terça-feira, 31 de julho de 2012

Me engana que eu gosto: Chávez quer estreitar os "laços energéticos" com Brasil e Argentina

A entrada da Venezuela no Mercosul, apadrinhada pelo Brasil e pela Argentina e criticada pelo Uruguai, da maneira como se deu é motivo de eterna vergonha para o bloco e para nossa diplomacia -- usamos vergonhosa e covardemente o Paraguai como boi de piranha e moeda de troca, com a mesmíssima velocidade supersônica que criticamos na deposição do presidente paraguaio. O Itamaraty voltou a usar sua visão mercantilista e mercenária para justificar o apoio à Venezuela: se podemos botar mais dinheiro na burra, p'ra quê perder tempo com a democracia e rituais do Mercosul?

O Mercosul já era um blefe sem a Venezuela, agora com Hugo Chávez virou uma deprimente ópera bufa. Saiu do palco Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata (NPA), e entra o bufão Hugo Chávez -- se imaginarmos que à frente do bloco temos agora Dilma, Chávez e Cristina, com o Uruguai figurando à parte, fica patente que dessa troika dificilmente sairá algo que preste. 

Nesse domingo acompanhei um debate no Globonews Painel exatamente sobre a farsa que foi essa entrada da Venezuela no Mercosul. Os debatedores eram os embaixadores Rubens Barbosa (ex-embaixador nos EUA), Luiz Felipe Lampreia (ex-chanceler) e Antonio José Ferreira Simões, ex-embaixador em Caracas e atual subsecretário-geral da América do Sul no Itamaraty. Os dois primeiros são macacos velhos e vividos, sem dúvida questionáveis, mas muitíssimo mais experientes que o terceiro (que, por sinal, deu um show de incompetência e subserviência no debate). Com o embaixador Simões me reuni mais de uma vez, tanto em Brasília, quando chefiava o recém-criado Departamento de Energia do Itamaraty, e depois já na embaixada em Caracas. Fiquei espantadíssimo ao ver o cargo que hoje ocupa no MRE (Ministério das Relações Exteriores), repetindo a surpresa de quando o vi embaixador na Venezuela -- pelo jeito, a meritocracia não é mesmo o esporte predileto do Itamaraty ...

Além de se ter prestado ao triste papel de defensor do indefensável, Simões confirmou o que já tinha vivenciado nos encontros que tive com ele -- é absolutamente incapaz de qualquer sinal de coerência, é um espanto! Mas, suas intervenções canhestras permitiram vislumbrar detalhes nada recomendáveis e tranquilizadores da nossa política externa. Simões, por exemplo, informou que quando foi a Assunção para participar da deprimente pantomima da "consulta" às forças políticas paraguaia sobre o impeachment de Lugo, foi acompanhado não pelo nosso chanceler n° 1 (Antonio Patriota) mas pelo chanceler n° 2, Marco Aurélio Garcia, a figura bizarra escolhida pelo NPA para ser o "nosso" Richelieu ou Rasputin -- escrevo assim, bem reduzido, em respeito à inteligência e à memória dessas duas figuras históricas -- e mantido no cargo por Dª Dilma. Garcia é o guru esquerdista do PT, afagador e defensor de Chávez, Correa, Morales, e outros figuras exponencialmente negativas do cenário sul-americano -- todos, por sinal, tendo em comum o viés de volta e meia nos fazerem de gato e sapato, com o sorriso beneplácito e a aprovação de Garcia, e do Itamaraty (claro!).

Mal se abriram as cortinas do cabaré, e Chávez já deitou falação, começando por dizer que quer estreitar os "laços energéticos" com Brasil e Argentina, demonstrando mais uma vez a baixa estima que tem por nossa inteligência. Esse é o cara responsável pelo desmanche da estatal PDVSA (Petróleos de Venezuela S.A.), empresa que há anos não consegue honrar seu compromisso de aportar a parcela que lhe cabe na construção da refinaria Abreu e Lima.  A novela dessa "parceria" nessa refinaria é a prova mais cabal e contundente da maneira frouxa e responsável de como os governos petistas defendem nossos interesses e nossa honra perante figuras da inexpressividade e da nocividade de um Hugo Chávez.

Desaquecimento da economia poupou o Brasil de um novo apagão

O atraso na construção de 35 usinas térmicas outorgadas a dois grupos com pouca experiência no setor elétrico - a Bertin e a Multiner - só não levou o país a uma crise de abastecimento por causa da forte desaceleração da economia brasileira desde o ano passado. Basta uma olhada rápida nos números para ter ideia da dimensão do problema.

Todas essas térmicas, movidas a óleo ou a gás natural, deveriam entrar em operação entre janeiro de 2010 e janeiro de 2013. À medida que começassem a funcionar, aumentariam a oferta de energia em até 4.265 megawatts (MW) médios, volume superior à produção somada das hidrelétricas do rio Madeira - Santo Antônio e Jirau -, em Rondônia.

Nada disso obedece ao cronograma estabelecido nos leilões, obrigando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a mexer no planejamento do que está ou não disponível para ser acionado. Nas estimativas do ONS, que balizam todos os preços praticados no setor, só 2.497 MW médios (quase 60% de todo o volume efetivamente contratado) realmente devem sair do papel.


 A conta do atraso na entrada em operação de usinas térmicas -- clique na imagem para ampliá-la -- (Gráfico: Valor Econômico).

O problema é que, segundo analistas respeitados de mercado, essa projeção ainda é bastante otimista. A consultoria PSR calcula que apenas 784 MW médios têm chances reais de entrar em operação. Mesmo assim, mais da metade disso só deve se transformar em oferta de energia a partir de janeiro de 2014, com a conclusão de duas térmicas que foram vendidas pela Bertin à MPX.

"O Brasil foi salvo pela recessão", diz Jorge Trinkenreich, diretor da PSR. Como o aumento da demanda tem crescido bem menos do que o esperado, o atraso na construção das usinas gerou menos dor de cabeça e até causou um problema curioso: as distribuidoras ficaram sobrecontratadas, ou seja, o consumo está abaixo do que imaginavam e elas agora têm energia demais em mãos. "Parece que o país gosta de viver perigosamente", ironiza o especialista, retomando a seriedade em seguida e frisando que a confusão não deve ser celebrada.

Por incrível que pareça, a revogação das autorizações para a Bertin construir suas térmicas - independentemente da adoção de penalidades pela Aneel - pode até resolver a situação das distribuidoras. Elas continuam sobrecontratadas. Com a revogação, reverte-se em grande parte o problema e abre-se espaço para a realização de um novo leilão de projetos novos (A-3) até o fim deste ano, segundo o diretor da agência Julião Coelho.

Aneel vai zerar pendências do grupo Bertin

O grupo paulista Bertin está prestes a sofrer um novo revés que pode comprometer definitivamente o plano de negócios formulado recentemente para resolver sua complicada situação no setor elétrico. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se prepara para executar a cobrança de R$ 430 milhões em garantias de fiel cumprimento pelo atraso de 15 usinas térmicas, além de fazer uma limpeza nas pendências que ainda impedem a abertura de novas punições.

Pior ainda: a Aneel demonstra pouca disposição para aceitar o parcelamento do débito ou que esse dinheiro seja descontado do montante a receber das usinas que ainda podem entrar em funcionamento, contrariando um pedido da Bertin. "Não faz sentido parcelar como se fosse uma multa", afirmou o diretor Julião Coelho, que relata diversos processos na Aneel envolvendo a empresa. "Isso destitui o próprio instrumento da garantia como forma de assegurar a execução do empreendimento".


Projetos emperrados do grupo Bertin -- clique na imagem para ampliá-la -- (Ilustração: Valor Econômico).

Coelho enfatiza que já houve decisões anteriores da agência negando o pagamento diluído das garantias. Com isso, segundo ele, criou-se um precedente que dificilmente será revertido. Em caso que a Aneel considera como semelhante, há três semanas, a Multiner teve negado um pedido para parcelar garantias referentes a duas usinas térmicas que somavam R$ 40,7 milhões. Além disso, as autorizações para esses dois projetos foram revogadas.
Com exceção da usina José de Alencar, em estágio mais avançado de execução, a Bertin ainda está com recursos administrativos ou em fase de defesa prévia contra a cobrança das garantias. Esse tipo de penalidade pode atingir até 10% do valor do investimento estimado para cada projeto. Não é o único baque, no entanto, para a empresa paulista. Amanhã, em reunião de diretoria colegiada, a Aneel deverá rejeitar a devolução "amigável" pedida pela Bertin para outras cinco térmicas - Escolha, Cacimbaes, Macaíba, Iconha e Rio Largo - e abrir caminho para um processo de revogação com penalidades. Juntas, essas usinas somam 1,2 mil megawatts (MW) de potência.

O presidente da Bertin Energia, Ricardo Knoepfelmacher, disse ao Valor que a rejeição dos pedidos apresentados à agência pode comprometer o plano de reestruturação da empresa e a venda de boa parte de seus ativos ao grupo gaúcho Bolognesi. "Se o aspecto punitivo se der de forma integral antecipada e ainda com o ajuste forçado dos preços, a tendência é inviabilizar financeiramente todos os projetos e termos uma obra de R$ 4 bilhões paralisada na Bahia".

O que está em jogo, segundo a visão praticamente consensual na Aneel, é a própria credibilidade do sistema de leilões de energia. O sistema foi criado em 2004, pela então ministra Dilma Rousseff, com certames para a contratação de projetos com início da oferta três anos depois (A-3) e cinco anos depois (A-5). "Se a agência ceder, será a desmoralização dos leilões", comentou outro diretor, pedindo anonimato. Por isso, a intenção da Aneel é endurecer com a Bertin para que o caso sirva como exemplo no setor elétrico. A interpretação corrente hoje na agência é que a aprovação dos pedidos da empresa, com relaxamento das penalidades, pode estimular atrasos de outros empreendedores.

Com base na experiência ruim da Bertin, a Aneel estuda propor uma série de medidas para evitar a repetição dos erros em futuros leilões. Uma das possibilidades é impedir a habilitação de tantos projetos por uma mesma empresa, a fim de evitar a concentração da oferta de novas usinas por um só empreendedor, como ocorreu com a Bertin no leilão de 2008.  Outra hipótese que já foi avaliada é introduzir limite de oferta no certame. No leilão A-5 de 2005, a Bertin negociou contratos de 16 das 18 usinas que colocou em disputa por uma tarifa de cerca de R$ 146 por megawatt-hora, um preço que o governo vê como alto demais e influenciado pelo excesso de oferta da empresa. Nenhuma das propostas, porém, foi considera madura o suficiente até agora.

Para a Bertin, uma espécie de tiro de misericórdia pode ser dado com a análise de pedido à Aneel para formar um "cluster" de usinas apelidado de Nova Aratu, na Bahia. A proposta da empresa é juntar as obras em andamento de seis usinas que formavam Aratu I e aproveitá-las dentro das condições contratuais de Aratu II. O primeiro grupo (Aratu I) tem cerca de 90% das obras civis executadas, várias turbinas à espera de serem ativadas e motores de fabricação europeia aguardando o embarque no porto de Hamburgo. Deveria ter iniciado as operações em janeiro de 2011 e o preço da energia contratada foi de R$ 126 por MWh. Já o segundo grupo (Aratu II) está parado, mas só tem funcionamento previsto a partir de janeiro de 2013 e teve energia comercializada a cerca de R$ 146 por MWh.

Como os dois "clusters" são irmãos siameses, com 1.056 MW de capacidade prevista, o pedido da Bertin foi para uma "mudança de localização" das usinas. Esse movimento também é visto com cautela pela Aneel. Os diretores não gostam da ideia de "trocar" uma tarifa de R$ 126 por outra de R$ 146, ressaltando que a energia gerada será a mesma. "Estamos atentos e não vamos cochilar com isso", avisou Julião Coelho.

Para a Bertin, conforme ressaltou Ricardo Knoepfelmacher, a possibilidade de aplicar uma tarifa de R$ 146 por MWh para as usinas de Nova Aratu não só tem todo o respaldo legal, como é peça-chave para levar adiante o plano de reestruturação. Sem isso, segundo o executivo, fica muito difícil ter fluxo de caixa suficiente para conseguir financiamento e concluir as térmicas. O resultado é que nenhum investidor se sentiria atraído. Na Nova Aratu, a ideia da Bertin é ficar com 49%, vendendo o controle acionário para o grupo Bolognesi.


segunda-feira, 30 de julho de 2012

Universidade em Taiwan processa Apple por violação de patentes

[Eis a Apple envolvida em mais uma briga judicial ...]

A Cheng Kung University, de Taiwan, afirmou hoje que registrou uma queixa de violação de patentes contra a Apple em um tribunal nos Estados Unidos. A denúncia está relacionada ao sistema de comando de voz Siri usado nas últimas versões do iPhone e iPad, marcando a mais recente reclamação sobre patentes contra a companhia californiana.

Em um registro feito em um tribunal no leste do Texas, a universidade alega que o Siri - assistente que permite chamadas telefônicas e executar outras tarefas por meio de comandos de voz – viola duas patentes da instituição: um sistema de reconhecimento de fala e outro que controla como o dispositivo interage com o comando de voz do usuário.

A universidade está pedindo uma quantia não revelada de indenização por danos, de acordo com o registro realizado na sexta-feira. A Apple não estava disponível de imediato para comentar o caso.

Vale recordar que a Apple vem enfrentando uma série de batalhas legais com outros fabricantes de smartphones, incluindo a Samsung e a HTC, sobre patentes de tecnologias de dispositivos móveis e funções.

Além de indenização financeira, uma decisão contra a Apple poderia bloquear efetivamente as exportações dos dispositivos da companhia para outros países, mudando significativamente o cenário competitivo.

Mensalão: nova manobra para adiar início do julgamento

[O rolo compressor a favor dos réus do mensalão, com dois ex-ministros da "Justiça" (qual?...) à frente, é incessante e tentou agora adiar o início do julgamento, marcado para o próximo dia 2 de agosto, conforme noticiou hoje a Folha de S. Paulo.]

Os advogados e ex-ministros da Justiça Márcio Thomaz Bastos e José Carlos Dias protocolaram documento no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo vista sobre autos do processo do mensalão, o que pode levar ao adiamento do julgamento do caso na Corte. Eles defendem diretores do Banco Rural e assinam a petição com outros dois advogados da instituição. Os dois alegam que precisam analisar a nova documentação entregue na semana passada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ao STF. Nela, Gurgel afirma que o mensalão foi o maior caso de corrupção da história do país.

Thomaz Bastos e Dias afirmam que a defesa tem o direito à última palavra no caso, tanto verbal quanto escrita. E que, portanto, precisam ter conhecimento do que diz o procurador em sua peça para poder apresentar o contraditório.  O memorial elaborado por Gurgel foi entregue na última semana aos 11 integrantes do Supremo e, segundo o procurador-geral, visa facilitar o trabalho dos ministros.

[Já o jornal O Estado de S. Paulo, também de hoje, informa que a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministra do STF, Cármen Lúcia Antunes Rocha, arquivou pedido para adiar o julgamento do mensalão.  À primeira vista, só pela manchete, tem-se a impressão de que a ameaça de adiamento do início do julgamento noticiada pela Folha foi afastada pela decisão da presidente do TSE informada pelo Estadão. Ledo engano, trata-se de duas petições diferentes feitas a tribunais distintos. Vejamos o texto do Estadão.]

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia Antunes Rocha, arquivou um pedido de advogados de São Paulo ligados ao PT para que ela ponderasse com seus colegas de STF que é inoportuno julgar a ação do mensalão durante o período eleitoral. Os advogados manifestavam a preocupação sobre uma eventual influência do julgamento, que começa na quinta-feira, 2, nas eleições municipais de outubro. Ao despachar, Cármen Lúcia afirmou que não havia pedido ou requerimento relacionado às atribuições da Presidência do TSE.

Segundo a ministra, os advogados "valem-se de petição para externar preocupações e requerer o que seria indevida interferência deste Tribunal Superior Eleitoral na organização interna do Supremo Tribunal Federal".

"Além de serem vagos e imprecisos os argumentos apresentados, baseados em suposto desequilíbrio no processo eleitoral decorrente do julgamento da ação penal mencionada, é de primário conhecimento não caber a este Tribunal Superior Eleitoral representar junto ao Supremo Tribunal Federal preocupações e interesses de réus em qualquer ação penal ali em tramitação, ainda que sejam candidatos ou dirigentes de partidos políticos", disse Cármen Lúcia.

[Assim, permanece, até prova em contrário, pendente de decisão do STF relativa ao pedido de vista dos advogados do Banco Rural o efetivo início ou não do julgamento do mensalão no dia 02 de agosto vindouro. Comentário en passant: se para defender uma PF (Pessoa Física) chamada Carlinhos Cachoeira o Sr. Márcio Thomaz Bastos está embolsando R$ 15 milhões, imagine-se a grana que deve estar ganhando p'ra defender uma PJ (Pessoa Jurídica) e, ainda por cima, um banco ...]

Agências reguladoras brasileiras: afinal, feitas para proteger o quê e quem?

[Quando se fala em agência reguladora no Brasil, a primeira reação que se tem é achar que o país tem agência demais. O país tem hoje 10 agências em funcionamento e uma no forno (há mais de um ano) para ser criada: ANA (Agência Nacional de Águas), ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), ANCINE (Agência Nacional do Cinema) ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a ANM (Agência Nacional de Mineração -- em processo de criação, para substituir o DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral).


A lista anterior não inclui inúmeros outros órgãos federais que têm poder regulatório em áreas específicas, cuja relação completa não logrei conseguir -- nessa lista adicional temos, por exemplo: CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica, vinculado ao Ministério da Justiça), o CNM (Conselho Monetário Nacional, vinculado ao MF - Ministério da Fazenda), CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária, vinculado ao MF), COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, vinculado ao MF), BACEN (Banco Central, vinculado ao MF), CVM (Comissão de Valores Mobiliários, vinculada ao MF) e vários outros, nas áreas de seguros e outras. Sem falar nas ONGs, como o CONAR (Conselho Natural de Autorregulamentação Publicitária, que normalmente é subestimado ou mesmo ignorado pela população, mas que tem uma grande e infelizmente desconhecida importância no nosso dia a dia).  Mas, por mais agências que tenhamos, acho praticamente impossível superar a miríade de agências e órgãos reguladores americanos, algo próximo do inacreditável.


Nessa sopa de letras da administração regulatória federal, além da dificuldade de se ter a manada toda nomeada, outro problema é identificar quem é diligente e eficiente, quem não é cabide de empregos, etc, etc. As deficiências mais evidentes costumam ser prontamente visíveis nas agências que lidam com serviços e produtos da nossa rotina diária: saúde (comida, remédios e bebidas), transportes, telecomunicações, energia elétrica, fusões e aquisições, etc. Aí é que a cobra fuma, e a gente começa a sentir em todo nosso organismo físico (a começar pelo bolso ...) e psicológico toda a ruindade lato sensu de várias dessas agências. Muitas vezes, as lentes pelas quais vemos ampliadamente essa deficiência regulatória são os órgãos de defesa do consumidor, que funcionam também como nossos defensores (nem todos também parelhos em eficiência).
Por conta disso, reproduzo a seguir a íntegra do artigo de hoje do Globo, de autoria de Marilena Lazzarini e Marcos Pó, ela presidente do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), e ele, professor do Bacharelado em Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC e membro do Conselho Diretor do Idec. Essa transcrição não significa que concordo integralmente com a opinião dos autores -- acho, por exemplo, que foram muito benevolentes e fracos de argumentos para os elogios à ANS, à Anatel e à Aneel.]

Espetáculo ou mudança?

Marilena Lazzarini e Marcos Pó (O Globo, 30/7/12)

Nesses 25 anos de atuação, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) é testemunha da baixíssima prioridade dada à proteção do consumidor na ordem econômica brasileira. Medidas são tomadas apenas quando o consumidor já arcou repetidamente com o prejuízo pela má qualidade dos bens e serviços ou quando ocorre algum desastre, em situações que poderiam ser evitadas com uma regulação atenta e eficiente.

Nesse sentido, os casos recentes das ações governamentais sobre os juros bancários, os planos de saúde e, agora, as telecomunicações nos levam a perguntar se -- oxalá! -- estamos finalmente vendo uma mudança na postura governamental de proteção ao consumidor ou se é apenas um surto transitório.

O papel dos reguladores na proteção dos consumidores é claro nas maiores economias do mundo, como no Reino Unido, onde a agência res;ponsável pela área de energia (OFGEM) declara em seu site que "proteger os consumidores é nossa primeira prioridade". Na área de comunicação, o ato legal que instala a agência (OFCOM) determina que "a principal tarefa da OFCOM é [...] avançar os interesses dos consumidores". Ou seja, reconhece-se que um mercado avançado só existe com a proteção da sua parte mais vulnerável. Infelizmente, os reguladores brasileiros não costumam pensar na proteção do consumidor, pois os serviços regulados são recordistas de queixas nos Procons e nos juizados especiais cíveis.

Nas avaliações realizadas pelo Idec sobre os reguladores brasileiros, encontramos ações elogiáveis em prol do consumidor, como no Inmetro e na Anvisa, ou da transparência, como na Aneel, mas a tônica geral é de descaso pela proteção do consumidor. Não por coincidência, os reguladores dos três setores recém-afetados (Anatel, ANS e Banco Central) sempre estiveram entre as piores colocações.

O histórico da Anatel é um exemplo disso. Não é difícil encontrar multas irrisórias, inclusive uma inferior a três reais. Mesmo assim, segundo o Tribunal de Contas da União, a agência recebe apenas 4,5% das multas aplicadas. Acham-se no site recursos administrativos ainda em julgamento sobre irregularidades cometidas em 2006. A situação é ainda mais peculiar porque a defesa utiliza parecer de uma superintendência da própria agência, felizmente não acatado pelo conselho diretor, alegando que o valor excessivo de multas poderia comprometer o equilíbrio econômico das empresas fiscalizadas.

Há muito a ser feito para que tenhamos uma proteção efetiva ao consumidor brasileiro no campo da regulação. As agências sequer apuram as reclamações feitas nos Procons e nem os consultam antes de propor regulamentos, ao contrário da absoluta maioria dos países da OCDE. Isso acarreta um elevado custo social, que pode ser medido pela apropriação indevida de renda, pelo não investimento em qualidade, pelos prejuízos impostos aos consumidores e pelo desrespeito à legislação consumerista.

Esperamos que ações como as da Anatel e da ANS não sejam apenas medidas espetaculares eventuais, mas que estejam sinalizando uma nova postura, em que os cidadãos de todas as classes sociais possam finalmente sentir que as autoridades se preocupam com os seus direitos.

Um mercado bem regulado beneficia a sociedade por permitir o acesso a bens e serviços de qualidade e pelo preço justo, diminui o custo social, premia as empresas que priorizam a qualidade à publicidade e leva ao desenvolvimento econômico e social do país.

Gadgets "indispensáveis"

[O texto abaixo é da autoria de Camila Lam e foi publicado hoje no site da revista Exame.]

Smartphones fazem parte da vida da maioria dos empreendedores e acabam sendo essenciais para aqueles que desejam ter as informações da empresa por perto. No escritório, outros gadgets podem auxiliar na otimização do tempo ou em apresentações para clientes.

Sete empreendedores contaram a Exame.com quais são os produtos que fazem parte da sua rotina de trabalho. A lista a seguir traz os aparelhos preferidos de empreendedores como Julio Vasconcellos, CEO do Peixe Urbano, e Emerson Calegaretti, CEO do RestauranteWeb no Brasil.

Tablet 

Alan Meira, sócio fundador do Engarte, plataforma de compra e venda de projetos de engenharia, afirma que o tablet da Apple é indispensável no ambiente de trabalho. “Ele é usado como ferramenta comercial para os clientes, prototipação de ideias e agregador de conteúdo”, conta. O Ipad foi o eleito também por Gustavo Caetano, fundador e CEO do Samba Tech. Segundo ele, o aparelho é usado para se atualizar durante a manhã. “Os apps facilitam a organização das notícias e o compartilhamento seja por Twitter ou e-mail”, explica.

Fones de ouvido

Julio Vasconcellos, sócio fundador e CEO do site de compras coletivas Peixe Urbano, afirma que os fones de ouvido da marca Bose são indispensáveis na sua rotina. “Melhor maneira de escutar música, porque ele reduz significativamente os ruídos externos. É ótimo para quem viaja muito de avião ou precisa de grande concentração”, explica. 

Timer

Às vezes, reuniões de trabalho costumam render mais do que o planejado. Por isso, Rodrigo Vitulli, fundador da Recomind.net, conta que o timer em formato de maçã ajuda no seu dia a dia. “Quando começamos reuniões de qualquer tipo, acionamos a ‘maçã do tempo’. Ele nos ajuda a otimizar nossas reuniões”, explica. 

Scanner de mão

Emerson Calegaretti, CEO do RestauranteWeb do Brasil, escolheu o scanner de mão como item indispensável na sua rotina de trabalho. Como a empresa trabalha com delivery de comida, ele explica que o aparelhinho é essencial. “Usamos para escanear o cardápio do restaurante e disponibilizar no portal”, explica Calegaretti.

Carregador solar

O empreendedor Thomas Floracks vive em Bogotá e é cofundador do VivaReal, rede de portais imobiliários que atua nos Estados Unidos e na América Latina. Como viaja muito, ele explica que nem sempre consegue recarregar o seu celular quando está em aeroportos. “O sistema de recarga solar permite recarregá-lo utilizando uma fonte de energia limpa e renovável”, conta.

E-reader

Franco Silvetti, CEO do Restorando, startup de reservas de restaurantes online, conta que o Kindle, e-reader da Amazon, é o gadget que faz parte da sua rotina. “Gosto muito de ler e acho mais confortável do que ler em um iPad”, afirma.


Caixas de som


A música é uma fonte de inspiração para os empreendedores da startup Pitzi, um clube em que os assinantes cadastram o modelo de seu celular e com o pagamento de uma mensalidade recebem assistência no caso de acidentes. “Nossas caixinhas de som, pequenas mas poderosas, nos ajudam a pensar criativamente. Música é o ritmo da sede Pitzi, que nos inspira para pensar grande e fazer coisas cada vez mais divertidas para nossos clientes”, afirma Daniel Hatkoff, sócio fundador da Pitzi.

Agora, veja as opções de aplicativos

9 apps gratuitos para controlar seu negócio à distância

12 apps para manter seu negócio organizado




Aplicativos de smartphones turbinam GPS com ferramentas sociais

[O texto abaixo é da autoria de Leonardo Luís e foi publicado hoje no jornal Folha de S. Paulo.]

Navegadores de GPS convencionais costumam mostrar o trajeto mais curto, mas nem sempre exibem o mais rápido. Fatores como engarrafamentos, obras e acidentes recém-ocorridos podem ser mais relevantes para quem tem pressa do que a distância a ser percorrida.  

Um aplicativo de GPS para iOS e Android, o Waze, com cerca de 20 milhões de usuários no mundo, calcula as rotas mais rápidas com base em dados de tráfego enviados pelos próprios usuários, constantemente atualizados. Ele tende a desviar de vias em que usuários acusam tráfego intenso quando há alternativas mais viáveis.  "É o equivalente a uma Wikipédia para o trânsito", diz Uri Levine, criador do app.


Telas do aplicativo Waze -- clique na imagem para ampliá-la -- (Fonte: Divulgação). 

O Waze, que chegou ao Brasil em junho com um mapa completo do país, é um de vários aplicativos que integram recursos sociais às funcionalidades comuns do GPS.  

Há alguns dias, foi lançado nos EUA o Twist, para iOS. Desenvolvido por Mike Belshe, um dos criadores do browser Chrome, ele é semelhante ao Glympse, app para Android, iOS e Windows Phone (fora do Windows Marketplace brasileiro, por enquanto). Com ambos os apps, o usuário compartilha com amigos o trajeto que está fazendo em tempo real. Contatos adicionados recebem por e-mail um link para ver o percurso, com uma estimativa de quando a pessoa chegará ao destino. 

Diferentemente de ferramentas como o Google Latitude (para várias plataformas) e o Find My Friends (para iOS), o Twist e o Glympse se propõem a responder não só à pergunta "onde você está?", mas também a questões como "você está vindo?" e "a que horas você vai chegar?". 

Apesar de não deixar ver a evolução do trajeto em tempo real, o Waze também permite compartilhar estimativas de chegada --e elas tendem a ser mais precisas que as do Twist e do Glympse, por considerarem o trânsito. A confiabilidade do Waze depende, no entanto, da base de usuários. No Brasil, cerca de 480 mil pessoas têm o aplicativo, metade delas na cidade de São Paulo. Em Israel, onde fica a sede do serviço, são 2 milhões. Lá, o mapa foi todo construído pelos usuários --o app desenha rotas ainda não registradas à medida que carros passam por elas. No Brasil, para acelerar a adesão, o Waze gerou mapas em parceria com a empresa de mapas digitais Multispectral. 

Assim como alguns aparelhos de GPS convencionais, o Waze pode enviar alertas sobre radares, e usuários podem avisar sobre a presença de policiamento.  Nesse sentido, ele é menos completo do que o Trapster, app com mais de 16 milhões de usuários no mundo todo cujo foco são alertas do tipo. O Trapster (para iOS, Android e Windows Phone) tem em seu registro quase 6 milhões de radares em diversos países. Outros 21 tipos de alertas são possíveis, como avisar sobre um animal morto na pista. "É uma versão high-tech da piscada de faróis para aletar sobre incidentes", diz o site do aplicativo. 

 Mão na roda - clique na imagem para ampliá-la -- (Ilustração: Folha de S. Paulo).

CORRIDA: APPS X GPS

Deixamos a sede da Folha, no centro de São Paulo, às 16h29 de uma quarta-feira, com destino a um endereço na Vila Sônia (zona sul), em carros diferentes. Um deles seguia o percurso recomendado pelo Google Maps e pelo aparelho de GPS do motorista. O outro era ajudado pelos apps Trapster e Waze.  Logo no começo, uma esperteza do Waze: ele sugeriu que fugíssemos da rua da Consolação, que estava com tráfego intenso, e déssemos a volta pela marginal Tietê. 

O percurso sugerido seria de 24 km, cerca de 11 km a mais que a rota pela Consolação, mas menos demorado. Chegaríamos ao destino às 17h20, dizia o Waze.  O Trapster, que não sugere rotas, só endossava os dados do Waze sobre a intensidade do tráfego. Ele apontava corretamente a presença da maioria dos radares. O Waze deixava passar quase todos. 

Usamos também apps para compartilhar na web o percurso em tempo real: o Glympse para o carro que fazia a rota do Waze e o Twist para o outro. Ambos faziam previsões pouco realistas do tempo de viagem --diziam que ela demoraria menos de 30 minutos.  O Waze estimou que a viagem do carro conduzido por suas sugestões levaria 51 minutos. Ela levou 53. O carro sem os aplicativos chegou 15 minutos depois, às 17h37.

A espanhola Telefônica planeja trazer da Espanha para São Paulo a sede de suas operações na América Latina

A empresa [espanhola] Telefônica [dona da Vivo no Brasil] prepara mais um passo na sua aposta na América Latina. A empresa planeja transferir para São Paulo a sede operativa da gestão corporativa de seus negócios na região, que até agora se localiza em Madri. Isso pressupõe inicialmente a transferência do presidente da Telefónica Latinoamérica [nome da empresa em espanhol], Santiago Fernández Valbuena, e de parte de sua equipe, segundo fontes próximas à empresa. Com isso, a Telefônica passaria a ter três sedes operativas globais: Madri, para os negócios europeus e os serviços corporativos do grupo; Londres, para a Telefónica Digital; e São Paulo, para a Telefónica Latinoamérica.

Os diretores da Telefônica chegaram à conclusão de que deixou de ser eficiente coordenar e gerir com horário espanhol os negócios latino-americanos.  A distância até Madri também complica os deslocamentos. Os executivos da Telefónica Latinoamérica, entre eles o próprio Fernández Valbuena, já passam boa parte de seu tempo no Brasil e no resto dos países em que o grupo está presente. Com um faturamento de 14,963 bilhões de euros no primeiro semestre, a Telefónica Latinoamérica representa já quase a metade do volume de negócios do grupo, e é a que registra maior crescimento.

A escolha de S. Paulo como quartel-geral latino-americano se deve à importância adquirida pelo Brasil nas contas do grupo, sobretudo desde a compra da Vivo. Com um resultado de 6,9 bilhões de euros no primeiro semestre, o Brasil já é o segundo mercado da Telefônica, muito próximo da Espanha, e o primeiro no negócio de celulares (4,253 bilhões de euros). Quase a metade do negócio latino-americano da empresa está no Brasil.

A sede social da Telefónica Internacional (TISA) será mantida na Espanha, mas o estabelecimento da sede operativa do negócio latino-americano em São Paulo pode ser um primeiro passo para agrupar todos demais negócios da TISA na região em uma única empresa, em uma operação corporativa complexa, que permitiria negociar toda essa área na Bolsa de maneira independente, com uma empresa que pode ser cotada na Bolsa de Nova Iorque ou na de São Paulo. Essas decisões, no entanto, não foram ainda tomadas e estão em fase de estudos. Na semana passada, em uma apresentação a analistas, o presidente da empresa, César Alierta, insistiu em afirmar que a companhia "analisa as alternativas possíveis para negociar em Bolsa essa sua empresa regional na América Latina".

Um analista perguntou a Alierta sobre a possibilidade de trocar a sede do grupo, para evitar a penalização dos mercados. Ele enfatizou que o aumento da dívida se deveu em parte à compra da O2 e da Vivo, ambas fora da zona do euro, e que havia uma "nítida contradição" na penalização à empresa por investir fora [da Espanha e da eurozona], quando seus competidores europeus têm a maior parte de suas receitas oriundas da zona do euro. E reconheceu que há uma depreciação na avaliação da Telefônica por ter sua sede na Espanha. Mas, deixou claro: "Temos nossa sede empresarial em Madri e vamos mantê-la em Madri, porque estamos em 25 países e nosso negócio precisa ser observado pelo que gera esse grupo de países". Em seguida, acrescentou: "Para Telefônica, nosso domicílio são esses 25 países em que estamos. Essa é a nossa casa".

domingo, 29 de julho de 2012

Mountain Lion deixa Mac ainda mais perto de iPhone e iPad

[O texto abaixo é da autoria de Jason Snell, Macworld/EUA, e foi publicado no site Macworld em 26 de julho.]

Cerca de um ano após a chegada do Lion, a Apple está de volta com o sucessor Mountain Lion, também conhecido como OS X 10.8.

Assim como seu antecessor, o Mountain Lion oferece vários novos recursos que serão familiares aos usuários iOS. Esse novo sistema continua a filosofia da Apple de levar os recursos do iPhone e iPad “de volta para o Mac”, e inclui Mensagens, Lembretes, Notas, Central de Notificações, integração nativa com o Twitter, Game Center, e espelhamento via AirPlay. Existem até alguns recursos que estão fazendo sua estreia no Mountain Lion, e depois farão o caminho inverso para o iOS 6 no próximo trimestre.

Como é o primeiro lançamento de OS X após o iCloud, o Mountain Lion oferece uma integração muito mais sólida com o serviço de sincronização na nuvem da Apple. O novo sistema também traz opções para limitar quais tipos de apps os usuários podem instalar, oferece integração nativa por todo o sistema com redes sociais e serviços de compartilhamento social, além de fornecer aos novos MacBooks a possibilidade de continuar funcionando mesmo quando eles parecem estar “dormindo”. 

Por 20 dólares (40 reais), o Mountain Lion é o upgrade de OS X mais barato desde que o 10.1 foi liberado de forma gratuita há 11 anos. Assim como o Lion, o novo sistema está disponível apenas por meio da Mac App Store. A combinação de preço baixo e a facilidade para download provavelmente tornarão esse o OS X com adoção mais rápida da história. E dadas as impressões que tivemos do software, isso é algo bom.

(Nota de compatibilidade: nem todos os Macs rodando Lion poderão receber o Mountain Lion. Para saber mais, veja nossa reportagem sobre o assunto.)

iCloud

Antes limitada, a integração com o iCloud fica muito melhor com o Mountain Lion – o que terá continuidade com o iOS 6.  Essa melhoria já começa logo na inicialização do sistema. O assistente de instalação pede sua iCloud ID para sincronizar várias das suas preferências principais- essencialmente as informações armazenadas no painel Mail, Contatos e Calendários das Preferências de Sistema. Com esse simples login, todas as suas contas de e-mail, contatos, calendários, notas, lembretes, e coisas parecidas, ficarão disponíveis no Mac que você está usando.

Apesar de pequenos problemas, o Mountain Lion deixa muito mais claro para os usuários como o iCloud vai beneficiar todos que usam produtos da Apple ligar todos eles de forma mais próxima e eliminar muito dos processos confusos com os arquivos.


Leia também:


Clique na imagem para ampliá-la -- (Fonte: Macworld).




Apps do iOS no Mac

Com o novo sistema, a Apple está continuando a abordagem iniciada no Lion para sincronizar o visual, o sentimento e até os nomes usados pelo OS X e iOS. A Agenda virou Contatos, como no iOS, enquanto que o iCal agora é chamado de Calendários. Mais notavelmente, há alguns novos apps que foram criados especificamente para combinar com seus correspondentes no iOS – e para sincronizar dados entre os aparelhos.

O Lembretes, que é quase igual a versão lançada no iOS 5, sincroniza seus lembretes via iCloud. Ele suporta a mesma lista de coisas a fazer já conhecida do app para iPhone e é um aplicativo indicado para quem quer essa lista básica sincronizada entre todos esses aparelhos. 

De forma parecida, o Notas será instantaneamente reconhecido pelos usuários iOS com sua interface amarela no estilo de cadernos universitários e também oferece sincronização entre seu iPhone/iPad e Mac. 


Aplicativo Notas traz visual conhecido dos donos de iPhone e iPad - (Clique na imagem para ampliá-la) - (Fonte: Macworld).

E o novo app do Game Center finalmente traz a rede online da Apple para jogos que já existia no iOS há um bom tempo. O mais importante disso é que os desenvolvedores de games para Mac agora têm acesso ao Game Center e listas de amigos, sistema de rankings, chat por voz dentro do app, jogabilidade um contra o outro e jogo entre as plataformas da Apple. Espere por vários jogos para Mac vindos diretamente do seu iPhone ou iPad.

Game Center demorou mais de um ano para chegar aos Macs - clique na imagem para ampliá-la -- (Fonte: Macworld).

Mensagens no lugar do iChat

Uma das boas adições do sistema é o sistema de comunicação Mensagens, que permite ao usuários de Mac trocarem mensagens (e imagens e arquivos) com os donos de aparelhos iOS sem pagar nada. E um botão de videochamada integrada te permite iniciar uma conversa por vídeo com aparelhos compatíveis, seja por AIM ou abrir o FaceTime. 

Apesar de todas essas qualidades, o app Mensagens pode trazer algumas frustrações. Por exemplo, sempre que eu recebo uma mensagem, meu Mac, meu iPhone e meu iPad também tocam ou vibram. Não apenas no início, mas todas as vezes. Deveria haver uma maneira para a Apple detectar qual aparelho está sendo usado de forma ativa no momento da conversa. Assim, não preciso mutar meu iPad e tirar meu iPhone do bolso para poder ter uma conversa pelo aplicativo no Mac. 

Outro ponto negativo é que ao abrir meu Mac após ter uma conversa com o iMessage no meu iPhone, o Mensagens abriu uma nova janela de chat e mostrou as mensagens antigas dessa conversas. Algo chato e uma forma deselegante de se começar uma conversa – além de propiciar situações constrangedoras. (O pior é que algumas vezes o app só mostra uma parte da conversa, o que não ajuda nada.) 

 App Mensagens pode trazer dor de cabeça com notificações em todos os seus aparelhos -- clique na imagem para ampliá-la -- (Fonte: Macworld).

Central de Notificações

Com o Mountain Lion, o OS X ganha um sistema de notificações nativo acessível para qualquer desenvolvedor, que traz muito do que já encontramos no iOS. Os alertas aparecem no lado direito da tela, em uma pequena bolha. Os banners das notificações ficam lá por cinco segundos e depois somem. A Central de Notificações pode ser acionada por meio de um botão no lado superior da tela ou por um comando no trackpad.

Trazendo boas opções de customização, a Central de Notificações te permite “fugir” desses avisos para que elas não atrapalhem sua vida, dependendo do contexto, e é certamente uma adição útil ao seu Mac.

 Central de Notificações é uma boa adição para organizar seu dia-a-dia no Mac - clique na imagem para ampliá-la -- (Fonte: Macworld).


Gatekeeper de olho nos seus apps

Esse novo recurso, que pode ser encontrado no painel de Segurança e Privacidade das Preferências de Sistema, adiciona um nível de proteção intermediário entre apps totalmente aprovados pela Mac App Store e arquivos aleatório baixados de fontes desconhecidas na Internet. É a tentativa da Apple trazer uma segurança mais parecida com a encontrada no iOS mesmo que os aplicativos que eles usem não sejam da Mac App Store. E é uma ideia.

A maioria das pessoas só vai se deparar com o Gatekeeper quando tentar baixar um app que não foi atualizado com a assinatura de um desenvolvedor. Você pode desabilitar o Gatekeeper por completo, mas também é possível abrir apps não-identificados manualmente. Apenas clique no app com a tecla Control apertada no Finder e escolha a opção Abrir (Open). O Gatekeeper não vai te impedir. E vale notar que, como o nome sugere, o Gatekeeper, não é um sistema que verifica seu Mac de forma contínua em busca de malware. Ele só funciona na primeira vez que você tenta abrir um app. Passado esse portão, não há mais segurança.


Gatekeeper permite controlar quais apps podem ser instalados no seu Mac - clique na imagem para ampliá-la -- (Fonte: Macworld).


Serviços sociais e de compartilhamento

Em uma tentativa de reduzir a quantidade de passos necessários para compartilhar posts nas redes sociais, a Apple adicionou um botão de compartilhamento na maioria de seus apps e forneceu acesso aos desenvolvedores para essa mesma funcionalidade. Quando você clica no botão Compartilhar em um app (conhecido dos usuários iOS), verá um menu pop-up listando várias maneiras de compartilhar o item com o qual está trabalhando.

Para estender isso, a companhia de Cupertino integrou de forma nativa o Twitter e o Facebook (disponível só no final do ano), assim como os serviços Flickr e Vimeo, entre outros, com o novo Mountain Lion.

No Safari, o botão de Compartilhar lhe permite postar um link no Facebook ou Twitter, adicionar um favorito, enviar um link via Mensagens, adicionar uma página a Lista de Leitura, ou enviar uma reportagem por e-mail. Você pode adicionar as informações das suas contas do Twitter e Facebook à preferência de sistema Mail, Contatos e Calendários. Uma vez que tiver feito isos, fica fácil e rápido compartilhar itens em praticamente qualquer lugar por meio do menu Compartilhar ou com os botões no topo da Central de Notificações. 

A integração com o Facebook e o Twitter vai além disso. O Mountain Lion pode sincronizar com sua lista de contatos do Facebook, para que todos os seus amigos da rede social apareçam nos Contatos, por exemplo.

Ditado

O recurso de Ditado, já disponível anteriormente no iPhone 4S e no iPad de terceira geração, finalmente chega ao Mac. A engine do serviço parece ser idêntica à encontrada no iOS e exige uma conexão com a Internet. Vale notar que o Ditado e o Siri são funções separadas e o Mountain não oferece o Siri.

É claro que há ferramentas pagas melhores por aí, mas não deixa de ser uma ótima adição ao sistema da Apple. O Ditado apresentou bons resultados em nossos testes, mas infelizmente não possui suporte para o nosso português – assim como o Siri.

MacBooks sonâmbulos

Agora, os MacBooks mais recentes podem desfrutar do mesmo "sonambulismo" dos aparelhos iOS, que continuam fazendo coisas quando estão dormindo, como checar seu e-mail, emitir alertas e sons, e até mesmo fazer backup. Tudo isso com o novo recurso Power Nap. Para ligar e desligar o Power Nap, é preciso acessaro painel de controle Economizador de Bateria (Energy Saver). Por padrão, ele fica ligado quando seu notebook está ligada na tomada e desligado quando está na bateria, mas é possível personalizar essas opções.

O recurso funciona ao acordar periodicamente seu MacBook mesmo quando ele está fechado, mas não é o despertar conhecido. Os ventiladores/coolers não giram e a tela não liga. E como o Power Nap só funcione em sistema que usam armazenamento em flash (em vez de HDs comuns), o acesso ao disco também é silencioso. De fora, você nunca saberia que ele está acordado.

A novidade é ótima, já que você não espera que seu iPhone ou iPad fiquem “mortos” para o mundo quando estão dormindo. O próximo passo, obviamente, é a Apple liberar o acesso ao Power Nap para determinados apps de terceiros. Os usuários de serviços de backup certamente adorariam isso.

O ponto negativo é a restrição para os modelos de Macs. Atualmente, o recurso só funciona com o MacBook Air 2011 ou 2012 ou com o novo (e caríssimo) MacBook Pro Retina. Mas no futuro isso deve mudar.
macbookproretina01.png 
Recurso Power Nap ainda é limitado a poucos Macs, como novo MacBook Pro Retina - clique na imagem para ampliá-la -- (Fonte: Macworld).

AirPlay

Sim, mais um recurso do iOS que chega ao Mac. E que promete trazer muitas facilidades aos donos de computadores da Apple. Agora, os usuários podem exibir os conteúdos da tela do seu Mac em qualquer aparelho de vídeo conectado a uma Apple TV (a partir da segunda geração).


Quando um Mac de 2011 ou mais recente com o Mountain Lion “sente” a presença de uma Apple TV na rede local, um ícone do AirPlay aparece na barra de menu. Clique nele e seleciona uma Apple TV, e seu desktop será duplicado na TV a qual está conectada. Por padrão, as imagens da sua tela são reduzidos para uma escala menor, mas é possível ajustar isso nas Preferências de Sistema para que o vídeo na tela do Mac fique em uma escala correspondente à sua HDTV.

Safari

O Safari 6 está disponível para os usuários do Mountain Lion e do anterior Lion (com menos recursos, já que alguns são exclusivos do novo sistema).

E, curiosamente, a maior adição ao navegador da Apple foi feita por uma subtração: a caixa de busca próxima à barra de endereços desapareceu. Em vez disso, como no rival Google Chrome, a barra de endereços também é o seu campo de buscas.

Outras boas novidades do Safari incluem as Abas do iCloud, um ícone na barra de ferramentas do browser que mostra uma lista de todas as páginas que você tem carregadas em todos os seus aparelhos, e a Lista de Leitura, que agora oferece um modo para leitura offline. Além disso, o navegador recebeu diversos recursos interessantes, como a nova Visualização em Abas, o Compartilhamento Integrado, e a opção de privacidade Do Not Track.

A Apple afirma que a performance do Safari em JavaScript melhorou, e que é a melhor entre os principais navegadores com o benchmark SunSpider. Em testes com o benchmark em questão com um MacBook Air 11, encontrei resultados quase idênticos entre Safari, Chrome e Firefox – esse último foi até um pouco mais rápido que o Safari, que ficou levemente à frente do Chrome.

Uma reclamação menor, que talvez nem todos os usuários se importem é que notei que as páginas parecem carregar de forma mais lenta no Safari 6. E a barra de status na parte inferior da janela não aponta mais que está buscando por domínios e carregando diversos elementos da página. Na maior parte das vezes, isso não incomoda, mas quando encontro uma página que demora a carregar, é algo um pouco frustrante – não há nenhuma indicação do que está acontecendo.

Mail 

O Mail não recebeu um grande upgrade no Mountain Lion, mas seu suporte para a Central de Notificações causou a adição de um grande recurso: lista de VIPs, que permite que você marque determinados contatos como “especiais”. Assim você só receberá notificações de novas mensagens dessas pessoas. O programa de e-mails da Apple continua não sendo perfeito, mas com certeza melhorou bastante com essas duas funcionalidades.

Novos recursos em todos os aparelhos

A maior novidade do lançamento do Mountain Lion não é um recurso em especial. Mas sim a nova dedicação da Apple para um ciclo anual de lançamento do OS X, e mais importante, uma agenda que está sincronizada com a chegada do iOS. O Lion – e o Mountain Lion em uma extensão menor – oferece vários novos recursos que foram trazidos de volta do iOS para o Mac. Mas o novo sistema também oferece algumas funcionalidades que chegarão ao inédito iOS 6 no próximo trimestre. 

A nova estratégia de sistemas da Apple não é apenas copiar o iOS para o Mac, como algumas pessoas disseram no ano passado quando o Lion foi anunciado. Em vez disso, o pensamento da Apple é liberar recursos em todos os seus aparelhos, em ambos os sistemas, ao mesmo tempo – ou ao menos o mais próximo possível disso.

Parece que, no geral, a Apple não está mais focada em recursos do Mac ou do iPhone ou do iPad quanto está em recursos em si, manifestados de maneiras apropriadas em todos os seus diferentes produtos. Sempre teremos recursos que são alterados para as interações muito diferentes que os usuários possuem com seus iPhones ou MacBooks, mas a maioria das ideias básicas chegará a todos os sistemas e aparelhos, e a maior parte deles será sincronizada com o iCloud.

 Sincronia entre iOS e OS X: Apple agora pensa em recursos de forma geral -- (Fonte: Macworld).

Para aqueles que argumentariam que esses recursos diminuem o Mac, tornando-o um aparelho mais simples, mais parecido com um “iPad com teclado” do que com um computador para serviços pesados, eu apontaria uma ferramenta como o Power Nap. Permitir que seu MacBook Air faça backup de maneira wireless enquando está fechado e dormindo não parece uma regressão, mas sim uma manifestação da filosofia “sempre ligado”do iOS, traduzida em um recurso essencialmente focado nos Macs. 

Sim, alguns recursos que a Apple introduziu no Lion e no Mountain Lion são especificamente criados para usuários novos e novatos, e isso é apropriado pela quantidade deles que temos. Mas recursos como LaunchPad e Gatekeeper e Documentos no iCloud são facilmente ignorados ou deixados de lado por usuários mais avançados. No Mac, a Apple parece ter escolhido um caminho que torna a experiência melhor para os usuários novos sem estragar as coisas para os veteranos. 

Conselho de compra da Macworld

Dito tudo isso, achei o Mountain Lion um sistema sólido e estável. Até mesmo as versões prévias dele eram bem mais estáveis do que viemos a esperar dos betas anteriores do OS X. Isso me fez pensar se a nova agenda anual da Apple está levando a atualizações incrementais mais cuidadosas (com menos bugs) em vez de intervalos maiores (com problemas maiores e piores).


Tradicionalmente, ao final de um review de sistema operacional, você esperaria uma discussão sobre se o upgrade vale o dinheiro. Mas por 20 dólares (40 reais – e isso pela compra única que pode ser usada em até cinco Macs), o preço não é um problema. Você tem um iPhone ou iPad com o qual vai atualizar para o iOS 6 no próximo trimestre? Ou vai comprar o próximo smartphone da Apple, quando ele for lançado (provavelmente em outubro)? Quer ter acesso aos últimos recursos que a Apple está lançando em toda sua linha de produtos? Se sim, sua resposta é definitivamente sim.
O Mountain Lion é o próximo passo depois do Lion. É o estado atual de arte da Apple. Se você está rodando o Lion (ou até mesmo o anterior Snow Leopard), recomendo subir a bordo.
 











 

 


  














 


Siemens é investigada pelo Cade

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) está investigando a Siemens no Brasil pela formação de cartel no mercado de um sistema utilizado na geração de energia elétrica. Segundo informou o órgão antitruste, o processo administrativo contra a empresa foi instaurado originalmente em 2006.

Em 28 de maio deste ano, ele foi reinstaurado pois "há novos indícios e foram incluídas investigações de novas pessoas físicas e jurídicas", conforme informou o Cade ao Valor. Assim, todos os envolvidos começaram a ser notificados novamente pelo órgão. O processo envolve as vendas do sistema chamado "air-insulated switchgear", quadros de distribuição isolados a ar, entre o período de 1997 a 2006.  [Eis mais um retrato da absoluta nulidade desse tal de Cade como instrumento de defesa do país contra atividades e procedimentos que violam os princípios da livre concorrência. No caso em foco, a Siemens estaria já há 15 anos comercializando um produto de maneira suspeita de impedir a livre concorrência -- 9 anos depois do início dessa venda (em 2006), o Cade abre investigação antitruste contra a gigante alemã, investigação essa que é encerrada não se sabe porquê e, 6 anos depois, é reaberta. Cadê a seriedade disso?! Há outros exemplos da extrema morosidade do Cade em suas decisões: - i) a fusão Sadia-Perdigão, anunciada em 2009, só teve parecer do Cade 2 anos depois; - ii) a compra da Garoto pela Nestlé, efetuada em fevereiro de 2002 só recebeu parecer do Cade também 2 anos depois, mas ainda há pendências legais alheias ao Cade.]

Procurada, a multinacional alemã afirmou que não comenta processos em andamento. No Brasil, a empresa tem 10 mil funcionários, sete centros de pesquisa e quatorze unidades fabris.

Ontem, o grupo divulgou globalmente seus resultados do terceiro trimestre do ano fiscal. O lucro veio abaixo do esperado e o conglomerado informou que está se tornando difícil alcançar a meta de ganhos fixada para o ano. O lucro líquido da companhia no período, de € 832 milhões, veio bem abaixo da estimativa de consenso dos analistas, de € 1,32 bilhão. A receita da Siemens entre abril e junho cresceu 10%, em base anual, para € 19,5 bilhões. As novas encomendas, por outro lado, caíram 23%, para € 17,8 bilhões, abaixo da estimativa de mercado, de € 19,86 bilhões.
 
Diante de "dificuldades no ambiente do mercado", a empresa anunciou ainda que planeja realizar uma oferta pública inicial das ações da seu braço de iluminação Osram. "A Siemens tem a intenção de manter uma fatia minoritária na Osram", afirmou em nota.

 

Presidente francês defende o foie gras contra "lobby anglo-saxão"

[O foie gras (patê de fígado, de ganso ou de pato) francês começa a enfrentar problemas de comercialização e até mesmo de exposição em diferentes partes do mundo, por conta do processo agressivo, doloroso e desumano de engorda forçada a que são submetidos os patos e gansos para a obtenção dessa iguaria inegavelmente deliciosa (mediante hipertrofia do fígado dessas aves). Já em meados do ano passado, a Alemanha deixou os franceses indignados ao proibir que o foie gras sequer fosse exposto no estande da França na feira mundial agrolimentar de Anuga, em Colônia, considerada a maior e mais importante do  mundo no gênero. 


Mais recentemente, a oposição a essa iguaria francesa deslocou-se para os EUA, com uma lei na Califórnia que proíbe a produção e o consumo de foie gras, o que tem provocado protestos dos franceses e, em represália, um boicote dos vinhos californianos pela França. Quem agora resolveu se meter ostensivamente nessa "guerra do foie gras" foi o presidente francês, François Hollande, como informa reportagem de ontem do jornal Le Monde, que traduzo a seguir. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

O presidente francês François Hollande defendeu nesse sábado, 28 de julho, o foie gras francês contra a guerra desencadeada no mundo anglo-saxão pelos lobbies contrários à engorda forçada [de gansos e patos] em nome do bem-estar animal. "Os criadores franceses têm feito grandes esforços para se submeter às normas e para respeitar todas as condições que lhes foram impostas en nome da Europa para o bem-estar animal", enfatizou o presidente por ocasião de uma visita a instalações em Monlezun, no sudoeste da França, voltadas especialmente à produção de foie gras de pato. [Seria interessante e relevante ver como é que um criador de pato ou ganso para a produção de foie gras consegue "respeitar" normas para o "bem-estar" dessas aves -- basta dar uma olhada, por exemplo, na engorda forçada mecanizada a que são submetidas essas aves para esse fim:

Processo mecanizado para a engorda forçada de patos e gansos, para a produção de foie gras -- (Foto: Google).

"Não gostaria de privar os americanos [do foie gras]!"

"O foie gras é uma grande produção francesa, que honra os criadores que a ela se consagraram. Consumimos praticamente toda a produção que fazemos na França, mas temos também sua exportação e não deixarei que sejam questionadas as exportações de foie gras, especialmente em certos países ou em certos estados americanos", assegurou Hollande, fazendo alusão à Califórnia, onde desde 1 de julho vigora uma lei que proíbe a produção e avenda de foie gras.

"Eles não podem defender o livre comércio e impedir a comercialização de um produto bom como o foie gras. Se for necessário, levarei o assunto às autoridades desse país tantas vezes quanto for preciso, em prol do grande prazer de seus conterrâneos", afirmou Hollande, reconhecendo porém que não dispõe senão de "convicção" para dobrar os americanos.

"Não se pode impedir a exportação de um produto ...", desde que "as normas sanitárias" e as de "conforto animal" sejam respeitadas [de que jeito, cara pálida?], reclamou o presidente. "Não gostaria de privar os americanos [de comer o foie gras], mesmo quando quisermos consumí-lo aqui na França e nos faltar o poder de compra para fazê-lo", acrescentou jocosamente François Hollande.

Patos prontos para a produção de foie gras na Bulgária -- (Foto: Dimitar Dilkoff/AFP).

Ação entre amigos: CIA é espionada por Israel

[Uma nova versão do velho ditado surge entre Israel e EUA: amigos, amigos, espionagem à parte. A fonte da reportagem que traduzo a seguir é insuspeita -- trata-se do jornal Haaretz ("O País", em hebraico), o mais antigo de Israel.  O que estiver entre colchetes e em itálico, e os links de conexão no texto são de minha responsabilidade.]

O chefe do posto da CIA abriu a caixa trancada com o equipamento sensível que usava em sua casa em Tel Aviv, Israel, para comunicar-se com a sede central da CIA em Virginia (EUA), e verificou que alguém a havia forçado.  Ele comunicou o fato aos seus superiores. O incidente, descrito por três ex-agentes seniores do serviço de inteligência dos EUA, poderia ter sido desprezado como apenas mais um evento misterioso no mundo da espionagem internacional, não fosse pelo fato de que o mesmo incidente havia ocorrido com o chefe anterior da agência em Israel. Era um aviso nem tanto sutil de que, mesmo em um país amigo dos EUA, a própria CIA estava sendo vigiada.

Em um outro episódio, desvinculado daqueles outros, duas outras ex-autoridades americanas relataram que um funcionário da CIA em Israel ao chegar em casa verificou que o arranjo da comida na geladeira havia sido alterado. Em todos esses casos, o governo americano considera que o responsável é o serviço secreto de Israel. 

Esse tipo de intromissão ressalta o que é amplamente sabido, mas raramente discutido fora dos círculos de inteligência: apesar dos indiscutíveis laços entre os EUA e seu principal aliado no Oriente Médio, e malgrado as afirmativas de políticos americanos alardeando a amizade entre os dois países, autoridades de segurança nacional dos EUA consideram que Israel é, às vezes, um aliado frustrante e uma autêntica ameaça de contrainteligência.

Além dos atos que os ex-agentes americanos descreveram como invasões de domicílios na década passada, Israel tem estado envolvido em casos de espionagens e procedimentos disciplinares considerados criminosos contra agentes da CIA nos EUA, e foi considerado culpado pela suposta morte de um espião importante da CIA na Síria durante o governo de George W. Bush. A CIA considera os israelenses sua ameaça de contrainteligência n° 1 em sua Divisão do Oriente Próximo, o grupo que supervisiona a espionagem através do Oriente Médio, segundo funcionários [da CIA] atuais e passados. Isso significa que a CIA considera que segredos de segurança nacional dos EUA estão mais protegidos de outros governos do Oriente Médio do que do de Israel.

Israel utiliza serviços de espionagem profissionais e altamente sofisticados, que rivalizam com as agências americanas em termos de capacitação técnica e de recrutamento de recursos humanos. Diferentemente do Irã ou da Síria, por exemplo, Israel, como um aliado firme dos EUA, desfruta de acesso aos mais altos níveis do governo americano nos círculos militares e de inteligência. Os funcionários [de segurança] americanos  falaram sob condição de anonimato, porque não estavam autorizados a abordar publicamente os assuntos sensíveis, diplomáticos e de segurança, entre os dois países.

As preocupações com contrainteligência persistem, mesmo quando a relação dos EUA com Israel envolve estreita cooperação em programas de inteligência que alegadamente incluíram o vírus computacional Stuxnet que atacou  computadores nas principais instalações de enriquecimento de urânio do Irã [veja postagem sobre a atuação conjunta EUA - Israel por trás do Stuxnet]. Apesar de que essa aliança seja fundamental para o trato dos EUA com o Oriente Médio, há espaço para uma intensa discordância, especialmente no tumultuado ambiente diplomático relativo às ambições nucleares do Irã.

"É um relacionamento complicado", disse Joseph Wippl, um ex-funcionário clandestino da CIA e chefe do birô da agência para assuntos parlamentares. "Eles têm seus interesses, nós temos os nossos -- para os EUA, é uma questão de pesar prós e contras, de equilíbrio".  A maneira como Washington caracteriza suas relações com Israel é importante também para a maneira como os EUA são vistos pelo resto do mundo, em especial pelos países muçulmanos.  [Ver postagem anterior sobre as estranhas relações EUA - Israel.]

[...] Enquanto Mitt Romney critica o tratamento dispensado por Obama a Israel, o presidente americano declara que "realizamos muitos negócios com Israel nos últimos três anos". E completou: "acho que o primeiro-ministro -- e certamente o ministro da Defesa -- reconhecerão que jamais tivemos cooperação mais estreita que a atual nas áreas militar e de inteligência". A CIA declinou de fazer comentários a respeito. Há tensão em ambos os lados.

Historicamente, a Agência Nacional de Segurança americana (NSA, em inglês) tem mantido vigilância sobre Israel. Os EUA não querem, por exemplo, ser apanhados desprevenidos se Israel lançar um ataque de surpresa que possa mergulhar a região numa guerra e prejudicar os suprimentos de petróleo, colocando em risco os soldados americanos. [A simples menção dessa hipótese significa que Israel não tem nenhuma obrigação de informar previamente os EUA sobre ataques dessa natureza, o que é no mínimo muito estranho e evidencia um grau insuspeito de "passividade" militar americana frente a Israel.]

Mathew Aid, autor de "The Secret Sentry" ["A Sentinela Secreta"], sobre a NSA, disse que os EUA começaram a espionar Israel antes mesmo que o estado fosse criado em 1948. Ele disse que os EUA tinham um posto em Chipre dedicado à espionagem contra Israel até 1974. Hoje, acrescenta Aid, equipes de especialistas em hebraico estão lotados na NSA em Fort Mead, Maryland, ouvindo as interceptações de comunicações de Israel.

Funcionários disseram que é política da CIA proibir que seus funcionários em Tel Aviv recrutem fontes que trabalhem para o governo israelense. Para conseguir esse tipo de recrutamento seria necessária a aprovação de líderes seniores da CIA, disseram dois ex-funcionários seniores da agência. Durante o governo Bush, essa aprovação teria que vir diretamente da Casa Branca. 


Israel não é o aliado mais próximo e especial dos EUA, pelo menos quando se trata de ver a quem Washington confia a informação mais sensível sobre segurança nacional. Essa distinção pertence a um grupo de países conhecido informalmente como os "Cinco Olhos" -- sob esse guarda-chuva, os EUA, a Grã-Bretanha, a Austrália, o Canadá e a Nova Zelândia acordaram em compartilhar serviços e dados de inteligência, e de não fazer espionagem entre si. Frequentemente, funcionários da área de inteligência dos EUA trabalham diretamente lado a lado com suas contrapartes desses países para lidar com informação fortemente restrita, não compartilhada com ninguém mais.

Israel é parte de um segundo nível de relacionamento, conhecido por um outro nome informal, o "Friends on Friends" ["Amigos em relação a Amigos", em tradução livre] -- essa denominação vem da frase "Friends don't spy on Friends" [Amigos não Espionam Amigos"], e esse tipo de acordo remonta a décadas atrás. Mas, os serviços de inteligência de Israel, o Mossad [literalmente, "O Instituto"] e o Shin Bet [abreviação do nome em hebraico de "Agência de Segurança de Israel"] -- equivalente ao FBI -- considerados entre os melhores do mundo, têm sido suspeitos de recrutar funcionários dos EUA e de tentar roubar segredos americanos.

Por volta de 2004 ou 2005, a CIA demitiu duas funcionárias por não terem informado contatos que tiveram com israelenses. Uma delas, durante o teste com o polígrafo [detetor de mentiras], admitiu que tinha tido um relacionamento com um israelense que trabalhava no Ministério de Relações Exteriores israelense, informou um ex-funcionário americano. A CIA soube que o israelense apresentou a funcionária ao seu "tio", que trabalhava para o Shin Bet.

Jonathan Pollard, que trabalhava para a Marinha [americana] como um analista de inteligência civil, foi condenado por espionagem para Israel em 1987, quando vigorava o acordo "Friends on Friends", e foi sentenciado a prisão perpétua. Em janeiro de 2011, Netanyahu pediu a Obama que libertasse Pollard e reconheceu que as ações de Israel no caso "foram erradas e totalmente inaceitáveis". Ronald Olive, um ex-supervisor sênior no Serviço Investigativo Criminal Naval que investigou Pollard, disse que após a prisão do acusado os EUA montaram uma força-tarefa para determinar que registros do governo Pollard havia roubado. Olive disse que Israel devolveu tão poucos, que eram como "um grão de areia no deserto".  Apesar do caso Pollard e de outros, Olive disse que considera que os dois países precisam manter vínculos estreitos, mas "se ainda temos que ser vigilantes? Claro. Os israelenses são bons no que fazem".

Durante o governo Bush, a CIA ranqueou algumas das agências de inteligência do mundo de acordo com sua disposição em colaborar na luta antiterrorista liderada pelos EUA. Um ex-funcionário de inteligência americano, que viu a lista completa dessas agências, disse que Israel, que não havia sido atacado diretamente pela al Qaida, ficou atrás da Líbia, que recentemente havia concordado em abandonar seu programa de armas nucleares. 

Os incidentes de espionagem pouco fizeram para arrefecer o fluxo de bilhões de dólares em dinheiro e armamento dos EUA para Israel. Desde a prisão de Pollard, Israel recebeu mais de US$ 60 bilhões de ajuda americana, em sua grande maioria sob a forma de assistência militar de acordo com o Serviço de Pesquisa do Congresso. Os EUA abasteceram Israel com mísseis Patriot, ajudaram a pagar um programa de defesa antimísseis e forneceram equipamento sofisticado de radar para rastrear ameaças de mísseis iranianos. Exatamente nessa sexta-feira, Obama dise que estava liberando outros US$ 70 milhões em ajuda militar, uma iniciativa previamente anunciada que pareceu cronometrada para ofuscar a viagem de Mitt Romney, e o presidente falou do "inabalável compromisso dos EUA com Israel".  Esse dinheiro ajudará Israel a expandir um sistema de defesa com foguetes de curto alcance.

Alguns funcionários da CIA ainda se mostram irritados com o desaparecimento de um cientista sírio, que durante o governo Bush era o único espião da agência dentro do programa militar sírio para o desenvolvimento de armas químicas e biológicas. O cientista estava provendo a CIA com informações excepcionais sobre patogênicos usados naquele programa, disseram ex-funcionários americanos sobre essa operação de inteligência desconhecida anteriormente.

Nessa época, havia pressão para o compartilhamento de informações sobre armas de destruição em massa, e a CIA forneceu a Israel a informação de inteligência de que dispunha. Um ex-funcionário, diretamente familiarizado com o caso, disse que detalhes do programa da Síria foram publicados na mídia. Embora a CIA nunca tenha concluído formalmente que Israel era o responsável por isso, executivos da agência reclamaram junto a Israel sobre sua crença de que israelenses estivessem vazando a informação para pressionar a Síria a abandonar o programa. Os sírios analisaram quem tinha acesso às informações que estavam sendo vazadas e, finalmente, identificaram o cientista como um traidor.  Antes de desaparecer e ser presumidamente morto, o cientista disse ao seu contato na CIA que a Inteligência Militar Síria o estava investigando.

Foto liberada pela Corte Federal Suiça, mostrando o equipamento de escuta telefônica usado pelo agente do Mossad apanhado quando tentava instalá-lo em uma residência em Berna em 19 de fevereiro de 1998 - (Foto: AP).