domingo, 11 de agosto de 2013

A arte de Di Cavalcanti

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti (Rio de Janeiro, 6 de setembro de 1897 — Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1976) foi um pintor, desenhista, ilustrador e caricaturista brasileiro.
Nasceu em 6 de setembro de 1897 no Rio de Janeiro, filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuque e Melo e Rosalia de Sena. Era sobrinho de José do Patrocínio (que era casado com a irmã de sua mãe). Di Cavalcanti obrigou-se a trabalhar e fez ilustrações para a revista Fon-Fon. Em 1916, transferindo-se para São Paulo, ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Seguiu fazendo ilustrações e começou a pintar. O jovem Di Cavalcanti frequentou o ateliê do impressionista George Fischer Elpons e tornou-se amigo de Mário e Oswald de Andrade.

Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, idealizou e organizou a Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, criando, para essa ocasião, as peças promocionais do evento: catálogo e programa. Fez sua primeira viagem à Europa em 1923, permanecendo em Paris até 1925. Frequentou a Academia Ranson. Expôs em diversas cidades: Londres, Berlim, Bruxelas, Amsterdã e Paris. Conheceu Picasso, Léger, Matisse, Erik Satie, Jean Cocteau e outros intelectuais franceses. Retornou ao Brasil em 1926 e ingressou no Partido Comunista. Seguiu fazendo ilustrações. Fez nova viagem a Paris e criou os painéis de decoração do Teatro João Caetano no Rio de Janeiro.

Os anos 1930 encontram um Di Cavalcanti imerso em dúvidas quanto à sua liberdade como homem e artista e quanto a dogmas partidários. Iniciou suas participações em exposições coletivas e salões nacionais e internacionais, como a International Art Center em Nova Iorque. Em 1932, fundou, em São Paulo, com Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e Carlos Prado, o Clube dos Artistas Modernos. Sofreu sua primeira prisão em 1932 durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Casou-se com a pintora Noêmia Mourão. Publicou o álbum "A Realidade Brasileira", série de doze desenhos satirizando o militarismo da época. Em Paris, em 1938, trabalhou na rádio "Diffusion Française" nas emissões "Paris Mondial".

Viajou ao Recife e Lisboa, onde expôs no salão "O Século"; ao retornar, foi preso novamente no Rio de Janeiro. Em 1936, escondeu-se na Ilha de Paquetá e foi preso com Noêmia. Libertado por amigos, seguiu para Paris, lá permanecendo até 1940. Em 1937, recebeu medalha de ouro com a decoração do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira, na Exposição de Arte Técnica, em Paris. Com a iminência da Segunda Guerra, deixou Paris e retornou ao Brasil, fixando-se em São Paulo. Um lote de mais de quarenta obras despachadas da Europa não chegou ao destino, extraviando-se.

Na década de 1940, passou a combater abertamente o abstracionismo através de conferências e artigos. Viajou para o Uruguai e Argentina, expondo em Buenos Aires. Conheceu Zuília, que se tornou uma de suas modelos preferidas. Em 1946, retornou a Paris em busca dos quadros desaparecidos; nesse mesmo ano, expôs no Rio de Janeiro, na Associação Brasileira de Imprensa. Ilustrou livros de Vinícius de Moraes, Álvares de Azevedo e Jorge Amado. Em 1947, entrou em crise com Noêmia Mourão - "uma personalidade que se basta, uma artista, e de temperamento muito complicado...". Participou com Anita Malfatti e Lasar Segall do júri de premiação de pintura do Grupo dos 19. Seguiu criticando o abstracionismo. Expôs na Cidade do México em 1949.

Na década de 1950, foi convidado e participou da I Bienal Internacional de Arte de São Paulo em 1951. Fez uma doação generosa ao Museu de Arte Moderna de São Paulo, constituída de mais de quinhentos desenhos. Beryl passou a ser sua companheira. Negou-se a participar da Bienal de Veneza. Recebeu a láurea de melhor pintor nacional na II Bienal de São Paulo, prêmio dividido com Alfredo Volpi. Em 1954, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro realizou exposição retrospectiva de seus trabalhos. Fez novas exposições na Bacia do Prata, retornando a Montevidéu e Buenos Aires. Publicou "Viagem de minha vida". 1956 foi o ano de sua participação na Bienal de Veneza. Recebeu o I Prêmio da Mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste. Adotou Elizabeth, filha de Beryl. Seus trabalhos fizeram parte de exposição itinerante por países europeus. Recebeu proposta de Oscar Niemeyer para a criação de imagens para tapeçaria a ser instalada no Palácio da Alvorada; também pintou as estações para a via-sacra da Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida, em Brasília.

Na década de 1960, ganhou uma sala Especial na Bienal Interamericana do México, recebendo Medalha de Ouro. Tornou-se artista exclusivo da Petite Galerie, no Rio de Janeiro. Viajou a Paris e Moscou. Participou da Exposição de Maio, em Paris, com a tela "Tempestade". Participou com Sala Especial na VII Bienal de São Paulo. Recebeu indicação do presidente brasileiro João Goulart para ser adido cultural na França. Embarcou para Paris mas não assumiu o cargo por causa do Golpe de 1964. Viveu em Paris com Ivete Bahia Rocha, apelidada de Divina. Lançou novo livro, "Reminiscências líricas de um perfeito carioca" e desenhou joias para Lucien Joaillier. Em 1966, seus trabalhos desaparecidos no início da década de 1940 foram localizados nos porões da embaixada brasileira. Candidatou-se a uma vaga na [Academia Brasileira de Letras], mas não se elegeu. Seu cinquentenário artístico foi comemorado.

Na década de 1970, a modelo Marina Montini foi a musa do pintor nessa década. Em 1971, o Museu de Arte Moderna de São Paulo organizou retrospectiva de sua obra. Recebeu prêmio da Associação Brasileira dos Críticos de Arte. Comemorou seus 75 anos no Rio de Janeiro, em seu apartamento no Catete. A Universidade Federal da Bahia outorgou-lhe o título de doutor honoris causa. Fez exposição de obras recentes na Bolsa de Arte e sua pintura Cinco Moças de Guaratinguetá foi reproduzida em selo. Faleceu no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1976.

Di Cavalcanti - (Foto: Google).

Retrtato de Moça (cerca de 1921). Óleo sobre cartão rígido, 55 x 46 cm. Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) - USP. - (Foto: Google).

Projeto para a capa de Paulicéia Desvairada (cerca de 1921). Nanquim e guache sobre papel, 25 x 16,2 cm. Coleção Mário de Andrade - Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) - USP - (Foto: Romulo Fialdini/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

Ilustrações de Fantoches da Meia-Noite (1922). Coleção Milton Guper. - (Foto: Romulo Fialdini/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte4s Visuais).

 Capa do Catálogo da Exposição de Arte Moderna (1922). Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) - USP - Arquivo Anita Malfati. - (Foto: Romulo Fialdini/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 O Beijo (cerca de 1923). Têmpera sobre tela, 90,4 x 62,3 cm.
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. - (Foto: Romulo Fialdini/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

Carnaval (1924). Óleo sobre tela, 73,5 x 89 cm. Acervo do Museu de Arte Brasileira - FAAP, São Paulo. - (Foto: Google).

 Modelo no Atelier (1925). Óleo sobre cartão, 82 x 78 cm. - 
(Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 Samba (1925). Óleo sobre tela, 177 x 154 cm. Coleção Geneviève e Jean Boghici. - (Foto:Vera Albuquerque/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

Mulheres na janela (1926). Óleo sobre cartão, 49,5 x 40 cm. Acervo da Fundação José e Paulina Nemirovsky (São Paulo). - (Foto: Google).

 Mulatas (1927). Óleo sobre cartão, 50 x 39 cm. -  (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 Retrato de Maria (1927). Crayon e aquarela sobre cartão, 32 x 22 cm. 
Coleção Particular. - (Foto: Vicente de Mello/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 Paquetá (1928). Óleo sobre cartão, 47 x 68 cm.
Coleção Domingos Giobbi, São Paulo . - (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

Retrato de Berta Singerman (1928). Mista sobre papel, 32,5 x 22,5 cm. Museu de Arte Brasileira - FAAP (São Paulo). - (Foto: Google).

Roda de Samba (1929). Óleo sobre tela, 63,5 x 49 cm. Coleção particular. - (Foto: Google).

Vaso de Flores (1929). Óleo sobre tela, 65 x 50 cm. 
Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. - (Foto: Romulo Fialdini/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 A moça de Guaratinguetá (1929). Óleo sobre tela, 81,5 x 65 cm. Coleção particular. - (Foto: Google).

Seresta (cerca de 1930). Óleo sobre tela, 122 x 144 cm. Coleção Particular. - (Foto: Romulo Fialdini/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 Cinco moças de Guaratinguetá (1930). Óleo sobre tela, 100 x 64 cm.
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (SP. - (Foto:Vera Albuquerque/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 Sem Título [Cena de Café-Concerto] (1934). Nanquim e lápis de cor sobre papel, 26,7 x 20,8 cm. Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. - (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 Baía de rio com flor de cacto (1932). Óleo sobre tela, 46 x 55 cm. Acervo do Museu de Arte Brasileira - FAAP (São Paulo) - (Foto: Google).

Nu e Arlequins (1935). Óleo sobre tela, 40 x 31 cm.
Coleção Oscar Americano Filho (SP) - (Foto: Romulo Fialdini/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 Colonos (1940). Óleo sobre tela, 96,5 x 130 cm.
Museu Nacional de Belas Artes - IBRAM/MinC (Rio de Janeiro, RJ). - 
(Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 Nascimento de Vênus (1940). Óleo sobre tela, 54 x 65 cm.
Coleção Particular.- (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

Mulheres Protestando (1941). Óleo sobre tela, 51 x 70 cm. - 
Coleção Particula. - (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

Autorretrato (1943). Óleo sobe tela - 33,5 x 26 cm. - Acervo particular. - (Foto: Google).

 Mulher em Vermelho (1945). Óleo sobre tela, 90,5 x 73 cm.
Coleção Orandi Momesso - (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 Moça de Véu (1948). Óleo sobre tela, 100 x 70 cm. - (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 Maternidade (1949). Óleo sobre tela, 100 x 81 cm. -  (Foto: Jaime Acioli/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 Baiana (1950). Óleo sobre tela, 73 x 60 cm.
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).


Gente do Morro (1951). Óleo sobre tela, 162 x 114 cm. - (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).



Vendedoras de Peixe (1952). Óleo sobre tela fixada em duratex, 97 x 202,5 cm.
104 x 209,4 x 5 cm [moldura]. Acervo Banco Itaú S.A. (São Paulo, SP). - (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

Cais (1952 - 1954). Óleo sobre tela, 130 x 159 cm. Coleção Particular. - (Foto: Romulo Fialdini/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

 Mulher de Chapéu (1952). Óleo sobre tela, 64 x 49 cm. -  (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

Favela (1958). Óleo sobre tela, 100 x 80 cm. -  (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).


Mulata em Rua Vermelha (1960 ). Óleo sobre tela, 98 x 79 cm. Coleção Particular. - (Foto: Vicente de Mello/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

Carnaval no Morro (1963). Óleo sobre tela, 115 x 146 cm. - (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

Garrafas, Potes, Cubos e Cadeiras (1964). Óleo sobre tela, 82 x 100 cm.
Coleção Particular, Rio de Janeiro. - (Foto: Romulo Fialdini/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

Carnaval (1965). Óleo sobre tela, 114 x 146 cm. -  (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

Garota de Ipanema (1970). Óleo sobre tela, 100 x 80 cm. - (Reprodução fotográfica autoria desconhecida/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes
Visuais).

Carnaval (1970). Óleo sobre tela, 97 x 146 cm. - (Foto: Google).

 Ladeira - Salvador óleo s/ tela, ass. e dat. 1970 inf. dir. Reproduzido na p. 101 do catálogo Um século de história nas artes plásticas, v. 1 (Rio de Janeiro: Galeria Dom Quixote, 2003), 53,7 x 65 cm.

  Natureza Morta (1971). Óleo sobre tela, 80 x 116 cm.
Coleção Particular. - (Foto: Romulo Fialdini/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).

Cena Onírica com Seis Mulheres (1971). Óleo sobre tela, 50 x 60 cm.
Coleção Simão Mendel Guss. -  (Foto: Romulo Fialdini/Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais).









 

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