De onde vêm (realmente) os imigrantes que chegam à França?
Os imigrantes que entram legalmente na França são cada vez mais europeus -- (© L'Internaute/Dados do Insee)
O Insee [Instituto Nacional da Estatística e dos Estudos Econômicos, o IBGE francês] publicou em novembro um relatório sobre "os imigrantes recentemente chegados à França". É o momento para o L'Internaute.com fazer um balanço sobre os números e as nacionalidades de origem dos 200.000 novos imigrantes que chegam anualmente ao solo francês.
O total de entradas em território francês no período de 10 anos
No início de 2013, viviam em território francês 5,8 milhões de imigrantes ou seja, 8,8% da população residente na França. Isso representa 800.000 a mais do que havia em 2004 -- eles representavam então 8,0% da população. Dos anos 1970 aos anos 1990, a parte dos imigrantes proveniente da Europa tendia a diminuir em comparação com os oriundos da África (incluindo o Magrebe) [Magrebe é a região noroeste da África, dividido em "Pequeno Magrebe" (Marrocos, Saara Ocidental, Argélia e Tunísia) e o "Grande Magrebe", acrescido de Mauritânia e Líbia]. Na última década, essa tendência se inverteu.
China: origem de 3% dos imigrantes que chegaram em 2012
A imigração asiática é majoritariamente feminina -- (© L'Internaute/Dados do Insee)
Segundo as estimativas do Insee, o contingente chinês representa 3% do total dos imigrantes que chegaram à França em 2012. Duas características se destacam: a juventude e a porcentagem de mulheres. O Instituto estima que metade dos novos imigrantes tem entre 20 e 26 anos. Por outro lado, 67% deles são mulheres (ao contrário por exemplo do caso de Portugal, em que esse contingente é de 45%). Se essa tendência pudesse se explicar há alguns anos pela vontade de conseguir um marido, hoje em dia esse não é mais o caso. Essa população, de alta porcentagem feminina e muito escolarizada -- 62% dos imigrantes de 2012 tinham um diploma e mais de 90% tinham o equivalente a um bacharelado [exame final do curso secundário -- na França, é o diploma que dá acesso ao ensino superior] -- está mais provavelmente à procura de oportunidades profissionais.
Romênia: origem de 3% dos imigrantes de 2012
7 OK Hugh ONeill Fotoliacom © Hugh O'Neill - Fotolia.com
Tunísia: origem de 3% dos imigrantes de 2012
O número total de imigrantes tunisinos é inferior ao de argelinos e marroquinos -- (© Kiddaikiddee - Fotolia.com)
Os problemas políticos que se seguiram à Primavera Árabe (que surgiu no país no final de 2010) forçaram sem dúvida uma parte da população a se deslocar para a França: o número de imigrantes nascidos na Tunísia aumentou 2,9% entre 2009 e 2012. Se o número total é inferior ao de seus vizinhos, a população do país (11 milhões de habitantes) não representa senão um terço da de cada um de seus dois vizinhos. O fator político poderia igualmente explicar a fraca participação das mulheres (44%) entre os novos imigrantes com relação aos provenientes do Marrocos e da Argélia, onde o reagrupamento familiar é uma das principais explicações. Os tunisinos são os mais bem instruídos entre os indivíduos oriundos do Magrebe que chegaram à França em 2012 (36% dos novos imigrantes tinham um diploma universitário).
Bélgica: 3% dos imigrantes de 2012
Nos últimos meses, a imprensa [francesa] tem ecoado a questão das evasões fiscais rumo à Bélgica. No entanto, esse fluxo funciona bem nos dois sentido, e desde muito tempo. Nos anos 1870-1880, os donos de usinas e minas do norte [da França] trouxeram dezenas de milhares de belgas, uma mão de obra considerada à época como mais barata. Hoje, a sina dos belgas que se instalam na França é menos trágica. Em geral, são mais velhos que a média dos imigrantes que chegam ao território francês (idade média: 30 anos), enquanto um em cada dois novos imigrantes afirma ter conseguido trabalho poucos meses após sua chegada. Mais de 70% dos imigrantes belgas têm um diploma secundário ou superior.
Alemanha: 4% dos imigrantes de 2012
Cerca de 10.000 espanhóis estão estabelecidos na França - (© Kiddaikiddee - Fotolia.com)
Os laços migratórios que unem França e Argélia há meio século não se desmentem. 7% dos imigrantes que entraram na França metropolitana em 2012 nasceram nesse país do Magrebe. A reaproximação familiar parece ser um dos principais fatores para isso: 72% das mulheres se declararam parte de um casal quando chegaram. A integração imediata desses cidadãos argelinos ao mercado de trabalho francês parece delicada. Apenas 26% dos homens e 7% das mulheres declararam estar empregados no início de 2013 (contra 80% e 44% para os homens e mulheres, respectivamente, vindos da Polônia para a França). Entre 2004 e 2012, a parcela dos diplomados cresceu significativamente, passando de 38% para 50%, mas permanece uma das mais fracas entre os 17 países avaliados diretamente pelo Insee.
Marrocos: 7% dos imigrantes de 2012
Bélgica: 3% dos imigrantes de 2012
Franceses e belgas se acomodam bem de um lado e outro da fronteira - (© Pamela Uyttendaele - Fotolia.com)
Alemanha: 4% dos imigrantes de 2012
Um grande número de alemães migra para a França para aí trabalhar - (© defotoberg - Fotolia.com)
A expressão "Wie Gott in Frankreich" ("Como Deus na França") parece sempre justificada. 4% dos estrangeiros estabelecidos na França em 2012 tinham nacionalidade alemã. Ao contrário da imigração britânica, não se trata de imigração relacionada com o momento da aposentadoria mas sim vinculada a trajetórias profissionais: a idade média dos imigrantes alemães é de 25 anos, contra os 36 anos das pessoas oriundas do Reino Unido. Especialmente tendo-se em conta que a taxa de emprego é elevada: 75% dos homens e 65% das mulheres declararam ter emprego no início de 2013. Junto com os imigrantes chineses, os alemães são os que mais chegam sozinhos: 32% dos homens e 25% das mulheres vivem sozinhos (é muito mais do que o que ocorre com as pessoas de nacionalidade belga ou italiana).
Itália: 4% dos imigrantes de 2012
Os laços migratórios entre França e Itália datam de 150 anos -- (© voodomax - Fotolia.com)
Se a imigração italiana foi uma das mais volumosas na França no século XX, ela encolheu ao longo das três últimas décadas. Entretanto, ela teve uma recuperação no últimos anos, já que 4% dos imigrantes que entraram na França tinham nacionalidade italiana, segundo os dados do Insee. À semelhança dos espanhóis, trata-se frequentemente de jovens diplomados à busca de emprego. A idade média dos imigrantes italianos é de 25 anos (que é ligeiramente acima da média da imigração espanhola e ligeiramente abaixo da idade média da imigração portuguesa). Sua integração ao mercado de trabalho é entretanto ligeiramente menos favorecida: 71% dos homens e 51% das mulheres de origem italiana chegados à França em 2012 tinham um emprego no início de 2013.
Reino Unido: 5% dos imigrantes de 2012
Os britânicos frequentemente preferem viver sua aposentadoria na França - (© arkna - Fotolia.com)
Ela é mais conhecida nos campos do que nas cidades. A imigração britânica se reforça, pois esse contingente representou 5% dos imigrantes que entraram em território francês em 2012, segundo o Insee. Três caraterísticas a distinguem. De imediato, a idade elevada: o imigrante britânico tem em média 36 anos, contra os 25 anos dos imigrantes italianos e espanhóis. Em seguida, uma forte concentração no lado oeste da França ( em particular, as zonas rurais da Baixa Normandia, Aquitânia, Limousin ou Poitou-Charentes). Finalmente, trata-se de uma população de boa formação escolar pois, segundo as estimativas, a metade dos que aqui entraram em 2012 possuía diploma universitário. O clichê de um aposentado britânico se instalando em uma casa de campo na Dordonha parece confirmado ...
Espanha: 5% dos imigrantes de 2012
Cerca de 10.000 espanhóis estão estabelecidos na França - (© Kiddaikiddee - Fotolia.com)
É uma das tendências fortes ligadas à crise econômica. Com uma taxa de desemprego entre os jovens superior a 50%, mais de 10 mil espanhóis optaram por se estabelecer na França em 2012. As cifras confirmam o fluxo de jovens diplomados à procura de um emprego: 78% dos imigrantes tinham o equivalente a um bacharelado ou um diploma universitário, enquanto a idade média do imigrante era de 24 anos. Um ano a menos que os imigrantes do Magrebe. 7 em cada 10 imigrantes declararam ter um trabalho no início de 2013, segundo os dados do Insee. Depois de Portugal, a Espanha é o segundo país cujos imigrantes melhor se integram ao mercado de trabalho francês. Essa imigração, que teve um primeiro pico nos anos 1960-1970, permanece importante.
Argélia: 7% dos imigrantes de 2012
Argélia: 7% dos imigrantes de 2012
Entre 2009 e 2012, o número de imigrantes argelinos na França recuou ligeiramente - (© YL Photographies - Fotolia.com)
Os laços migratórios que unem França e Argélia há meio século não se desmentem. 7% dos imigrantes que entraram na França metropolitana em 2012 nasceram nesse país do Magrebe. A reaproximação familiar parece ser um dos principais fatores para isso: 72% das mulheres se declararam parte de um casal quando chegaram. A integração imediata desses cidadãos argelinos ao mercado de trabalho francês parece delicada. Apenas 26% dos homens e 7% das mulheres declararam estar empregados no início de 2013 (contra 80% e 44% para os homens e mulheres, respectivamente, vindos da Polônia para a França). Entre 2004 e 2012, a parcela dos diplomados cresceu significativamente, passando de 38% para 50%, mas permanece uma das mais fracas entre os 17 países avaliados diretamente pelo Insee.
Marrocos: 7% dos imigrantes de 2012
Aí também os laços antigos não se distenderam. Segundo as cifras do Insee, 7% dos imigrantes que entraram na França em 2012 nasceram no Marrocos. Contrariamente às imigrações vindas da Argélia, que tiveram um recuo entre 2009 e 2012 (- 2,6% ao ano), a imigração vinda do Marrocos cresceu no mesmo período (+ 2,4% por ano). A idade média do imigrante marroquino foi de 26 anos, um valor sensivelmente igual aos de seus vizinhos. A parcela de diplomados (com equivalência ao bacharelado) cresceu, deixando supor que inúmeros marroquinos vêm à França para continuar seus estudos superiores (+ 5 pontos entre 2009 e 2012). 56% dos imigrantes argelinos que se instalaram na França são mulheres.
Portugal: 8% dos imigrantes de 2012
Portugal: 8% dos imigrantes de 2012
A imigração portuguesa foi retomada com a crise - (© Hugh O'Neill - Fotolia.com)
É de Portugal que vem hoje o maior contingente de imigrantes para a França, segundo os dados publicados pelo Insee. A composição sociológica desse grupo de novos imigrantes deixa supor uma imigração ligada ao emprego: 86% dos homens que chegaram em 2012 declararam ter um emprego no início de 2013. Essa é a taxa [de emprego] mais elevada entre os 17 países analisados pelo Insee. Os novos imigrantes oriundos de Portugal são bastante majoritariamente compostos de homens (55%) e poucos têm diploma: 56% deles não possuem diploma secundário ou universitário. Sua idade média é de 27 anos. Inúmeros cidadãos portugueses haviam chegado à França nos anos 1970 e 1980 por razões econômicas -- o fluxo parece se restabelecer após a crise de 2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário