quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sarkozy alerta para risco de desintegração da UE

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou nesta quinta-feira que Berlim e Paris se veem obrigados a alcançar um acordo na cúpula dos líderes europeus que terá início ainda hoje em Bruxelas, uma vez que "o risco de a UE (União Europeia) se desintegrar nunca foi tão grande". "O tempo corre contra nós", alertou durante entrevista coletiva na reunião do Partido Popular Europeu. "A Europa nunca foi tão necessária e, ao mesmo tempo, ela nunca correu um risco tão grande".

Os líderes europeus iniciam nesta quinta uma cúpula cujas discussões têm como objetivo retirar a UE, em especial os países membros da zona do euro, de sua crise econômica e financeira. Apesar da urgência por soluções, o bloco continua mergulhado em discordâncias.  "O risco de desintegração da Europa nunca foi tão alto. A Europa está enfrentando uma situação extraordinariamente perigosa", reforçou.

Sarkozy ressaltou, porém, que as economias da zona do euro ainda possuem algumas semanas para decidirem o que fazer para romper a crise, mas que o tempo está trabalhando contra eles.


Depois dele, foi a vez da chanceler alemã, Angela Merkel, discursar, dizendo que a zona do euro se encontra em "uma situação muito delicada". Em tom um pouco mais ameno do que o do presidente francês, Merkel defendeu que os líderes europeus precisam cooperar mais para atingir um acordo que trave a crise da dívida na região. "Precisamos encontrar uma solução que seja boa para todos os países membros", reforçou.  A chanceler da Alemanha afirmou que a zona do euro vai vencer a crise atual, mas que isso "vai levar anos" para ser concluído. Ela garantiu que a cúpula da União Europeia de hoje e de amanhã vai conseguir alcançar um acordo para tirar a região da situação atual.

Cúpula

A cúpula da UE de hoje e de amanhã é vista como um momento crucial para a resolução da crise que assola a zona do euro. Há grande apreensão e expectativa sobre os encontros, uma vez que os líderes europeus continuam discordando sobre as propostas para frear a deterioração da situação.

A proposta de reforçar a disciplina fiscal por meio de um rápido pacote de medidas, por exemplo, é rechaçada pela Alemanha, apesar de ter surgido como ideia dos presidentes Herman Van Rompuy, do Conselho Europeu, José Manuel Barroso, da Comissão Europeia, e Jean Claude Juncker, do Eurogrupo. A iniciativa, que entraria em vigor em "dois ou três meses", segundo fontes citadas pelo jornal espanhol "El País", poderia passar uma primeira mensagem positiva aos mercados, sem impedir o início dos trâmites pelas mudanças defendidas pela Alemanha no Tratado do bloco. 

França e Alemanha devem sondar líderes europeus conservadores sobre seu plano para acabar com a crise de dívida na zona do euro, ávidos em conseguir apoio antes de um encontro crucial da UE. Paris e Berlim precisam obter apoio rapidamente para seu plano anticrise, que tem o objetivo de aperfeiçoar o tratado de Lisboa da UE para endurecer a disciplina orçamentária, caso eles o tenham concluído como esperam até março.

Mudanças

Uma revisão das regras fiscais da zona do euro impulsionaria as chances de o BCE (Banco Central Europeu) assumir um papel mais agressivo para amenizar a crise de dívida.

A zona do euro espera dar nesta quinta-feira uma resposta sólida, contundente e efetiva à crise, que inclui reforçar os mecanismos financeiros e uma união fiscal entre os sócios, mas alguns países da UE, o Reino Unido, advertem que vetarão reformas muito profundas.  Outra grande aposta deve ser a concretização de um fundo de resgate permanente, para evitar o contágio da crise da dívida aos países mais ameaçados, incluindo Itália e Espanha, terceira e quarta economia dos 17 países da zona do euro.

Para isso se concretizar, os 27 líderes terão que aproximar suas posições, já que há ameaças de veto a reformas consideradas muito profundas e que atentem contra os interesses do mercado financeiro londrino[Vê-se claramente que, à parte a anarquia fiscal-econômico-financeira de uma união extremamente heterogênea em tudo, os problemas básicos da União Europeia (UE) são de natureza política. Num aglomerado que reúne 17 países em torno de uma única moeda,  27 países em torno de uma ideia política, e em que o voto da Grécia vale tanto quanto o da Alemanha, talvez nem um milagre consiga desatar o nó da UE.]

Esforços

Barroso pediu aos governantes de toda a UE que façam o possível para salvar o euro, poucas horas antes da reunião decisiva em Bruxelas começar. "Faço um chamado aos chefes de Estado e de governo. É preciso fazer todo o possível para garantir a irreversibilidade do euro", declarou em Marselha, sudeste da França, em uma reunião do Partido Popular Europeu (PPE, direita).

Durante visita à Europa nesta semana, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, pediu uma ação decisiva, enquanto a agência de classificação de risco Standard and Poor's aumentou a pressão sobre o bloco monetário ao ameaçar rebaixar de modo generalizado os ratings soberanos dos países que compõem a zona do euro.  A agência ampliou a ameaça na quarta-feira à União Europeia e a grandes bancos da zona do euro.

Opções para salvar o euro - (Ilustração: Editoria de Arte/Folha Press). - Clique na imagem para ampliá-la.





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