domingo, 18 de janeiro de 2015

Os novos senadores e os financiadores de suas campanhas

[O site Congresso em Foco publicou em 15/01 a relação dos financiadores -- pessoas físicas e jurídicas -- das campanhas dos senadores recém-eleitos. Essa divulgação é importante, porque além da transparência que não é normal no país, muito menos na política, nos permite conhecer quem bancou quem nessa eleição. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]



Os tucanos Antonio Anastasia e José Serra são os senadores eleitos que mais arrecadaram, segundo as prestações de contas - (Foto: OSDB/MG)

Uma gigante da indústria da alimentação, uma das maiores instituições financeiras do país e uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato foram as empresas que mais doaram para a campanha dos senadores que serão empossados no próximo dia 1º. Líder mundial na produção de carnes, a JBS (Friboi) também foi a campeã em contribuições para os candidatos vitoriosos ao Senado: doou R$ 9,3 milhões. Já o Bradesco, segundo maior banco privado do país, foi o financiador que botou dinheiro no maior número de campanhas vitoriosas na Casa: 15 dos 27 eleitos receberam R$ 4,7 milhões da instituição – segundo maior volume de repasses de uma empresa. O terceiro maior doador foi a empreiteira OAS, investigada por participação no esquema de cartel e corrupção da Petrobras, que destinou R$ 2 milhões para os eleitos.

Congresso em Foco publica, abaixo, a relação completa dos financiadores dos 27 senadores eleitos, de acordo com a prestação de contas apresentadas por eles à Justiça eleitoral. Juntos, eles declararam ter recebido R$ 130 milhões, sobretudo de grandes empresas. Três oposicionistas foram os campeões em arrecadação.

Campeões de arrecadação


Conforme a prestação de contas, Antonio Anastasia (PSDB-MG) encabeça a lista das campanhas mais caras. O ex-governador mineiro informou ter arrecadado R$ 18,3 milhões. Em segundo lugar ficou o senador eleito por São Paulo José Serra, também do PSDB, que disse ter recebido R$ 10,7 milhões para fazer sua campanha. O atual deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) declarou ter levantado R$ 9,3 milhões para se eleger senador.
Os dois parlamentares que dividem a quarta colocação no ranking da arrecadação – Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Wellington Fagundes (PR-MT), com R$ 8,7 milhões cada – foram também aqueles que informaram ter desembolsado mais recursos próprios para se eleger. Wellington tirou mais de R$ 1 milhão do bolso; já Tasso declarou ter usado R$ 820 mil como pessoa física e outros R$ 385 mil de uma de suas empresas.

A relação dos senadores que informaram ter arrecadado menos é encabeçada por três representantes do PDT: Telmário Mota (RR), Reguffe (DF) e Lasier Martins (RS). O roraimense declarou ter recebido R$ 240,5 mil; o pedetista do DF, R$ 407 mil, e o gaúcho, R$ 866.138.

Custo do voto

Reguffe e Lasier também figuram entre os parlamentares que tiveram o voto mais barato quando se compara o valor investido na campanha e a votação obtida. Os dois só ficaram atrás de Romário (PSB-DF). Cada um dos 4.683.963 votos obtidos pelo deputado e ex-jogador de futebol saiu a 25 centavos. Os votos conquistados por Lasier e Reguffe “custaram” 40 e 47 centavos, respectivamente.

Na outra ponta, o voto mais caro ficou com a senadora reeleita Kátia Abreu (PMDB-TO), atual ministra da Agricultura. Ela gastou R$ 6,9 milhões e recebeu 282.052 votos. É como se cada voto recebido pela senadora tivesse saído por R$ 24,71. Gladson Cameli (PP-AC), com R$ 22,46, e Wellington Fagundes, com R$ 13,50 por voto, completam a lista dos senadores eleitos com votação mais “onerosa”.

Clique no nome para ver de onde veio o dinheiro declarado por cada um dos 27 senadores eleitos, por estado:

Acre: Gladson Camelli (PP)

Tocantins: Kátia Abreu (PMDB)

[A análise dos financiadores de cada senador eleito revela  muitos detalhes "curiosos", que justificam que fiquemos no mínimo pensativos. Vamos a alguns deles:

● Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) aparece como uma das grandes financiadoras da campanha de dois senadores, ora apenas como Dilma Vana Rousseff, ora como 2014 Dilma Vana Rousseff Presidente, ora como Dilma Vana Rousseff Presidente, totalizando R$ 468.551,50 -- para a campanha de Wellington Fagundes - PR/MT (onde aparece 6 vezes como Dilma Vana Rousseff Presidente e 2 vezes apenas como Dilma Vana Rousseff) a doação foi de R$ 293.851,50 (nas duas vezes em que aparece apenas seu nome, sem o cargo, a doação total foi de R$ 63.277,50). Para a campanha de Paulo Rocha (PT/PA) -- onde a ex-guerrilheira aparece 10 vezes como doadora -- o financiador Dilma Vana Rousseff surge com R$ 581.235,13. No total geral, com seus diversos nomes, Dilma NPS contribuiu com R$ 875.086,63 para esses dois senadores. No segundo turno de 2014, Aécio Neves ganhou no Mato Grosso com 54,69% dos votos válidos e Dilma NPS ganhou no Pará com 57,12% dos votos válidos -- pelo jeito, a aposta da madame em Paulo Rocha pode ter funcionado. Ou alguém usou o santo nome da presidente indevidamente, ou a madame está muito bem financeiramente. Na campanha de Paulo Rocha sua contribuição superou individualmente a da Queiroz Galvão e a da Andrade Gutierrez -- que $aúde, hem?

● Há uma presença constante de empresas de engenharia em praticamente todas as campanhas listadas, além das grandes empreiteiras;

● a presença de alguns grandes bancos também é muito forte, com destaque impressionante para o Bradesco, que financiou pesadamente a eleição de 2014 através de várias de suas subsidiárias -- só com dois senadores, José Serra (R$ 700 mil) e Kátia Abreu (R$ 350 mil), o sistema Bradesco gastou mais de R$ 1 milhão;

● nada porém se compara aos gastos do frigorífico JBS (do Friboi), que só nessa eleição de senadores gastou (pelo que somei) R$ 6.815.360,68 -- seus grandes beneficiários foram Antonio Anastasia - PSDB/MG (R$ 3.900.000,00), Wellington Fagundes - PR/MT (R$ 1.400.000,00), Fátima Bezerra - PT/RN (R$ 975.190,00)  e José Serra - PSDB/SP (R$ 352.360,68);

● na campanha da senadora Rose de Freitas (PMDB/ES) há um financiador que impressiona, a Copper Tranding (não seria "Trading"?) que doou R$ 1.335.000,00;

● na campanha de José Serra (PSDB/SP) há um financiador que também impressiona, o Iguatemi Shopping, que lhe doou R$ 682.931,66;

● outros destaques no financiamento da campanha de José Serra: OAS (envolvida na Lava-Jato) R$ 1.123.428,86; Andrade Gutierrez (envolvida na Lava-Jato) R$ 889.982,19; Cosan R$ 353.617,63;

● na campanha de Kátia Abreu (PMDB/TO) destacam-se: OAS R$ 1 milhão, Andrade Gutierrez R$ 300 mil, Agro Soja Comércio e Exportação de Cereais R$ 250 mil, Sucocitrico Cutrale Ltda R$ 500 mil, Bradesco Vida e Previdência R$ 200 mil, Bradesco Capitalização R$ 150 mil, Coop. Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda R$ 200 mil, Iguatemi Shopping R$ 200 mil, e inúmeras empresas do agronegócio com doações de R$ 100 mil ou mais;

● na campanha de Fátima Bezerra (PT/RN) destacam-se: JBS (R$ 975.190,00) e Andrade Gutierrez (R$ 425 mil);

● destaques da campanha de Paulo Rocha (PT/PA): Queiroz Galvão (envolvida na Lava-Jato) R$ 450 mil, Andrade Gutierrez (idem) R$ 190 mil, Dilma Vana Rousseff  R$ 581.235,13, JBS R$ 158.500,00.]




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