A taxa de suicídios nos EUA aumentou rápida e bruscamente desde a virada do século, liderada por um aumento ainda maior entre pessoas brancas de meia-idade, particularmente mulheres, de acordo com dados federais liberados há uma semana.
A recessão severa da década passada, mais vício em drogas, "divórcio grisalho" [aumento de divórcio entre casais de mais idade, de cabelos grisalhos], aumento no isolamento social, e até mesmo o crescimento da Internet e da mídia social podem ter contribuído para o aumento de suicídios, de acordo com várias pessoas que estudam o assunto.
Mas, angústia provocada por razões econômicas -- e esperanças frustradas, geralmente -- podem corroborar ou dar sustentação a parte desse aumento, particularmente para pessoas brancas de meia-idade. Os dados mostraram o aumento anual de 1% em suicídios entre 1999 e 2006, mas um pico anual de 2% depois disso, com a deterioração da economia, o aumento disparado do desemprego e milhões de pessoas perdendo suas casas.
"As pessoas estavam crescendo com uma certa expectativa ... e a Grande Recessão e outras coisas realmente mudaram isso", disse Julie A. Phillips, uma professora de sociologia na Universidade Rutgers que estuda a demografia do suicídio. "As coisas não estão se desenvolvendo do modo que as pessoas esperavam. Tenho por certo que isso teve um efeito".
Aumentos nos índices de suicídio
Taxas de mortes por 100.000 pessoas aumentaram para os principais tipos de suicídio --All Americans: Todos os americanos; - White me: Homens brancos; - White women: mulheres brancas; - Firearms: armas de fogo; - Suffocation: asfixia; - Poisoning: envenenamento -- Fontes: Centros para Controles de Doenças, Centro Nacional para Estatísticas de Saúde -- (Gráfico: The Washington Post)
O estudo do Centro Nacional para Estatísticas de Saúde mostra um salto alarmante em asfixia -- na maior parte por enforcamento -- como um método de suicídio. O uso deste método aumentou 89%, após o ajuste do crescimento da população, e 157% para as mulheres brancas. Especialistas se esforçam para identificar uma razão para isso; o uso de armas de fogo e de pílulas caiu como parcela do crescente número de suicídios.
O suicídio continua sendo uma das 10 principais causas de morte para os americanos. Seu aumento ocorre em meio a um declínio de longo prazo de índices de morte pela maioria de outras causas letais, como câncer e doenças cardíacas, o resultado de bilhões de dólares gastos em pesquisa e desenvolvimento de outros tratamentos.
A taxa de homicídios nos EUA também está em baixa [o oposto do que ocorre no Brasil]: há mais de dois suicídios para cada homicídio. Entre os brancos, há mais de sete suicídios para cada assassinato.
Junto com o abuso de opiáceos [derivados do ópio] e o álcool, o suicídio atraiu recentemente a atenção como uma das principais causas de um surpreendente aumento em mortandade de homens e mulheres brancos desde a virada do século passado, especialmente para pessoas entre 45 e 54 anos. Um estudo em novembro passado pelos economistas da Universidade de Princeton, Anne Case e Angus Deaton, e outros estudos semelhantes, despertou novas preocupações com pessoas brancas de meia-idade, especialmente pessoas com menor nível de educação e pessoas vivendo em áreas rurais, que parecem ser afetadas de modo mais grave. O relatório da semana passada não contribuirá em nada para aliviar isso.
No geral, os dados recentes mostram que a taxa de suicídios ajustada à idade deu um salto de 24% entre 1999 e 2014, de 10,5 por 100.000 pessoas para 13 por 100.000 pessoas. Ataxa aumentou para ambos os sexos e para todos os grupos etários de 10 a 74 anos. Dados distintos mostram que o ritmo continuou nos dois primeiros trimestres de 2015.
Mais homens do que mulheres completam o suicídio, porque tendem a usar métodos mais letais como armas de fogo e saltar de edifícios ou pontes. Mas, mulheres tentam suicídio em um número muito maior.
O suicídio continua sendo uma das 10 principais causas de morte para os americanos. Seu aumento ocorre em meio a um declínio de longo prazo de índices de morte pela maioria de outras causas letais, como câncer e doenças cardíacas, o resultado de bilhões de dólares gastos em pesquisa e desenvolvimento de outros tratamentos.
A taxa de homicídios nos EUA também está em baixa [o oposto do que ocorre no Brasil]: há mais de dois suicídios para cada homicídio. Entre os brancos, há mais de sete suicídios para cada assassinato.
Junto com o abuso de opiáceos [derivados do ópio] e o álcool, o suicídio atraiu recentemente a atenção como uma das principais causas de um surpreendente aumento em mortandade de homens e mulheres brancos desde a virada do século passado, especialmente para pessoas entre 45 e 54 anos. Um estudo em novembro passado pelos economistas da Universidade de Princeton, Anne Case e Angus Deaton, e outros estudos semelhantes, despertou novas preocupações com pessoas brancas de meia-idade, especialmente pessoas com menor nível de educação e pessoas vivendo em áreas rurais, que parecem ser afetadas de modo mais grave. O relatório da semana passada não contribuirá em nada para aliviar isso.
No geral, os dados recentes mostram que a taxa de suicídios ajustada à idade deu um salto de 24% entre 1999 e 2014, de 10,5 por 100.000 pessoas para 13 por 100.000 pessoas. Ataxa aumentou para ambos os sexos e para todos os grupos etários de 10 a 74 anos. Dados distintos mostram que o ritmo continuou nos dois primeiros trimestres de 2015.
Mais homens do que mulheres completam o suicídio, porque tendem a usar métodos mais letais como armas de fogo e saltar de edifícios ou pontes. Mas, mulheres tentam suicídio em um número muito maior.
Suicídio em ascensão para americanos nativos brancos e americanos nativos em geral -- Native American - americano nativo; - White - brancos; - Asian - asiáticos; - Black - negros; Hispanic - hispânicos -- Fontes: Centros para Controle de Doenças, Centro Nacionalpara Estatísticas de Saúde - (Gráfico: The Washington Post)
Estatísticas sobre suicídio e raça liberados separadamente pela agência na semana passada mostraram que índios americanos e pessoas nativas do Alasca sofreram o maior aumento na taxa de suicídios, embora suas populações sejam muito menores que as de outros grupos étnicos nos EUA. Os brancos ficaram em segundo lugar. Entre as mulheres na faixa etária de 45 a 64 anos, por exemplo, o índice de suicídios aumentou 80%, passando de por 100.000 em 1999 para 12,6 por 100.000 em 2014.
As taxas de suicídio decaíram de meados dos anos 1980 até cerca de 2000, mas as taxas voltaram aos níveis dos anos 1980 com o envelhecimento da geração da explosão populacional, disse Cathy Barber da Escola de Saúde Pública de Harvard.
Alex Crosby, chefe da área de fiscalização da divisão de prevenção da violência dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças, disse que o suicídio pode ser influenciado por muitos fatores -- alguns pessoais, alguns sociais -- tornando difícil tirar conclusões amplas sobre os dados. "Sabemos algo sobre os fatores de risco aumentando e os fatores de proteção diminuindo", disse ele.
O suicídio pode ser um ato impulsivo para alguns, mas outros se envolvem em semanas ou meses de planejamento, disse ele. Ser uma vítima de violência ou de abuso infantil aumenta o risco de suicídio, assim como ter pais que abusam de drogas ou que estiveram presos. Doença mental ou abuso de drogas estão associados também com taxas de suicídio mais elevadas.
Isolamento social, intimidação/agressão (bullying) -- do tipo tradicional ou via internet -- e o crescimento da Internet podem ter também alguma influência, dizem Crosby e outros especialistas.
Sally C. Curtin, uma especialista em estatística do Centro Nacional para Estatísticas da Saúde e principal autora do estudo liberado na semana passada, disse que "a Internet pode ser uma faca de dois gumes. Matérias sobre prevenção podem ser largamente disseminadas, mas você pode também simplesmente pesquisar "suicídio" no Google. É simplesmente muito diferente quanta informação temos nas pontas de nossos dedos".
Não apenas é fácil encontrar conselho online sobre como cometer suicídio, como também materiais tais os sacos plásticos conhecidos como "sacos de saída" ou "sacos suicidas", usados para asfixia. Buscas no Yahoo e no Google por palavras ligadas a suicídio apresentaram anúncios pagos por livros de orientação e outras parafernálias. Ambos, Yahoo e Google, disseram que têm políticas contra tais anúncios e os bloqueiam sempre que os encontram.
A prevenção ainda é um desafio. Travas de segurança em armas de fogo, redes e barreiras em pontes, e medicamentos garantidos com segurança têm sido apresentados para prevenir atos impetuosos, mas os especialistas disseram que são necessários esforços de bases mais amplas. "Sabemos que se trata de uma condição mental. Sabemos que pode ser prevenida", disse Jill Harkavy-Friedman, vice-presidente de pesquisa na Fundação Americana de Prevenção de Suicídio. A pesquisa e o financiamento ainda não se nivelaram com isso. Quando o estigma desaparecer, isso mudará. Mas temos que botar dinheiro por trás disso".
[O estudo descrito acima confirma integralmente o livro sobre as mortes devidas a álcool, drogas e suicídios entre os americanos de 45 a 54 anos, analisado em postagem anterior.]
Alex Crosby, chefe da área de fiscalização da divisão de prevenção da violência dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças, disse que o suicídio pode ser influenciado por muitos fatores -- alguns pessoais, alguns sociais -- tornando difícil tirar conclusões amplas sobre os dados. "Sabemos algo sobre os fatores de risco aumentando e os fatores de proteção diminuindo", disse ele.
O suicídio pode ser um ato impulsivo para alguns, mas outros se envolvem em semanas ou meses de planejamento, disse ele. Ser uma vítima de violência ou de abuso infantil aumenta o risco de suicídio, assim como ter pais que abusam de drogas ou que estiveram presos. Doença mental ou abuso de drogas estão associados também com taxas de suicídio mais elevadas.
Isolamento social, intimidação/agressão (bullying) -- do tipo tradicional ou via internet -- e o crescimento da Internet podem ter também alguma influência, dizem Crosby e outros especialistas.
Sally C. Curtin, uma especialista em estatística do Centro Nacional para Estatísticas da Saúde e principal autora do estudo liberado na semana passada, disse que "a Internet pode ser uma faca de dois gumes. Matérias sobre prevenção podem ser largamente disseminadas, mas você pode também simplesmente pesquisar "suicídio" no Google. É simplesmente muito diferente quanta informação temos nas pontas de nossos dedos".
Não apenas é fácil encontrar conselho online sobre como cometer suicídio, como também materiais tais os sacos plásticos conhecidos como "sacos de saída" ou "sacos suicidas", usados para asfixia. Buscas no Yahoo e no Google por palavras ligadas a suicídio apresentaram anúncios pagos por livros de orientação e outras parafernálias. Ambos, Yahoo e Google, disseram que têm políticas contra tais anúncios e os bloqueiam sempre que os encontram.
A prevenção ainda é um desafio. Travas de segurança em armas de fogo, redes e barreiras em pontes, e medicamentos garantidos com segurança têm sido apresentados para prevenir atos impetuosos, mas os especialistas disseram que são necessários esforços de bases mais amplas. "Sabemos que se trata de uma condição mental. Sabemos que pode ser prevenida", disse Jill Harkavy-Friedman, vice-presidente de pesquisa na Fundação Americana de Prevenção de Suicídio. A pesquisa e o financiamento ainda não se nivelaram com isso. Quando o estigma desaparecer, isso mudará. Mas temos que botar dinheiro por trás disso".
[O estudo descrito acima confirma integralmente o livro sobre as mortes devidas a álcool, drogas e suicídios entre os americanos de 45 a 54 anos, analisado em postagem anterior.]
Recebido por e-mail:
ResponderExcluirQUE TRISTE ISSO!
SOLIDÃO, ABANDONO, FALTA DE AMOR!
O MUNDO ESTÁ CADA VEZ MAIS COMPLICADO!
ABRAÇO,
ANITA