segunda-feira, 28 de novembro de 2016

O baixíssimo padrão ético e moral dos políticos que governam o país

Ver postagem anterior: "Caso Geddel, a lápide que faltava para o governo Temer".

Se alguém tinha ainda um restinho de esperança quanto ao padrão ético e moral do governo Michel Temer já se danou, principalmente depois do caso Geddel. O comportamento do presidente da República nesse episódio foi absolutamente indecente, absurdo, canhestro e inaceitável.

Temer foi péssimo na escolha de seu ministério. Passamos do domínio do PT (dos escândalos em "ão": mensalão, petrolão, eletrolão, fundos de pensão e de um bando enorme de pilantraços) para o domínio do PMDB, cúmplice dos mesmíssimos escândalos e composto também de um time de outros pilantraços, onde despontam figuras rasteiras como Eliseu Padilha, Moreira Franco, o defenestrado Geddel Lima, Romero Jucá e Renan Calheiros, astro de primeira grandeza nesse sistema planetário indecente, comandando nos bastidores o marionete Michel Temer. E na espreita para assumir o poder está o PSDB de Aécio, Alkmin e Serra, nenhum deles flor que se cheire. Na fila para a disputa da eleição presidencial de 2018 temos ainda energúmenos infectos como Ciro Gomes e Bolsonaro. Ou seja, nosso presente e nosso futuro políticos são completamente negros.

Por não saber escolher, por malformação, por paúra, por ser refém de péssimos companheiros, amigos e parceiros, seja qual for o motivo, Temer já perdeu seis ministros em seis meses de governo, mas faz questão absoluta de manter em sua equipe de confiança figuras menores e profundamente contaminadas como Eliseu Padilha e Moreira Franco. Mostrando sentir-se bem na pocilga e na companhia de indigentes éticos, Temer nomeou Romero Jucá para seu líder no Senado, mesmo depois de vê-lo obrigado a renunciar ao cargo de seu ministro por acusações e gravações graves relacionadas à Operação Lava-Jato. Além de frouxo, néscio e permissivo, Temer deu uma bofetada na cara dos brasileiros também nesse episódio.

Na sua estrutura de apoio direto, Temer foi obrigado a passar de um quadrilátero (Padilha, Geddel, Jucá e Moreira) para um tripé (Padilha, Geddel, Moreira) e agora tem um sistema bípede (Padilha, Moreira) capenga, com artrose e outras complicações genéticas decorrentes de inequívoca incompatibilidade com qualquer coisa que tenha um mínimo de ética e decência.

A escolha de Geddel já foi um espanto, porque o "suíno" é literalmente um boçal, um troglodita, uma toupeira. Mesmo assim, Temer resolveu acolhê-lo em seu círculo mais íntimo no Planalto e se tornou seu refém (ou se prontificou a sê-lo). Para evitar umas tais "dificuldades operacionais"-- que só podem existir para quem é fraco e sem comando -- resolveu prestigiar Geddel num pleito absolutamente indecente e absurdo de prevalência de um interesse patrimonial pessoal sobre um patrimônio histórico público, e quis constranger seu ministro da Cultura, Calero, que "ousara" contrariar seu dileto amigo e tutor Geddel. Deu-se mal, Calero deu-lhe uma rasteira, Temer teve que aceitar e promover a saída de Geddel e está agora com uma batata quentíssima, que lhe queima as mãos e a alma.

Na condução do entrevero Geddel x Calero, Temer mostrou-se integralmente um anão sob qualquer ponto de vista. Foi frouxo, cúmplice e mau-caráter. Quis "minimizar" o problema, como se isso fosse crível e possível, e fez a Calero a proposta indecente de enviar o problema à AGU (Advocacia-Geral da União), que certamente encontraria uma "solução" para o caso. Como, pelo menos juridicamente, Temer não é burro, ele sabe perfeitamente que a AGU existe, entre outras coisas, para mediar conflitos envolvendo apenas e exclusivamente interesses do Estado e não conflitos entre um ministro proprietário de um apartamento de um prédio e um órgão do governo que zela constitucionalmente pelo patrimônio histórico e artístico nacional que vetara o gabarito de altura e de número de apartamentos do tal prédio de interesse pessoal do tal ministro. Uma mutreta malcheirosa, pretendida por Temer.

Na outra ponta do cenário, temos um Renan Calheiros, denunciado em 12 processos no STF e que pode tornar-se pela primeira vez réu declarado por esse tribunal a partir de 1 de dezembro vindouro, arvorand0-se de protetor dos "fracos e oprimidos" pelo judiciário (inclusive e principalmente ele), que desengaveta um projeto de lei contra "abuso de autoridade" que dormitava no Senado desde 2009. Para proteger a própria pele e a de seus acólitos, Renan move céus e terra para aprovar o projeto de lei que lhes dará blindagem contra a Lava-Jato e quaisquer outras investigações. Como parceiro ativo e importante nessa manobra escusa, Renan conta com a figura mais do que abjeta de Romero Jucá, ele também pendurado com vários processos no STF.

Eis aí um fraco e pálido retrato do bando de políticos rastaqueras, aéticos e amorais que controla o país.

domingo, 27 de novembro de 2016

Médicos e atendentes de hospitais franceses sofrem uma agressão, verbal ou física, a cada meia-hora

[Relato surpreendente da violência diária que ocorre em hospitais franceses, contra empregados em geral e até contra médicos e enfermeiros, publicado no Le Figaro. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Comunicado de emergência

Editorial do Le Figaro - Yves Thréard - Le Figaro, 27/9/2016

Ele fraturou as duas mãos no exercício da sua profissão. O doutor Armand N. trabalha na emergência do hospital de Saint-Denis. Seus ferimentos não são acidentais. Ele foi agredido pelo irmão bastante irritado de um paciente entregue aos seus cuidados após uma briga. Isso foi há quinze dias, mas não há mais um dia nos hospitais da França sem que seus empregados sejam alvos de injúrias, de agressões físicas e inclusive de intimidações a mão armada. Segundo o Observatório Nacional de Violências na Saúde, um fato desse tipo se repete a cada trinta minutos, sem contar os que não são denunciados.

Juntamente com os serviços de psiquiatria, os atendimentos de emergência são os mais afetados. Principalmente na Île-de-France [uma das 27 regiões administrativas da França; a Região da Ilha de França é composta por oito departamentos: Paris, Essonne, Hauts-de-Seine, Seine-Saint-Denis, Seine-et-Marne, Val-de-Marne, Val d'Oise e Yvelines. Entre suas principais cidades estão: Paris, Versalhes e Nanterre.]. Em questão, a visita de pessoas bastante alcoolizadas e as longas esperas por atendimento. Cada vez mais frequentemente também, as exigências de doentes que se recusam a ter que lidar com um atendente masculino ou feminino. Inúmeros enfermeiros, parteiras e médicos não têm senão sua coragem para enfrentar a adversidade, e seu senso agudo do dever, para não sucumbirem.

Os serviços de urgência são um pouco o covil dos mendigos e dos ladrões. Duas cifras bastam para traduzir esse mal-estar crescente: 19 milhões de atendimentos registrados em 2015, contra 12 milhões em 2002. Pacientes, enfermos de pequenos "dodóis", para ali se dirigem por não terem outra opção, na falta de consultórios médicos disponíveis [fora dos hospitais]. Inúmeros outros se aproveitam do acesso fácil a cuidados gratuitos através, por exemplo, da ajuda médica do Estado a estrangeiros. Isso custa, em média, um bilhão de euros à coletividade. Enfim, os setores de emergência são o reflexo do aumento da violência nas ruas.

É preciso, claro, reforçar a segurança nos hospitais como nos estabelecimentos escolares. Mas, acima disso, essas duas instituições bem enfermas têm todos os sintomas reveladores da crise que afeta nossa sociedade. A resposta não pode pois ser senão política.

Os hospitais franceses enfermos pela violência

Anne Jouan e Damien Mascret -- Le Figaro, 27/9/2016

"Não se pode dizer que há mais violência (no hospital), mas sua origem ou sua forma mudaram". É o que afirma o Observatório Nacional de Violências em Ambiente de Cuidados, um organismo sob tutela do Ministério, em seu relatório anual de 2015. "O que aumenta é o agravamento da sensação de insegurança sentido pelas pessoas da área da saúde. Tornou-se muito baixa a tolerância frente a violências cujas causas são às vezes mal identificadas ou diante de violências gratuitas".

O relatório cita os principais motivos da violência. As críticas relativas ao atendimento prestado ocupam o primeiro lugar (com mais de 58% das causas de violência observados), seguindo-se o alcoolismo (12%) e o tempo para atendimento considerado excessivo pelos pacientes (11,6%). 

Na classificação das descrições de violências contra pessoas feita pelo Observatório, as ofensas, os insultos e provocações aparecem em primeiro lugar, com 36,7% dos casos. O Observatório registra, com sobriedade, que nos serviços de emergência  "as agressões verbais são diárias e as agressões físicas, numerosas". 

No hospital, uma agressão a cada meia-hora

Anne Jouan  -- Le Figaro, 26/9/2016

Terça-feira, 13 de setembro [2016], 22h49, setor de emergências do Hospital Delafontaine em Saint-Denis, norte de Paris. Um homem dá entrada com traumatismo craniano. Ao seu lado seu irmão se agita, fica inquieto, se irrita. É o médico Armand N. que sofre as consequências da cólera fraternal. O homem o agride violentamente. Ele lhe rompe as duas mãos, a ponto do médico ter que ser levado imediatamente para ser operado. O médico ficará durante 50 dias com incapacidade temporária de trabalho. [Ver texto completo, em francês, no link do título desta seção.]

Em Créteil, a colocação de um botão de alerta

Damien Mascret -- Le Figaro, 27/9/2016

É o maior setor de emergências do Vale do Marne. A cada ano, o Centro Hospitalar Intercomunitário de Créteil (Chic) recebe 100.000 pessoas, entre crianças, adultos e gestantes. Praticamente sem confrontos. A arquitetura foi concebida para separar a sala de espera dos locais de atendimento médico, botões de alerta deflagram a chegada de um agente da segurança, os vigias intervêm graças ao videomonitoramento ...

Christophe Prudhomme: "Formar pessoal apto para a contenção física"

Anne Jouan -- Le Figaro, 27/9/2016

Christophe Prudhomme é o porta-voz da Associação do Médicos de Emergência da França (Amuf, na sigla francesa) e trabalha no Samu [Serviço de Ajuda Médica de Urgência] de Bobigny. Para ele, o problema vem em parte do número muito grande chegando às emergências, da falta de clínicos gerais [médecins généralistes -- também chamados "médicos de família" e médicos da cidade (médecins de ville) ou médicos de bairro -- médicos que diagnosticam os sintomas antes de tratar a doença ou enviar o paciente a um outro especialista]: "Como nossos colegas médicos clínicos gerais estão sobrecarregados, os doentes se dirigem aos hospitais, aos serviços de emergências". Segundo ele, "é preciso formar pessoal hospitalar em gestão da violência, onde se aprenderá a mediação e a contenção física, seja com relação a pacientes agressivos ou para doentes mais de caráter psiquiátrico. Existem técnicas para reduzir o nível de agressividade".

Laicidade: o hospital sob tensão comunitária

Caroline Beyer -- Le Figaro, 27/9/2016

Uma enormidade de ferramentas teóricas e muito poucos avanços concretos sobre o tema da laicidade no hospital. É a constatação feita por Annick Girardin, ministra da Função Pública. Em setembro, instalou uma comissão "Laicidade e a função pública", que era esperada gerar suas recomendações em meados de novembro. "Cartas, guias, vade-mécum ... Se já existe um certo número de coisas, observa-se que na ausência de sua hierarquia os agentes nos falam de uma forma de abandono e sofrimento", explica a ministra, que no dia 23 de setembro esteve no hospital Bichat, em Paris, para escutar seus empregados. 

Pacientes recusando-se a serem examinados por um médico do sexo oposto, ou que sua mulher o seja, recusas de fazer transfusão, tensões por ocasião de visitas de familiares quando os pacientes estão em quartos duplos, regime alimentar particular, inclusive para bebês ... O hospital público é confrontado por reivindicações religiosas. Epicentros dessas tensões: as emergências e as maternidades.

"Por pouco teríamos um centro islâmico no bairro, eles impõem suas condições nas emergências! Nós estamos na linha de frente", deixa escapar Patrick Pelloux, presidente da Amuf. "Todas as religiões têm fixação pela saúde, que afeta a vida e a morte", prossegue ele, descrevendo "um combate do islamismo conservador intransigente para se apossar da saúde". Violento, ele denuncia as violações da laicidade pelo pessoal que presta atendimento e que é obrigado a respeitar a a estrita neutralidade, e face ao que ocorre reclama da "falta de coragem de certos médicos e de diretores de faculdades de medicina", que toleram o véu em suas dependências. 

Em dezembro de 2015, em uma nota dirigida aos diretores de hospitais, o diretor-geral do AP-HP [Assistência Pública - Hospitais de Paris] explicava que havia sido abordado por vários diretores para que esclarecesse a questão dos uniformes ou padrões de vestimentas para o pessoal e as tentativas de contorná-las/desrespeitá-las. Lembrando a rejeição, pela Corte Europeia dos Direitos do Homem, da petição de uma mulher usuária de véu, ele explicava que "o uso de gorro/carapuça ou qualquer outro tipo de capuz não pode ser admitido fora dos locais em que são recomendados. Isso, da mesma forma, se aplica às roupas que acobertam/escondem quem as veste", acrescenta a nota. 

"Vivemos uma regressão", constata por seu lado Philippe Deruelle, secretário-geral do Colégio Nacional de Ginecologistas e Obstetras franceses, que em 2006 alertava os poderes públicos, após a agressão de ginecologistas por maridos de pacientes. Ele descreve profissionais confrontados com o sofrimento psicológico de proibidas de usar contraceptivos e coagidas a uma gravidez que não desejam. No hospital Jeanne de Flandre de Lille, onde clinica, a reunião feita a cada dois meses para realizar um balanço das violências nas emergências médicas registra de cinco a seis casos ligados ao islamismo conservador intransigente.



quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Caso Geddel, a lápide que faltava para o governo Temer

Há um velho e sábio ditado que diz que quem nasceu para ser um fusca, jamais será um Mercedes. Eu diria que tivemos na Presidência da República três exemplos seguidos da profunda verdade desse dito popular, com mais ênfase para Dilma Rousseff e Michel Temer. Este libanês revelou-se de vez um político rastaquera, de baixíssimo padrão ético, um anão para o cargo sob qualquer ponto de vista.

Assumindo o cargo no rescaldo de um tsunami de corrupção, Temer mostrou rapidamente que gosta mesmo é de se ver cercado de gente aética, desfibrada moralmente, assaltantes da cidadania, descumpridores de quaisquer princípios de decência no desempenho em seus cargos e no uso da coisa pública. Na composição de seu ministério predominou o marrom, uma cor mal-cheirosa. Escândalos pipocam a três por dois no Palácio do Planalto e na Esplanada dos Ministérios.

Seu primeiro Advogado-Geral da União (AGU), Fábio Medina Osório (sem partido), foi demitido pouco depois de assumir o cargo, por pressões internas, e saiu denunciando pressões do governo via Eliseu Padilha, de quem teria recebido instruções para ficar longe da Lava-Jato e obstruir seu andamento. Ele caiu, e nada foi apurado.

Seu ministro da Agricultura é Blairo Maggi (PP). Paranaense, Blairo Maggi é um dos mais conhecidos e poderosos políticos amazônicos. Segundo levantamento do Greenpeace, é responsável por pelo menos metade da devastação ambiental brasileira entre os anos de 2003 e 2004. Conhecido com o “Rei da Soja”, em 2003 declarou ao jornal The New York Times: “Um aumento de 40% no desmatamento da Amazônia não significa nada. Não sinto a menor culpa pelo que estamos fazendo por aqui”. Em 2005, quando governador do estado de Mato Grosso, Maggi foi contemplado com o antiprêmio Motosserra de Ouro - criado pela ONG ambientalista Greenpeace - por sua relevante contribuição ao desmatamento e à destruição da Floresta Amazônica. No entanto, Maggi se recusou a receber o prêmio, que seria entregue pela Mulher Samambaia durante um movimentado evento conduzido pelo Repórter Vesgo.

Seu ministro-chefe da Casa Civil é Eliseu Padilha (PMDB). Ele é réu em uma ação civil de improbidade administrativa na qual é acusado de ordenar o pagamento superfaturado de R$ 2 milhões a uma empresa, quando foi ministro dos Transportes do governo Fernando Henrique Cardoso (1997-2001). Na ação, ajuizada em 2003 pelo Ministério Público Federal e aceita em 2013 pela 6ª Vara Federal do DF, Padilha é apontado como "lobista" que usou do seu cargo para atender a "pleitos políticos para pagamentos absolutamente ilícitos e ainda por cima superfaturados". Em abril de 2015, Padilha foi acusado de fazer lobby junto à Eletrobras, em conluio com o então diretor de Engenharia da empresa, Valter Cardeal, a favor da empresa elétrica portuguesa EDP, da qual Padilha é parceiro comercial através de um emaranhado de empresas no Rio Grande do Sul. 

Seu ministro do Esporte é Leonardo Picciani (PMDB). Ele e seu pai, Jorge Picciani (presidente da Alerj - Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) são alvos de representação no Tribunal Regional Eleitoral do Rio por captação e gastos ilícitos na campanha de 2014, de acordo com o portal ExcelênciasO processo, sob segredo de justiça, envolve a gráfica High Level Signs, que continha material não declarado de campanha do parlamentar e dos deputados federais Marco Antonio Cabral (PMDB), Pedro Paulo (PMDB) e Otávio Leite (PSDB).

Seu ministro da Integração Nacional é Helder Barbalho (PMDB), filho do "famoso" Jader Barbalho. Por ocasião da sua candidatura à reeleição como deputado estadual no Pará, a Associação dos Magistrados Brasileiros divulgou, em 2008, uma lista com vários candidatos a prefeito que respondem a ação penal por improbidade administrativa. Na lista, figurava o nome de Helder Barbalho e seu vice, Divino dos Santos. Helder respondia, na ocasião, a ação civil pública por improbidade administrativa nº 2008.1.002730-7, que tramitava na 4ª Vara Cível de Ananindeua.

Seu ministro do Meio Ambiente é Sarney Filho (PV). Em uma das etapas  das investigações da Operação Lava-Jato, em junho de 2016, o ex-senador Sérgio Machado, em termos de delação premiada, apontou que repassou dinheiro ilegal ao ex-presidente, José Sarney, sendo que do montante, apenas R$ 2,25 milhões foram por meio de doações eleitorais, incluindo R$ 400 mil para a campanha de deputado federal de Sarney Filho em 2010, quando o mesmo pertencia ao PV.

Seu ministro das Relações Exteriores é José Serra (PSDB). Contra ele pesam as seguintes denúncias: Irregularidades em privatizações -- Correspondência com petrolíferasNo ano de 2009, o site Wikileaks vazou documentos do consulado americano no Rio de Janeiro, entre os quais encontrava-se uma uma correspondência entre José Serra e executivos das petrolíferas norte-americanas Chevron e Exxon, onde ele assumia o compromisso de mudar as regras de exploração do pré-sal brasileiro para beneficiar a empresa americana bem como outras empresas petrolíferas estrangeiras. Naquela ocasião, José Serra prometeu às empresas estrangeiras que a lei de exploração petrolífera seria alterada caso os interesses destas empresas fossem atingidos pelo Congresso Nacional. -- Funcionária fantasmaOutra polêmica envolvendo o senador ocorreu no início de 2016, após Lauro Jardim do jornal O Globo denunciar que José Serra mantinha uma funcionária fantasma empregada em seu gabinete chamada Margrit Dutra Schmidt - irmã da jornalista Miriam Dutra que teve um romance de seis anos com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. De acordo com a reportagem de O Globo, Margrit recebe salário de gabinete no Congresso Nacional há 15 anos, porém nunca teria comparecido ao trabalho, sendo inclusive desconhecida pelos colegas de gabinete. José Serra negou que Margrit seja uma funcionária fantasma, esclarecendo que os demais assessores não a conhecem porque ela trabalha em casa – uma prática que é vetada pelo Senado. Serra disse ainda que não pode revelar qual é a natureza do trabalho efetuado por Margrit Dutra Schmidt, por ser um projeto sigiloso na área da educação. -- Escândalo das licitações de transportes públicos -- Renovação de passaportes diplomáticosInforma O Globo que Serra, logo no quinto dia como Ministro das Relações Exteriores, renovou a concessão de passaporte diplomático ao pastor Samuel Cássio Ferreira e à sua esposa, Keila Campos Ferreira. Samuel é investigado pela Operação Lava Jato sob a acusação de lavar 250 mil reais de propina em benefício de Eduardo Cunha. A cifra teria sido depositada numa conta corrente da igreja Assembleia de Deus.

Seu ministro-chefe da Secretaria de Governo é Geddel Vieira Lima (PMDB). Este é o homem do momento. Geddel é citado no escândalo envolvendo os chamados "Anões do orçamento", descoberto em 1993, em que parlamentares manipulavam emendas orçamentárias com a criação de entidades sociais fantasmas ou participação de empreiteiras no desvio de verbas. O esquema era comandado pelo deputado baiano José Alves, que ficou conhecido por referir ter ganhado 56 vezes na loteria só em 1993. Geddel era apoiado político de João Alves e foi responsável pela liberação de várias emendas para ele. Foi também acusado de ter recebido verba de empreiteiras.   

De acordo com uma reportagem do jornal O Globo, uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), afirmou que durante a gestão de Geddel Vieira Lima a frente do Ministro da Integração Social, o Estado da Bahia foi favorecido em relação à liberação de verbas destinadas a ações de prevenção a catástrofes. Entre 2004 e 2009, a Bahia recebeu R$133,2 milhões, equivalente a 37,25% do total de recursos liberados no período para ações de prevenção a desastres. Neste período, conseguiu liberar quase R$ 255 milhões para obras em 137 cidades da Bahia, principalmente na área de saneamento e abastecimento de água. 

Após se desincompatibilizar do cargo de ministro em 30 de março de 2010, Geddel se lançou como candidato ao Governo da Bahia nas eleições de 2010 pelo PMDB com a coligação "A Bahia Tem Pressa". Neste pleito, Geddel se destacou pela interatividade com os internautas através do seu site campanha e do seu twitter. Apesar do despejo de dinheiro público do Ministério em obras que privilegiaram a Bahia com fins eleitorais, Geddel terminou a eleição em terceiro lugar, com apenas um milhão e trinta e oito de votos (15,5% dos votos válidos).

Neste mês de novembro, Geddel foi acusado pelo então ministro da Cultura, Marcelo Calero, de tê-lo pressionado para, contrariando o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), aprovar a construção de um espigão de 24 andares do qual Geddel comprou um apartamento na planta. O problema é que o Iphan só admite 13 andares para o prédio, situado em zona repleta de imóveis históricos em Salvador, e o imóvel de Geddel fica no 20° andar, segundo relata Elio Gaspari em sua coluna de hoje. Marcelo Calero pediu demissão por causa desse incidente. 

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República imediatamente se posicionou para julgar a atitude de Geddel, mas Temer foi ainda mais lépido e anunciou que manteria Geddel no cargo antes mesmo que a Comissão se mexesse. Temer passou por cima de um órgão vinculado ao seu cargo para preservar uma amizade (ele e Geddel são velhos amigos) e evitar qualquer transtorno para Geddel e o governo. Temer endossou a atitude de um ministro seu, seu amigo do peito, que foi absolutamente antiético e usou do cargo para obter benefícios pessoais visando ampliar seu patrimônio próprio. Geddel é amplamente conhecido por sua hiperbólica grosseria, sua prepotência, e sua predileção por abuso de autoridade. Temer deu sinal aos correligionários e amigos que seus interesses pessoais prevalecerão sempre sobre os interesses do Estado. Temer mostrou-se frouxo, permissivo e indigno do cargo, mais uma vez.

O Planalto rapidamente articulou com sua base um movimento de apoio explícito a Geddel, consumado por um documento assinado por 27 "líderes" partidários, dando suporte total e irrestrito a Geddel e classificando-o de "indispensável" à governança do país. Seu gesto imoral com o ex-ministro Calero foi classificado simplesmente de "falha humana". Planalto e Congresso deram o assunto por encerrado. Incorporando a grosseria explícita do amigo Geddel, Temer descumpriu o ritual e sequer agradeceu -- ainda que para inglês ver -- o trabalho do ex-ministro Calero ao empossar seu sucessor, Roberto Freire (PPS). 

Parentes de Geddel -- um primo e um sobrinho -- atuam como representantes do empreendimento La Vue junto ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Mais uma prova evidente de tráfico de influência e coação contra um órgão público. Temer, o frouxo, acha isso apenas uma falha humana.

Geddel Vieira Lima e seus acólitos subservientes logo após a divulgação do apoio do Congresso e do Planalto à sua permanência no cargo - (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

Na emblemática foto acima, Geddel e seus cúmplices e capachos riem às gargalhadas de todos nós, inocentes idiotas que deixamos nas mãos dessa corja o nosso destino. 

O recém-nomeado líder de Michel Temer no Senado é o famigerado Romero Jucá, seu ex-ministro do Planejamento forçado a deixar o cargo após vazamento de áudios de uma conversa com ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, onde Jucá diz que “tem que ter impeachment” e fala da necessidade de “um pacto” em relação à Operação Lava-Jato.

De acordo com o relatório da Comissão Nacional da Verdade, Romero Jucá é o responsável pelo genocídio de índios ianomâmis em consequência das epidemias levadas pelos garimpeiros, que entraram em terras indígenas com autorização de Romero Jucá, na época, presidente da FUNAI.

Romero Jucá teve seu nome envolvido no esquema de corrupção da Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato, nos depoimentos de colaboração com a justiça do ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa. Jucá ainda foi citado em recebimento de propina em obras de Angra 3, também investigado pela força-tarefa da Lava Jato. Em 6 de março de 2015, o ministro do Supremo Tribunal FederalTeori Zavascki, autorizou a abertura de investigação contra o senador, tirando o sigilo do pedido de abertura de inquérito.

Em 23 de maio de 2016, o jornal Folha de S.Paulo, divulgou a gravação de uma conversa entre Jucá e Sérgio Machado, da Transpetro. Em diálogos gravados em março passado, Romero Jucá sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma "mudança" no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos.

Em 7 de junho de 2016, o Procurador-Geral da República (PGR), Rodrigo Janot, pediu a prisão de Romero Jucá, de Renan Calheiros e o ex-presidente José Sarney. De acordo com o PGR, eles tentaram mudar a decisão do Supremo que prevê a prisão de condenados a partir da segunda instância e que planejaram mudar a lei, para permitir delação premiada apenas para pessoas em liberdade, e não para presos investigados e também pressionaram para que acordos de leniência das empresas pudessem esvaziar as investigações.

Em 5 de setembro de 2016, a Polícia Federal apontou indícios de que o PMDB e os senadores Romero Jucá (RR), Renan Calheiros (AL), Jader Barbalho (PA) e Valdir Raupp (RO) receberam propina das empresas que construíram a usina de Belo Monte, no Pará, por meio de doações legais, segundo relatório que integra inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal. Um dos indícios é o volume de contribuições que o partido recebeu das empresas que integram o consórcio que construiu a hidrelétrica: foram R$ 159,2 milhões nas eleições de 2010, 2012 e 2014. O relatório da PF ainda junta a versão com informações de outro delator, o ex-senador Delcídio do Amaral, de que senadores peemedebistas comandavam esquemas de desvios de empresas do setor elétrico. A conclusão do documento foi de que todos os quatro receberam as maiores contribuições de suas campanhas não de empresas, mas do PMDB.

Em final de abril de 2016, a relatora da Operação Zelotes, ministra Cármen Lúcia do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu inquérito para apurar suposto envolvimento do presidente do Senado, Renan Calheiros, e do senador Romero Jucá, com a venda de emendas a medidas provisórias relacionadas ao setor automotivo editadas pelo governo federal. Renan e Jucá já são investigados em outros inquéritos da Operação Lava Jato por envolvimento com fraudes na Petrobras.
Em 23 de novembro de 2016, o STF autorizou a abertura de um inquérito na Zelotes, que apura fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o tribunal de recursos da Receita Federal. Jucá será investigado por corrupção passiva e prevaricação.


Com essa curriola e o apoio indecente e inaceitável a Geddel Vieira Lima, forçoso é reconhecer que o governo Michel Temer já era.

domingo, 20 de novembro de 2016

As Belas Artes na Medicina (II) -- a arte de Frida Kahlo reflete seus vários problemas físicos e psicológicos

[Ver postagem anterior. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Frida Kahlo: trajetória marcada por doenças



Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón (1907-1954) - (Foto: Google) - Obs.: esta foto não consta do livro que usei como referência para esta postagem.

(...) Aos seis anos de idade, Frida contraiu poliomielite. A doença deixou como marcas o membro inferior direito mais curto e a musculatura atrofiada. (...)

Quando Frida tinha 18 anos, o ônibus no qual ela viajava chocou-se com um bonde. Em consequência da gravidade do acidente, em que várias pessoas morreram, ela sofreu fraturas em três vértebras, fragmentação da tíbia e fíbula direitas, além de três fraturas da bacia. Quando ainda estava convalescendo das múltiplas fraturas sofridas no acidente de ônibus, Frida fez em seu diário uma aquarela retratando sua visão do acidente.


Frida Kahlo (1907-1954) - Acidente (1926), gravura a lápis - (Foto: Portal Médico)

Por conta da fratura de bacia, Frida foi informada de que não poderia ter filhos de parto normal, e era recomendável portanto que evitasse engravidar. O acidente também destruiu seu sonho de ser médica. Em 1929, sofreu o primeiro aborto; em 1932, o segundo e último. Seu grande desejo era ter filhos, e a impossibilidade de concretizá-lo naturalmente deixou-a extremamente traumatizada.

Nesse período, Frida pintou o quadro O Hospital Henry Ford, também conhecido como A Cama Voadora (1932). O quadro mostra a pintora deitada no leito do hospital, localizado em Detroit, EUA. Flutuando sobre o leito podem ser vistos um feto do sexo masculino, um caramujo e um modelo  anatômico de abdome e de pelve (bacia). No chão, abaixo do leito, são vistos uma pelve óssea, uma flor e uma autoclave. 

Frida Kahlo (1907-1954) - O Hospital Henry Ford, ou A Cama Voadora (1932). Óleo sobre metal, 77,5 x 96,5 cm. Coleção Fundação Dolores Olmedo (México) - (Foto: Google)

Todas as seis figuras estão presas à mão esquerda de Frida por meio de artérias, de modo a lembrar os vasos de um cordão umbilical. O lençol sob Frida está bastante ensanguentado. Seu corpo é demasiado pequeno em relação ao tamanho do leito hospitalar, de modo a sugerir seu sofrimento e sua grande solidão.

Do olho esquerdo de Frida goteja uma enorme lágrima, simbolizando a dor de uma mãe pela perda do filho; a pelve óssea é um testemunho da causa anatômica da impossibilidade de ser mãe.

Uma pintura marcante do ponto de vista médico intitula-se O Meu Nascimento, de 1932. Nesse quadro a  óleo, a artista imagina como teria sido o parto do qual havia nascido, ligando a cena ao seu trauma quando sofreu os abortos. A cabeça da mãe de Frida encontra-se coberta por um lençol, em alusão ao fato de que sua genitoras falecera no período em que ela pintava esse quadro.

Frida Kahlo (1907-1954) - Meu Nascimento (1932), óleo sobre metal. Coleção particular (EUA) - (Foto: Google)

Há também uma pintura chamada Recordação, o Coração,  de 1937, em que ela pinta um coração do tamanho proporcional ao seu sofrimento ao ter descoberto  que seu marido, o também pintor e muralista Diego Rivera (1886-1957), mantinha um romance com sua irmã Cristina. No quadro, ela se mostra com o tórax traspassado por um objeto perfurante, enquanto o coração sangra no chão, exprimindo sua imensa angústia.

Frida Kahlo (1907-1054) -- Recordação, o Coração (1937), autorretrato, óleo sobre metal, 40 x 28,3 cm. Coleção Michel Petitjean (Paris) - (Foto: fridakahlo.org)

É interessante observar que há um curativo no seu pé esquerdo, que se explica porque, na verdade, os ferimentos nesse pé de Frida nunca cicatrizaram, tendo evoluído para osteomielite com consequente amputação. Cerca de dois anos após a amputação, fato que a deixou extremamente deprimida, a pintora veio a falecer. [Sua face não tem expressão, apenas lágrimas. Ela cortou o cabelo bem rente, e usa roupa de estilo europeu, seu preferido no período em que esteve separada de Diego Rivera. Como sempre, Frida usa seus ferimentos físicos para expressar seus danos psíquicos. Ao fundo, seu uniforme escolar e sua roupa de Tehuana, cada uma com apenas um braço, e com Frida posando sem braços e parecendo impotente.]

Frida tinha 11 meses quando a irmã Cristina nasceu. Por causa da recém-nascida, sua mãe entregou-a para ser amamentada por uma ama de leite. Um profundo sentimento de rejeição seguiu a pintora por toda vida e foi expresso no quadro Eu Mamando, também chamado A Minha Ama e Eu, de 1937. 

Frida Kahlo (1907-1954) - Eu Mamando, ou A Minha Ama e Eu, (1937), óleo sobre tela. Coleção Fundação Dolores Olmedo (México) - (Foto: Google)

Para retratar a frieza com que a ama de leite a amamentava, Frida pinta os olhos e a face dela de negro, tirando-lhe a personalidade e mostrando que não queria que a fitasse. A nutriz é vista por transparência e é possível identificar a glândula mamária e seus dutos. Da mama direita, com o mamilo enrijecido, também goteja leite.

A pintura denominada As Duas Fridas, de 1939, mostra a anatomia do coração. O objetivo dessa tela foi mostrar as duas personalidades que dominavam Frida quando da crise conjugal que resultou na separação de Diego Rivera. O trauma causado pela separação gerou uma pintura com um toque anatômico: uma personalidade é a Frida mexicana, a outra é a Frida distante, europeia.

Frida Kahlo (1907-1954) -- As Duas Fridas (1939), óleo sobre tela, 173 x 173 cm. Museu de Arte Moderna (México) - (Foto: Google)

Os corações em sofrimento estão unidos por veias braquiocefálicas direitas de ambos os corações. Tais veias estão tão unidas quanto unidas estão as mãos das Fridas. A Frida europeia mostra seu coração dilacerado, aberto, com sua anatomia à mostra. A sua veia subclavia direita está presa por uma pinça sob controle da mão direita, dando a entender que a qualquer momento a Frida abandonada se deixará esvair em sangue até a morte.

Depois de se submeter a mais uma operação de coluna, em 1946, agora em Nova Iorque, Frida pinta o quadro Árvore da Esperança, Mantém-te Firme.

Frida Kahlo (1907-1954) -- Árvore da Esperança, Mantém-te Firme (1946), óleo sobre tela. Galeria de Artes Isadora Ducasse (Nova Iorque) - (Foto: Google)

Ele retrata seu sofrimento, simbolizado pela noite, enquanto a esperança de recuperação é mostrada pelo sol brilhando no início de um novo dia. O chão sobre o qual Frida repousa encontra-se todo fendido, rachado, simbolizando as fraturas em seus ossos. Sobre a maca, ela deixa à mostra as regiões lombar e pélvica, nas quais pode-se ver a incisão sangrenta feita para a osteossíntese vertebral [osteossíntese é a aplicação de material (geralmente metálico) na coluna vertebral de modo a estabilizá-la, criando condições para ocorrer fusão vertebral (artrodese) e/ou consolidação de fraturas. Usam-se, entre outros, barras, parafusos, ganchos, cabos, placas, etc.], e outra incisão, oblíqua, na projeção da crista ilíaca direita, de onde foi retirado osso para enxertia.  

A Frida sentada ao lado da maca, com vestimenta tehuana, segura na mão esquerda o colete ortopédico que ela sonhava abandonar quando estivesse curada. Na mão direita, ela tem uma bandeira cujos dizeres deram nome ao quadro. 

A pintora se submeteu a mais de 30 cirurgias, entre as quais sete de coluna. O Dr. Juan Farrill foi o médico que operou sua coluna e foi homenageado por Frida com o quadro Autorretrato com o Retrato do Dr. Farril (1951).

Frida Kahlo (1907-1954) - Autorretrato com o retrato do Dr. Farril (1951), óleo sobre fibra dura, 41,5 x 50 cm, Galeria Arvil (Cidade do México) - (Foto: Google)

[Frida considerava que o Dr. Farrill havia salvado sua vida, o que explicaria o fato dela ter feito o quadro sob a forma de um ex-voto (retábulo). Na tela, o médico aparece em um lugar normalmente ocupado por um santo e Frida aparece como a vítima infortunada que ele salvou. Confinada em uma cadeira de rodas, Frida pinta com seu próprio sangue, usando seu coração como uma paleta -- talvez fosse essa sua maneira de dizer que pintava o quadro desde o fundo de seu coração. Os pincéis que ela mantém firmemente em suas mãos mais parecem instrumentos cirúrgicos ensanguentados.]

Corria o  ano de 1954 quando Frida resolveu retratar sua convicção, ou simpatia, pelo marxismo. Ela então pinta O Marxismo Dará Saúde aos Enfermos

Frida  Kahlo (1907-1954) -- O Marxismo dará Saúde aos Enfermos (1954), óleo sobre fibra dura, 76 x 61 cm. Museu Frida Kahlo (A Casa Azul), Cidade do México - (Foto: Google)

Nessa obra, a artista exterioriza seu sonho de que o marxismo acabaria com todo o sofrimento e dor que subjugam a humanidade. Ela estava tão entusiasmada com a ideia de que o marxismo seria a esperança  de novos dias para o povo mexicano que, nessa pintura, abandona as muletas, embora se mantenha com o colete ortopédico. As mãos do marxismo a envolvem num gesto aconchegante. A pomba da paz voa no céu. O mundo, dividido entre marxistas e capitalistas, aparece à sua direita; à esquerda de Frida vê-se Karl Marx estrangulando Tio Sam, cujo corpo é a águia americana. A mão esquerda de Frida segura o livro vermelho do comunismo, e próximo a ele vê-se o cogumelo da bomba atômica. A pomba, observamos, parece alçar voo a partir da Rússia (ex-URSS) e da China.

Em 1954, Frida Kahlo foi encontrada morta. Seu atestado de óbito registra embolia pulmonar como a causa da morte. A última anotação em seu diário permite aventar-se a hipótese de suicídio.

Última página do diário de Frida Kahlo (1907-1954) -- Última frase: "Espero alegre a saída -- e espero não voltar jamais"  - (Foto: Google)



quinta-feira, 17 de novembro de 2016

As Belas Artes na Medicina (I) -- exemplos na mitologia egípcia e em Leonardo da Vinci

[Esta postagem se baseia em dois excelentes livros que ganhei de meu médico e grande amigo Ricardo Cruz:

  • As Belas Artes da Medicina - Armando J. C.Bezerra -Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal - Brasília, março de 2003
  • Os Quadros da Academia Nacional de Medicina e suas Histórias - Acad. Francisco J. B. Sampaio - Editora Academia Nacional de Medicina, 2016]
O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

As Belas Artes da Medicina

Armando J. C. Bezerra - 2003

A coluna vertebral na História, na arte e no amor

A Pirâmide de Zoser, também chamada de Pirâmide Escalonada ou Pirâmide de Saqqara, Egito, cerca de 2.650 a.C - (Foto: Google)

Tem início no Egito a história da coluna vertebral, com o vizir (primeiro-ministro) do faraó Djoser (Zoser) chamado Imhotep, que era também arquiteto, médico e um apaixonado por Medicina. Quando traduzia um papiro encontrado numa região do Egito, o egiptólogo Edwin Smith deparou-se com informações extremamente interessantes: "Caso 33 - Instruções concernentes a uma vértebra amassada no pescoço: se examinares um homem com uma vértebra fraturada no pescoço, acharás que uma vértebra para junto da outra, enquanto ele está mudo e não pode falar; a sua queda de cabeça para baixo foi o que causou o desabamento de uma vértebra sobre a outra; verás que ele não tem consciência de seus dois braços e de  suas duas pernas. Dirás em relação a esse  homem: "É um caso de vértebra amassada no pescoço; ele está inconsciente de seus dois braços e duas pernas. Este mal não pode ser ratado".

É admirável que, mais de dois mil anos antes de Cristo, um médico tenha relatado um caso de fratura de coluna vertebral cervical com consequente tetraplegia. Naquela época, Imhotep já advertia que não havia cura para isso. E até hoje, continua não havendo.

Imhotep era tão fascinado por coluna vertebral, que mandou construir uma pirâmide que lembra as vértebras empilhadas.  A  Pirâmide de Degraus de Saqqara é a mais antiga do mundo (cerca de 2.650 a.C.). Depois que fez a pirâmide, Imhotep passou a ser considerado um deus da Medicina, pois os egípcios achavam que somente um deus poderia criar uma pirâmide tão monumental. [Construída na necrópole de Saqqara, a nordeste da cidade de Mênfis, é o edifício central de um grande complexo mortuário num amplo pátio cercado por estruturas com elementos decorativos cerimoniais.]

A coluna de Osíris

O deus Osíris, irmão e marido da deusa Ísis, era uma divindade em forma de ave.  Seu irmão, chamado Seth, apaixona-se por Ísis. Para ficar com ela, decide matar e esquartejar Osíris. Como as  divindades egípcias tinham frequentemente o poder de voar, Seth voa sobre o deserto do Saara e do alto espalha fragmentos do corpo do irmão, de maneira que Ísis jamais pudesse ter o marido de volta. Um dos pedaços do corpo, o pênis, caiu não no  deserto, mas no rio Nilo, sendo comido pelos peixes.

Querendo reconstituir o corpo de Osíris, sua esposa sobrevoa o deserto, junta os fragmentos e consegue o seu objetivo. Ísis resolve ter um filho com Osíris, mas falta-lhe o pênis. Ela então faz um membro totalmente de ouro, pousa sobre ele e engravida. Dessa gravidez, nasce Hórus. Este cresce e toma  conhecimento de que seu pai fora morto pelo tio Seth. Hórus resolve vingar-se e entra em luta corporal com Seth. Na briga, perde o olho esquerdo. O deus Toth, vendo que a perda do olho aconteceu por causa da devoção de Hórus ao pai Osíris (atitude de vingança) repõe nele um olho esquerdo novo. É por isso que o olho esquerdo, cuja forma lembra a letra R, é usado nos receituários médicos como amuleto e invocação para que Hórus ilumine o médico na prescrição de remédios capazes de curar (ver "O significado do R no receituário médico", em Admirável Mundo Médico, pág. 74, publicado pelo CRM-DF).


Ísis, sob a forma de um pássaro, copula com o falecido Osíris. Nos extremos temos, de um lado Hórus (embora ainda não nascido) e Ísis sob forma humana - Relevo da ressuscitação do deus Osíris pela deusa Ísis na câmara mortuária de Seth I, em Abydos (Egito) - (Foto: Olaf Tausch)



Gravura reproduzindo o relevo acima - (Foto: Google) - Obs.: nenhuma destas duas representações é a que consta do livro, porque não consegui encontrá-la e escaneá-la não daria bom resultado)


Da mesma maneira que no Brasil se usam comumente como amuletos a fita do Senhor do Bomfim, a figa e o pé de coelho, um amuleto muito popular no Egito é a coluna de Osíris, usada por quem quer ter saúde. Esse segmento de coluna geralmente evidencia, de maneira individualizada, três corpos vertebrais cervicais e três discos intervertebrais.


Coluna Vertebral de Osíris, gravura egípcia - (Foto: Google)

A coluna vertebral desenhada por Leonardo da Vinci

Um dos primeiros estudiosos e artistas a desenhar com perfeição a coluna vertebral humana foi Leonardo da Vinci (1452-1519), que foi o primeiro a mostrar a coluna com sua totalidade de vértebras: 33. Os desenhos de da Vinci são tão perfeitos que, apesar de feitos no período do Renascimento, já detalhavam todos os acidentes anatômicos de vértebras complexas como o atlas e o áxis. Também com perfeição, Leonardo da Vinci desenhou o sacro.

Abaixo do sacro ele desenhou o cóccix, assim chamado porque lembra o bico de uma ave europeia chamada cuco, muito representada no passado em relógios de parede, de onde saía para avisar a hora certa. "Cócciz" é o termo grego (kókkyx) para "cuco".

Um dos desenhos mais notáveis de da Vinci chama-se O Coito (1492), que mostra o corte sagital de um casal durante a cópula. 

Leonardo da Vinci (1452-1519) - O Coito (1492), desenho a caneta e tina, 27,3 x 20,2 cm. Castelo de Windsor (Windsor) - (Foto: Google)

Detalhe do desenho anterior - (Foto: Google)

O artista acreditava que o receptáculo de armazenamento dos espermatozóides era o cérebro, e que o pênis possuía duas uretras, uma com função urinária e ligada diretamente à bexiga, e outra  situada superiormente à urinária e originada da medula espinhal. Assim, estava explicada sob o ponto de vista de Leonardo da Vinci a via ejaculatória: os espermatozóides saíam do cérebro, passavam pela medula e, ao final do sacro, a uretra partia em direção à glande peniana.

Por que a primeira vértebra se chama atlas?

Obviamente é uma alusão ao deus da mitologia grega Atlas. Por causa de um desentendimento com Zeus, deus dos deuses, Atlas [um dos Titãs, 12 deuses que, segundo a mitologia, nasceram no início dos tempos; eles eram os ancestrais dos futuros deuses olímpicos (como Zeus, Afrodite, Apolo…) e também dos próprios mortais] recebeu o castigo de ter que carregar, para o resto da vida, o globo terrestre. Como a primeira vértebra cervical suporta o peso da cabeça, é chamada de atlas para lembrar o sacrifício imposto ao deus grego.

Atlas segurando a Abóbada Celeste, ou Atlas de Farnese (200 d.C.). Escola Romana, Museo Nazionale Archeologico (Nápoles) - (Foto: Google)

A morte de Atlas se dá quando ele se transforma em pedra. Perseu [semideus, filho de Zeus que, sob a forma de uma chuva de ouro, entrou na torre em que estava enclausurada por seu pai Acrísio a mortal Dânae, e a engravidou -- Acrísio aprisionou a filha para evitar que tivesse um filho, porque um oráculo lhe disse que seria morto por seu neto filho de Dânae -- ver "Zeus, o pegador"], usando um escudo espelhado que havia  tomado emprestado de Atena (Minerva) se aproximou da górgona [criatura da mitologia grega, representada como um monstro feroz, de aspecto feminino e com grandes presas. Tinha o poder de transformar todos que olhassem para ela em pedra, o que fazia com que, muitas vezes, imagens suas fossem utilizadas como uma forma de amuleto; a górgona também vestia um cinto de serpentes entrelaçadas] Medusa, que tinha o poder de petrificar com o olhar quem a fitasse. Os raios de sol se refletiram no escudo e incidiram diretamente nos olhos de Medusa. Ofuscada, ela desvia o olhar de Perseu, que então  a degola, segura sua cabeça pelos cabelos de serpente e tenta atravessar as terras habitadas por Atlas. Este tenta expulsá-lo mas Perseu, enraivecido, mostra-lhe a cabeça de Medusa. Sem saber que não poderia fitá-la, Atlas então é petrificado e transformado no atual monte Atlas, na África.

Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio (1571-1610) - Medusa (1597), óleo sobre tela - Galleria dei Uffizi, Florença - (Foto: Google) - Ver: "Caravaggio, outro gênio fantástico da pintura"


Simbolicamente, para o povo egípcio, ganhar a ressurreição depende de se preservar a coluna vertebral. Assim, a mumificação tem o objetivo de preservar, fundamentalmente, a coluna vertebral. É como se ela fosse o passaporte para a vida eterna.

Aliás, o sacro (termo que vem do latim sacrum, sagrado) tem este nome por ser considerado pelos egípcios a única parte da coluna vertebral que não poderia jamais faltar para que a pessoa pudesse ter garantida a vida eterna.

domingo, 13 de novembro de 2016

O Brasil retratado em tabelas

Números dispensam palavras. Vamos a eles e ao que nos dizem sobre o Brasil. Na análise da posição do Brasil, vale sempre observar quais os países são/estão melhores que ele. Em todos os campos vitais para um país minimamente decente, a colocação é uma tremenda vergonha. É deprimente e revoltante observar que nada disso sensibiliza nem os políticos, nem os eleitores que os elegem.

EDUCAÇÃO

Ranking do PISA 2012 - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, da OCDE - Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos

Os resultados do PISA 2015 serão divulgados em dezembro próximo.


1. Xangai (China)  613 pontos
2. Cingapura   573 pontos
3. Hong Kong (China) 561 pontos
4. República da China  560 pontos
5. Coreia    554 pontos
6. Macau (China)  538 pontos
7. Japão   536 pontos
8. Liechtenstein  535 pontos
9. Suíça    531 pontos
10. Holanda    523 pontos
11. Estônia   521 pontos
12. Finlândia   519 pontos
13. Polônia   518 pontos
14. Canadá   518 pontos
15. Bélgica    515 pontos
16. Alemanha    514 pontos
17. Vietnã    511 pontos
18. Áustria   506 pontos
19. Austrália   504 pontos
20. Irlanda    501 pontos
21. Eslovênia    501 pontos
22. Nova Zelândia  500 pontos
23. Dinamarca   500 pontos
24. República Checa   499 pontos
25. França   495 pontos
26. Reino Unido  494 pontos
27. Islândia    493 pontos
28. Letônia    491 pontos
29. Luxemburgo  490 pontos
30. Noruega    489 pontos
31. Portugal   487 pontos
32. Itália   485 pontos
33. Espanha   484 pontos
34. Rússia   482 pontos
35. Eslováquia   482 pontos
36. Estados Unidos   481 pontos
37. Lituânia   479 pontos
38. Suécia   478 pontos
39. Hungria    477 pontos
40. Croácia   471 pontos
41. Israel   466 pontos
42. Grécia   453 pontos
43. Sérvia   449 pontos
44. Turquia   448 pontos
45. Romênia   445 pontos
46. Chipre    440 pontos
47. Bulgária   439 pontos
48. Emirados Árabes  434 pontos
49. Cazaquistão  432 pontos
50. Tailândia    427 pontos
51. Chile   423 pontos
52. Malásia   421 pontos
53. México   413 pontos
54. Montenegro  410 pontos
55. Uruguai   409 pontos
56. Costa  Rica  407 pontos
57. Albânia   394 pontos
58. Brasil   391 pontos
59. Argentina   388 pontos
60. Tunísia   388 pontos
61. Jordânia   386 pontos
62. Colômbia   376 pontos
63. Catar   376 pontos
64. Indonésia   375 pontos
65. Peru   368 pontos
1. Xangai(China)  570 pontos
2. Hong Kong (China) 545 pontos
3. Cingapura   542 pontos
4. Japão   538 pontos
5. Coreia   536 pontos
6. Finlândia   524 pontos
7. Canadá   523 pontos
8. República da China  523 pontos
9. Irlanda   523 pontos
10. Polônia   518 pontos
11. Estônia   516 pontos
12. Liechtenstein  516 pontos
13. Austrália   512 pontos
14. Nova Zelândia  512 pontos
15. Holanda    511 pontos
16. Macau (China)  509 pontos
17. Suíça    509 pontos
18. Bélgica   509 pontos
19. Vietnã   508 pontos
20. Alemanha   508 pontos
21. França   505 pontos
22. Noruega   504 pontos
23 Reino Unido  499 pontos
24. Estados Unidos   498 pontos
25. Dinamarca   496 pontos
26. República Checa   493 pontos
27. Áustria   490 pontos
28. Itália    490 pontos
29. Letônia   489 pontos
30. Espanha   488 pontos
31. Hungria   488 pontos
32. Luxemburgo        488 pontos
33. Portugal   488 pontos
34. Israel   486 pontos
35. Croácia   485 pontos
36. Suécia   483 pontos
37. Islândia   483 pontos
38. Eslovênia   481 pontos
39. Lituânia   477 pontos
40. Grécia   477 pontos
41. Rússia   475 pontos
42. Turquia   475 pontos
43. Eslováquia   463 pontos
44. Chipre   449 pontos
45. Sérvia    446 pontos
46. Emirados Árabes  442 pontos
47. Chile   441 pontos
48. Tailândia   441 pontos
49. Costa  Rica  441 pontos
50. Romênia    438 pontos
51. Bulgária   436 pontos
52. México   424 pontos
53. Montenegro  422 pontos
54. Uruguai   411 pontos
55. Brasil   410 pontos
56. Tunísia   404 pontos
57. Colômbia   403 pontos
58. Jordânia   399 pontos
59. Malásia   398 pontos
60. Argentina   396 pontos
61. Indonésia   396 pontos
62. Albânia   394 pontos
63. Cazaquistão  393 pontos
64. Catar   388 pontos
65. Peru   384 pontos
1. Xangai (China) 580 pontos
2. Hong Kong (China) 555 pontos
3. Cingapura   551 pontos
4. Japão   547 pontos
5. Finlândia   545 pontos
6. Estônia   541 pontos
7. Coreia    538 pontos
8. Vietnã   528 pontos
9. Polônia   526 pontos
10. Liechtenstein  525 pontos
11. Canadá   525 pontos
12. Alemanha   524 pontos
13. República da China 523 pontos
14. Holanda   522 pontos
15. Irlanda   522 pontos
16. Macau (China)  521 pontos
17. Austrália   521 pontos
18. Nova Zelândia   516 pontos
19. Suíça    515 pontos
20. Eslovênia    514 pontos
21. Reino Unido  514 pontos
22. República Tcheca   508 pontos
23. Áustria   506 pontos
24. Bélgica    505 pontos
25. Letônia   502 pontos
26. França   499 pontos
27. Dinamarca   498 pontos
28. Estados Unidos   497 pontos
29. Espanha   496 pontos
30. Lituânia   496 pontos
31. Noruega    495 pontos
32. Itália   494 pontos
33. Hungria   494 pontos
34. Luxemburgo   491 pontos
35. Croácia   491 pontos
36. Portugal   489 pontos
37. Rússia    486 pontos
38. Suécia   485 pontos
39. Islândia   478 pontos
40. Eslováquia   471 pontos
41. Israel   470 pontos
42. Grécia   467 pontos
43. Turquia   463 pontos
44. Emirados Árabes  448 pontos
45. Bulgária   446 pontos
46. Sérvia    445 pontos
47. Chile   445 pontos
48. Tailândia   444 pontos
49. Romênia   439 pontos
50. Chipre    438 pontos
51. Costa  Rica  429 pontos
52. Cazaquistão   425 pontos
53. Malásia   420 pontos
54. Uruguai   416 pontos
55. México   415 pontos
56. Montenegro  410 pontos
57. Jordânia   409 pontos
58. Argentina   406 pontos
59. Brasil   405 pontos
60. Colômbia   399 pontos
61. Tunísia   398 pontos
62. Albânia   397 pontos
63. Catar   384 pontos
64. Indonésia   382 pontos
65. Peru   373 pontos
SEGURANÇA PÚBLICA
Da esquerda para a direita, baixo escore de segurança até alto escore de segurança à direita


Tabela 1 - Índice Mundial de Segurança e Polícia Internas, Domínios e Indicadores (clique na imagem para ampliá-la)
Domínio
Capacidade
Processo
Legitimidade
Resultados
Indicador
Polícia
Forças Armadas
Segurança Privada
Capacidade Carcerária
Definição
Polícia - Número de policiais e agentes de segurança por cada 100.000 pessoas
Forças Armadas - Número de pessoal de serviço armado por cada 100.000 pessoas
Segurança Privada - Número de contratantes de segurança privada por 100.000 pessoas
Capacidade carcerária - Relação entre prisioneiros e a capacidade carcerária oficial
Corrupção - Controle da corrupção
Eficiência - Eficiência, imparcialidade e respeito a direitos pela Justiça Criminal
Pagamentos de suborno a policiais - % de réus/acusados que pagaram um suborno a um policial no ano anterior
Sonegação de informações  - Relação entre o número de roubos informados pela polícia e o número de roubos detectados por pesquisa
Devido processo (processo correto) - correto processo do acusado em termos legais e de direitos que lhe são inerentes
Confiança na polícia - % de réus/acusados que têm confiança na sua polícia local
Uso público, ganho privado - Autoridades do governo na polícia e nas forças militares que não usam o cargo público para ganho particular
Terrorismo político - Uso de força pelo governo contra seus próprios cidadãos
Homicídio - Número de homicídios intencionais por cada 100.000 pessoas
Crime violento - % de pessoas assaltadas ou ameaçadas no ano anterior
Terrorismo - Medição combinada de mortes, ferimentos e incidentes por terrorismo
Percepções/sensação de segurança pública - Sensação de segurança ao caminhar sozinho à   noite
Fonte
Polícia - UNODC [sigla inglesa para Escritório da ONU para Drogas e Crimes] - Pesquisa       sobre a tendência relativa a crimes
Forças Armadas - IISS [sigla inglesa para Instituto Internacional para Estudos Estratégicos] - Balanço militar
Segurança privada - Pesquisa sobre armas de pequeno calibre
Capacidade carcerária - Projeto Mundial sobre População Carcerária
Corrupção - Banco Mundial - Indicadores de Governança Mundial
Eficiência - Projeto Justiça Mundial
Pagamentos de suborno à polícia - Barômetro da Corrupção Global
Sonegação de informações - Análise do IEP (sigla inglesa para Proteção Internacional de       Executivos]
Devido processo (processo correto) - Projeto Justiça Mundial
Confiança na Polícia - Pesquisa Mundial Gallup
Uso público, ganho privado - Projeto Justiça Mundial
Terrorismo político - Projeto Escala de Terrorismo Político
Homicídio - UNODC [sigla inglesa para Escritório da ONU para Drogas e Crimes] - Pesquisa sobre a tendência relativa a crimes
Crime violento - Pesquisa Mundial Gallup
Terrorismo - Índice Global de Terrorismo
Percepções/sensação de segurança pública - Pesquisa Mundial Gallup

Tabela completa de resultados - Cabeçalho da tabela: País - Escore total - Capacidade - Processo - Legitimidade - Resultados - Dados imputados/presumidos (clique nas tabelas para ampliá-las)

      (Continuação da tabela anterior)


Continuação da tabela anterior -só agora aparece o Brasil

Última parte da tabela


As 50 cidades mais violentas no mundo, em número de homicídios por 100.000 habitantes em 2015
Dessa lista, 21 cidades são brasileiras ou seja, em 2015 nada menos que 42% das 50 cidades mais violentas do mundo estavam no Brasil.

THE 50 MOST DANGEROUS CITIES IN THE WORLD - BY HOMICIDES PER 100,000 INHABITANTS IN 2015

1. Caracas, Venezuela – 119.87
2. San Pedro Sula, Honduras – 111.03
3. San Salvador, El Salvador – 108.54
4. Acapulco, Mexico – 104.73
5. Maturin, Venezuela – 86.45
6. Distrito Central, Honduras – 73.51
7. Valencia, Venezuela – 72.31
8. Palmira, Colombia – 70.88
9. Cape Town, South Africa – 65.53
10. Cali, Colombia – 64.27
11. Cuidad Guayana, Venezuela – 62.33
12. Fortaleza, Brazil – 60.77
13. Natal, Brazil – 60.66
14. Salvador, Brazil – 60.63
15. St Louis, Missouri, U.S. – 59.23
16. João Pessoa, Brazil – 58.40
17. Culiacan, Mexico – 56.09
18. Maceió, Brazil – 55.63
19. Baltimore, Maryland, U.S. – 54.98
20. Barquisimeto, Venezuela – 54.96
21. Sao Luiz, Brazil – 53.05
22. Cuiabá, Brazil – 48.52
23. Manaus, Brazil – 47.87
24. Cumana, Venezuela – 47.77
25. Guatemala City, Guatemala – 47.17
26. Belém, Brazil – 45.83
27. Feira de Santana, Brazil – 45.5
28. Detroit, Michigan, U.S. – 43.89
29. Goiânia, Brazil – 43.38
30. Teresina, Brazil – 42.64
31. Vitória, Brazil – 41.99
32. New Orleans, Louisiana, U.S. – 41.44
33. Kingston, Jamaica – 41.14
34. Gran Barcelona, Venezuela – 40.08
35. Tijuana, Mexico – 39.09
36. Vitória da Conquista, Brazil – 38.46
37. Recife, Brazil – 38.12
38. Aracaju, Brazil – 37.7
39. Campos dos Goytacazes, Brazil – 36.16
40. Campina Grande, Brazil – 36.04
41. Durban, South Africa – 35.93
42. Nelson Mandela Bay, South Africa – 35.85
43. Porto Alegre, Brazil – 34.73
44. Curitiba, Brazil – 34.71
45. Pereira, Colombia – 32.58
46. Victoria, Mexico – 30.50
47. Johannesburg, South Africa – 30.31
48. Macapá, Brazil – 30.25
49. Maracaibo, Venezuela – 28.85
50. Obregon, Mexico – 28.29



SAÚDE PÚBLICA
Ranking da Organização Mundial da Saúde: Os Sistemas de Saúde do Mundo
World Health Organization Ranking; The World’s Health Systems
1 France
2 Italy
3 San Marino
4 Andorra
5 Malta
6 Singapore
7 Spain
8 Oman
9 Austria
10 Japan
11 Norway
12 Portugal
13 Monaco
14 Greece
15 Iceland
16 Luxembourg
17 Netherlands
18 United Kingdom
19 Ireland
20 Switzerland
21 Belgium
22 Colombia
23 Sweden
24 Cyprus
25 Germany
26 Saudi Arabia
27 United Arab Emirates
28 Israel
29 Morocco
30 Canada
31 Finland
32 Australia
33 Chile
34 Denmark
35 Dominica
36 Costa Rica
37 USA
38 Slovenia
39 Cuba
40 Brunei
41 New Zealand
42 Bahrain
43 Croatia
44 Qatar
45 Kuwait
46 Barbados
47 Thailand
48 Czech Republic
49 Malaysia
50 Poland
51 Dominican Republic
52 Tunisia
53 Jamaica
54 Venezuela
55 Albania
56 Seychelles
57 Paraguay
58 South Korea
59 Senegal
60 Philippines
61 Mexico
62 Slovakia
63 Egypt
64 Kazakhstan
65 Uruguay
66 Hungary
67 Trinidad and Tobago
68 Saint Lucia
69 Belize
70 Turkey
71 Nicaragua
72 Belarus
73 Lithuania
74 Saint Vincent and the Grenadines
75 Argentina
76 Sri Lanka
77 Estonia
78 Guatemala
79 Ukraine
80 Solomon Islands
81 Algeria
82 Palau
83 Jordan
84 Mauritius
85 Grenada
86 Antigua and Barbuda
87 Libya
88 Bangladesh
89 Macedonia
90 Bosnia-Herzegovina
91 Lebanon
92 Indonesia
93 Iran
94 Bahamas
95 Panama
96 Fiji
97 Benin
98 Nauru
99 Romania
100 Saint Kitts and Nevis
101 Moldova
102 Bulgaria
103 Iraq
104 Armenia
105 Latvia
106 Yugoslavia
107 Cook Islands
108 Syria
109 Azerbaijan
110 Suriname
111 Ecuador
112 India
113 Cape Verde
114 Georgia
115 El Salvador
116 Tonga
117 Uzbekistan
118 Comoros
119 Samoa
120 Yemen
121 Niue
122 Pakistan
123 Micronesia
124 Bhutan
125 Brazil
126 Bolivia
127 Vanuatu
128 Guyana
129 Peru
130 Russia
131 Honduras
132 Burkina Faso
133 Sao Tome and Principe
134 Sudan
135 Ghana
136 Tuvalu
137 Ivory Coast
138 Haiti
139 Gabon
140 Kenya
141 Marshall Islands
142 Kiribati
143 Burundi
144 China
145 Mongolia
146 Gambia
147 Maldives
148 Papua New Guinea
149 Uganda
150 Nepal
151 Kyrgystan
152 Togo
153 Turkmenistan
154 Tajikistan
155 Zimbabwe
156 Tanzania
157 Djibouti
158 Eritrea
159 Madagascar
160 Vietnam
161 Guinea
162 Mauritania
163 Mali
164 Cameroon
165 Laos
166 Congo
167 North Korea
168 Namibia
169 Botswana
170 Niger
171 Equatorial Guinea
172 Rwanda
173 Afghanistan
174 Cambodia
175 South Africa
176 Guinea-Bissau
177 Swaziland
178 Chad
179 Somalia
180 Ethiopia
181 Angola
182 Zambia
183 Lesotho
184 Mozambique
185 Malawi
186 Liberia
187 Nigeria
188 Democratic Republic of the Congo
189 Central African Republic
190 Myanmar


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Tabela 1.1 do relatório do Banco Mundial "Fazendo Negócio 2017 - Oportunidade igual para para todos, em que o Brasil ocupa a 123ª posição entre os 190 países pesquisados - Fonte: Base de dados do Fazendo Negócio - Nota: Os rankings tomam como referência Junho de 2016 e se baseiam na média da distância de cada economia aos escores de fronteira (DFT, na sigla inglesa) para os 10 tópicos incluídos no ranking agregado deste ano. Para as economias para as quais os dados cobrem duas cidades, os escores são uma média ponderada baseada na população para as duas cidades. Uma seta indica uma melhora no escore entre 2015 e 2016 (e portanto uma melhora no ambiente geral de negócios conforme medido pelo Doing Business), enquanto a ausência de seta indica ou que não houve nenhuma melhora ou que houve uma deterioração. O escore para ambos os anos está baseado na nova metodologia adotada.