Em termos de especulação política e judicial, mudamos de patamar no petrolão. Saímos da ignorância de nomes de políticos enlameados para uma lista explícita com nada menos que 34 políticos na "ativa" (escolha o sentido que quiser para esta palavra) e 13 na "reserva". Entre os partidos, o PP botou p'ra quebrar: de seus 45 representantes no Congresso, 21 foram enquadrados pelo Procurador-Geral da República (PGR) para serem alvos de investigação. Na lista do PGR, o PMDB tem 6 parlamentares na ativa, incluindo os presidentes do Senado (Renan Calheiros) e da Câmara (Eduardo Cunha), e 1 na reserva (a ex-governadora Roseana Sarney). O PT tem 5 na ativa (incluindo os ex-ministros Gleisi Hoffmann e Humberto Costa) e 1 na reserva. O PSDB e o PTB têm cada um 1 parlamentar na lista (os senadores Antonio Anastasia e Fernando Collor, respectivamente).
Estamos apenas iniciando os preparativos bélicos, a guerra sequer começou. E mesmo esse começo ficou meio confuso, com o PGR optando por pedir investigação em vez de denunciar os listados, mais uma firula jurídica indecifrável para o cidadão comum. Em que isso vai ajudar para punir os culpados, é cedo para saber.
Tudo faz crer que iremos assistir a mais um show de corporativismo no Congresso, os primeiros sinais já foram dados, começando pelos presidentes das duas casas do Congresso que sequer tiveram o arremedo ético de se licenciarem de seus cargos porque serão investigados pelo Poder Judiciário. Pelo contrário, se aferraram mais aos cargos e emitiram sinais de que farão o que estiver ao seu alcance para tumultuar e prejudicar as investigações. Renan Calheiros, o incrível presidente do Senado que já renunciou ao mandato uma vez para não ser cassado, ameaçou criar uma CPI para "investigar" o Ministério Público (MP), atitude típica de um mafioso. Só nesta república tupiniquim um cidadão dessa estirpe preside a Casa Alta do Congresso e é o quarto homem na sucessão presidencial.
Renan e Cunha sempre foram chantagistas políticos e agora, mais do que nunca, atuarão nessa linha. Por isso e por outras, não deixarão suas presidências nem que todas as vacas do país tussam.
A desfaçatez ante à lista não se limita aos presidentes das duas casas do Congresso. O presidente eleito para a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), o deputado Arthur Lira (PP-AL) está na lista do PGR. A CCJ é considerada a mais importante comissão da Casa por receber, em tramitação obrigatória, praticamente todos os projetos do Legislativo. A função do colegiado é atestar a constitucionalidade dos textos. Mas, em tempo de petrolão, a comissão é considerada crucial nos processos de cassação: é nela que tramitam os recursos contra as ações de perda de mandato, e cabe justamente ao presidente do colegiado colocá-los em votação. A lentidão do processo levou, por exemplo, o ex-deputado Luiz Argôlo (SD-BA) a escapar da cassação no ano passado. Antes mesmo da divulgação da lista do PGR Lira antecipou que não renunciaria se nela fosse incluído. Lira é investigado também no Supremo Tribunal Federal (STF) por crime de lavagem de dinheiro e responde a ação penal por agressão à ex-mulher. Gente fina esse cara! Dá p'ra antecipar tranquilamente o que esse energúmeno fará para se proteger e proteger seus pares do petrolão durante as investigações que irão enfrentar na justiça. Esse é o tipo de parlamentar que o povo brasileiro irresponsavelmente elege.
Do lado do governo, não há porquê esperar algo que preste. Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) anda, fala e age como um zumbi. A dieta alimentar que faz juntou-se ao caos que ela mesma criou no país, com ineficiência, burrices e corrupção por todos os lados, e mais do que nunca a transformou em reservatório transbordante de bílis, com efeitos visíveis em suas funções cerebrais. Sua fala no domingo passado foi pateticamente bizarra, a madame falou como se seu primeiro mandato não fosse dela e sim de um alienígena, um marciano qualquer incompetente que deixou o país nessa esculhambação única.
Mas, a pérola mesmo foi a reação dela e de seus capachos desfibrados -- com enorme destaque para Aloizio Mercadante, o boneco da ventríloqua Dilma NPS -- ao panelaço e ao vaiaço de domingo, durante sua fala na televisão. Essa curriola só disse asneiras: que o Brasil não tem "3° turno" e que quem se manifestou foi uma "burguesia" financiada por partidos da oposição. Essa mesma "burguesia" foi denunciada pela ex-guerrilheira quando vaiada na cerimônia de abertura da Copa do Mundo, e virou o Judas do NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula), do PT e do bando de puxa-sacos petralhas que pululam no governo e alhures. Há também alguns "intelectuais" da esquerda caviar envolvidos nessa mistificação circense. Tragicômico é verificar os "plebeus" que atacam essa "burguesia"... Só dá gente gordinha, saudável e muito bem de vida. Estimular a cizânia na sociedade virou mania petista: quem se opõe ao governo nas ruas e estádios é "burguês" e "branco", e o NPA ameaça o país com o "exército" do MST se o PT for pressionado por conta do petrolão. Cínicos e mal-intencionados, os petralhas misturam propositadamente oposição social com oposição partidária.
Essa tática de desqualificar qualquer oposição e quaisquer oposicionistas é uma tática manjadíssima do PT e do governo, resultante de uma mistura explosiva de cinismo, hipocrisia, burrice, ignorância e mau-caráter. A petralhada persiste em desprezar a inteligência dos brasileiros, entendendo que os 146 milhões de brasileiros restantes -- extraídos os 54 milhões de míopes masoquistas que reelegeram a madame -- têm o mesmo nível político e intelectual da massa ignara que reconduziu a ex-guerrilheira ao Planalto. Os petralhas insistem com a encenação ridícula e irresponsável que montaram em torno do petrolão. Essa insistência pode, politicamente, custar muito caro à petralhada.
Com essas baboseiras de "burguesia", "burguesia branca", "terceiro turno" e outras sandices do gênero, o PT e os petralhas praticam seu direito de espernear. O problema é que por mais que estrebuchem, se contorçam, mintam e inventem eles não conseguem esconder, e muito menos explicar, o fato de em 12 anos de governo terem conseguido as façanhas inéditas na histórias da nossa República de destruir a maior estatal do país e terem arquitetado, implementado, estimulado e operado os dois maiores escândalos de nossa história política e jurídica: o mensalão e o petrolão.
Muita água barrenta vai correr debaixo da ponte um tanto oscilante da democracia brasileira. O petrolão está longe de esgotar seu potencial destruidor e a marginália política nele envolvida ainda não tem sua real dimensão já definida, nem está sequer perto de esgotar seu enorme arsenal de baixarias, imundícies éticas, corporativismo e imoralidades. A corrupção na diretoria de Renato Duque na Petrobras ainda não foi devida e detalhadamente escarafunchada -- aliás, surpreendentemente, esse cidadão não está na cadeia e isso é atribuído à pressão da Odebrecht que, se punida como deve, pode arrastar muita gente, incluindo (finalmente?...) um líder petista de 9 dedos nas mãos. Vamos torcer, vamos cobrar.
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PS 1 - O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco confirmou ontem, ao vivo e em cores, com uma naturalidade chocante e um detalhamento convincente, que efetivamente deu dinheiro de propina para a campanha de Dilma NPS em 2010 (US$ 300 mil) e para João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, por várias vezes. Frustrando o relator petista da CPI, e outros deputados petralhas presentes, reiterou que os casos de corrupção e propina na Petrobras no governo FHC foram pontuais, e que o propinoduto ficou sistemático a partir de 2003, primeiro governo do NPA.
PS2 - Uma notícia triste e preocupante para quem espera o rigor da Justiça no petrolão: o ministro Dias Toffoli vai presidir os julgamentos da Lava-Jato no STF! O NPA e a petralhada toda, além dos acusados, devem estar dando pulos de alegria -- a indicação de Toffoli é garantia de extrema leniência com políticos petistas e seus cupinchas, com mil e uma armações para favorecê-los. Veremos reeditada, certamente, a parelha Toffoli-Lewandovski, a dupla Cosme e Damião do contorcionismo pró-PT no Supremo.
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