O Brasil foi o único entre os chamados Bric – grupo que inclui ainda Rússia, Índia e China – a reduzir o abismo entre ricos e pobres em 15 anos, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira pela 
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). [Muito estranho a BBC Brasil falar em Bric, sigla já ultrapassada e substituída por Brics, na qual o "s" final assinala a inclusão da África do Sul no bloco. Assim, a comparação citada pelo artigo fica capenga, com a falta de comparação explícita da situação do Brasil com a da África do Sul.]
Mas o relatório salienta que apesar dessa redução, a desigualdade no Brasil ainda é a maior entre os países do grupo.
Enquanto o índice Gini, que mede a desigualdade de um país, caiu de 0,61
 para 0,55 no Brasil entre 1993 e 2008, em todos os outros que são 
considerados as 'vedetes' dos emergentes esse índice passou para um 
valor mais alto. Quanto menor o índice Gini, melhor. Além disso, no Brasil os 20% mais pobres viram sua renda crescer em 
média 6,6% ao ano na década de 2000, mais de três vezes mais rápido que a
 dos 20% mais ricos, de 1,8%. Isso representa uma aceleração de um 
processo que já havia começado nos anos 1990, afirmou o relatório.
Entretanto, observou a OCDE, o Gini do Brasil ainda é maior que em todos os Bric. É também o dobro da média dos ricos.
No país, os 10% mais ricos ganham nada menos que 50 vezes mais do que os
 10% mais pobres, um dos maiores abismos do mundo, diz o relatório. 
Maior que emergentes como Chile, México e Turquia. No Chile e no México, a diferença é de 25 vezes, mas segundo a OCDE está
 caindo. Na Turquia, a diferença é de 14 vezes – a mesma que nos EUA e 
em Israel.
O estudo de quase 400 páginas analisa a desigualdade no mundo. Uma de 
suas conclusões principais é a constatação de que o abismo cresceu 
também nos países ricos, chegando ao nível mais alto dos últimos 30 
anos. Em média, os 10% mais abastados nesses países ganham nove vezes mais que os 10% mais pobres. Entre os ricos, a maior diferença é nos Estados Unidos (14 vezes). Na 
Itália, Japão, Coreia do Sul e Grã-Bretanha esse abismo é de dez vezes, e
 na Alemanha, Dinamarca e Suécia, de seis.
Para a entidade, a razão por trás da desigualdade nos países ricos se 
explica pelo abismo entre os salários pagos aos trabalhadores 
qualificados e a renda dos não-qualificados. Por outro lado, esses países vêm paulatinamente cortando os benefícios 
sociais, e esses mecanismos não têm mais a mesma eficácia que tinham nos
 anos 1990 para combater a desigualdade, ressaltou a OCDE.
"O estudo contraria o pressuposto de que os benefícios do crescimento 
econômico automaticamente alcançarão automaticamente aqueles em 
desvantagem", avaliou o secretário-geral da organização, Angel Gurría. "Sem uma estratégia ampla de crescimento inclusivo, a desigualdade vai continuar a crescer". Angel Gurría afirmou que a qualificação da mão de obra é "de longe o 
instrumento mais poderoso para conter o aumento da desigualdade". "O investimento nas pessoas deve começar logo na infância e continuar para a educação formal e o trabalho". 
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