domingo, 20 de abril de 2014

A arte de Volpi

[Para esta postagem me baseei principalmente no livro "Volpi", de Lorenzo Mammi (Cosacnaify, Espaços da Arte Brasileira, 1999 - 2ª reimpressão 2006), além de pesquisa pessoal na internet (Wikipédia, Google, etc).]

Alfredo Volpi nasceu em Lucca (Itália) em 1896 e morreu em S. Paulo (capital) em 1988. Mudou-se para o Brasil (São Paulo) em 1897 e estudou na Escola Profissional Masculina do Brás. Mais tarde, trabalhou como marceneiro, entalhador e encadernador. Em 1911, aos 16 anos, inicia a carreira como aprendiz de decorador de parede, pintando frisos, florões e painéis de residências. Na mesma época, começa a pintar sobre madeira e telas. Na década de 1930 passa a fazer parte do Grupo Santa Helena com vários artistas, como Mário Zanini e Francisco Rebolo, entre outros. Em 1936, participa da formação do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo e integra, em 1937, a Família Artística Paulista - FAP. No fim dos anos de 1930 mantém contato com o pintor Emídio de Souza.

Volpi frequenta mostras no centro antigo de São Paulo, entre elas a polêmica exposição de pintura moderna de Anita Malfatti, de 1917, que se tornaria um marco do modernismo no Brasil. Sua primeira exposição coletiva ocorre no Palácio das Indústrias de São Paulo, em 1925. Privilegia no período retratos e paisagens. Possui grande sensibilidade para a luz e a sutileza no uso das cores, por isso é comparado aos impressionistas. No entanto, algumas de suas obras da década de 1920 remetem a composições românticas, como Paisagem com Carro de Boi, pertencente à Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp, pela movimentação da curva da estrada e a árvore retorcida, o que indica conhecimento da tradição e sua recusa à pintura de observação. Em 1926, assiste em São Paulo à conferência do teórico do futurismo italiano, Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944).

Em 1940, ganha o concurso promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, com trabalhos realizados com base nos monumentos das cidades de São Miguel e Embu e encanta-se com a arte colonial, voltando-se para temas populawres e religiosos. Realiza trabalhos para a Osirarte, empresa de azulejaria criada em 1940 por Rossi Osir. Sua primeira exposição individual ocorre em São Paulo, na Galeria Itá, em 1944. Em 1950, viaja para a Europa acompanhado de Rossi Osir e Mario Zanini, quando se impressiona com obras pré-renascentistas. Passa a executar, a partir da década de 1950, composições que gradativamente caminham para a abstração.

É convidado a participar, em 1956 e 1957, das Exposições Nacionais de Arte Concreta e mantém contato com artistas e poetas do grupo concreto. Entre outros prêmios recebe, em 1953, o prêmio de Melhor Pintor Nacional da Bienal Internacional de São Paulo, juntamente com Di Cavalcanti; em 1958, o Prêmio Guggenheim; em 1962 e 1966, o de melhor pintor brasileiro pela crítica de arte do Rio de Janeiro. 

No Rio de Janeiro, realiza retrospectiva em que é aclamado por Mário Pedrosa como "o mestre brasileiro de sua época", em 1958. No mesmo ano, pinta afrescos para a Capela de Nossa Senhora de Fátima, em Brasília, e telas com temas religiosos. Nos anos 1960 e 1970, suas composições de bandeirinhas são iontercaladas por mastros com grande variação de cores e ritmo. A técnica da têmpera lhe permite renunciar à impessoalidade do uso de tintas industriais e do trabalho automatizado e mecânico, do qual os artistas concretistas se aproximam. A prática artesanal torna-se para Volpi uma resistência à automatização e, simultaneamente, a afirmação de seu lirismo em vez de reiteração ingênua do gesto. A trajetória original e isolada de Volpi vai dos anos 1910 até meados dos anos 1980. Todas as suas transformações sãop gradativas  e brotam de seu amadurecimento e diálogo com a pintura.

(Clique em cada imagem abaixo se quiser ampliá-la.)



Alfredo Volpi (19??) - (Foto: Google).


Paisagem (década 1920), óleo sobre cartão colado em placa, 49,8 x 39,8 cm - (Foto: Google).


Paisagem (1922), óleo sobre tela, 50 x 60 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo - (Foto: Pinacoteca).



Paisagem (1922), óleo sobre tela colada em papelão - Pinacoteca do Estado de São Paulo - (Foto: Pinacoteca)



Minha irmã costurando (1922), óleo sobre tela, 35,5 x 25,5 cm - Coleção Rodolpho Ortenblad Filho - (Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes visuais).



Santo Ingênuo (sem data), têmpera sobre aglomerado, 56,5 x 44 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo - (Foto: Pinacoteca)



Marinha (1926/1927), óleo sobre tela, Museu de Arte Moderna de São Paulo - (Foto: Google).



Mulata (1927), óleo sobre tela colada em madeira, 59,6 x 50 cm - Museu de Arte Moderna de São Paulo - (Foto: Google).



Paisagem de Mogi (década de 1930), óleo sobre tela, 21 x 32 cm - (Foto: Google).



Paisagem (década de 1930), óleo sobre tela, 54 x 73 cm - (Foto: Google).



Itanhaém (década de 1930), óleo sobre tela - (Foto: Google).



Mogi das Cruzes (década de 1930), óleo sobre tela, 54 x 81,4 cm. Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (SP) - (Foto: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais - Fotógrafo desconhecido).



Vaso de flores (década de 1930), óleo sobre cartão, 40 x 32 cm - (Foto: Romulo Fialdini - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



Menina de laço de fita (década 1940), óleo sobre tela, 81,5 x 54 cm - Coleção Paulo Kuczynski - (Foto: Romulo Fialdini/Fonte: (Foto: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



Madona e o Menino (década de 1940), têmpera sobre tela, 73 x 60 cm - Coleção particular - (Foto: Horst Merkel - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



Músicos (composição com 4 azulejos) (década de 1940) - Osirarte (SP) - (Foto: José Eduardo Gouvêa - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



Congada (composição com 88 azulejos, década de 194o) - Osirarte (SP) - (Foto: José Eduardo Gouvêa - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



As comadres (década de 1940), óleo sobre tela, 46 x 33 cm - Coleção particular - (Foto: Romulo Fialdini - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais). 




Casas de Itanhaém (1948) - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - (Foto: do Museu).


Fachada com canoa (1948), têmpera sobre tela, 37,4 x 61,1 cm. Coleção Domingos Giobbi - (Foto: Google).



Casario (década de 1950), têmpera sobre tela, 46 x 60,6 cm - Coleção Ladi Biezus - (Foto: Romulo Fialdini - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



Casas e barcos (década de 1950), têmpera sobre tela, 55 x 38 cm - Coleção particular - (Foto: Horst Merkel - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



Fachada singela (década de 1950), têmpera sobre tela, 73 x 47 cm - Coleção particular - (Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



Casario de Santos (início da década de 1950), têmpera sobre tela, 116 x 73 cm - Coleção particular - (Foto: Romulo Fialdini/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).


Portas na fachada (final da década de 1950), têmpera sobre tela, 54,5 x 72,5 cm. Coleção Ladi Biezus - (Foto: Google).



Geométrico em verde e azul (década de 1950), têmpera sobre tela, 118 x 73 cm - Coleção particular - (Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



Composição concreta (década de 1950), têmpera sobre tela, 116 x 73 cm - The Museum of Fine Arts (Houston, Texas, EUA) - (Foto: João L. Musa - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



Casas na Praia - Itanhaém (1952), têmpera sobre tela, 46 x 64,8 cm - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - (Foto: do Museu).



Sem título (meados da década de 50), têmpera sobre tela, 116,5 x 58,4 cm. Coleção Domingos Giobbi - (Foto: Google).




Fachada das Bandeiras Brancas (meados/final da década de 50), óleo sobre tela, 155 x 102 cm - (Foto: João L. Musa/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais).



Casas (1953) - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - (Foto: do Museu).



Festa de S. João (1953) - (Foto: Google).



Carrinho de sorvete (1953) - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - (Foto: do Museu).



Fachada (1955) - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - (Foto: do Museu).



Barco com bandeirinhas e pássaros (1955) - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - (Foto: do Museu).



Pássaro de papelão (1955), têmpera sobre tela, 49,8 x 73 cm - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - (Foto: do Museu).



Carnaval Infantil de Cananéia (1955) - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - (Foto: do Museu).



Casas (1955), têmpera sobre tela, Mostra MAM60 - Museu de Arte Moderna de São Paulo - (Foto: Google).



Bandeirinha (1958) - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - (Foto: do Museu).



Fachada com bandeiras (1959), têmpera sobre tela, 116 x 72 cm - MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateraubriand - Doação: Ernest Wolf - (Foto: MASP).



Portais e Bandeirinhas (década de 1960), têmpera sobre tela - Mostra MAM60 - Museu de Arte Moderna de São Paulo - (Foto: Google).



Fachada em azul e vermelho (década de 1960), têmpera sobre tela, 72,5 x 44,5 cm - Coleção particular - (Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



Composição com faixas (década de 1960), têmpera sobre tela,  75 x 110,3 cm - Coleção particular - (Foto: Horst Merkel - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



Bandeirinhas (década de 1960), têmpera sobre tela, 72,5 x 101 cm - Coleção particular - (Foto: Horst Merkel - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).




Sem título (meados da década de 60), têmpera sobre tela, 48,5 x 72 cm. Coleção Tito Enrique da Silva Neto - (Foto: Google).



Bandeiras e mastros (meados da década de 1960), têmpera sobre tela, 72,2 x 147,7 cm - Coleção Ricard Akagawa - (Foto: Horst Merkel - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



Bandeirinhas estruturadas (1966) (em leilão da Christie's, NY, em 15/11/2011) - (Foto: Google).



O sonho de Dom Bosco (1966), afresco. Palácio Itamaraty (Brasília). - (Foto: Breno Fortes). 



Ogiva (década de 1970), têmpera sobre tela,  137 x 70 cm - Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM - Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro - (Foto: Paulo Scheuenstuhl - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).


Construção em rosa, vermelho e azul (década de 1970), têmpera sobre tela, 70 x 100 cm -  (Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).


Vela (década de 1970), têmpera sobre tela, 157 x 68 cm - (Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).


Fachada de janela quadriculada (década de 1970), têmpera sobre tela, 75 x 48 cm - (Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).


Construção em azuis (década de 1970), têmpera sobre tela, 99,7 x 69,8 cm - (Foto: Horst Merkel - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).


Composição (década de 1970), têmpera sobre tela, 68 x 136 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo - (Foto: Romulo Fialdini - Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais).



Mastros (1970), têmpera sobre tela - Mostra MAM60 - Museu de Arte Moderna de São Paulo - (Foto: Google).



Fachada (1970), em leilão da Christie's (NY) em 19/11/2013 - (Foto: Google).



Sem título (sem data), têmpera sobre tela, 72 x 105 cm - (Foto: Banco Central do Brasil)



Sem título e sem data, litografia. Litografia, 100,5 x 70 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo, doação de Emanoel Araújo - (Foto: Pinacoteca).



Composição com bandeirinha, sem data. Litografia, 43,6 x 64 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo, doação do Banco Central do Brasil - (Foto: Pinacoteca).



Composição abstrata, sem data. Litografia, 43,3 x 63,5 cm - Pinacoteca do Estado de São Paulo, doação do Banco Central do Brasil - (Foto: Pinacoteca).



Vestido après midi (1972), jersey de nylon - MASP - Museu de Arte de S. Paulo Assis Chateaubriand - Doação: Rhodia - (Foto: MASP).



Boi (sem data) - (Foto: Google).



Sem título, sem data - serigrafia - (Foto: Google).




Lizárraga (sem data) - (Foto: Google).



Varal (sem data) - (Foto: Google).



Sem título, sem data - (Foto: Google).




Bandeirinhas com mastro (fase final do pintor) - (Foto: Divulgação/O Estado de S. Paulo).


Sem título, sem data - (Foto: Google).


Sem título, sem data. Têmpera sobre tela, 196,5 x 73 cm. Coleção particular. - (Foto: Google).









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