A notícia abaixo, que só agora surge na imprensa brasileira, já foi objeto de postagem neste blogue há exatamente um mês atrás.
A Força Aérea dos EUA jogou as cinzas dos restos mortais de pelo menos 274 soldados americanos em um lixão no Estado de Virgínia. O número é
muito maior do que as Forças Armadas haviam reconhecido há três anos,
quando interromperam a aplicação do método, usado até então em sigilo.
O local do lixão não foi revelado às famílias, que haviam autorizado o
governo a dar um "fim digno e respeitoso" a seus parentes. A Força Aérea
sempre declarou que não tinha condições de avaliar o número exato de
soldados cujos restos mortais foram enviados para o lixão. A prática foi
revelada no mês passado pelo Washington Post, que documentou o caso de
um soldado cujos restos foram enviados para o lixão do Condado de King
George. Representantes da Força Aérea e do Pentágono disseram no mês passado que
estabelecer quantos restos mortais foram enviados para o depósito de
lixo seria uma tarefa que exigiria uma busca exaustiva nos registros de
mais de 6.300 soldados que passaram pelo necrotério desde 2001.
Pressionada, a Força Aérea apresentou números esta semana. Entre 2004 e
2008, teriam sido cremados e levados ao depósito 976 fragmentos de 274
militares. Outro grupo de 1.762 restos mortais não identificados foi
recolhido no campo de batalha e teve o mesmo destino. Os fragmentos não
puderam ser submetidos a testes de DNA por estarem excessivamente
queimados ou danificados em explosões. O total de fragmentos cremados
colocados no depósito de lixo ultrapassa 2.700.
Representantes da Força Aérea declararam que o primeiro registro de
utilização do lixão para essa finalidade data de 23 de fevereiro de
2004. O banco de dados do necrotério começou a operar no final de 2003.
Segundo a Força Aérea, os diretores do necrotério decidiram acabar com a
prática em maio de 2008. Agora, as Forças Armadas cremam partes dos
corpos não reclamadas e não identificadas e jogam as cinzas no mar.
Gari-Lynn Smith, a viúva de um sargento do Exército morto no Iraque,
afirmou que recebeu em julho um e-mail de Trevor Dean, diretor do
necrotério, dizendo que os restos cremados eram levados para depósitos
de lixo pelo menos desde que ele começou a trabalhar em Dover, em 1996.
Dean é um dos funcionários que será punido por ter contribuído para
divulgar os desmandos administrativos.
O marido de Gari-Lynn, Scott R. Smith, membro de uma unidade
especializada em desativar bombas, morreu em 17 de julho de 2006. Em
2007, ela começou a perguntar o que tinha acontecido com os restos
mortais do marido. Em abril ela recebeu uma carta do necrotério contando
sobre o destino. "É um problema moral", disse Jeff Jenkins, gerente do
depósito de King George. "Eu não gostaria que pessoas que morreram lá
fora combatendo pelo nosso país fossem enterradas - nenhuma parte delas -
no depósito de lixo." / THE WASHINGTON POST
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