O pesquisador britânico John Gurdon, de 79 anos, e seu colega japonês
Shinya Yamanaka, de 50,
ganharam nesta segunda-feira o prêmio Nobel de Medicina, por trabalhos envolvendo células-tronco. Ambos dividirão um
prêmio de 8 milhões de coroas suecas (US$ 1,2 milhão). O comitê da premiação, do Instituto Karolinska de Estocolmo, afirmou que
o trabalho dos dois “revolucionou nossa compreensão da maneira como as
células e os organismos se desenvolvem”.
“As descobertas de Gurdon e Yamanaka mostraram que as células
especializadas podem dar marcha ré no relógio do desenvolvimento sob
certas circunstâncias”, afirmou o comitê. “Essas descobertas também
aportaram novos instrumentos aos cientistas do mundo e levaram a um
progresso considerável em muitas áreas da medicina".
Gurdon transferiu DNA entre um girino e um sapo e a partir disso clonou o
girino. Já Yamanaka partiu do conceito de Gurdon para transformar uma
célula normal da pele nas poderosas células-tronco. O trabalho de Gurdon abriu caminho para a clonagem da ovelha Dolly, em
1996, e, dez anos depois disso, para a pesquisa de Yamanaka. Ao
adicionar os genes certos a uma célula-tronco adulta, Yamanaka
desenvolveu uma tecnologia para criar células-tronco sem destruir
embriões humanos. A descoberta foi elogiada por alguns políticos e
religiosos, sendo apontada como uma forma mais ética de produzir
células-tronco sem destruir uma vida humana.
"John B. Gurdon desafiou o dogma segundo o qual as células
especializadas estão irreversivelmente comprometidas com seu destino",
afirmou o comiê do Nobel em comunicado. "Shinya Yamanaka descobriu, mais
de 40 anos depois, em 2006, como células maduras intactas em ratos
poderiam ser reprogramadas para tornarem-se células-tronco imaturas",
lembrou o comitê.
As células-tronco são encontradas em embriões humanos e em alguns
tecidos ou órgãos de adultos e possuem o potencial de se desenvolver em
diferentes tipos de célula. Isso leva cientistas a estudar formas de
usar esse poder das células-tronco para tratar doenças como o mal de
Alzheimer, infarto, diabetes e artrite reumatoide, segundo o Instituto
Nacional de Saúde dos EUA.
O Nobel de Medicina ou Fisiologia é o primeiro anunciado neste ano. O
Nobel de Física será anunciado amanhã, seguido pelo de Química, na
quarta, o de Literatura, na quinta, e o da Paz, na sexta-feira. O Nobel
de Economia, que não estava entre os prêmios originais, mas foi criado
pelo Banco Central da Suécia em 1968, será anunciado em 15 de outubro.
Todos os prêmios são entregues em 10 de dezembro, data da morte do
fundador do prêmio, Alfred Nobel, em 1896.
No ano passado, o Nobel de Medicina foi concedido a Ralph Steinman, do
Canadá, Bruce Beutler, dos Estados Unidos, e Jules Hoffmann, da França.
Houve, porém, uma confusão, pois Steinman havia morrido dias antes, de
um câncer. Essa premiação geralmente é apenas para pessoas vivas, porém
os jurados não sabiam da morte de Steinman e nesse caso o comitê decidiu
manter a honraria.
Sir John B. Gurdon e Shinya Yamanaka, os laureados com o Nobel de Medicina em 2012 - (Foto:
Nobelprize.org)
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