quinta-feira, 21 de maio de 2015

Câmara manda curriola de 7 (!) deputados e um assessor a Londres para fazer um interrogatório sobre a Lava-Jato

A Câmara dos Deputados, convencida de que é imune a qualquer ação moralizadora e estimulada por uma presidente da República que só tem autoridade e prestígio dentro de sua família, continua promovendo ações explícitas e públicas da mais pura picaretagem. A ética e a opinião pública são tolices de uma democracia capenga, os eleitores têm memória curta e continuam reelegendo deputados medíocres e, assim sendo, na lógica mesquinha e marginal desse bando de parlamentares não há porque ter qualquer prurido em não esconder suas pilantragens e mazelas. Na melhor das hipóteses, a Câmara continua sendo um valhacouto de oportunistas.

Cada comissão, cada iniciativa da Câmara vira um palco de desempenhos ridículos e nefastos. Nesse quadro funesto, é evidente que a CPI da Petrobras não poderia deixar de dar sua contribuição para esse show de mediocridades. 

A mais recente demonstração de irresponsabilidade da CPI foi o envio de uma patota de nada menos que 7 (sete!) deputados e um assessor a Londres, para tomar o depoimento de Jonathan Taylor, ex-diretor da SBM Offshore, delator do esquema de corrupção entre a companhia e a Petrobras. O grupo é composto pelos deputados Antonio Imbassahy (PSDB-BA), André Moura (PSC-SE), Bruno Covas (PSDB-SP), Celso Pansera (PMDB-RJ), Efraim Filho (DEM-PB), Leo de Brito (PT-AC) e Marcelo Squassoni (PRB-SP), segundo a secretaria da CPI. Com eles, viajou um consultor legislativo da Câmara que presta assessoria para a comissão.

O presidente da CPI (Hugo Motta/PMDB-PB) disse que a Câmara custeará os gastos dos parlamentares durante os dias em que eles estiverem na Europa. Segundo o peemedebista, os hotéis serão pagos com as verbas de gabinete destinadas a diárias internacionais. 

Mais uma farra parlamentar, com o dinheiro do contribuinte. A CPI, criada em fevereiro de 2015, é um aglomerado de representantes de  25 partidos. Da lista original, não faz parte o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), que foi a Londres. É lícito esperar daí um monstrengo. Faz lembrar a história da comissão criada para projetar o camelo e que, por incompetência, gerou o dromedário.

Foge a qualquer lógica decente a necessidade de enviar 7 deputados e 1 assessor a Londres para tomar o depoimento de um ex-diretor de uma multinacional que confessou atos de corrupção com a Petrobras. Nada que uma teleconferência não resolvesse. Se há necessidade ou conveniência de um documento escrito, não é possível nem crível que não haja nessa curriola alguém competente o suficiente para, sozinho, interrogar aquele executivo, com o apoio -- se for o caso -- de uma teleconferência para complementar o interrogatório. Mas, que deputado e assessor de deputados querem perder a oportunidade de visitar Londres, com tudo pago pelo contribuinte?!...

Detalhe: os deputados são representantes do povo, por ele eleitos. Enquanto o eleitor brasileiro não entender a importância e a seriedade dessa responsabilidade, continuaremos pagando o vexame de ter um grupo enorme de cidadãos inconsequentes cometendo insanidades e pilantragens em nosso nome.
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PS - Duvido serissimamente que alguém nessa curriola de turistas oficiais fale inglês suficientemente bem para realizar um interrogatório com implicações jurídico-legais. Isso pode significar um gasto a mais com intérprete qualificado, caso nossa embaixada em Londres não o tenha.

Um comentário:

  1. Recebido por email de Sergio Viana Nunes em 21/5/2015:

    Grande Vascão, o país está entregue as traças. O Embolsai ex-PFL, atual PSDB é um ladrão.

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