A Lei da Anistia brasileira é desses absurdos que só acontecem (ou mais acontecem) por aqui. Cedeu-se à pressão dos militares e criou-se aqui a figura esdrúxula dos criminosos legalmente impunes, enquanto na Argentina e no Uruguai, por exemplo, militares de todas as patentes e inclusive ex-presidentes foram correta e implacavelmente submetidos a julgamento e condenados. Para completar a bizarrice, num arremedo de arrependimento e meia-coragem, aproveitando a casualidade de termos uma ex-guerrilheira na presidência do país, criou-se um monstrengo chamado Comissão da Verdade, que como os eunucos têm a aparência de ser funcional mas não é -- essa aberração pode identificar crimes e criminosos, mas não pode puní-los ... Uma autêntica meia-sola política e jurídica. Daí a oportunidade e a importância da opinião do ex-ministro de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, publicada hoje pela BBC Brasil e transcrita abaixo.
Na véspera do Dia Internacional dos Direitos Humanos, comemorado neste
dia 10, a manutenção da Lei da Anistia é um dos casos que mais preocupam
o ex-ministro de Direitos Humanos Nilmário Miranda, que ocupou a função
durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em abril de 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou uma ação da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que contestava a Lei da Anistia.
Promulgada em 1979, a lei concede perdão a todos os crimes cometidos
durante o regime militar (1964-1985), inclusive torturas praticadas por
agentes do Estado contra presos políticos.
Em entrevista à BBC Brasil, Miranda - que também é ex-deputado federal
pelo PT de Minas Gerais e atualmente preside a Fundação Perseu Abramo,
ligada ao partido - diz esperar que a criação da Comissão da Verdade,
aprovada recentemente pelo Congresso, possa mobilizar a opinião pública
para que a Lei da Anistia seja revista.
A Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos
Estados Americanos) deu ao Brasil um prazo até 14 de dezembro para alterar a lei e permitir a punição de torturadores, como já ocorreu em
outros países sul-americanos, como Argentina e Uruguai. A ONU também se
manifestou favorável à revisão da anistia.
O texto da BBC Brasil reproduz a íntegra da entrevista do ex-ministro ao site, que deixo de reproduzir por razões de espaço.
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