sexta-feira, 22 de março de 2013

Sondas projetadas para colidir com asteroides estão programadas para colisão cósmica em 2022

Cientistas na Europa e nos EUA estão avançando com planos para, intencionalmente, colidir uma espaçonave com um enorme asteroide vizinho em 2022 para examinar o conteúdo da rocha espacial.

A ambiciosa missão, liderada pela Europa, de Avaliação de Impacto e Deflexão de Asteroides (AIDA, na sigla em inglês) está programada para o lançamento em 2019 de duas espaçonaves -- uma construída por cientistas nos EUA e a outra pela Agência Espacial Europeia (ESA, em inglês) -- em uma viagem de três anos rumo ao asteroide Didymos e seu companheiro. Didymos não tem chance de colidir com a Terra, o que o torna um grande alvo para esse tipo de missão, disseram no dia 19 de março na 44ª Conferência Anual Lunar e Planetária realizada em Woodlands, Texas (EUA), cientistas envolvidos nessa missão.

Didymos, na realidade, é um sistema binário de asteroides consistindo de duas rochas espaciais separadas, solidárias pela gravidade. O asteroide principal é enorme, medindo 800 m de comprimento, e é orbitado por um asteroide menor com cerca de 150 m de comprimento. A estrutura desse asteroide Didymos é um alvo intrigante para a missão AIDA, porque permitirá aos cientistas sua primeira olhada de perto de um sistema binário de rochas espaciais enquanto, ao mesmo tempo, lhes possibilitará novas visões de maneiras de desviar asteroides que possam apresentar ameaça de colisão com a Terra [ver postagem anterior sobre isto].  Vejam fotos de asteroides potencialmente perigosos.

"Sistemas binários são bastante comuns", disse Andy Rivkin, um cientista do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland (EUA), que está trabalhando na parte americana do projeto AIDA. "Esse será nosso primeiro encontro com um sistema binário".

Em 2022, os asteroides Didymos estarão a cerca de 11 milhões de quilômetros da Terra, numa vizinhança próxima, razão pela qual os cientistas da AIDA programaram sua missão para esse ano. Rivkin e seus colegas do laboratório da Johns Hopkins estão construindo a DART (abreviação inglesa para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo), uma das duas espaçonaves que compõem a missão AIDA. Como sua sigla sugere, a sonda DART colidirá diretamente com o asteroide menor a uma velocidade de 22.530 km/h, criando uma cratera quando desse impacto, o qual, se espera, deslocará a rocha um pouco para fora de seu curso, disse Ravkin.

A Agência Espacial Europeia (ESA) está construindo a segunda espaçonave da AIDA, que se chama Monitor de Impacto de Asteroide (AIM, em inglês). A AIM observará o impacto de uma distância segura, e seus dados serão usados com outros dados coletados por telescópios na Terra para entender exatamente o que o impacto fez ao asteroide. "A AIM é um satélite com a forma usual de uma caixa de sapatos", disse o pesquisador Jens Biele da ESA, que trabalha no projeto da espaçonave AIM. "Não é nada muito decorativa".

Os cientistas da AIDA esperam que sua missão empurrará o asteroide menor do Didymos para fora de seu curso por apenas uns pouco milímetros. A rocha menor do sistema Didymos dá uma volta em torno da rocha maior a cada 12 horas.

O objetivo, disse Rivkin, é usar o impacto da DART como banco de teste para o método mais básico de desviar asteroide: uma colisão direta com uma espaçonave. Se for bem sucedida, acrescentou ele, a missão pode ter implicações sobre como as agências espaciais ao redor do mundo aprenderão a desviar asteroides maiores e mais ameaçadores, que possam apresentar risco para a Terra.

No momento, os pesquisadores da AIDA não sabem ao certo a composição exata dos asteroides Didymos. Eles podem ser apenas um conglomerado frouxo de rochas viajando juntas pelo sistema solar, ou podem ser feitas de um material mais denso. Mas, uma vez a DART tenha colidido com o asteroide, os cientistas serão capazes de medir em quanto a órbita da rocha foi afetada, bem como classificar a composição de sua superfície, disse Rivkin. E, estudando como os fragmentos de rocha flutuam para fora do local de impacto após a colisão, os pesquisadores poderão se preparar melhor para as condiçõres que astronautas poderão encontrar em futuras missões tripuladas a asteroides -- como o projeto da NASA para enviar astronautas a um asteroide por volta de 2025, ele acrescentou.

Segundo autoridades da missão AIDA, a espaçonave AIM deverá custar cerca de 150 milhões de euros [aproximadamente R$ 450 milhões] e a espaçonave DART está prevista custar cerca de US$ 150 milhões [cerca de R$ 300 milhões].

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