quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Após plano franco-alemão, zona do euro segue pressionada pelo mercado

Em meio a discussões sobre um plano franco-alemão para um novo tratado da zona do euro, os países europeus continuam sob pressão internacional para dar solução à sua crise da dívida.

Na segunda-feira, os mercados haviam reagido com otimismo ao anúncio do plano, mas já recuaram nesta terça, depois que a agência de classificação de risco Standard & Poor’s ameaçou rebaixar as notas de 15 dos 17 países da zona do euro – Alemanha e França incluídos na lista. Por sua vez, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, elogiou o plano bilateral, mas disse que ele é "por si só insuficiente, e serão necessárias mais (medidas) para lidar com a situação (da zona do euro) e para a retomada da confiança".

O plano, segundo o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, envolve um novo tratado para a zona do euro, que deve incluir medidas punitivas automáticas contra países que tenham déficits superiores a 3% do PIB. O projeto também prevê que o mercado financeiro privado não seja conclamado a participar das perdas de eventuais crises da dívida (como ocorreu na Grécia) e que o Mecanismo Europeu de Estabilidade (fundo permanente de resgate para os países da região) seja antecipado de 2013 para 2012, com decisões tomadas por maioria qualificada, em vez de por unanimidade.

Merkel e Sakozy disseram que o tratado poderia ser ratificado apenas pelos 17 países que compartilham a moeda comum, caso não seja possível a aprovação de todos os 27 integrantes da União Europeia. O plano será discutido em uma cúpula da União Europeia em Bruxelas, entre quinta e sexta-feira.

Depois da advertência da S&P sobre um possível rebaixamento da dívida da maioria dos países da zona do euro – alegando "crença de que um estresse sistêmico na zona do euro aumentou nas últimas semanas" –, muitos dos índices financeiros europeus recuaram nesta terça. As declarações da S&P foram criticadas por Jean-Claude Juncker, que comanda as finanças da zona do euro, alegando que a agência de classificação de risco foi "injusta" diante da proposta de recuperação apresentada por França e Alemanha.

Uma eventual redução na nota de classificação da dívida por parte de agências como a S&P fará com que o refinanciamento da dívida dos países europeus custe mais caro, já que os juros serão maiores.  Paris e Berlim reafirmaram nesta terça seu compromisso de reformar a zona do euro, na tentativa de acalmar os mercados. Por sua vez, o ministro alemão das finanças, Wolfgang Schaeuble, disse que a advertência da S&P servirá de incentivo para que a zona do euro seja célere ao aprovar o plano franco-alemão durante a cúpula de quinta e sexta-feira.

O correspondente da BBC em Bruxelas, Chris Morris, disse que espera-se que a S&P seja alvo de críticas durante a cúpula, por conta do "timing" do anúncio de um possível rebaixamento das dívidas europeias. Ao mesmo tempo, o anúncio reflete a crescente dificuldade dos bancos europeus em obter empréstimos e das economias europeias em crescer e cortar gastos.

Parte das propostas do plano franco-alemão para conter a crise deve ser apresentada na cúpula de Bruxelas, vista como crucial para definir o futuro da moeda comum europeia.

Ainda nesta terça, o secretário do Tesouro dos EUA, Tim Geithner, está na Europa para reuniões com autoridades, com o objetivo de pressioná-las a tomar medidas urgentes para conter a crise no euro.

Plano franco-alemão pretende endurecer punição a países do euro que não cumprirem metas de deficit - (Foto: AP).
Lagarde disse que plano por si só é insuficiente para a retomada da confiança do mercado - (Foto: Reuters).



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