domingo, 25 de novembro de 2012

Argentina, um vizinho absolutamente desleal e moleque

Sob o título "Muy amigo: Argentina troca Brasil por outros países" o Globo (pág. 43) publica hoje reportagem sobre novas molecagens dos "hermanos" contra o Brasil. O texto se inicia com uma frase que ilustra muitíssimo bem o que vem sendo e é a Argentina em relação ao Brasil: "O que dizer de um vizinho que bate à sua porta pedindo favores pelos quais nunca paga e prefere gastar com outras pessoas?".

E a reportagem prossegue: "É o que está acontecendo nas relações entre Brasil e Argentina. Os argentinos estão deixando de comprar produtos brasileiros para importar bens de outros mercados, como China, EUA, México, Chile e União Europeia. Com isso, o Brasil perdeu, somente entre janeiro e setembro deste ano, pouco mais de US$ 3 bilhões, dinheiro que foi para terceiros países.

Segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) ao qual O Globo teve acesso, nos nove primeiros meses de 2012, as exportações brasileiras para a Argentina somaram US$ 12,6 bilhões, 19,4% menos do que no mesmo período de 2011. Mas as importações argentinas de terceiros países, que atingiram US$ 36,069 bilhões, tiveram queda de apenas 3,4%.

No Brasil, a avaliação de governo e empresários é que a Argentina não apenas reduziu os gastos no exterior em função de problemas econômicos. Os vizinhos estão, simplesmente, trocando de fornecedores. As mercadorias brasileiras estão demorando mais a ser liberadas do que as de outros países. Este será um dos principais temas do encontro entre as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner esta semana, em Buenos Aires. "É claro que não estamos satisfeitos com essa situação", disse a secretária de Comércio Exterior do Mdic, Tatiana Prazeres, lembrando que, apesar da queda de 11% no comércio com a Argentina em 2011, o Brasil tem superavit de US$ 1,2 bilhão com o vizinho.

A pesquisa do ministério mostra que, enquanto os argentinos reduziram em 18,7% as importações de artigos de linha branca (fogões, geladeiras e máquinas de lavar) do Brasil, aumentaram em 53,4% as aquisições desses produtos de terceiros países. As exportações brasileiras de têxteis e confecções caíram 11,9%, mas as importações da Argentina subiram 24,8%. As compras de automóveis brasileiros tiveram queda de 8,9%; as importações [argentinas] de carros de outros mercados cresceram 38,6%.

Dante Sica, ex-secretário da Indústria argentino, vê o Brasil perdendo espaço: "O maior competidor para os exportadores brasileiros é a China, que continua ganhando espaço em nosso mercado".  Para o diretor de Comércio Exterior da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Klaus Curt Müller, a Argentina está sempre inovando em exigências técnicas e outros mecanismos que retardam e, frequentemente, impedem a liberação dos produtos.

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[Infelizmente, o que está aí em cima não é novidade em se tratando de Argentina, assim como desgraçadamente não é novidade o comportamento masoquista e frouxo do governo brasileiro, fortemente -- ou totalmente -- inspirado e defendido pelo Itamaraty, em relação não só à Argentina como aos demais vizinhos que, recorrentemente, nos fazem de otários. Já fiz duas postagens sobre essa nossa relação doentia com os argentinos: uma em setembro de 2011, e a outra em maio de 2011.

Nas minhas negociações com argentinos na Eletrobras, cansei-me de observar  o estilo untuoso, escorregadio e desprezível desses "hermanos"  -- mas, pior ainda, eram as instruções do Itamaraty para contemporizar com eles. O "pragmatismo" defendido pelos nossos diplomatas era -- e ainda é -- a importância dos argentinos como nossos importadores. É a teoria da dobradiça na coluna vertebral e da mulher de malandro -- podem nos dar pancada, desde que nos dêem o dinheirinho p'ras despesas ...

Na época que cito acima, o guru da política externa brasileira "pragmática" e antiamericana era o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, conhecido no Itamaraty como Samuca, que criou uma escola que ainda tem força na Casa de Rio Branco e que tinha muito mais força que o chanceler Celso Amorim, embora no papel fosse dele subordinado. Com seu fiel escudeiro Ênio Cordeiro (à época, chefe do Departamento da América do Sul), Samuca foi o principal arquiteto do desmanche do Trato de Itaipu para atender às chantagens do Paraguai, causando irreparáveis danos políticos, jurídicos, econômicos e financeiros ao Brasil. Ênio Cordeiro é o nosso atual embaixador em Buenos Aires, o que torna praticamente impossível esperar qualquer atitude diplomática mais forte contra a Argentina -- Ênio é um dos paladinos do pragmatismo de dobradiça na coluna vertebral do Itamaraty. Nossa esperança, por paradoxal que possa parecer, é que o pavio curto de nossa encantadora e sorridente Dona Dilma dê um freio de arrumação nessa nossa vergonhosa submissão aos argentinos.]




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