O Globo de ontem (20/6/10) informa no Panorama Político (pág. 2) que deputados de Goiás impediram, na quarta-feira, na Comissão de Meio Ambiente, a votação de parecer favorável à eliminação do amianto na cadeia produtiva brasileira. Não é a primeira vez que o lobby goiano tenta impedir a abolição do amianto na nossa indústria.
Segundo a ABREA - Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto, já em 70 A.C. o uso do amianto era descrito por Teofrasto, Estrabo, Plínio e Plutarco. Esse mineral tem seu nome oriundo do latim amiantus, que, por sua vez, provém do grego amiantos ("puro, sem sujidade, sem mácula"), e é milenar o conhecimento de suas propriedades de isolamento térmico e incombustibilidade.
O primeiro caso bem documentado de fibrose pulmonar intersticial por amianto ou asbestose, geralmente progressiva e irreversível, data de 1906, na Inglaterra. A argumentação de que a crisolita (amianto branco), da qual o Brasil é o maior produtor mundial (em Goiás), não produziria os mesmos efeitos cancerígenos irreversíveis do amianto azul (crocidolita) e do amianto marrom (amosita) caiu definitivamente por terra quando o INSERM - Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França publicou relatório em 1996 que inquestionável e cientificamente concluiu que "todas as fibras de amianto são cancerígenas, qualquer que seja seu tipo ou origem geológica". Leia mais sobre a matéria.
O maior produtor brasileiro de produtos industrializados com amianto é o grupo Eternit (família Maluf), que tem em Goiás a única mina de amianto em exploração no Brasil (da sua empresa subsidiária SAMA); o grupo tem 5 fábricas no país, com 1.400 empregos diretos e indiretos. Na Suiça, a Eternit não utiliza o amianto branco desde 2000, devido aos riscos do produto, mas o mesmo não acontece na Eternit brasileira.--- [Ver minha postagem neste blog em 30/3/2010: Câmara "sugere" proibição de uso do amianto na indústria brasileira]. É preciso que haja uma mobilização pública de pressão sobre a bancada goiana na Câmara para que o respeito e a proteção à saúde pública prevaleçam sobre escusos interesses econômico-financeiros.
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