quinta-feira, 21 de março de 2013

Com 11% a menos de pessoal, porto de Roterdã tem produtividade quase cinco vezes maior que a do porto de Santos

O porto holandês de Roterdã, o maior da Europa, tem produtividade quase cinco vezes superior à do porto de Santos. A comparação foi apresentada há pouco pelo diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Pedro Brito, em audiência pública da comissão parlamentar mista responsável por analisar a medida provisória que altera as regras de funcionamento do setor.

De acordo com dados apresentados por Brito, Roterdã movimentou 434 milhões de toneladas em 2011, com 1.220 trabalhadores. Com isso, sua produtividade atinge 50.301 toneladas por hora, enquanto Santos registrou a movimentação de 11.247 toneladas por hora. O maior porto brasileiro tem 1.360 funcionários e registrou pouco mais de 100 milhões de toneladas de cargas em 2011.

Para o diretor da Antaq, a diferença ocorre por uma série de fatores: menor escala nos portos brasileiros, dificuldades de planejamento e estruturas deficientes de gestão nas Companhias Docas. Segundo ele, o problema não está no modelo da exploração portuária, que é o mesmo visto na maior parte do mundo: a maior parte dos portos é pública e tem operação privada. "Quando visitamos os portos de todo o mundo, a primeira diferença que notamos é a existência de um planejamento para os próximos dez ou 15 anos", disse Brito, durante a audiência que discute a MP 595. Outro contraste são as estruturas de gestão "absolutamente profissionais" na Europa e nos Estados Unidos, mesmo nos portos públicos. Ele acentuou ainda a questão da escala e lembrou que hoje, dos dez maiores terminais de contêineres do planeta, cinco estão localizados na China. "Os chineses, 20 anos atrás, não tinham nenhum porto entre os dez maiores do mundo". [O diretor da Antaq quer tapar o sol com a peneira e evita dar nomes aos bois. O porto de Santos é administrado pela CODESP - Companhia Docas do Estado de S. Paulo, uma empresa de economia mista vinculada à Secretaria de Portos da Presidência da República e, há anos, refém do sindicato dos estivadores. Com uma parceria dessas -- Estado + sindicato -- o resultado só pode ser um porto ineficiente e caro.  Em postagem anterior abordei a frouxidão do governo Dilma, ao ceder à greve ilegal no porto de Santos contrária à mudança que ele, governo, pretende(ia) fazer na gestão desse terminal para torná-lo mais competitivo.]

O presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, enfatizou a necessidade de ampliar os investimentos em infraestrutura de transportes e disse que a liberação de novos terminais privativos é "a alternativa mais prática e ágil" para expandir a capacidade portuária enquanto o governo se prepara para licitar mais áreas dentro dos portos públicos. Um dos pontos centrais da MP 595 é o fim da distinção entre carga própria e carga de terceiros para a autorização de novos portos privados.

[Exatamente hoje e agora há uma fila de 16 km de caminhões aguardando vez para descarga no porto de Santos, transportando parte da safra recorde brasileira de 2012. Isso acontece porque quase 70% de tudo que produzimos viaja em caminhões, uma aberração que em uma década de governo petista não se alterou um milionésimo. O prejuízo já chega a R$ 115 milhões somente para os agentes marítimos. Além disso, exportadores, importadores, terminais portuários e a população estão sofrendo com o congestionamento nas estradas. A China cancelou uma compra de 2 milhões de toneladas de soja do Brasil, por causa desse congestionamento em Santos e no atraso de embarque daí decorrente. Mas, nossa agora beata Dona Dilma tem outros problemas mais urgentes para gerir, como o da logística de sua enorme comitiva a Roma para ver o Papa -- santinho com foto dela ao lado do Papa Francisco gera voto paca, fila de caminhão em Santos o povão não vê, mal sabe dela e tampouco se interessa por ela. 

O gargalo nos portos tem causado filas de caminhões e longa espera de navios para embarcar. Segundo os dados mais recentes da agência marítima Williams, para a primeira quinzena de março, havia 27 navios esperando para embarcar milho, soja e derivados no porto de Santos (SP) e impressionantes 106 navios em Paranaguá (PR). Há navios, por exemplo, que entraram na fila em Paranaguá em 7 de março e só serão liberados em 2 de maio. Nem é bom pensar nos custos disso para os armadores desses navios.

Quem quiser saber como se monta o fantástico Custo Brasil já pode ter uma ideia, com essa bagunça caríssima da exportação via nossos portos, principalmente o de Santos e o de Paranaguá.]

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