A desigualdade cresceu nos países da OCDE, que reúne as grandes economias e as potências emergentes, até alcançar o nível mais alto em 30 anos. A renda média dos 10% mais ricos da população é nove vezes maior que a receita média dos 10% mais pobres, informa a OCDE em seu relatório que acaba de ser publicado.
A brecha entre ricos e pobres cresceu inclusive em países tradicionalmente igualitários, como Alemanha, Dinamarca e Suécia, de 5 vezes para uma em 1980 para 6 vezes para uma na atualidade. Essa desigualdade é maior, de 10 para 1, na Itália, no Japão, na Coréia e no Reino Unido, enquanto que em Israel, Turquia e Estados Unidos chega a 14 para 1. Ganha o prêmio o agora tão admirado Brasil, com uma diferença de 50 para 1, ainda que a diferença tenha sido diminuída na última década. Os dados do relatório [da OCDE] vão até 2008, não refletindo portanto o impacto da crise econômica mundial.
A Espanha, com uma desigualdade de 11 para 1, está melhor que EUA, Portugal, e Reino Unido, mas pior que Alemanha e França. A desigualdade diminuiu desde meados dos anos 80, se se olham os dados até 2008, ainda que, se se analisam os dados até 2010, as cifras da Eurostat [a agência de estatísticas da Comissão Europeia] mostram como a desigualdade disparou entre os espanhois.
"O contrato social está começando a se desfazer em muitos países. Esse estudo faz desaparecer a suposição de que os benefícios do crescimento econômico goterão automaticamente para os desfavorecidos e que a maior desigualdade estimula a mobilidade social. Sem uma estratégia para o crescimento inclusivo [de inclusão], a desigualdade continuará crescendo", alertou nesta manhã Angel Gurría, o secretário-geral da OCDE, ao apresentar o relatório em Paris.
A crescente desigualdade entre os salários foi o que disparou a brecha social, devido, por um lado, a que o benefício foi melhorando para os mais qualificados e piorando para os empregados de menor qualificação, e,por outro lado, pela proliferação de trabalhos de tempo parcial ou de jornadas flexíveis, segundo a OCDE. Além disso, os impostos que servem para reduzir essas desigualdades tornaram-se menos eficientes na redistribuição de renda desde meados dos anos 90.
Outro fator foi o corte nos impostos dos que ganham mais, diz a OCDE.
"Não há nada inevitável entre essas altas e crescentes desigualdades", disse Gurría. "O relatório", sustém ele, "indica que a melhoria na formação dos empregados é de longe o melhor instrumento para conter a crescente brecha entre pobres e ricos". Mas, a OCDE também pede aos governos "que revisem seu sistema fiscal, para assegurar que os mais ricos contribuam em justa medida para o pagamento de impostos".
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