Eliseu coloca-o ainda jovem estudando no Rio de Janeiro. Após um frustrado início na música, ingressa em 1882 no Liceu de Artes e Ofícios. Três anos depois, sem abandonar o Liceu, matricula-se na Academia Imperial de Belas Artes, tendo como professores Zeferino da Costa , Rodolfo AmoedoHenrique BernardelliVictor Meirelles e José Maria de Medeiros.


Em 1890, Visconti acompanha o grupo dos “modernos”, formado por professores e alunos que se rebelam contra as normas de ensino e abandonam a Academia de Belas Artes para fundar o “Ateliê Livre”. Aprovadas as reformas pelo governo republicano, a Academia transforma-se na Escola Nacional de Belas Artes.

Gioventù - OST - 65 x 49 cm - 1898 - MNBA-Ibram-Minc, Rio de Janeiro
Visconti volta a frequentá-la e, após concurso, recebe em 1892 o primeiro prêmio de viagem ao exterior concedido pela República, viajando no ano seguinte para a França. Aprovado no processo de admissão da École nationale supérieure des beaux-arts, abandona essa conservadora Escola ainda em 1894 e inscreve-se na École normale d'enseignement du dessin (École Guérin), onde foi aluno de Eugène Samuel Grasset, considerado uma das mais destacadas expressões do Art Nouveau. Frequenta também a Academia Julian, tendo como mestres Bouguereau e Ferrier. De temperamento inquieto e espírito aberto às inovações, Visconti mostra, em importantes trabalhos do período de sua formação na França e na America do Sul, influências dos movimentos simbolista, impressionista e art-nouveau. Viaja a Madri para cumprimento de suas tarefas de bolsista, onde realiza cópias de Diego Velázquez, absorvendo soluções para os efeitos de reflexão da luz natural, mais tarde utilizadas em alguns de seus trabalhos. Na capital francesa, expõe consecutivamente nos salões de arte e, após receber Medalha de Prata na Exposição Universal de 1900 por suas obras Oréadas e Gioventù, Visconti regressa ao Brasil. Naquele momento, não foi possível trazer consigo a jovem francesa Louise Palombe, companheira desde 1898 e com quem Visconti ficaria casado pelo resto de sua vida. Louise se tornaria figura marcante e inspiradora da obra de Visconti.

Eliseu Visconti é considerado -- ao lado de Almeida Junior, em São Paulo -- o introdutor de propostas artísticas que catalisam os debates a respeito de uma "modernidade" no campo das artes visuais brasileiras. A análise de sua instrução artística no Brasil e na  Europa traz informações sobre as inúmeras discussões então existentes no ensino artístico e o entendimento da diversidade do mundo da arte no Rio de Janeiro da época. 

Cronologia

1866 - Nasce em 30 de julho em Giffone Valle Piana, província de Salerno, Itália.
c. 1873-1892 - Cerca de 1873 vem para o Brasil. Ingressa no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro em 1882 e, três anos depois, inicia curso na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba). Integra em 1890 o Ateliê Livre, formado por professores e alunos insurgentes contra o ensino da  Academia. Em 1892, recebe o Prêmio de Viagem ao Exterior em concurso da Escola Nacional de Belas Artes (Enba).
1893-1900 - Embarca para Paris, onde ingressa em 1893 na Académie Julian e na École de Beaux-Arts. Abandona esta última no ano seguinte, ingressando no curso de Eugène Grasset na École Guérin, que se estende até 1898. Conquista a Medalha de Prata por suas pinturas e Menção Honrosa na Seção de Artes Decorativas e Artes Aplicadas da Exposição Universal de Paris, em 1990. O período do prêmio se encerra e o artista volta para o Brasil.
1901-1904 - Sua primeira exposição individual na Enba, Rio de Janeiro, ocorre em 1901.     No ano seguinte, conquista a Medalha de Ouro de Pintura e a Medalha de Prata pelo conjunto da obra na Seção de Artes Aplicadas à Indústria da Exposição Geral de Belas Artes. Em 1903, apresenta uma exposição individual em São Paulo e cria o ex-libris e o emblema da Biblioteca Nacional. Em 1904, vence o concurso de selos promovido pelos Correios do Brasil e ganha a Medalha de Ouro em Pintura na Exposição Universal de Saint Louis (EUA).
1905-1909 - Entre 1905 e 1907, desenvolve em Paris pinturas para o pano de boca, teto e    friso do proscênio do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Acompanha a instalação das pinturas no teatro no ano seguinte, quando assume a cadeira de Pintura na Enba. Monta seu ateliê na avenida Mem de Sá, no Rio de Janeiro. Em 1909, casa-se com Louise Palombe em Paris.
1911-1915 - Executa painéis para a Biblioteca Nacional entre 1911 e 1912, além de participar da I Exposição Brasileira de Belas Artes (1911) no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Afasta-se do cargo de professor da Enba em 1913, ocupando-se de executar em Paris a decoração para o teto do foyer do Teatro Municipal do Rio deJaneiro. Findo o trabalho em 1915, o artista acompanha sua instalação no teatro carioca.
1916-1920 - Alterna residência entre Paris e Saint-Hubert, vilarejo francês onde vive a família deLouise. Pinta diversas paisagens com características impressionistas.
1920-1926 - Retorna definitivamente ao Brasil em 1920. Participa de concurso comemorativo do Centenário da Independência, promovido pelos Correios no ano seguinte, e recebe Medalha de Honra na Exposição Comemorativa do Centenário da  Independência em 1922. Entre 1922 e 1923 realiza decoração para o vestíbulo do Palácio Pedro Ernesto, e entre 1924 e 1926 executa painel para o Palácio Tiradentes, ambos localizados no Rio de Janeiro.
1927 - Constrói uma casa em Teresópolis, onde fará paisagens impressionistas dessa região   serrana do Rio de Janeiro, às quais incorpora nossa atmosfera tropical.
1934-1944 - De 1934 a 1936, pinta um novo friso sobre o proscênio do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, além de restaurar o pano de boca dois anos depois. Em 1941, sua pintura Gioventù é doada pelo proprietário, E.G. Fontes, para o Museu Nacional de Belas Artes. No ano seguinte, Visconti doa para a Prefeitura do Rio de Janeiro os estudos para as decorações do Teatro Municipal. Falece no Rio de Janeiro em 15 de outubro de 1944.

Algumas de suas obras

Nu masculino (1893), carvão sobre papel, 62 x 47,6cm - Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro - (Foto: Google)

No verão (1894), óleo sobre tela, 58,9 x 80,4 cm - Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro - (Foto: Google)

Carvalho - Estudo para estamparia de tecido de seda (cerca de 1896) -  Guache sobre papel, 65 x 46cm - Coleção particular - (Foto: Google)


Retrato de ancião (1896), óleo sobre tela, 45 x 29 cm - Coleção paticular - (Foto: Google)

Autorretrato (cerca de 1898), carvão e giz sobre papel, 40,2 x 32,6cm - Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro - (Foto: Google)


Louise (cerca de 1900), crayon sobre papel, 23 x 16cm - Coleção particular - (Foto: Google)


Perfil (cerca de 1900), lápis crayon sanguínea sobre papel, 35 x 26cm - Coleção particular - (Foto: Google)

Bas de Portière (cerca de 1901), 70,1 x 53,7cm - Estudo para estamparia de tecido. Aquarela sobre papel - Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro - (Foto: Google)

Autorretrato (1902), 64,0 x 48,0cm -  Coleção particular - (Foto: Google)


Retrato da escultora Nicolina Vaz de Assis (1905), óleo sobre tela, 100 x 81,1cm - Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro - (Foto: Google) [é impressionante -- mas certamente casual -- a semelhança do rosto da escultora com o de Judith I, de Gustav Klimt (1901)]

A Carta (1906), óleo sobre tela, 82 x 67cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo - (Foto: Google)


Maternidade (1906), óleo sobre tela, 165 x 200cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo - (Foto: Google)


Bailarinas e Beethoven (1906), cartão para confecção do pano de boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, carvão sobre papel, 194 x 114cm - Museu dos Teatros, Superintendência de Museus e FUNARJ (Rio de Janeiro) - (Foto: Google)


A influências das artes sobre a civilização (1908), pano de boca do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, óleo sobre tela, 1.200 x 1.600cm - Teatro Municipal do Rio de Janeiro - (Foyo: Google)


 Minha família (a rosa), (1909), óleo sobre tela, 100 x 78cm - Coleção particular - (Foto: Google)

O Beijo (cerca de 1910), óleo sobre tela, 64 x 81cm - Palácio Boavista (Campos do Jordão, SP) - (Foto: Google)



Retrato do crítico de arte Luís Gonzaga Duque (cerca de 1910), óleo sobre tela, 92,5 x 65cm - Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro) - (Foto: Google)


Minha esposa (cerca de 1911), óleo sobre tela, 42 x 51cm - CasaOswaldo Cruz, Fiocruz (Rio de Janeiro) - (Foto: Google)


Bolhas de sabão (1911), óleo sobre tela, 45 x 56cm - Coleção particular - (Foto: Google)


Jardim de Luxemburgo(cerca de 1915), óleo sobre tela, 18,2 x 52,5cm - Museu Castro Maya - (Foto: do Museu)


Meditando (1916), óleo sobre tela, 67 x 54cm - Coleção particular - (Foto: Google)


Moça no trigal (cerca de 1916), óleo sobre tela, 65 x 80cm - Coleção particular - (Foto: Google)


Ninando no jardim (1916), óleo sobre tela, 65 x 81cm - Museu Castro Maya - (Foto: Google)


Flores (1917), óleo sobre tela, 65,5 x 81cm - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - (Foto: Google)


Volta às trincheiras (cerca de 1917), óleo sobre tela, 95 x 125cm - Fundação Edson Queiroz (Fortaleza/CE) [Durante a I Guerra Mundial Visconti residiu na Europa, circulou por locais ameaçados, passou por dificuldades, conheceu combatentes e conviveu com muitos que sofreram perdas de pessoas próximas no conflito. Para descrever a despedida de um soldado prestes a voltar ao campo de batalha, Visconti usa aqui as pinceladas livres e cores intensas das paisagens pintadas na fase de Saint-Hubert. Situa a cena em ambiente rural, onde, apesar das cores outonais, flores cobrem quase toda a fachada da casa. O soldado fardado e equipado se inclina em mesura triste e galante para uma moça trajada com apuro, que lhe estende a mão, resignada, evitando mostrar-lhe o rosto. O clima de desolação é adensado por duas figuras femininas ao fundo à direita, pelo tronco escuro da árvore em diagonal e pelo estado de abandono do jardim.]


Cura do sol (cerca de 1919), óleo sobre tela, 157 x 104cm - Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro) - (Foto: Museu Nacional de Belas Artes)



Amigos inseparáveis (1921), óleo sobre tela, 27 x 35cm - Coleção particular - (Foto: Google)

O colar (1922), óleo sobre tela, 51 x 38cm - Coleção particular - (Foto: Google)


Retrato de Louise (1922), capa do livro "Eliseu Visconti e seu tempo", de Frederico Barata, óleo sobre tela, 66 x 81cm - Coleção particular - (Foto: Google)


A visita (1927), óleo sobre tela, 117 x 90cm - Coleção particular - (Foto: Google)


A caminho da escola (cerca de 1928), óleo sobre tela, 65 x 80,7cm - Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro) - (Foto: Google)


Lição no meu jardim (cerca de 1930), óleo sobre tela, 81 x 65cm - Coleção particular - (Foto: Google)


Na alameda (cerca de 1931), óleo sobre tela, 121 x 104cm - Coleção particular (Fortaleza, CE) - (Foto: Google)


Ilusões perdidas (cerca de 1933), óleo sobre tela, 160 x 100cm - Coleção particular - (Foto: Google)


O batizado da boneca (cerca de 1933), óleo sobre tela, 96 x 87cm - Instituto Cultural Capobianco (São Paulo) - (Foto: Google)


Três meninas no jardim (1935), óleo sobre tela, 71 x 46cm - Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro) - (Foto: Google)


Autorretrato ao ar livre (1943), óleo sobre tela, 81 x 59,5cm - Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro) - (Foto: Google)


Obras em cerâmica

Vaso decorado com árvores azuis (1901), cerâmica pintada, 17 x 13cm - Coleção particular - (Foto: Google)

Vaso decorado com ipoméias (cerca de 1901), pintura em cerâmica, 20 (altura) x 21cm (diâmetro) - Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro) - (Foto: Google)

Vaso decorado com guirlandas azuis (1902), cerâmica pintada, 23 x 13cm - Coleção particular - (Foto: Google)













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