[A saúde pública no Brasil é caso de polícia exceto para os deputados federais, que têm um atendimento médico de primeiríssima qualidade. Essa é mais uma faceta da desfaçatez reinante na Câmara, valhacouto de moleques e sanguessugas, como mostra a reportagem abaixo do site Contas Abertas. Vejam também postagem anterior.]
Cidadão é quem paga saúde de primeiro mundo na Câmara, diz secretário-geral da Contas Abertas
18 de novembro de 2016
Levantamento da Contas Abertas mostrou que a Câmara dos Deputados gasta por ano cerca de R$ 100 milhões com serviço médico. Para o secretário-geral da instituição, Gil Castello Branco, o cidadão comum é mal atendido, enquanto uma “casta” recebe atendimento privilegiado com recursos públicos.
“O cidadão comum está sendo mal atendido em seu município, no seu estado. Essa mesma sociedade acaba pagando para que alguns, uma casta, tenha atendimento de primeiro mundo. É isso que está acontecendo”, explica.
“Já gastaram perto de R$ 100 milhões nesse tipo de atendimento, que deveria ser o padrão de atendimento para todo brasileiro, mas na prática não funciona assim”, afirmou Gil Castelo Branco.
Na Câmara não falta dinheiro e sobram materiais e equipamentos. O Departamento Médico da Câmara tem ambulância e tomógrafo novinhos e fica pertinho dos dois maiores hospitais de Brasília. Distante é a realidade entre a rede pública e o que se vê no departamento.
Tomógrafo, que no SUS tem sido luxo, a Câmara tem e pagou R$ 2,5 milhões. Chegou no ano passado. A UTI móvel fica à disposição e a ambulância é novinha, comprada por mais de R$ 134 mil. Segundo a Câmara, a ambulância atende atuais e ex-deputados, servidores, incluindo aposentados e os dependentes deles.
Os dados da Contas Abertas mostram várias outras compras. Em 2014, foram adquiridos 400 colares cervicais, dos quais 206 foram usados. Em 2016, foram empenhados recursos para outros 440 colares e 190 foram usados. Foram também adquiridos aparelho para medir gordura e kits de exames diversos.
O departamento possui 82 médicos de 17 especialidades e mais emergência. Nessa estrutura completa da Câmara, os atendimentos mais comuns são pressão alta, dor de cabeça, infecções de vias aéreas superiores, como nariz e laringe, diarreia e inflamação do sistema gastrointestinal. Essas informações são do próprio Departamento Médico.
Do início do ano até agora, o gasto da Câmara foi de R$ 86 milhões com serviços médico, odontológico, exames, aparelhos, equipamentos e ressarcimento de despesas pagas pelos funcionários. E eles, que têm direito ao atendimento e ao ressarcimento, têm também plano de saúde. Em 2015, todo esse gasto passou de R$ 92,5 milhões.
Em uma comparação com municípios, a Câmara gasta mais com saúde que várias prefeituras. Das 4.792 que informaram ao Tesouro Nacional o que foi para saúde, só 180 cidades gastaram mais. Isto é, menos de 4% dos municípios brasileiros gastam mais com saúde do que a Câmara. Os servidores contam ainda com plano de saúde.
A Câmara disse que passa muita gente no departamento, 18 mil pessoas por dia, e que é responsável pelo atendimento em casos de emergência. Explicou ainda que encomendou muitos colares cervicais, que servem para torcicolo. São pagos apenas quando utilizados. E que a ambulância transporta por mês cerca de 70 pessoas para hospitais da cidade. Se levar em conta apenas os dias da semana, dá duas viagens por dia.
*As informações são do Bom Dia Brasil
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