sábado, 30 de julho de 2016

Os azeites vegetais que podem fazer mal à nossa saúde

[Traduzo a seguir um artigo de Lucía Blasco, publicado no site BBC Mundo. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

O azeite de girassol ou de milho é mais barato que o de oliva, mas pode ser mais prejudicial à saúde - (Foto: Science Photo Library)

Usar azeite vegetal de sementes, de legumes ou de frutos secos é uma prática cada vez mais habitual em cozinhas de todo o mundo.

Muitos os consideram um substituto "saudável" da manteiga, por terem fama de ter menos gorduras saturadas que ela. E são mais baratos que o azeite de oliva.

Entretanto, alguns estudos nos últimos anos colocaram isso em dúvida, alertando que os azeites que são vendidos como vegetais não são tão "bons" como se crê. Na  realidade, podem ser prejudiciais à nossa saúde, dizem os especialistas. É que "vegetal" nem sempre é sinônimo de "saudável". 

A culpa por isso é, principalmente, do ômega 6 que contêm, que pode chegar a causar uma inflamação dentro de nosso organismo, aumentando a possibilidade de que tenhamos enfermidades como artrite, depressão ou câncer de pele, entre outras. 

Outros estudos falam de alterações hormonais e danos no sistema reprodutor e neuronal. 

O australiano David Gillespie fez sua própria pesquisa, tal e como relata em seu livro "Toxic Oils" (azeites tóxicos). E chegou à conclusão de que alguns azeites vegetais são "perigosos para a saúde". 

O problema, dizem alguns especialistas, aparece na hora de fritar com esse tipo de azeite - (Foto: Thinstock)

"Seus supostos benefícios se baseiam na falsa presunção de que as gorduras saturadas são ruins (para o colesterol), mas não há evidência científica quanto a isso e alguns estudos provaram, na realidade, o contrário", disse Gillespie ao BBC Mundo. 

Em que casos se aplica essa teoria? 

Lhe mostramos quais são os azeites vegetais cujo consumo, segundo os especialistas, você deve evitar ou reduzir na medida do possível.

1. Azeite de girassol

Uma pesquisa da Universidade do País Vasco (UPV), na Espanha, publicada em 2012, demonstrou que alguns azeites -- como o de girassol -- contêm certos compostos orgânicos chamados aldeídos, supostamente relacionados com transtornos neuronais e com alguns tipos de câncer.

O azeite de sementes de girassol é consumido em muitas partes do mundo. Quão benéfico ou prejudicial ele é para a nossa saúde? - (Foto: Science Photo Library)

De acordo com María Dolores Guillén, responsável pelo Departamento de Farmácia e Ciências dos Alimentos e coautora do estudo, os aldeídos contaminam seu entorno e podem ser inalados. E permanecem no azeite mesmo depois deste ser aquecido.

Segundo os cientistas, os azeites de girassol e de linhaça (sobretudo o primeiro) são os que têm uma maior quantidade desses compostos, enquanto que o azeite de oliva os produz em uma quantidade muito menor. 

"Não pretendemos alarmar a população, mas os dados estão aí. E é preciso tê-los em conta", disse Guillén. Gillespie é mais contundente a esse respeito: "No nível em que os consumimos, esses azeites não são menos tóxicos do que veneno", adverte.

2. Azeite de milho

Tanto o azeite de girassol como o de milho têm um conteúdo alto de gorduras poliinsaturadas.

"Para fritar, é melhor utilizar o azeite de oliva que o de girassol ou de milho", diz Martin Grootveld, da Universidade de Montfort - (Foto: Science Photo Library)

Tal como explicou Martin Grootveld, da Universidade Montfort, em Leicester (Reino Unido), ao doutor e jornalista do BBC Mundo Michael Mosley, "os azeites de girassol e milho são bons sempre e quando não são utilizados para fritar ou cozinhar". 

"É uma simples questão química: algo que pensamos que nos é saudável se converte em algo muito prejudicial na temperatura de fritura", acrescentou Grootveld, que pesquisou pessoalmente a questão. Segundo ele, é melhor usar o azeite de oliva "pois contém menos componentes tóxicos e estes são menos prejudiciais ao corpo humano". 

De fato, sua pesquisa mostra que é melhor cozinhar com manteiga do que com azeite de milho. "Se pudesse escolher entre gordura de porco (banha) e gorduras poliinsaturadas, escolheria sempre a primeira", disse Grootveld.

3. Azeite de canola

O azeite de canola é um dos azeites vegetais mais populares. É originário do Canadá (daí vem seu nome). Foi a indústria canadense que começou a desenvolvê-lo em 1978, modificando geneticamente plantas de colza.

O azeite de canola é uma versão modificada do azeite de colza - (Foto: Thinkstock)

É barato, fácil de cultivar e, aparentemente, saudável. Mas logo começou a aflorar informação sobre os males do ácido erúcico, contido nesse azeite e que pode ser tóxico cido erúcico é um ácido graxo omega-9 monoinsaturado, notado como 22:1 ω-9 -- ele está presente nas sementes de colza, de erysimum, e de mostarda, compondo de 40 a 50 por cento de seus óleos]

"O azeite tóxico é comercializado como azeite 'vegetal', mas este conceito é irônico porque isso não existe", diz Gillespie. "Os azeites vegetais são extraídos por meio de processos industriais que incluem pressão e aquecimento das sementes", explica o australiano.  

As consequências do consumo desses azeites, diz Gillespie, podem ser graves. "Aumentam significativamente as possibilidades de que tenhamos câncer e de que nossos filhos padeçam de doenças autoimunes", assegura ele.

4. Outros azeites de sementes e a margarina

"O azeite que é dito ser 100% vegetal é uma mistura dos restos de outros azeites e possui um poder químico altamente reativo, muito oxidante. É um azeite que provoca um envelhecimento mais rápido", diz Juan Tejo, nutricionista da Clínica MEDS, no Chile. 

Segundo Tejo, isso não ocorre com o azeite de oliva, que contém ácidos graxos saudáveis para o coração e tem um ponto de cocção mais alto, razão pela qual não se queima ao se cozinhá-lo. 

Gillespie concorda: "Os azeites de frutas (oliva, coco, palma ou abacate) são 'bons' para a saúde", explica. Os azeites "maus", assinala Gillespie, são os de sementes (colza, girassol, cártamo, farelo de arroz, semente de uva e milho), os de legumes (soja e amendoim) e a maioria dos azeites de frutos secos.  

Então, que azeite é "melhor"? No entanto, muitos dos alimentos que consumimos contêm esses ingredientes - (Foto: Thinkstock)

Para Gillespie, o problema reside no fato de que quando os componentes desses azeites se dissolvem nas células do nosso organismo é gerada uma oxidação. E o mesmo ocorre com a margarina vegetal. 

Grande parte dos alimentos vendidos em supermercados tem esse tipo de azeites. Desde o pão de forma e até alguns biscoitos, massas, quase toda comida processada, molhos, comida congelada e a feita em cafés e restaurantes, porque esses azeites "são mais baratos e não se nota a diferença no sabor" ao se usá-los para cozinhar, diz Gillespie.

"Infelizmente, na indústria de comida processada os interesses comerciais costumam sair ganhando", afirma o especialista, que aposta no consumo de produtos integrais. 

Tejo sugere que prestemos atenção nos rótulos com informações nutricionais. "Isso contribuirá para uma saúde melhor", assegura.

A margarina tampouco se salva - (Foto: Science Photo Libray)


Nenhum comentário:

Postar um comentário