sexta-feira, 17 de maio de 2013

A arte de Degas

[Para esta postagem usei basicamente como referência o livro "Degas", de Bernd Growe ( Editora Paisagem - Taschen GmbH, 2006.]

A origem e a formação de Edgar-Hilaire Germaine de Gas -- depois mais conhecido como Degas -- dificilmente sugeririam que ele estivesse predestinado a ser o revolucionário que, de forma tão ampla, reformulou as nossas percepções visuais. Filho de um rico banqueiro, Auguste de Gas, estudou no célebre Lycée Louis-le-Grand de 1845 a 1853, onde adquiriu nome rapidamente como excelente desenhista. Apesar do desejo de se tornar pintor, seguiu o curso de Direito, que abandonou em 1853. Frequentou o estúdio de Félix Joseph Barrias, onde copiava obras renascentistas. Barrias cedo o recomendou a Louis  Lamothe, em cujo ateliê Degas entrou um ano depois e onde adquiriu sólida formação técnica.

Em 1853 inscreve-se como copista no Louvre, onde prossegue sua formação artística sob a divisa "É preciso copiar e recopiar os mestres ...". Vangloria-se de ter copiado todos os velhos mestres do Louvre, entre eles "A Crucificação", de Mantegna, painel central do retábulo de San Zeno, em Verona, feito em cerca de 1458, que Napoleão roubou e levou para Paris no decurso de sua campanha na Itália. Provavelmente, sua cópia (primeira figura abaixo) não terá sido feita antes de 1861.

Em agosto de 1858, Degas chega a Florença a convite do barão Gennaro Bellelli e de sua esposa Laura, uma tia italiana -- aí fez inúmeros desenhos da família. A viagem à Itália despertou sua ambição. Degas regressa a Paris com numerosos planos e com uma autoconfiança reforçada. Comenta mais tarde com o seu amigo Valernes que esse foi o período mais maravilhoso de sua vida. O auto-retrato inacabado (figura dois abaixo), datado de cerca de 1863, mostra um homem dos seus 30 anos, um elegante burguês de luvas e cartola fixando com confiança aquilo que o futuro lhe reserva.

Degas despreza a natureza como tema: "Depressa me aborreço quando contemplo a natureza. Não sinto qualquer necessidade de desenhá-la". O nome dele está associado, sobretudo, a certos temas -- o identificamos imediatamente com um jóquei ou com uma bailarina, assim como identificamos Monet com os nenúfares ou Cézanne com o monte Sainte-Victoire. Degas descobriu o tema das corridas de cavalos no início dos anos 1860; nessa época, as corridas de cavalo, um esporte importado da Inglaterra, eram uma novidade em Paris.

Ainda mais que os jóqueis, são as bailarinas  de Degas que determinaram, até o presente, sua imagem popular. A partir de 1870, ele pintou cada vez mais quadros sobre esse tema -- entre outras razões, porque vendiam mais e porque precisava de dinheiro devido à bancarrota em que se encontrava a família.

Degas morreu em Paris em 27 de setembro de 1917.

(Clique em cada imagem para ampliá-la.)

A Crucificação de Mantegna, 1861 - O Calvário (cópia de trabalho feito por Mantegna). Óleo sobre tela, 69 x 92,5 cm. Museu de Belas Artes, Tours. - (Foto: Google).

Degas, Auto-Retrato (cerca de 1863). Óleo sobre tela, 92,5 x 66,5 cm. Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa. - (Foto: Google).

 Hilaire de Gas (1857). Óleo sobre tela, 53 x 41 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: Google).

 A família Bellelli (1858-60). Óleo sobre tela, 200 x 250 cm. Museu d' Orsay, Paris. - (Foto: Google).

Giulia Bellelli (1858). Óleo sobre papel colocado sobre tela, 38,5 x 26,7 cm. Dumbarton Oaks Research Library and Collections, Washington (EUA). - (Foto: Google).
 

 Senhor e Senhora Edmondo Mobilli (cerca de 1865). Óleo sobre tela, 116,5 x 88,3 cm. The Museum of Fine Arts, Boston. Doação de Robert Treat Paine III, 1931. - (Foto: Google).

Hortense Valpinçon (1871). Óleo sobre tela, 76 x 110,8 cm. The Minneapolis Institute of Arts, Fundo John R. Van Derlip, Minneapolis (EUA). - (Foto: Google).

 Dama dos Crisântemos (1865). Óleo sobre tela, 73,7 x 92,7 cm. The Metropolitan Museum of Art, Legado de Mrs. H. O. Havemeyer, 1929, Nova Iorque. - (Foto: Google).

 Bolsa de algodão em Nova Orleans (1873). Óleo sobre tela, 73 x 92 cm. Museu de Belas Artes, Pau (França). - (Foto: Google).

O absinto (1876). Óleo sobre tela, 92 x 68 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: Google).

A Orquestra da Ópera (cerca de 1868/69). Óleo sobre tela, 56,5 x 46,2 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: Google).

 Nas corridas (1869-72). Óleo sobre tela, 36,5 x 55,9 cm. Museum of Fine Arts, Fundo Purchase, Boston. - (Foto: Google).

Músicos de Orquestra (1870/71). Óleo sobre tela, 69 x 49 cm. Städtliche Galerie im Städelschen Kunstinstitut, Frankfurt. - (Foto: Google).

 Prima Ballerina (1876-78). Pastel sobre monotipo, 58 x 42 cm. Museu d' Orsay, Paris. - (Foto: Google).

Corridas, jóqueis amadores (1876-87). Óleo sobre tela, 66 x 81 cm. Museu d'Orsay. - (Foto: Google).

As engomadeiras (cerca de 1884-86). Óleo sobre tela, 76 x 81 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: Google).

 Bailarinas subindo a escada (cerca de 1886-90). Óleo sobre tela, 39 x 89,5 cm. Museu d'Orsay, Paris.- (Foto: Google).

 Aula de dança (cerca de 1872). Óleo sobre tela, 19,7 cm x 27 cm. The Metropolitan Museum of Art, Legado de Mrs. H. O. Havemeyer, 1929, Nova Iorque. - (Foto: Google).

 Exame de dança (1874). Óleo sobre tela, 82,6 x 76,2 cm. The Metropolitan Museum of Art, Legado de Mrs. Harry Payne Bingham, 1986, Nova Iorque. - (Foto: Google).

 Esperando (1880-82). Pasta sobre papel. Norton Simon Art Foundation, Pasadena e The J. Paul Getty Museum, Los Angeles, CA. - (Foto: Google).

Foyer de dança da Ópera (1872). Óleo sobre tela, 32 x 46 cm. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: Google).

Praça da Concórdia (1875). Óleo sobre tela, 78.4 x 117.5 cm. Museu Hermitage, S. Petersburgo (Rússia). - (Foto: Google).

Cantora de café-concerto (1878). Pastel (técnica mista) sobre tela, 52,8 x 41,1 cm. The Fogg Art Museum, Harvard University, Cambridge, EUA. Legado proveniente da Coleção Maurice Wertheim. - (Foto: Google).

A canção do cão (cerca de 1876/77). Guache e pastel sobre monotipo, 57,5 x 45,4 cm. The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque. - (Foto: Google). 

O retrato de Edmond Duranty (1879). Pastel e têmpera, 100,9 x 100,3 cm. The Burrell Collection, Glasgow Museuma & Art Galleries, Glasgow (Escócia). - (Foto: Google).

A pequena bailarina de catorze anos (1879-81). Bronze parcialmente pintado, saia de tule, laço de cetim, suporte de madeira, 99,1 cm de altura. The Metropolitan Museum of Art, legado de Mrs. H. O. Havemeyer, 1929. - (Foto: Google).

 Bailarina olhando para a planta do pé direito (1895-1910). Bronze, 46,4 cm de altura. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: Google).

 Grande arabesco (1892-96). Bronze, 44 cm de altura. Museu d'Orsay, Paris. - (Foto: Google).

 


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