quarta-feira, 20 de março de 2013

Enquanto se gastam bilhões no barata-voa da União Europeia e em conflitos armados, o mundo finge não ver os sinais de enfermidade do planeta

[Os textos abaixo são do Blog do Planeta, de Alexandre Mansur e Bruno Calixto, publicadfos nos dias nos dias 18 e 14 de março no site da revista Época.  Enquanto continuamos dando uma de avestruz, enfiando a cabeça num buraco, o planeta Terra continua sinalizando que vai mal de saúde. Vamos ver quem perde mais nesse cabo de guerra insólito. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

A seca no Oriente Médio consumiu um Mar Morto em 6 anos

Blog do Planeta - 18/3/2013

Foto: Blog do Planeta/Época (clique na imagem para ampliá-la).

Na semana passada, publicamos um post mostrando como o Crescente Fértil, o berço da civilização no Oriente Médio, está secando. Uma nova pesquisa feita pela Nasa, agência espacial americana, mostra as dimensões dessa crise hídrica em uma região já inflamável por razões políticas e religiosas.

A imagem acima mostra a variação na oferta de água nas bacias dos rios Tigre e Eufrates entre janeiro de 2003 e julho de 2008. As áreas em vermelho perderam 150 ou mais milímetros de água na superfície em média. As em amarelo perderam de 100 milímetros a 50 milímetros. As áreas que acumularam mais água deveriam estar em tons de verde ou azul. Mas elas não existem na região demarcada. Durante esse período, a região perdeu 144 quilômetros cúbicos de água. É quase o que cabe no Mar Morto. Isso afeta diretamente a Turquia, a Síria, o Iraque e o Irã. [Talvez muito mais cedo do que se pense, a água superará todos os outros temas que hoje são focos de guerras.]

O berço da civilização está secando

Blog do Planeta - 14/3/2013


Fotos: Blog do Planeta/Época (clique nas imagens para ampliá-las).

A Nasa divulgou nesta semana imagens impressionantes do impacto da forte seca que o Oriente Médio enfrenta nos últimos anos. Na bacia do rio Eufrates, em um local que no passado foi chamado de “Crescente Fértil”, o Reservatório Qadisiyah perdeu cerca de 150 quilômetros cúbicos de água – o equivalente a todo o volume de água do Mar Morto – entre os anos de 2003 e 2009.

A bacia dos rios Tigre e Eufrates abastece parte da Turquia, a Síria, Iraque e Irã. A região tem um dos aquíferos mais ameaçados do mundo. Apenas a bacia do rio Ganges, na Índia, perde volume de água em velocidade mais rápida. Mas a situação do Oriente Médio é mais difícil de resolver. Os países da região não cooperam entre si no manejo da água, e a Síria está imersa em uma guerra civil sangrenta. Alguns especialistas chegam até a especular que um dos fatores que desencadearam a guerra síria foi a pobreza causada pela seca, quando agricultores perderam suas colheitas por falta de chuva. 

Mas a culpa não é exclusiva da seca. Segundo a Nasa, pelo menos 60% da água perdida foi extraída dos aquíferos pelos governos da região. Nós já mostramos aqui no Blog do Planeta o milagre insustentável que está acontecendo no meio do deserto. Países como o Iraque e a Arábia Saudita desenvolveram políticas de estímulo à agricultura sem nenhum planejamento do uso da irrigação. O resultado é que estão tirando mais água do que a capacidade dos aquíferos têm de se renovar. Juntas, a seca e a irrigação sem planejamento podem tornar inabitada uma das regiões que deu origem à civilização.

Gelo do Ártico tem rachaduras em pleno inverno

Blog do Planeta - 14/3/2013

Duas décadas de aquecimento constante no Ártico deixaram o gelo do Polo Norte tão fino que algumas rachaduras já aparecem até no auge do inverno. Durante o fim de fevereiro e o início de março deste ano, grandes fraturas no mar congelado foram observadas na costa do Alasca e do Canadá. O video acima, feito pelo NSIDC (centro que monitora gelo e neve nos EUA) mostra a evolução das rachaduras. Essas rachaduras aparecem agora, logo antes do início da temporada de derretimento do gelo, com a chegada do verão. Agora é o período que o gelo alcança sua maior extensão e maior espessura. Mesmo assim, estava frágil em alguns trechos a ponto de rachar por causa de condições do tempo ou de correntes do oceano.

Um fenômeno semelhante foi observado em 2008 e em 2011. Mas agora, segundo o NSIDC, a área com rachaduras é mais extensa.

A área atingida pelas rachaduras é composta por gelo novo, formado nesta temporada de inverno. Ele é mais fraco e fino do que o gelo antigo, formado pelo acúmulo de camadas que resistem ao verão e voltam a crescer no inverno seguinte. Esse gelo antigo, mais espesso e resistente, está desaparecendo no Ártico.

Por causa do aquecimento global, o Ártico, que bateu um recorde de derretimento no ano passado, já está ficando até mais verdejante.

[O segundo vídeo abaixo tem som e é falado em inglês.]

Vídeo sem som - Fonte: Blog do Planeta/Época.





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